por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 28 de novembro de 2011

CACOFONIA VIAJANTE - por Ulisses Germano


                Numa noite silenciosa e fagueira,  minha mãe e eu estávamos no coração da casa (cozinha) conversando miolo de pote, jogando conversa fora, tomando café. Num certo momento, quando a conversa já estava escasseando, ela chegou bem pertinho de mim e me disse que iria cantar a letra de uma canção que há muito tempo sua mãe (minha avó Micinda) cantava, e que era tido como "imoral". Pegou solenimente o bandolim e dedilhou acompanhando uma canção cacofônica:

EVA COAVA
O CAFÉ QUE ADÃO TOMAVA
ADÃO FUROU O COADOR
E NUNCA MAIS EVA COOU
                           Trocamos uma gaitada tão intensa que reverberou nos talheres!
 
                   Ainda hoje utilizo esta pequena canção quando vou falar em sala de aula sobre os  aspectos que deram origem a composição de duplo sentido. Esta inofensiva e pequenina canção do Coador de Eva remonta a um tempo muito antigo e é um curioso exemplo de como os versos e as melodias viajam por este Brasil a fora por meio do bastão da oralidade:  num encontro que tive com um grupo de teatro (Mostra SESC - 2004) tive a surpresa de ouvir a mesma letra e canção cantada por uma cantora mineira que me revelou ter aprendido de sua avó!
                        Seja encarado como "som desagradável" ou vício de linguagem, o interessante e sabido é que desde o  padre Antonio Vieira do Brasil Colonial e do Jumento é Nosso Irmão, passando por Quintino Cunha, Patativa do Assaré e Bastinha Job que se cria versos cacofônicos e picantes  com o  velho intuito de descontrair e quebrar formalidades.
                         Freud explica, mas não replica! 

Provincianismo: a pedra que interrompe o trânsito - José do Vale Pinheiro Feitosa

Não é piedade e nem superioridade diante da manifestação de alguns conterrâneos. Mas o ranço de uma guerra ideológica cheirando a 1964 promove uma angústia de uma longa noite indormida e jamais acordada. Assim como um espasmo asmático que não se consegue respirar.

Há uma vontade de sair da roda e jamais retornar. Não existe possibilidade de arejar idéias e nenhuma contribuição se pode imaginar. E já me adianto aos arrufos que substituem argumentos: arejar idéias é de mão dupla. Ninguém é dono do oxigênio.

A guerra fria que ainda vive em postagens dos nossos blogs tem mesmo o que muita gente diz: um imenso provincianismo. Até aquela inveja de Juazeiro ou a demissão de qualquer esperança. A regra tem sido se queixar das perdas como se estas não fossem parte do estado cultural das coisas.

Estamos a algumas horas do mês de dezembro e nenhum blog da região, especialmente aqueles que freqüento, estão discutindo o futuro da cidade. Como não tenho o domínio da notícia aí, ou estes blogs estão fora do assunto ou teremos o mesmo de sempre.

Ontem recebi um e-mail de Ana Arraes, sobrinha de Almina, deputada federal, mãe do governador de Pernambuco e atual conselheira do Tribunal de Contas da União repercutindo o caso do vereador. O Maurício Tavares publicou a matéria do G1 do Globo no Cariricult.

O blog no Azul Sonhado também publicou a mesma matéria. Os leitores leram como um fato passado e, no entanto, não é. Agora explodem os motivos de Almina, não pela repercussão na grande mídia nacional, mas exatamente por que o caso é emblemático da discriminação, do descuido com a ética, do exercitar-se de público como um touro Miura numa arena.

E no corpo da matéria a mais incrível confissão oligárquica e provinciana: só publicaram a parte que interessava à oposição. Provincianismo é esta pedra que interrompe o caminho e jamais se desloca para que as coisas transitem. Ora gente fina: publicaram o que interessava à cidadã em defesa da sua dignidade.

Giacomo Puccini



Giacomo Antonio Domenico Michele Secondo Maria Puccini, mais conhecido como Giacomo Puccini (Lucca, 22 de dezembro de 1858 — Bruxelas, 29 de novembro de 1924) foi um compositor de óperas italiano. Suas óperas estão entre as mais interpretadas, até hoje, incluíndo La bohème, Tosca, Madama Butterfly e Turandot. Algumas de suas árias, como "O mio babbino caro" de Gianni Schicchi, "Che gelida manina" de La bohème, "E lucevan le stelle" de Tosca e "Nessun dorma" de Turandot tornaram-se parte da cultura popular.

Amanhã é o dia Dela!

Fátima Figueirêdo



Feliz Aniversário, amiga!
Devo-te  carinho e amizade.

Grande abraço de todos que fazem o "Azul Sonhado"!

tudo 
já 
foi
dito
repito
tudo
já 
foi
redito
...
quem
cala
sente

Ulicis
Crato-CE

Tua imagem

No céu
Um fiapo
De lua

Nele eu vi
Bem nítida
A imagem tua

E senti mais viva
A saudade
Dentro de mim.

Leves impressões...- socorro moreira


Eu desconhecia cidades onde o capacete é “proibido” (ele evitaria a identificação de um malfeitor).
Por outro lado as leis de trânsito tornam-se livres.
Numa moto, onde dois é pouco, três é bom, quatro é normal, cinco é radical?
(Loucura!)
Acho legal a acessibilidade de um meio de transporte para a maioria das pessoas de baixa renda ou não. A motocicleta é econômica, ágil... Mas, convenhamos, complica demais o trânsito, e aumenta o índice de acidentes. O risco é geral.
Como encarar esta realidade?
Tão bom quando andávamos a pé, volteávamos na praça, dançávamos até a madrugada, sem um pingo de preguiça!
Lembro quando não existiam semáforos no Crato, e Juazeiro.
Aqui é como naqueles tempos... O diferencial são as motos.
Uma peculiaridade positiva desta cidade é que todos trabalham incansavelmente. A gente sente que, mesmo depois de bem sucedidos, não se acomodam, nem por idade!
Homens de 93 anos, lucidamente, gerindo os seus negócios. Incrível!
O custo de vida não é barato.
Sonhei com uma casinha de interior com quintal e jardim... Que nada! Ainda não...!
Existem novas e modernas construções de pequenos espaços pelo aproveitamento do terreno. Setor imobiliário altamente inflacionado.
Escutei que alguém da terra teria ganhado na sena e capitalizara em imóveis. Os demais habitantes, que não foram premiados com a sorte, vivem no mesmo “status” do poder adquirir, sem posses!
A comida de restaurante tem a galinha caipira mais deliciosa que já provei.
Nota 10 para a Panificadora. Preço justo, aliando bom gosto e bom paladar.
Meus olhos esperam o sinal verde. Esperança de prósperos dias para mim, e para todos!

"Só deixo o meu Cariri, no último pau-de-arara" !

Esta bela música é versão de "I will wait for you" do filme Os guarda chuvas do amor com Catherine Deneuve,


Leno e Lilian
Sua Lembrança



Mesmo longe eu não consigo lhe esquecer
No luar tão lindo posso ver você
Volte, por favor, pra me fazer feliz
Porque sempre amor, muito eu lhe quis

E por onde eu ande, e por onde eu for
Sinto aqui tão grande meu eterno amor
E sonhando sempre em lhe abraçar
Meu caminho eu sigo a chorar

E minha vida triste vai seguindo assim
Trazendo mil lembranças que não têm mais fim
De um amor lindo que se acabou
Mas não vai se apagar

E por onde eu ande, e por onde eu for
Sinto aqui tão grande meu eterno amor
E sonhando sempre em lhe abraçar
Meu caminho eu sigo a chorar






Sinos natalinos- socorro moreira



Quando dezembro se aproxima, o vermelho entra em cena, na sina da paz.
Minha mãe adorava o Natal. Gastava suas parcas economias, no último mês do ano.
Árvore enfeitada, Menino Jesus na estrebaria, peru emilhado, no quintal. Todos os cheiros e cestas. Papeis celofanes embalando quitutes, mimos e sonhos.
Herdamos o compromisso de oferecer, simbolicamente, pequenos gestos de carinho...
Manhã do dia 28 de novembro de 2011.
Da janela do hotel, vejo uma nova cidade; um riacho seco, a torre da Sé.Cheguei por acaso? Intuitivamente sinto que estou prestes a cumprir nova missão.
Só preciso de saúde!
Como esquecer os mandamentos que nos mantêm vivos com qualidade?
- Comer menos, tudo que é veneno; vigiar o inflável; beber o que hidrata; caminhar, pedalar, se espreguiçar e relaxar; objetivar a vida, no sentido da alegria...!
Para mim o amor é felicidade. Para quem o amor é fácil, o ser feliz é contingência!
Tenho urgências de obediências.
Obedecer é honrar! O caminho da inteireza é tão árduo que não respeita os desejos.
Escolher o prazer, entre tantos...
Saber beliscar, lamber, sem saturar o excitante. Respirar o mundo calmamente, percebendo que os sinos natalinos tocam em surdina, no dia a dia.

Qual a distância entre você e você mesmo? - José do Vale Pinheiro Feitosa

Parece óbvia a resposta sobre qual seja a distância entre a Bessarábia e a Bessarábia. Entre você e você mesmo. Parece óbvia a nulidade, mas não é nula esta distância.

Ela é como a distância entre Crato e Campos Salles. Tantos campos existem entre um quarto e outro. Entre a Bessarábia, você e tudo novamente repetido.

Elevar-se. Ninguém chegará a Campos Salles sem subir. Ampliar a visão e os horizontes. Desdobrar os verdes, as cidades e a humanidade individualizada e coletiva ao mesmo tempo.

O pé de Visqueiro. Todos, por comestível, pensa na alma sendo o piqui. Mas não o é. O Visgueiro tem a leveza florida, assim como um bordado. Tem suas vagens, suas folhas de abrigo e uma copa de tornar referência. A referência da Chapada.

As retas de infinito. As rotas linheiras, margeadas pelo carrasco, a vegetação de serrado, de araticum e maracujá peroba. Casas perdidas supridas por barreiros. Entre a colheita e os sacos de venda, na beira da estrada, aos centos de piquis.

Os cânions. Na face para Nova Olinda. Tem pontes de pedras. Taludes de arenito. Uma paisagem dos sertões e do alto a marca de volume, a Chapada para que na volta o viajante reencontre o destino.

O açude do Latão. Que se tornou uma inclusão através da torre plena de morcegos. Se a implodiram, basta olhar com o canto do olho que a silhueta tênue persiste como toda certeza prevista e demonstrada nunca acontecida.

No Morro Dourado. Há mais que uma posse. Além de uma herança. De uma produção agropecuária. Há um agregado nominativo que enche o olhar de brilho, de ouro, de dourado do sol se pondo. E o Morro, dourado feito um estado d´alma.

Baixio do Facundo. Morena Libório sobre as sombras de cajaraneiras e umbuzeiros. Montada num cavalo majestoso, como majestade é Morena depois Brito, depois pernambucana dos canais de Recife.

Xique-Xique. Potengi já levou seu nome. Os lajedos, o mandacaru do fruto sedutor, o rabo de raposa crescido nas locas, os bodes nas beiradas da lasca de pedra. Dizem que hoje o canto dos ferreiros ecoa na madrugada. Tão maleável quanto meu coração qual o ferro rubro no calor da forja.

A BR. Isolou o Araripe. Suas famílias tradicionais. A igreja onde num domingo seguimos desde a origem para destinar o vigário que lhe faltava. Padre Limaverde. No almoço de agradecimento lembrando os ensopados de cobra.

Campos Salles. A distância entre a Bessarábia e a Bessarábia, entre você e você. Existe por ser um ente e como tal tecedura do viver.

Cai Chuva!

Chuva! caia sobre mim, com cheiro de jasmim...
Chuva! caia na semente, que semeei ali em frente...
Chuva! caia por toda esta gente, e a faça tão contente...
Chuva! caia em todo sertão, para ouvir o canto do azulão...
Chuva! caia ainda no sertão, para se melhor repartir o pão...
Chuva! caia agora, caia em boa hora...
Rosemary Borges Xavier
Menestel que canta a vida
Com o intuito de animar
Nunca toca na ferida
Não deseja ensimesmar
Tem no pulso um metrônomo
O seu ritmo é autônomo
Todos querem acompanhar

Ulisses Germano