por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 6 de agosto de 2013

"1.000 anos" - José Nilton Mariano Saraiva

Definitivamente, há coisas que, pelo andar da carruagem, só acontecem na “América” (Estados Unidos) e que, mesmo se nos apresentando por demais estapafúrdias, de pronto são “adotadas” pela imprensa mundial, através da sua divulgação aos quatro quadrantes do mundo. Ou alguém já esqueceu que, dias atrás, a mídia repercutiu com intensidade a história (ou seria verdadeira desventura) daquele trio de jovens mulheres americanas que passou mais de 10 (dez) anos sendo seviciadas por um psicopata, em pleno sótão de uma residência, de onde nunca saíram (sequer pra tomar banho de sol). Isso durante 10 anos, no centro de uma pequena cidade. Acredite se quiser.
Pois bem, fato é que após a polícia ter descoberto (por acaso) o cativeiro, o tal do bandido foi imediatamente preso e, mais que depressa julgado, como a querer nos fazer crê na “eficiência” ou “celeridade” da justiça de lá. E aí, de novo, os americanos se superaram: é que, para servir de exemplo e, conseqüentemente, desestimular possíveis seguidores, o marginal foi condenado à PRISÃO PERPÉTUA acrescida de mais 1000 (MIL) ANOS DE DETENÇÃO (é vero, senhores, acreditem). E aí, poderíamos questionar: ora, se a PERPÉTUA já configura o encarceramento pelo resto da vida, por qual razão tão exótico “complemento” ???.
Fato é que, independentemente da impossibilidade de seu temporal cumprimento, não há como não lembrar a frouxidão e a benevolência das leis e códigos brasileiros, onde o bandido, por mais violento e grotesco que seja o crime perpetrado, sempre acaba por gozar de uma série de privilégios e benefícios: cumprimento de apenas 30 anos de prisão (mesmo que a pena seja superior a isso), bolsa-prisão, indulto natalino, visita íntima (para “descarregar o óleo”), indulto-paizão (dia dos pais), redução da pena por bom “bom comportamento”, abatimento dos dias trabalhados e por aí vai.
O resultado é que o “coitadinho”, já ao transpor o portão da penitenciaria, literalmente “cria asas” e... desaparece dos radares; de pronto, mais do que depressa volta à “atividade” mafiosa e, se não fizer nenhuma besteira, poderá usufruir o bem bom da vida ad eternum, gozando da cara de todos nós.  
Bem que poderíamos, sim, ao menos no cometimento de crimes hediondos, imitar pari-passu os americanos, impingindo ao marginal uma "perpetuazinha", acrescida de "módicos" 1.000 anos (ou mais).
Né não ??? 

"Terra de ninguém" - José Nilton Mariano Saraiva

Ninguém tem dúvida que o senhor Ciro Gomes exerce influência e distribui as cartas no governo do irmão Cid Gomes, já que responsável por sua indicação para o cargo, bem como para a presidência do partido, o PSB. Em sendo assim, quando foi reprovado pela população na tentativa de alçar vôos maiores na política, voltou ao Ceará e, desempregado, mas esperto, imediatamente, exigiu que o irmão o nomeasse “consultor” daquela agremiação partidária, naturalmente que muito bem remunerado. E assim foi feito. Trata-se, pois, de um governo a quatro mãos.
Megalomaníaco, não satisfeito vive dando pitacos sobre como o Governador do Estado deva portar-se, quais as bandeiras a serem desfraldadas, quais os projetos a serem atacados, e por aí vai. No Crato, por exemplo, durante enfrentamento com os estudantes da URCA, que lhe questionaram sobre se não seria mais acertado aplicar verbas na educação do que construir um tal “Aquarius” (brinquedinho para inglês usufruir), foi incisivo e curto: “...o Aquarius vai ser construído, sim, porque eu, Ciro Gomes, quero”. Fato é que, embora bastante questionado, o tal brinquedinho tá sendo tocado, ao preço de trezentos e cinqüenta milhões de reais.       

Eis que, recentemente, os holofotes foram direcionados para a Secretaria de Segurança do Estado, porquanto, em razão do despreparo e incompetência do “coronel” indicado pelos Ferreira Gomes, a bandidagem resolveu transformar o nosso Estado numa terra de ninguém, espécie de “oeste americano” de antigamente; assim, todos os dias temos assaltos, arrombamentos e mortes a perder de vista. De pronto o “valentão” Ciro Gomes, certamente que cansado de nada fazer, tratou de ocupar espaços, sugerindo que iria oferecer sua ajuda informal ao tal secretário de segurança. Quebrou a cara, literalmente, porquanto os marginais fizeram foi intensificar suas ações, como que a querer deixar-lhe o seguinte recado: cão que ladra, não morde, "Excelência". E assim, enquanto o governo do estado gasta milhões e milhões com obras desnecessárias, nossa segurança continua um caos absoluto. Até quando ???

A disputa é nacional - José do Vale Pinheiro Feitosa

As próximas eleições serão disputadas no clima de dois projetos nacionais com manifestações nas intermediárias para usar um linguagem futebolística. Acontece que o Brasil não parece apresentar uma terceira via para a grande polaridade que acontece desde a Constituição de 1988 que seguramente pode ser dividido entre Esquerda e Direita a considerar as configurações do decorrer dos anos.

O problema da terceira via é a falta de um efetivo projeto que conduza este continente em direção a uma sociedade ampla e funcional do ponto de vista econômico e social. Por isso à terceira via resta o abraço de urso de uma defesa amorfa e antiprogressista do jogo e que tão bem foi caracterizada nos anos da Constituinte com o nome de Centrão.

Em outras palavras o “destino manifesto” de figuras como Marina Silva é o abraço ao Centrão, como foi Collor e será toda candidatura sem lastro social e institucional. Serão condutores de instabilidade política, depositários de fantasias e eventuais revoltas, mas todas comandadas pelos conservadores e sua mídia de fazer cabeça.

Por isso a disputa mesmo acontecerá entre o projeto nacional trabalhista que tem o trabalhador e todas as classes sociais mais pobres, assim como setores do empresariado nacional e dos pequenos produtores como lastro social. A outra ponta da disputa é o empresariado de grande porte, com um pé na globalização financeira, aliado de fundamentos teóricos da livre iniciativa e mercado autorregulado segundo pensamento de economistas lastreados em algumas instituições.

O núcleo duro do projeto trabalhista são as leis de proteção ao trabalho e às classes sociais mais vulneráveis, o desenvolvimento nacional autônomo e solidário aos países pobres e, portanto, independente do modelo imperial mantido pelos EUA e a Europa Ocidental. Já o núcleo duro do projeto empresarial são a flexibilização das leis do trabalho, a redução de impostos para os mais ricos, a abertura das compras públicas e da economia nacional aos negócios estrangeiros, o alinhamento automático ao sistema imperial com suas zonas de livre mercado do tipo Aliança do Pacífico ou o que foi pensado a longo prazo como a ALCA.

Esta é a disputa que irá se apresentar nas próximas eleições. Em todos os entes federativos e será a fonte de financiamento para o parlamento em todos os estados e para a União. Por isso a dificuldade de se aprovar a reforma eleitoral. O “capital” precisa financiar seus candidatos para a continuação da luta que se sabe acontecerá no momento da disputa eleitoral, mas no entanto, é mais intensa e real na gestação e direção do governo.

O Tasso Jereissati bem lembrado no artigo do Zé Nilton faz parte deste jogo. Não cria uma terceira via, o que FHC tem dito em artigos recentemente reflete o desespero do PSDB em continuar sendo a matriz sólida do projeto empresarial. E Tasso é isso. Por isso se compreende as posturas divergentes entre Cid e Tasso nas opções futuras em relação a Eduardo Campos. O Cid se aproxima da Dilma e o Tasso do Eduardo. O Eduardo Campos pensa em ocupar um lugar na disputa mas lhes restando o espaço do projeto empresarial em face da dificuldade teórica e prática da terceira via.

Eduardo, hoje, está numa corda banda, entre a separação litigiosa de quem lhe deu tanto a mão, que é o Lula e o seu próprio futuro político ocupando uma vaga no projeto empresarial junto a Tasso, Agripino Maia, Artur Virgílio, Aécio Neves e FHC. Em outras palavras o jogo é nacional.

O interessante é o que resta ao José Serra. Vivendo um aperto político de provocar dó. Não tem condição de bancar uma candidatura no projeto empresarial, de empolgar uma campanha independente pelo Centrão pois o espaço é historicamente mais apropriado a Marina Silva. Não é adivinhação, é o espaço da política: se tiver alguma visibilidade no futuro, não é impossível até que se veja o Serra, pelo rancor dos seus companheiros que o maltratarão, servindo combustível para campanha da Dilma ou do projeto trabalhista.

Uma palavra é sobre as prefeituras que serão arrastadas pela força da disputa nacional. O prefeito que se tomar por independente vai sumir da visão do público eleitor. Se ele se exime de ser liderança política municipal nesta disputa será um figura apagada nas próprias eleições municipais que virão dois anos após. Não é possível, após cruzar a metade do primeiro ano do seu governo, que o prefeito continue com medo de alianças e se mantenha como um burocrata apenas consertando os malfeitos dos antecessores. A fase agora é mostrar seu rosto político para o seu projeto de governo. O povo tem que sentir este governo. Por mais que galvanize por algum momento o debate, não é a troca de um local de festas de um terreno para outro que dará face a um governo.

E não falei das manifestações nas intermediárias. Elas terão o poder de radicalizar a disputa, de estimular as extremidades para ação. O que é mais importante nas manifestações acontecidas até agora é que no campo das ruas surgiram novas ações, como lutas corporais, depredações, saques, expropriações e confronto direto em todos os campos. Isso poderá ressurgir com novas figurações na disputa. Além é claro de um bando de aloprados soltando vozes de fel na internet e se achando o Deus dos acontecimentos.


"Duelo de titãs" - José Nilton Mariano Saraiva

Quem conhece um pouco da história política do Estado do Ceará sabe que o “padrinho-político” de toda a família Ferreira Gomes foi o então Governador do Estado, senhor Tasso Jereissati. Primeiro, ao indicar como seu líder na Assembléia Legislativa o então desconhecido deputado Ciro Gomes; depois, ao bancá-lo e dar-lhe todo o apoio para tornar-se prefeito de Fortaleza e, posteriormente, Governador do Estado; mais à frente, seu respaldo foi decisivo para que o protegido virasse Ministro de Estado.
Pois bem, na carona de Ciro, vieram a própria mulher, a improdutiva Patrícia Gomes (que chegou ao Senado Federal), e os irmãos Ivo Gomes (deputado estadual) e Cid Gomes (atual Governador do Estado). Nada mais natural, portanto, que quando da tentativa de reeleger-se para o Senado Federal, o “padrinho” contasse com o apoio incondicional dos “afilhados”, já que a batalha se lhe apresentava como das mais árduas. E aí, a grande decepção, uma das maiores traições já verificadas na política: o bandear-se do Governador do Estado e irmãos foi decisivo para que um simplório bancário-sindicalista (José Pimentel) enfrentasse e vencesse o então todo poderoso senador Tasso Jereissati que, profundamente decepcionado com a ingratidão (dizem que chegou às lágrimas), resolveu abandonar a vida pública.   

Mas, como nada melhor que um dia atrás do outro com uma noite no meio, eis que, na atual conjuntura, segundo pesquisa do Ibope (se bem que ainda faltando mais de um ano para a eleição), o “padrinho” saiu na frente dos demais candidatos, inclusive o bancado pelos “afilhados”, na corrida para a governança estadual. E aí pintou a dúvida: será que, rancoroso e vingativo como o é, mas estimulado pelas pesquisas, o senhor Tasso Jereissati voltará ao batente na tentativa de vingar-se da traição dos Ferreira Gomes, naquele que poderia ser catalogado como um verdadeiro “duelo de titãs” ???