por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A hora para reler Eliot

ESCRITO POR T. S. ELIOT | 13 DEZEMBRO 2013 
ARTIGOS - CULTURA

eliot
Nota de Rodrigo Gurgel:
Por que voltar aos ensaios de T. S. Eliot? Foi o que me perguntei quando selecionava os textos que pretendia analisar no curso “A Descoberta do Ensaio”. Os trechos abaixo, retirados de “O que é um clássico?” – originalmente escrito como um discurso à Virgil Society, proferido em 1944 –, respondem à pergunta; e também corroboram o que Russell Kirk disse a respeito de Eliot: “É possível que em uma distante época futura, quando a história do século XX parecer bárbara e desconcertante como as crônicas da Escócia medieval, a aguda perspicácia de Eliot deva ser lembrada como a luz mais clara que resistiu às trevas universais”. Pensamento que me leva a repetir o que afirmo a alguns amigos: esta é a hora para reler Eliot.


Evolução da língua e maturidade da literatura
A maturidade de uma literatura é um reflexo da sociedade dentro da qual ela se manifesta: um autor individual – especialmente Shakespeare e Virgílio – pode fazer muito para desenvolver sua língua, mas não pode conduzir essa língua à maturidade a menos que a obra de seus antecessores a tenha preparado para seu retoque final. Por conseguinte, uma literatura amadurecida tem uma história atrás de si – uma história que não é apenas uma crônica, um acúmulo de manuscritos e textos dessa espécie, mas uma ordenada, embora inconsciente, evolução de uma língua capaz de realizar suas próprias potencialidades dentro de suas próprias limitações.

Criatividade
A persistência da criatividade em qualquer povo consiste [...] na manutenção de um equilíbrio coletivo entre a tradição no sentido mais amplo – a personalidade coletiva, por assim dizer, consubstanciada na literatura do passado – e a originalidade da geração que se encontra viva.

Presente, passado e futuro
[...] Enquanto estivermos dentro de uma literatura, enquanto falarmos a mesma língua e tivermos fundamentalmente a mesma cultura que produziu a literatura do passado, desejaremos conservar duas coisas: o orgulho de que nossa literatura já se cumpriu e a crença de que pode ainda cumprir-se no futuro. Se deixássemos de acreditar no futuro, o passado deixaria de ser plenamente o nosso passado: tornar-se-ia o passado de uma civilização morta.

Nefasto provincianismo
Em nossa época, quando os homens parecem mais do que propensos a confundir sabedoria com conhecimento, e conhecimento com informação, e a tentar resolver problemas da vida em termos de engenharia, começa a emergir na existência uma nova espécie de provincianismo que talvez mereça um novo nome. É um provincianismo, não de espaço, mas de tempo, aquele para o qual a história é simplesmente a crônica dos projetos humanos que têm estado a serviço de suas reviravoltas e que foram reduzidos à sucata, aquele para o qual o mundo constitui a propriedade exclusiva dos vivos, a propriedade da qual os mortos não partilham.