por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Caio Fernando Abreu










Página oficial www.caiofernandoabreu.com
Caio Fernando Loureiro de Abreu (Santiago, 12 de setembro de 1948Porto Alegre, 25 de fevereiro de 1996) foi um jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro.
Apontado como um dos expoentes de sua geração, a obra de Caio Fernando Abreu, escrita num estilo econômico e bem pessoal, fala de sexo, de medo, de morte e, principalmente, de angustiante solidão. Apresenta uma visão dramática do mundo moderno e é considerado um "fotógrafo da fragmentação contemporânea".

SENHOR DEPUTADO, UM MÍNIMO DE RESPEITO – José Nilton Mariano Saraiva


Quando se dispõe a escolher um determinado candidato, concedendo-lhe, através do voto, um passaporte/mandato para tomar assento numa das várias Assembléias Legislativas (vereador, deputado ou senador) naturalmente que a população espera que o próprio seja emissário e portador das demandas que lhe afligem, através de um trabalho diuturno, sério e de alto nível, consubstanciado em propostas práticas e exeqüíveis; afinal, os problemas são muitos e diversificados, e eles, parlamentares, são a caixa de ressonância da coletividade.
Muitas dessas “Excelências”, no entanto, por despreparo, descompromisso, ou até mesmo por não terem idéia da seriedade do compromisso assumido, terminam por transformar o ambiente parlamentar numa espécie de circo de quinta categoria, estuário das suas ironias e piadas de mau gosto.
A mais nova deu-se dias atrás, quando do “batismo” da rodovia estadual CE-350, que liga os municípios de Pacatuba/Maranguape/Maracanaú, na região metropolitana de Fortaleza: pois bem, a deputada Fernanda Pessoa sugeriu que, para homenagear os índios Pitaguarys, antigos donos de uma parte das terras, a rodovia referenciada recebesse  tal denominação (Pitaguarys); já o parlamentar Lucilvio Girão, legislando em causa própria, sugeriu que o patrono da mesmo fosse um parente, Luis Girão, porquanto teria prestado relevantes serviços a uma das comunidades; e aí, durante a áspera discussão que se seguiu, um terceiro deputado – Ely Aguiar - resolveu fazer gracinha, transformar a arena parlamentar num ambiente circense, ao sugerir que a rodovia fosse batizada com dois nomes distintos: Pitaguarys, no sentido de quem demanda da capital para o interior; e Luis Girão, para quem vem em sentido contrário, do interior para a capital (não, não é brincadeira; o fato foi noticiado pelo jornal O POVO).
Será que o nobre deputado, que tem sua base eleitoral no Crato, não poderia privar os conterrâneos de um espetáculo tão deprimente ??? Será que a população cratense votou nele pra isso ???  Será que o Crato não tem sérios problemas a serem levados ao plenário da Assembléia, visando debatê-los e solucioná-los ???
Senhor Deputado, um mínimo de respeito para com aqueles cratenses que o sufragaram nas urnas (não nos incluímos aí). Se não pode ajudar, pelo menos não nos mate de vergonha...       

Sinopse - História da Independência de Juazeiro do Norte - Daniel Walker

Em 1907 o povoado de Juazeiro estava em franco desenvolvimento e pagando pesados impostos ao Crato. Um cidadão filho da terra, rico fazendeiro, divulgou um boletim no qual convocava a população para uma reunião cívica em que a emancipação do povoado era o principal tema da pauta. A reunião foi um fiasco! Pouca gente compareceu. Alguém aventou a hipótese de que a população, embora desejosa de ver o povoado livre, estava dividida devido a divergências ideológicas e, por isso, vez por outra se desentendia. Na verdade, a população juazeirense, ontem como hoje, é formada por dois tipos de habitantes: os filhos da terra, chamados nativos, e os adventícios, chamados genericamente de romeiros, pois para aqui vieram atraídos pelas pregações de um padre, líder carismático autêntico, e pela crença num fato que todos acreditam como sendo milagre. Este fato, basicamente, consistiu no sangramento da hóstia na boca de uma beata quando a mesma comungava, além de outros fenômenos igualmente estranhos. O filho da terra e rico fazendeiro referido acima conseguiu a adesão de dois destemidos adventícios para engrossar as fileiras do movimento: um padre cratense fugido de sua cidade por questões políticas com o prefeito e um médico baiano com habilidade em advocacia, embora não fosse advogado formado, que para aqui veio se oferecer para resolver pendências jurídicas referentes a umas minas de cobre do padre que vivia no lugar, mas estava suspenso das ordens eclesiásticas, o líder carismático já citado. Por coincidência, os dois forasteiros também eram jornalistas. Assim, melhor preparado, o grupo resolveu fundar um jornal, cujo objetivo seria servir de ponta-de-lança do movimento de independência do povoado. Mas, apesar de todo o empenho o empreendimento não crescia da forma desejada. Algumas razões impediam-no: o fazendeiro rico não se dava bem com o prefeito do município-sede e os adventícios chamados romeiros se achavam discriminados pela população nativa. Era preciso, então, o surgimento de um fato novo, porém forte o suficiente para esquentar os ânimos da população e capaz de deixar todos com os nervos à flor da pele, prontos para fazer valer a reivindicação tão justa. E, por incrível que pareça, em vez de um apenas, surgiram três. Um atentado de morte contra o médico baiano; uma frase insultuosa ao povo juazeirense proferida no Crato durante uma visita pastoral do bispo auxiliar de Fortaleza, por um padre da comitiva e finalmente, a determinação desastrosa do prefeito cratense que ameaçou de forma ostensiva usar a força policial para receber os impostos atrasados, que os contribuintes resolveram não pagar mais. A ordem do prefeito era severa: em caso de resistência, bala! Pronto, estava criado o ambiente propício para o líder carismático do lugar agir. Ele até então se encontrava receoso, pois era adepto da política da boa vizinhança, e também não queria se indispor com o prefeito cratense, seu amigo, cujo pai havia contribuído de forma bastante efetiva para sua ordenação. E como se não bastasse, era ele próprio um cratense da gema. A situação era dramática e clamava por uma decisão imediata, pois um conflito armado estava prestes a ocorrer. O líder carismático, o padre dos romeiros, estava num dilema: honrar sua naturalidade cratense ou defender a terra que adotou, optando, assim, pela cidadania juazeirense. Com a frase pronunciada em tom enérgico - “Sou filho do Crato, mas Juazeiro é meu filho” -, o líder carismático desfraldou finalmente a bandeira de independência, e o povoado se tornou livre. Esta história narrada desta forma, em rápidas pinceladas, é importante demais para terminar aqui. Precisa, portanto, ser contada com mais detalhes. E somente agora, cerca de cem anos após o fato ter acontecido, surge um livro para tratar exclusivamente dele: HISTÓRIA DA INDEPENDÊNCIA DE JUAZEIRO DO NORTE, de Daniel Walker.