por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 23 de abril de 2021

MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - José Nilton Mariano Saraiva

MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – José Nilton Mariano Saraiva


Independentemente do viés capitalista/socialista, durante muitos anos, nos mais diversos países do planeta Terra, o desenvolvimento econômico, decorrente da Revolução Industrial, sobrepôs-se e impediu que os problemas ambientais fossem considerados seriamente, como deveriam.

A poluição e os negativos impactos ambientais do desenvolvimento desordenado eram visíveis (já então), mas, ante os “benefícios” (???) proporcionados pelo progresso, eram irresponsavelmente justificados como um “mal necessário” e algo com que deveríamos conviver e nos resignar, para sempre.

Nos dias atuais, após a descoberta da camada de ozônio, do efeito estufa e do perigoso aquecimento global, a racionalidade parece ter sido posta em prática, e o conceito mudou radicalmente; assim, proteger o meio ambiente não significa impedir o progresso, bem como não se pode admitir um desenvolvimento predatório e insustentável.

Ante tal constatação, governos de todo o mundo reconhecem ser fundamental a conscientização coletiva da necessidade de se promover o desenvolvimento em harmonia com o meio ambiente, na procura de uma vida saudável e duradoura.

Para tanto, é por demais louvável a ideia de defesa intransigente da adoção do desenvolvimento sustentável, que tomou corpo e cresceu assustadoramente nas últimas décadas, norteando a ação dos órgãos públicos encarregados da defesa do meio ambiente, em todo o mundo.

No caso do Brasil, especificamente, a própria Constituição Federal estabelece que todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, porquanto é o homem, o ser humano, a pessoa, não só como indivíduo mas como humanidade e como sujeito, a razão direta e prioritária do benefício de um meio ambiente sadio e autossustentável.

Pena que no atual governo isso tenha sido deixado de lado, daí hoje o Brasil não ser visto com bons olhos pela comunidade internacional, tendo em vista as criminosas e recorrentes queimadas e o agressivo desmatamento verificados na Amazônia e no Planalto Central do país (Pantanal), por parte de inescrupulosos empresários descompromissados com o país (sem que as autoridades ditas competentes tomem as devidas providências).

Eis que hoje (23.04.21), ao participar de uma reunião de líderes mundiais para tratar sobre medidas a serem tomadas visando preservar o meio ambiente, o “traste” que desgraçadamente nos governa, ao mendigar ajuda financeira para tal mister, mentiu despudoradamente ao afirmar... “determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais, duplicando recursos para ações de fiscalização”.

Ao sair dali, sem a menor cerimônia e por trás das cortinas, autorizou um corte de duzentos e quarenta milhões de reais na pasta do Meio Ambiente.

UM "DIA DE MERDA" - Luis Fernando Veríssimo

 UM “DIA DE MERDA” – Luis Fernando Veríssimo


Transcrevemos uma "história real", vivenciada por um personagem famoso (Luis Fernando Veríssimo) e o fazemos porque, além de engraçada, coincidentemente, há alguns anos atrás, na mesma cidade (Rio) e no mesmo aeroporto (Galeão), passamos por situação (quase) idêntica (tomamos a liberdade de por em "caixa alta" algumas passagens que consideramos antológicas).

José Nilton Mariano Saraiva

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Senti um pequeno mal-estar causado por uma cólica intestinal, mas nada que uma urinada ou uma barrigada não aliviasse. Mas, atrasado para chegar ao ônibus que me levaria para o Galeão, de onde partiria o voo para Miami, resolvi segurar as pontas. Afinal de contas são só uns 15 minutinhos de “busão”.

Chegando lá (pensei), tenho tempo de sobra para dar aquela mijadinha esperta, tranquilo, o avião só sairia às 16:30. Entrando no ônibus (sem sanitários), SENTI A PRIMEIRA CONTRAÇÃO E TOMEI CONSCIÊNCIA DE QUE MINHA "GRAVIDEZ FECAL" chegara ao nono mês e que faria um parto de cócoras assim que entrasse no banheiro do aeroporto. Virei para o meu amigo que me acompanhava e, sutil, falei: Cara, mal posso esperar para chegar na merda do aeroporto porque preciso “largar um barro”.

Nesse momento, senti um urubu beliscando minha cueca, mas botei a força de vontade para trabalhar e “segurei a onda”. O ônibus nem tinha começado a andar quando, para meu desespero, uma voz disse pelo alto falante: Senhoras e senhores, nossa viagem entre os dois aeroportos levará em torno de 1 hora, devido a obras na pista.

AÍ, O URUBU FICOU MALUCO, QUERENDO SAIR A QUALQUER CUSTO. Fiz um esforço hercúleo para segurar o “TREM MERDA QUE ESTAVA PARA CHEGAR NA ESTAÇÃO ÂNUS" a qualquer momento. Suava em bicas. Meu amigo percebeu e, como bom amigo que era, aproveitou para tirar um sarro. O alívio provisório veio em forma de bolhas estomacais, indicando que pelo menos por enquanto as coisas tinham se acomodado. Tentava me distrair vendo TV, mas só conseguia pensar em um banheiro, não com uma privada, mas com um vaso sanitário tão branco e tão limpo que alguém poderia botar seu almoço nele. E o papel higiênico então: branco e macio, com textura e perfume e...

Ops, senti um volume almofadado entre meu traseiro e o assento do ônibus e percebi, consternado, que HAVIA CAGADO. Um cocô sólido e comprido, daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor. Daqueles que dá vontade de ligar pros amigos e parentes e convidá-los a apreciar na privada. Tão perfeita obra, dava pra expor em uma bienal. Mas sem dúvida, a situação tava tensa. Olhei para o meu amigo, procurando um pouco de piedade, e confessei sério: CARA, CAGUEI !!!

Quando meu amigo parou de rir, uns cinco minutos depois, aconselhou-me a relaxar, pois agora estava tudo sob controle. Que se dane, me limpo no aeroporto, pensei. Pior que isso não fico. Mal o ônibus entrou em movimento, a cólica recomeçou forte.

ARREGALEI OS OLHOS, SEGUREI-ME NA CADEIRA, mas não pude evitar, e sem muita cerimônia ou anunciação, veio a segunda leva de merda. Desta vez, como uma pasta morna. Foi merda para tudo que é lado, borrando, esquentando e melando a bunda, cueca, barra da camisa, pernas, panturrilha, calças, meias e pés.

E mais uma cólica anunciando mais merda, agora líquida, daquelas que queimam o fio-fó do freguês ao sair rumo à liberdade. E depois um PEIDO TIPO BUFA, que eu nem tentei segurar. Afinal de contas, o que era um peidinho para quem já estava todo cagado...

Já o peido seguinte, foi do tipo que pesa, arrasador. E me caguei pela quarta vez. Lembrei de um amigo que certa vez estava com tanta caganeira que resolveu botar modess na cueca, mas colocou as linhas adesivas viradas para cima e quando foi tirá-lo levou metade dos pelos do rabo junto. Mas era tarde demais para tal artifício absorvente. TINHA MESTRUADO tanta merda que nem uma bomba de cisterna poderia me ajudar a limpar a sujeirada.

Finalmente cheguei ao aeroporto e saindo apressado com passos curtinhos, supliquei ao meu amigo que apanhasse minha mala no bagageiro do ônibus e a levasse ao sanitário do aeroporto para que eu pudesse trocar de roupas. Corri ao banheiro e entrando de boxe em boxe, constatei falta de papel higiênico em todos os cinco. Olhei para cima e blasfemei: Agora chega, né? Entrei no último, sem papel mesmo, e tirei a roupa toda para analisar minha situação (que concluí como sendo desesperadora, o fundo do poço) e esperar pela minha salvação, com roupas limpinhas e cheirosinhas e com ela uma lufada de dignidade no meu dia.

Meu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito o check-in e ia correndo tentar segurar o voo. Jogou por cima do boxe o cartão de embarque e uma MALETA DE MÃO e saiu antes de qualquer protesto de minha parte. ÊLE TINHA DESPACHADO A MALA COM ROUPAS.

Na mala de mão só tinha um pulôver de gola 'V'. A temperatura em Miami era de aproximadamente 35 graus. Desesperado, comecei a analisar quais de minhas roupas seriam, de algum modo, aproveitáveis. Minha cueca, joguei no lixo. A camisa era história. As calças estavam deploráveis e assim como minhas meias mudaram de cor tingidas pela merda. Meus sapatos estavam nota 3, numa escala de 1 a 10. Teria que improvisar.

A invenção é mãe da necessidade, então transformei uma simples privada em uma magnífica máquina de lavar. Virei a calça do lado avesso, segurei-a pela barra, e mergulhei a parte atingida na água. Comecei a dar descarga até que o grosso da merda se desprendeu. Estava pronto para embarcar.

Saí do banheiro e atravessei o aeroporto em direção ao portão de embarque trajando sapatos sem meias, as calças do lado avesso e molhadas da cintura ao joelho (não exatamente limpas) e o pulôver gola 'V', sem camisa. MAS CAMINHAVA COM A DIGNIDADE DE UM LORDE INGLÊS.

Embarquei no avião, onde todos os passageiros estavam esperando o 'RAPAZ QUE ESTAVA NO BANHEIRO' (fui até aplaudido) e atravessei todo o corredor até o meu assento, ao lado do meu amigo que sorria. A aeromoça aproximou-se e perguntou se precisava de algo. Eu cheguei a pensar em pedir 120 toalhinhas perfumadas para disfarçar o cheiro de fossa transbordante e uma gilete para cortar os pulsos, mas decidi não pedir: Nada, obrigado. Eu só queria esquecer este dia. UM DIA DE MERDA..."