por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 10 de abril de 2011

AS CARTAS DE ZILCARINA


...era sempre razoável supor
que as cartas de tarô de Zilcarina
manifestavam a existência da cor
transparente de uma vida uterina
de  certeza e graça passageira
de um tal processo de queira ou não queira
sempre assuntando o destino mutável...

De Zilcarina ficou o gracejo
Sim, de partir silenciosamente...
"A roda da vida se completou
Não queira de volta o que não mais pulsa
O novo trará o tempo perdido
Com as pessoas que um dia te sugou"

Zilcarina era a menina dos olhos
Que enchergava a maldade dos cordeiros
da vileza imanente da vida
fuxico do retalho dos olheiros
expressado nas frestas das portas...
"Jamais queira de volta o sofrimento
Basta um erro para aprender a lição"

Ela morava na Pedra Lavrada
Ela era a bruxa que eu mais amava
Ela era a fonte da dor dissipada
Ela era a rima que jamais rimava
Ela era o sonho pra quem não sonhava
Ela se foi com o vento que soprava
 Ela era a fé que se elevava!


Ulicis




Curtas - XXI - Aloísio

Olhar o verso
Não o da poesia
É ver o avesso
Sem fantasia


Aloísio

Colaboração de Gabriella Federico


Só de passagem ...

Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo no
Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio.
O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples
e cheio de livros.
As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.
- Onde estão seus móveis? Perguntou o turista.
E o sábio, bem depressa olhou ao seu redor e perguntou também:
- E onde estão os seus...?
- Os meus?! Surpreendeu-se o turista.
- Mas estou aqui só de passagem!
- Eu também... - concluiu o sábio.

"A vida na Terra é somente uma passagem... No entanto, alguns vivem como
se fossem ficar aqui eternamente, e esquecem-se de ser felizes."

"NÃO SOMOS SERES HUMANOS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL...

SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA HUMANA..."

SIDERAL - por Stela Siebra

Ascendente Virgem:
Oriente-se naturalmente

Orientar-se por Virgem significa ser simples e natural. Essas qualidades devem ser acionadas quando você sentir-se desconectado do seu ponto de orientação. O signo de Virgem simboliza a pureza e a paz. Esses princípios sinalizam para uma expressão na vida de forma objetivamente simples e natural.

E o que é natural para Virgem? É desfazer-se do que não é essencial, fazer ajustes e encontrar as melhores técnicas para incrementar sua atuação no mundo. Cuidar dos detalhes, preocupar-se com a saúde e a aparência, organizar os serviços de forma metódica, porém prática. Ser simples e natural é desenvolver sua capacidade de prestar serviços úteis.

Você já prestou atenção como o trabalho é um bom instrumento para ser utilizado nos momentos em que se sente desmotivado e desorientado? Quando planeja e executa tarefas, buscando dar o melhor de si, você se sente bem. Portanto, mãos à obra!

O Ascendente Virgem dá-lhe a peculiaridade de analisar minuciosamente cada etapa do que realiza, tecendo comentários e críticas. Você busca a perfeição e procura fazer tudo de forma "impecável". Mas não pense e queira que todos ajam assim. Por isso esteja atento para as críticas que faz quando considera que os outros "são tão imperfeitos", "não cuidam bem da limpeza, da ordem, etc." Com tanta meticulosidade e envolvimento em detalhes, você pode perder a visão ampliada e o propósito final de cada coisa.

E não se retire quando achar que "aquilo ali não tem jeito, é sujeira total". Resista mais um pouco. Verifique se realmente não pode inverter a situação e colocar um pouco de ordem em tudo aquilo.

Observe se você não está sendo exigente demais ou fechado demais. Não perca a espontaneidade para não perder sua simplicidade. Relaxe um pouco e depois recorra à sua naturalidade de se expressar no mundo. E procure selecionar dentro de você o que é essencial para buscar seu ponto de orientação.


Nota: No mapa astrológico o Ascendente é considerado o impulso de orientação, porque é o signo que está subindo no horizonte oriental no momento do nascimento. Por isso é ele quem inicia o percurso do Mapa astrológico pelas 12 Casas. É a ponta da Casa I, a casa da nossa identidade, aquela que mostra nossa fachada, nosso temperamento e comportamento. Daí a importância do Ascendente, porque o princípio desse signo é quem vai dar o horizonte de nossa vida, simbolizando nossa forma de expressão imediata e espontânea. O Ascendente é como nos mostramos como somos vistos, como inauguramos a vida.
Stela Siebra - Astróloga
Amigos,
Tomei a liberdade de fazer o convite em forma de gadget...
Mas peço a permissão de todos para manter assim, por um tempo, a divulgação deste trabalho.
Foi lançado no mundo real, em 1984 e agora, munido de sinceridade e coragem poética, disponibilizo meus primeiros versos publicados, para sua apreciação e considerações. Naqueles dias eu divulgava o livro dizendo que em 50 anos ele seria uma raridade!! Errei... ainda não deu 30 anos e só encontrei um exemplar num sebo (última instância da glória). Brincadeiras à parte, fico feliz em compartilhar com os amigos este versos de juventude...

abraços a todos!

Meus sonhos- Por Rosa Guerrera



Muitos foram os sonhos que já tive !

Inúmeros aqueles que não se realizaram.! Sonhos acelerados , avessos ... dispersos !

Sonhos absurdamente absurdos num contexto sem forma e sem final...

Passos incertos, vôos inúteis... razões sem motivos ou até motivos sem razões de ser...

Afinal o que é o poeta senão um sonhador ou um místico sempre a procura da imortalidade do amor ?

Quem até hoje penetrou a verdade de um verso senão a própria pena muda de quem o escreveu !!!

Sonhos acontecem a cada instante !

Estão no âmago de cada coração, no segredo de cada um!!! Os meus continuam inacabados, talvez até indecifráveis...
A espera talvez de um dia , numa aurora quem sabe do próprio tempo
alguém venha colocá-los numa página em branco de um livro que ainda não foi escrito.

por rosa guerrera

Por Rosa Guerrera





Se eu gosto de você?
Sim...eu gosto de você !
Porque ? Confesso : nem sei !


Gosto desse olhar de menino guloso,
Menino apressado, menino teimoso...
Gosto da infância que existe em sua alma,
E no muito de bom que possui seu coração.
Gosto de ouvi-lo contar historias,
Criar fantasmas ( só para me fazer medo)
E de depois ouvi-lo dizer bem mansinho:
“ Bobinha não tenha receio ...estou com você”
E eu me finjo mais criança ,
Para que você se sinta mais gigante...


Gosto de você muito mais ainda
Quando você adormece com seus dedos
Mergulhados em meus cabelos ...
E sem que você escute
Eu murmuro baixinho :
“ Boa noite meu menino”!
Talvez seja por tudo isso ,
Que eu gosto tanto ...
Mas ...tanto de você !

EMBARCAÇÃO - Marcos Barreto de Melo


Por que navegar em mar revolto
Se podes estar em calmaria
Pra que viver sem alegria
Se tens o sol que te ilumina

Você não é mais a mesma
E aquele seu riso lindo
De menina que se fez moça
Tão alegre e envolvente
Espontâneo e cativante
Já não vejo mais em ti
Com certeza foi embora
E com você já não mora

Enquanto navegas neste mar
Sinto em mim aumentar
A dor de quem está a esperar
No cais de um velho porto
Vendo o seu barco a passar
Sem nele vir atracar
E enquanto singra a embarcação
No meu peito explode essa paixão


Marcos Barreto de Melo

A fé verdadeira - Emerson Monteiro


Saber de Deus e a Ele se entregar é o suficiente para ser feliz, o que, de acordo com as palavras de Santo Agostinho, no livro Solilóquios, resume dizer: Acredita firmemente em Deus e atira-te em seus braços com todo o teu ser, expropria-te a ti mesmo, salva-te do teu domínio e assume ser servo do teu clemente e generoso Senhor, e ele o levará a sua presença e não cessará de cobrir-te com os seus favores, mesmo sem os pedir.
Isto, segundo contam a grandeza do santo e sua receita de vida, traz à tona o que falou do compromisso da conversão, indo às profundidades onde mergulhou com renúncia e exemplo, respeitado que foi pelos cristãos desde a Antiguidade.
Contudo nada justificariam suas palavras caso permanecessem fora dos olhos dos demais seres humanos. Há que avaliar, por isso, o grau de dedicação das atitudes individuais, até se elevar à face magnânima do Criador.
Primeiro, acreditar firmemente; crer, motivo de questões e embates nas picuinhas de correr atrás de fantasias inúteis antes de chegar aos pés de Deus e esperar sua visão, diante dos chamamentos externos e das armadilhas materiais que insistem desviar do objetivo o passo dos devotos que desejem acertar.
Ainda difícil, o sábio admitiu esta condição a quem, com unhas e dentes, larga o leque das ilusões e quer uma alma franca e contrita, firme nas razões de se atirar aos braços do Pai supremo com todo o ser. Eis a expropriação de si mesmo que conta no salvar-se do próprio domínio. Dobrar a vontade e render homenagens a Deus, o ser exclusivo de tudo.
Na fase posterior desses propósitos, um outro acontecimento levará à presença do Poder. Significa pedir para ser aceito em sua casa, nas ações para merecer as benesses divinas da paz e da tranquilidade. Nesse momento, sim, haverá a aceitação definitiva do mistério da Luz eterna.
Essas avaliações descrevem os valores de uma consciência religiosa e o aprimoramento das causas iniciais do tema ora considerado. Tantos procuram respostas da existência apenas durante os períodos de dor e desespero, todavia só raros recebem o prêmio dado à dedicação verdadeira, porquanto permaneceram fora do ângulo da sinceridade, à margem do caminho, e exigiram recompensas indevidas por qualidades abandonadas. Inúmeros desistem; gastam fortunas de ocasiões noutros assuntos, indiferentes; tropeçam nas fragilidades dos roteiros mal engendrados; com isso, refugando o custo das possibilidades e dos frutos preciosos do Bem.
E outras experiências individuais sempre lembrarão as situações aqui consideradas no pouco espaço deste breve comentário.

FRANCISCO MATOSO- Por Norma Hauer


Ele nasceu em 8 de abril de 1913, em Petrópolis e faleceu, com apenas 28 anos, em 18 de dezembro de 1941
Viveu um pouco mais que Noel Rosa, mas deixou uma obra riquíssima..

Seu nome Francisco de Queirós Matoso, mas sem o Queirós ficou conhecido como FRANCISCO MATOSO.
Aos 5 anos começou a dedilhar ao piano, já mostrando seu veio de compositor.

Foi em 1933, que, aos 20 anos, lançou sua primeira composição, por sinal feita em parceria com Noel Rosa: e gravada por Mário Reis :”Esquina da Vida”.
No ano seguinte, o Bando da Lua gravou o samba “Eu Me Lembro de Você”.
Com estes dois sambas, estava lançado o nome de Francisco Matoso, que se especializou mais em valsas do que em sambas.

Foi em 1936 que sua primeira valsa foi gravada por Francisco Alves . Seu nome “Reminiscência”. Nesse mesmo ano, Silvinha Melo gravou o samba-canção “Perto do Céu”, composto em parceira com o pianista Romualdo Peixoto (“Nonô”) , tio de Ciro Monteiro e de Cauby Peixoto
.
Mas foi em 1935 que iniciou sua parceria mais constante, com o pianista José Maria de Abreu, com quem compôs seus maiores sucessos, como a valsa “Boa-Noite, Amor”, sucesso imortal de Francisco Alves, que abria e fechava o programa do cantor na Rádio Nacional:
“ ao soar as 12 badaladas, quando os ponteiros se encontram na metade do dia, os ouvintes da Rádio Nacional também se encontram com Francisco Alves, o “Rei da Voz”, que “entrava” cantando “Boa-Noite, Amor”

No carnaval de 1936 gravou, com Aurora Miranda a marcha “Em Primeira Audição “ e com Almirante “Esquina do Pecado”, ambas em parceria com Nonô.
A primeira parceria com José Maria de Abreu deu-se com a canção “Vingança”, gravada por Gastão Formenti..
Seguiram “Horas Iguais”, com Orlando Silva; “”Mari”, com Carlos Galhardo; “Onde Está o Dinheiro?,” com Aurora Miranda; “Barcarola”, com Francisco Alves; “Pegando Fogo”, com o Bando da Lua e, já em 1940, a valsa “Ao Ouvir Esta Canção Hás de Pensar em Mim”, grande sucesso de Francisco Alves.

EU SONHEI QUE TU ESTAVAS TÃO LINDA

A obra de Francisco Matoso foi imensa, mas uma é sempre lembrada e ele não chegou a ouvir sua gravação original na voz de Francisco Alves: “Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda”.
Hoje regravada por muitos cantores, a partir da regravação de Carlos Galhardo.

Francisco Matoso faleceu exatamente no ano em que entregou a Lamartine Babo a letra dessa bela canção, musicada por Lamartine e gravada por Francisco Alves .
Não conheceu esse seu grande sucesso:

Eu sonhei que tu estavas tão linda
Numa festa de raro esplendor,
Teu vestido de baile, lembro ainda,
Era branco todo branco, meu amor ! . . .
A orquestra tocou umas valsas dolentes,
Tomei-te aos braços, fomos dançando, ambos silentes ..
E os pares que rodeavam entre nós,
Diziam coisas, trocavam juras a meia voz . . .

Violinos enchiam o ar de emoções
E de desejos uma centena de corações . . .
P'ra despertar teu ciúme, tentei flertar alguém,
Mas tu não flertaste ninguém ! . . .
Olhavas só para mim,
Vitórias de amor cantei,
Mas foi tudo um sonho... acordei.

Norma


EVALDO RUI - Por Norma Hauer



ROSA DE MAIO E OUTRAS

No dia 9 de abril de 1913 nasceu, aqui no Rio de Janeiro, o compositor Evaldo Rui Barbosa, que ficou conhecido apenas como EVALDO RUI.

Era irmão do radialista e também compositor Haroldo Barbosa e iniciou sua carreira em 1934, trabalhanndo no então famoso Programa Casé e teve um samba gravado por Carmen Miranda, de nome "Ninho Deserto", que não fez sucesso..

Sua carreira só "deslinchou" quando ele conheceu Custódio Mesquita, em 1943, mas só foi projetado no ano seguinte com as composições Como os Rios Correm p'ro Mar" ,"Feitiçaria"; "Rosa de Maio" e "Gira...Gira...Gira", os dois
primeiros gravados por Sílvio Caldas e os outros por Carlos Galhardo

.São, ainda, de sua autoria, com Custódio Mesquita,"Algodão","A vida em 4 Tempos","Valsa do Meu Subúrbio"e"Promessa",também gravadas por Sílvio Caldas.

.Após a morte de Custodio, em 1945, Araci de Almeida gravou de ambos, "Saia do Caminho" e Dircinha Batista "Adeus".

Compôs, com "Fats" Elpidio o fox-canção "Minha Confissão"gravado por Carlos Galhardo em 1945. e com Lupicinio Rodrigues o samba "Eu não sou Louca", gravação de Isaurinha Garcia.

Um dos maiores sucessos de carnaval de todos os tempos foi compósto com Fernando Lobo: o samba "Nêga Maluca", gravado por Linda Batista

Estava jogando sinuca
Uma nêga maluca me apareceu
Vinha com o filho no colo
E dizia p'ro povo que o filho era meu...
Não senhor..."

Seu fim de vida foi trágico: morreu por amor.

Apaixonado pela cantora Elizeth Cardoso, e não sendo correspondido, telefonou para ela dizendo que iria suicidar-se e o fez no dia 9 de agosto de 1954, aos 41 anos.

Norma

Paz, amor - Por José de Arimatéa dos Santos

Acredito piamente no amor entre todos os seres humanos. É possível viver em um mundo em que o respeito ao outro seja possível e a luta diária é para o bem está acima de tudo. A alegria de viver e ficar mais contente com o sucesso do vizinho ou o amigo. Tudo isso são maneiras de ver um mundo bem diferente do agora em que o respeito pela vida  é mínimo. Os fatos violentos se acumulam cada vez mais e o noticiário da tv reforça toda essa violência com o espetáculo midiático da desgraça do nosso semelhante. Antigamente acompanhávamos fatos violentos estampados em letras garrafais e em primeira página dos jornais impressos. Com toda a velocidade da informação em tempo real, e bote real nisso, as câmeras de televisão estão ao vivo para  para transmitir as barbáries diárias. O esmiuçamento da notícia põe repórter em cada esquina ou beco e microfone em punho entrevista e joga o sofrimento de atores e atrizes reais via satélite.
Digo sempre que assim que nascemos brigamos para não morrermos. Bactérias e vírus estão sempre de plantão querendo nos infectar, mas nossas defesas naturais são fortes e soldados sempre alertas para nos defender. Vivemos em sociedade e para defendermos da violência que grassa em todas as partes desse país pentacampeão do mundo fica cada vez mais difícil. Nem na escola as crianças estão a salvo da sanha da violência e barbárie. Acredito que faltam amor e humanidade  no coração de muito ser humano. Vivemos em uma sociedade doente, infectada por muitos invejosos, fofoqueiros e sem coração. E que o consumismo desenfreado transforma esse capitalismo mais selvagem e a violência pipoca cruelmente.
A utopia é que faz cada um de nós continuarmos a levantar da cama a cada novo dia e ver que é possível um outro mundo. Tempo de paz, cultura de paz. A Igreja Católica na Campanha da Fraternidade de 2011 fala sobre meio ambiente e como o ser humano é uma parte da ecologia, a vida se reverte em um bem cada vez mais importante. Vida para viver plenamente com justiça, paz, solidariedade, amor entre todos os homens e mulheres. O amor e a paz tem que triunfar.

E por lembrar Carlos Gonzaga...


Por isso eu canto assim - por José do Vale Pinheiro Feitosa



Cafona, brega, caipira, matuto, beiradeiro! Eita, isso eu sou!

E ainda mais ouvindo Carlos Gonzaga, num radinho de pilha, na calçada da frente, olhando o canavial e sonhando com aquela musa que tudo podia sobre mim:

O Iraci,
Ai como eu amo a ti,
Sem ti não sei viver,
Mas que coisa louca,
É amar alguém...

Mas que Iraci mais danada meu deus! Podia me encharcar de amor, me deixar assim meio sem...sem prumo, sem saber o que mais sabia que era viver. E tinha mais. Era uma coisa louca, coisa louca deve ser o melhor que o mundo germina, derrubando estas xícaras arrumadas para o café, começando a manhã como se fosse outra coisa, uma coisa que é amar alguém. Ainda com aquele arranjo de balada, bem balançante, como eram aquelas músicas dos americanos que impregnaram o sangue da juventude por meio do cinema.

Eu sou feliz,
Por ti querer assim
Sem ti não sei viver
Eu ficar sem ti
É bom morrer!

E tinha o Gala Campina, o Canarinho, o Bigodinho, o Bico de Prata, e os altos galhos do Pé de Timbaúba, tão como Iraci, que dava a felicidade. Tem coisa mais alta, mais acima, no topo do que ser feliz. Ti querer assim, mas tanto que nem o ar se leva em conta, nem a água ou a rapadura, menos ainda a farinha, querer assim sem mais saber como viver. E nunca me faltes, o Iraci, pois se eu ficar sem ti, o mundo todo já sabe eu vou ao mais supremo do amor, ao mais radical da doação que sem você é bom morrer.

Desde que eu ti vi,
Nunca mais te esqueci
Tive a sensação que ia ser feliz,
E o pouco amor que eu pedi a ti
Foi negado a mim
Por isso eu canto assim.

Um simples olhar, aquele que imanta, que puxa, agarra, prende. Um olhar que substitui todos os olhares já havidos e por haver. E quando se falar em esquecimento, ainda é pouco, nada tem com lembranças, nem memórias, é um tudo contínuo, que sempre existiu, sem paralelas. E o mais sublime de todos os desafios que o mundo deu em escarpas e vendavais, eu te pedi um pouco que fosse e tu me negaste. E negar não é igual a um sim. Não é dual a este. Negar, para este pouco que ti pedi, Iraci, é igual a morrer, quando se diz vida, é como ir se a placa é de pare. Negar, um pouco de amor que seja é, em troca, oferecer ao negado, o legado da mágica espada do amor que nunca cessa, sempre existirá como possibilidade e jamais como cotidiano, feito o sabão a lavar pratos, a água sanitária no vaso. Negar é força do sol que sempre surge no horizonte quando se ausentou só para eternizar-se nas manhãs.

Assim eu vejo a vida - Cora Coralina



A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

Cora Coralina



Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985) foi uma poetisa e contista brasileira. Cora Coralina, uma das principais escritoras brasileiras, publicou seu primeiro livro aos 76 anos de idade.

Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.

Por Khalil Gibran - O poeta do amor !


~ Do Primeiro Beijo ~

É o primeiro gole de néctar da Vida, numa taça ofertada pela divindade. É a linha divisória entre a dúvida que engana o espírito e entristece o coração, e a certeza que inunda de alegria nosso íntimo. É o começo da canção da Vida e o primeiro ato do drama do Homem Ideal. É o vínculo que une a obscuridade do passado com a luminosidade do futuro; é a ponte entre o silêncio dos sentimentos e a sua própria melodia. É uma palavra pronunciada por quatro lábios, proclamando o coração um trono, o Amor um rei e a fidelidade uma coroa. É o toque leviano dos dedos delicados da brisa nos lábios da rosa — pronunciando um longo suspiro de alívio e um suave gemido.

É o começo daquela vibração mágica que transporta os amantes do mundo das coisas e dos seres para o mundo dos sonhos e das revelações.

É a união de duas flores perfumadas; e a mistura de suas fragrâncias, para a criação de uma terceira alma.

Assim como o primeiro olhar é uma semente lançada pela divindade no campo do coração humano, assim o primeiro beijo é a primeira flor nascida na ponta dos ramos da Árvore da Vida.

Khalil Gibran



Gibran Khalil Gibran (جبران خليل جبران بن ميکائيل بن سعد; em siríaco: ܓ̰ܒܪܢ ܚܠܝܠ ܓ̰ܒܪܢ; Bicharre, 6 de janeiro de 1883 – Nova Iorque, 10 de abril de 1931, também conhecido simplesmente como Khalil Gibran, foi um ensaísta, filósofo, prosador, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa, cujos escritos, eivados de profunda e simples beleza e espiritualidade, alcançaram a admiração do público de todo o mundo.