por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 1 de março de 2011

Um amor para a moldura da janela para o impreciso- José do Vale Feitosa



Lembro do abismo que dissipa,
no momento ainda sólido,
do varonil amplexo sucessório,
e tu com os olhos de luz,
sobre a escuridão da morte.
quando o sangue do luar poluído,
lancetava todas as realizações materiais,
e nos átomos da alma esfarinhada,
tudo era nada e isto apenas o que era,
nem uma metáfora por remédio.
lembro que se os limites fossem ultrapassados,
todo o medo se tornaria substância inerte,
nenhuma vitória se queixaria do esforço dado,
o acúmulo capital apenas líquido pantanoso,
e tu me abraçaria como pela primeira vez.
quando a exuberância da nova experiência,
deslembra o tédio das repetições,
e da cratera o fluxo piroclástico nega tudo,
do mais simples fonema de espanto,
ao mais completo discurso sobre a humanidade.
lembro quando teus abraços deram permanência,
e pelos beijos fluíram jatos de futuro,
deixando formas físicas nos espaços,
versos de amor no substrato da subjetividade,
e hoje tênue como sempre é a vida.
quando imprecisa é a linha do tempo,
sujeita a trovoadas de interpretações lembradas,
assim como irregular é o espaço,
para estes troncos e membros frágeis,
e mesmo assim sabemos da eternidade

Do bem ! - socorro moreira





mágicas são as palavras
Encantam , mordiscam
se entocam , e se embalam

Não tenho o instrumental ...
Não sei fazer mandingas
Basta um cheiro de carinho
e o feitiço se completa !

Já fui queimada tantas vezes
Que o fogo do inferno
apenas me alumia.
Já rezei sortilégios
e  perdi meu  mistério


A metade da maça ...?
-Nunca comi !



" Carnaval de Veneza In Blue "

Vadim Repin , o mais famoso violinista russo da atualidade, interpreta "Carnevale di Venezia" de Niccolo Paganini, no Concerto do 60º Aniversário do legendário professor de violino, Zakhar Bron, acompanhado pelos seus alunos.








PS. Como vimos, o azul tem um grande número de admiradores, no fantástico e exótico Carnaval de Veneza.


Imagens :

Google Imagens




Maria Alice , a nova bailarina !

Ela é a quinta menininha da esquerda para a direita. Todas lindas !






Maria Alice é o meu xodó!

Querida, seus pezinhos jamais serão os mesmos! Rodopiarão  com mais graça ainda , nos salões, e no coração da gente.
Beijinhos !

Frevo, no Azul Sonhado !




Acertem o passo pessoal,  e peguem a estrada de  Olinda !

TRISTÃO- Por Everardo Norões



Em pé, ao sol e ao vento do sertão,
ele não se decompôs.
Pedro Nava (Baú de Ossos)

As palavras no alforje. E o rosário,
a escorrer das penas e dos dias.
O azul da barba lembra uma paisagem
onde campeiam cabras. E ramagens
desatam-se em sombras nas janelas.
A morrinha dos bichos. O mormaço,
trazendo o desespero, em vez de março:
um luto atravancando as taramelas.
A sela desapeada. E na garupa
do cavalo, a sentença das esporas.
Pendentes dos estribos, estão as horas,
relampejos de facas. E o sono da jurema.
O braço descarnado, o giz dos dentes,
e o olho além do corpo do poema.
No chão do meu degredo, sempre chão,
sete frases do ofício e um bordão.

Uma honra e um previlégio...


Just a token of my appreciation...

Dica de leitura !








José Flávio Vieira

Médico, escrivinhador nas horas vagas, dramaturgo bisssexto.Autor de: "A Terrível Peleja de Zé de Matos com o Bicho Babau nas Ruas do Crato" e "Matozinho vai à Guerra"

Gesta de Arrebol- José Flávio Vieira



“Um fim de mar colore os horizontes”
Manoel de Barros


Reconheço : sou um espécie de mestre frustrado. Filho, sobrinho, afilhado de professores e marido de uma educadora, imagino que ,no íntimo, gostaria de estar numa sala de aulas. Até tateei a profissão por um tempo, mas terminei sendo colhido pelo vendaval de uma outra atividade igualmente espinhosa e gratificante: a Medicina. Mas, nas profundas escarpas do espírito, sempre me turva uma certa inveja quando me deparo com os educadores. Percebo que eles têm nas mãos a possibilidade única de transformar pessoas e edificar nações. Se os pais já se sentem realizados vendo seu sangue disseminando-se no rio do tempo, entre filhos e descendentes, imaginem a felicidade do professor pai de incontáveis rebentos da sabedoria e do conhecimento. Como médico, pressinto que temos a possibilidade de endireitar o caule, cuidar da casca, consertar os galhos , ajudar no desabrochar do fruto; mas só o mestre guarda consigo os mistérios e segredos da germinação da semente. A Medicina recupera corpos, a educação funde consciências.
Hoje tudo isso me veio à mente, quando o maior dos mestres -- o tempo-- levou na sua lufada um de seus colegas. Chamava-se Alderico de Paula Damasceno. Ele exerceu o magistério entre nós por mais de sessenta anos. Discípulo do maior historiador caririense , o Padre Antonio Gomes, o professor Alderico foi um visionário. Ensinava história crítica nos anos 60-70, em plena Ditadura Militar, num tempo em que a cadeira de história, em geral, se confundia com a de Contos de Fadas e Histórias da Carochinha. Exigia, com veemência, de todos os seus alunos, uma clara e pessoal opinião sobre pontos específicos da História Geral e do Brasil . Tinha verdadeiro pavor ao que ele chamava de “Decoreba”. Premonitoriamente, antevia os rumos da modernidade onde tudo se imita, se copia-cola, se macaqueia. O professor ensinava que os livros de história apresentavam apenas a versão oficial e que era imprescindível ,a quem desejasse entender o mundo, levantar o véu da aparente normalidade e descobrir as íntimas razões dos fatos que geralmente se encontravam depositadas no baú da Economia. Trabalhava com provas abertas, tinha pavor da loteria da múltipla escolha e mais: subtraía preciosos pontos a cada erro de português cometido. Entendia que o conhecimento da Língua era condição sine qua non de sobrevivência , soberania e cidadania.
Devemos ao professor Alderico ainda uma outra descoberta igualmente mágica. Aficionado da Educação Física ele cobrava dos seus alunos condicionamento e terá sido um dos pioneiros, entre nós, em associar a Atividade Física Regular a uma melhora na saúde humana. Como treinador da nossa Seleção Cratense – um das suas paixões – o professor Alderico já entendia a importância do treinamento físico regular na melhoria do desempenho esportivo, em tempos que isto era mera especulação e a Medicina Esportiva ainda engatinhava. Esta faceta de sua personalidade terminou lhe proporcionando a energia hercúlea que o acompanhou por noventa anos , enfrentando uma terrível queda de braço com a “Indesejada das Gentes” por cinco meses. Gostava da vida e, percebo, era esse amor que o mantinha vivo e esperançoso mesmo ante todas as vicissitudes e limitações da idade.
Inúmeras gerações de jovens foram forjadas pelo professor Alderico: Professores, engenheiros, médicos, juízes,promotores, artesãos, comerciantes, filósofos, um sem número de profissionais das mais diversas atividades, espalhados pelos recantos mais recônditos do país. Fundidos pela têmpera do Mestre, todos carregam consigo um pouco daquela determinação e vigor. Simplesmente porque Alderico não era um simples professor de História ou Educação Física. Seus ensinamentos sobre passavam as páginas dos livros , a mera grade curricular, ele ensinava uma matéria dificílima e rara chamada : “Vida”.
Como um bom missionário viveu beneditinamente. Guardava , no entanto, um tesouro depositado carinhosamente numa ampla sala da casa: sua biblioteca. Muitos dos seus livros hoje se encontram comigo e, a cada dia, me pergunto se sou digno da herança recebida. O Mestre sabia de cátedra que a riqueza não se concentra no brilho do ouro e do diamante, nem no tilintar das moedas, mas numa outra fulguração mais brilhante que o sol e que inebria almas e mentes : o conhecimento.
O professor Alderico fecha um ciclo áureo da educação cratense que contou com : Pe Gomes, Pe David, Vieirinha, Zé do Vale, Adalgisa Gomes, Luiz de Borba, Eneida Figueiredo, Ivone Pequeno, Gutemberg Sobreira e muitos outros. Fecha-se apenas um parágrafo, a história continua indefinidamente em aberto e continua sendo escrita, criticamente, por seus incontáveis discípulos. Hoje, triste, sei que falo de crepúsculos, mas carrego no coração a perfeita certeza, que este por-de-sol é apenas o prenúncio de muitas auroras por vir. No horizonte, em meio ao negror da noite, já se percebem os sanguíneos raios que defloram a escuridão e emprenham o arrebol vindouro de claridade e de luz.

A DOR DO EU - Ulisses Germano


muito pouco  restou
da amizade trincada
doeu, mas já paz-sou

 Eulisses
Nossas Boas Vindas ao companheiro César Augusto !
Ele é libriano, mora na Flórida, amigo das antigas, o mais novo colaborador do nosso "Azul Sonhado".
Desconfio que seja brasileiro, noutro país, e que tem vontade de ganhar a cidadania cratense. Com certeza já caiu no Vale do Cariri, em pensamentos !

César, receba o nosso abraço !

Nuno Roland - Por Norma Hauer


NUNO ROLAND
“Eu sou o pirata da perna de pau,
Do olho de vidro,
Da cara de mau...”

Ele não conheceu muitos sucessos, mas dois marcaram seu carnaval com motivos humorísticos: um foi o “pirata da perna de pau”, outro foi o miado do “gato na tuba”.

“Todo domingo, havia banda no coreto do jardim,
‘Inda’ de longe, a gente ouvia a tuba do Serafim.
Porém um dia, entrou um gato, na tuba do Serafim...
E o resultado, dessa ‘melódia’
Foi que a tuba tocou assim:
Pom, pom, pom...MIAUAU...
Pom, pom, pom... MIAUAU...”


E quem foi ele?
Seu nome era Reinold Correia de Oliveira; nasceu em 1° de março de 1913, em Joinville – S.C., mas ficou conhecido no meio radiofônico como NUNO ROLAND.

Menino pobre, com 13 anos começou praticando profissões modestas, já na cidade de Porto da União, no mesmo estado.

Em seguida foi para o Rio Grande do Sul, para servir ao Exército e ali, como cantor, fez parte da banda do 1° Batalhão de Caçadores, dando início à carreira que marcou sua vida.
Com 19 anos estreou na Rádio Gaúcha (1932), indo para São Paulo em 1934, para trabalhar nas Rádios Record e Educadora Paulista.

Foi quando teve a oportunidade de gravar seu primeiro disco “Cantigas de Quem te Vê”, uma canção de Sivan Castelo Neto, que não vingou, mas abriu-lhe as portas para o mundo das gravações.

Já no Rio de janeiro, passou a atuar no Copacabana Pálace, onde se manteve de 1939 a 1948.

Nessa época gravara seus dois primeiros sucessos: “Amor por Correspondência” e “Mil Corações”. Em 1938 gravou “Rosário de Lágrimas” e no ano seguinte uma versão de um tango que estava fazendo sucesso internacional: “Por Vos, Yo me rompo todo”.

Em 1941 regravou alguns sucessos antes lançados por outros cantores, como “Maria” e “Os quindins de Iaiá”, de Ari Barroso, “Maria Boa”, de Assis Valente e “É Bom Parar”, de Rubens Soares. E, da autoria de Pedro Caetano, “Guarapari”.

Nessa época já fazia parte do cast da Rádio Nacional e do Trio Melodia, com Albertinho Fortuna e Paulo Tapajós.
E nos carnavais de 1946 e 1947 o povão cantou com ele “Pirata da Perna de Pau” (1946) e “Tem Gato na Tuba” (1947). Músicas que não podem faltar nos blocos populares mesmo de nossos dias.

Ainda em 1947, conheceu outro sucesso: “Fim de Semana em Paquetá”, de Braguinha e Alberto Ribeiro.

Em 1969, apresentou-se em Carnavália, de Sidney Miller no Teatro Casa Grande, espetáculo que durou quase um ano.

Em dezembro de 1975 sofreu um acidente automobilístico, no qual perdeu uma perna e, dias depois (em 20 de dezembro) não resistindo, veio a falecer aos 62 anos.

Norma

As Mãos da Minha Avó- Colaboração de Geraldo Ananias





A minha avó que tinha mais de 90 anos, estava sentada num banco na varanda, e tinha um aspecto fraco. Ela não se mexia, estava apenas sentada a fixar seu olhar nas mãos. Quando me sentei ao pé dela, nem sequer se mexeu, não teve nenhuma reacção.Eu não a queria perturbar, mas ao fim de um certo tempo perguntei-lhe se estava bem.
Ela levantou a cabeça e sorriu para mim.
- Sim, eu estou bem, não te preocupes, respondeu ela com uma voz forte e clara.
- Eu não a queria incomodar, mas você estava aí com o olhar fixado nas suas mãos, e eu apenas pretendi saber se estava tudo bem consigo.
- Já alguma vez viste bem as tuas mãos? Perguntou-me ela.Quer dizer, vê-las como deve de ser?
Então eu olhei para as minhas mãos e fixei-as. Sem compreender bem o que ela queria dizer, respondi que não, nunca tinha olhado bem para as minhas mãos.

A minha avó sorriu para mim e contou-me o seguinte:

-Pára um bocadinho e pensa bem como as tuas mãos te têm servido desde a tua nascença. As minhas mãos cheias de rugas, secas e fracas, foram as ferramentas que eu utilizei para abraçar a vida.
Elas permitiram agarrar-me a qualquer coisa para evitar que eu caísse, antes que eu aprendesse a andar.
Elas levaram a comida à minha boca e vestiram-me. Quando era criança a minha mãe mostrou-me como uni-las para rezar.
Elas ataram as minhas botas e meus sapatos. Elas tocaram no meu marido e enxugaram as minhas lágrimas quando ele foi para a guerra.
Elas já estiveram sujas, cortadas, enrugadas e inchadas.
Elas não tiveram jeito nenhum quando tentei segurar o meu primeiro filho.
Decoradas com a aliança de casamento, elas mostraram ao mundo que eu amava alguém único e especial.
Elas escreveram cartas ao teu avô, e tremeram quando ele foi enterrado.
Elas seguraram os meus filhos, depois os meus netos.
Consolaram os vizinhos e também tremeram de raiva quando havia alguma
coisa que eu não compreendia.
Elas cobriram o meu rosto, pentearam os meus cabelos e lavaram o meu corpo.
Elas já estiveram pegajosas, húmidas, secas e com rugas.
Hoje, como nada funciona como dantes para mim, elas continuam a amparar-me e, eu ainda as uno para orar.
Estas mãos contêm a história da minha vida.
Mas, as mais importantes, é que serão estas mesmas mãos que um dia, Deus segurará para me levar com Ele para o seu Paraíso.
Com elas, Ele me colocará a Seu lado. E lá, eu poderei utilizá-las para tocar na face de Cristo.

Pensativo olhava para as minhas mãos.
Nunca mais as verei da mesma maneira.

Mais tarde Deus estendeu as Suas mãos e levou a minha avó para Ele.
Quando eu me machuco nas mãos, quando elas são sensíveis,
quando acarinho os meus filhos, ou a minha esposa, penso sempre na minha avó. Apesar da sua idade avançada, ainda teve inteligência suficiente para me fazer compreender o valor das minhas mãos!..


Obrigado DEUS, pelas minhas Mãos!..

Tradução e Adaptação de Faustino Rosário
 

Atrasos entristecem o amor....

Uma jovem mulher
Mão no queixo da espera
Olhar triste  de cansaço ou desencanto
Ainda se prepara depois da lida , pra o sempre  primeiro encontro.
Minha mãe dizia: 
Meu coração sempre pula do peito, quando seu pai chega... E ele nem sempre chegava do trabalho. O relógio marcava madrugadas.
O amor feminino ou masculino espera quando gosta, sempre do mesmo jeito. Quando o atraso está confirmado, começa uma dorzinha no peito, e o olhar vai perdendo o brilho... Mas, no momento em que a fechadura range, corremos para o espelho, e se folgar um tempinho, passamos batom nos lábios, e umas gotinhas de perfume  nos seios.
*Essa foto foi enviada pelo escritor Geraldo Ananias. Adorei, e compartilho com vocês !
Aproveitem e escrevam sobre a imagem.´Tem muito pano pras mangas !
Stela disse...
Penso numa vingança mais divertida. Ora, essa jovem moça devia ter tirado os "bobs" da cabeça, aí mais ou menos pelas nove horas da noite, ter se arrumado toda, bem bonita e cheirosa, e ter ido pra "night". Nem que fosse só pra ouvir música de "fossa" a noite toda; mas o melhor mesmo era ir pra um bar de "radiola de ficha", e dançar bem muito. Pronto, botava toda raiva pra fora, ficava com o corpo leve e a alma também. Bem melhor do que ficar em casa ruminando, planejando bater, torcer o pescoço, matar, essas coisas horrorosas. Mas me digam: onde é que ainda tem radiola de ficha? Bateu uma saudade... (risos)
socorro moreira disse...
Achei ótimo, Stela! Mas sou alma gêmea de "Amélia". Ainda cantaria : ,.." logo vou esquentar seu prato/dou um beijo em seu retrato/ e abro os meus braços pra você..." (não vou mentir!) risos 
Brincadeira !
Já vi esse filme...
Vou faltar a essa aula.   O que nos dirá Rose, Liduína, Corujinha, Magali, Josenir, Mara, Ludmilla, e todas as outras meninas?   E os meninos?



Gargalhadas . Reparem o dito da Corujinha :

Corujinha Baiana disse...

No mundo de hoje ,não há mais espaço pra " Amélias ".Gostava muito de Mario Lago,Ataulfo Alves e suas composições,mas"... achava bonito não ter o que comer ???????!!!!!!!!"É simplesmente ridículo !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
A filósofa Joalice,minha mãe, rsrsrs sempre dizia : "quando a fome entra pela porta, o amor sai pela janela."
Quanto à foto, fica a pergunta : - Ainda que chegasse cedo em casa,que homem desejaria fazer amor com uma mulher cansada,exausta, e ainda com esses bobbies e esses chinelos ?rsrsrsrs

PRA LAVRA DA PALAVRA - Ulisses Germano

PALAVRA

LAVRA
palavra
  fala
palavra 
pensa
palavra 
Age
A palavra
mata
é
sinônimo
de
mato


PALAVRA 

पलाव्रा

ПАЛАВРА


  بالفرع

палавра

पलव्र

παλαυρα
   

 
  Υλισσες Γερμανό


 
 

O Azul Sonhado homenagea nesta data, duas pequenas mulheres : Isabela e Luana !

Não pode ser mais linda !


Isabela , nossa poetisa, completa hoje 10 aninhos!
Desejamos-lhe um mundo poético , com todas as transcendências que a sua sensibilidade de artista saberá processar. Que seja criança em todas as próximas idades, assim como Luana, que acabou de abrir os olhos para o mundo, na casa dos avós Joaquim Pinheiro e Raquel.
Tenho uma ligação muito forte com as pessoas dessa família.Meu coração fala alto por todos eles !

Feliz aniversário ,pequena e linda Isabela !

Abraços e beijos dos tios e tias do "Azul Sonhado" . 



Isabela acalenta Luana !

Inspiração- por Socorro Moreira







Minha saia de retalhos, seda, coloridos, rodou a cigana. Rodou seu colo, cabelos, pernas, ventre e braços. Rodou seus olhos e pescoço... Calou sua boca, e deixou seu coração entregar-se.
Alma cigana, por que me abandonastes? Evoluístes, e estás a tocar harpa ?
Mas ontem voltastes. Descalça,  na ponta dos pés,despida de todos os véus. Teus olhos encandeados pela luz da paixão, dançaram, ao som dos ritmos ciganos. Chegou numa completude deslumbrante de Carmen (Rita Hayworth), Mata Hari e Isadora Duncan.
Depois foi acalmada pela música de Astor Piazzolla, Billie Holiday e Louis Armstrong., e a vida ficou cor-de-rosa. Hora de levitar, de fugir, de voar, de encostar a cabeça no travesseiro... Pensar, relaxar, e sonhar.
Olho-me através do espelho e não me vejo. Encontro teu olhar a procurar-me... Preso na nesga que entrega a minha chegada.
Meu corpo é teu. Meus movimentos ensaiam a linguagem do amor. Neles te prendo, e num enlace de um bolero, colamos nossos sentimentos .
Era madrugada, ainda na mira da aurora boreal . Fechei os olhos e senti a mágica que a vida faz, quando nos vulnerabilizamos aos encontros de almas.
Nem precisa chamar, nem sequer desejar... Se estivermos na freqüência mais alta, na mais sutil das energias, o outro chega, e invade a nossa madrugada!

"Igual estas manhãs em busca de Abril
quando as paineiras se abrem em flores rosa,
um rosa claro quase solferino,
quase todas as folhas desaparecem,
toda planta se encontra grávida,
sem a mesmice da fotosíntese,
eis o momento dela ser outras,
tantas paineiras que o relevo,
se torne a cor de suas flores."

(José do Vale Pinheiro Feitosa)

Despedida- socorro moreira


Túnel do tempo
Entrar e sair
Abraçar, despedir-me
Fazer isso na memória
Seguir o rastro do perfume
Aspirar a poeira das horas !


Invisíveis - socorro moreira



Rio dos alentos

Sampa dos desencontros

Crato comigo...

unido, indescritível

Estradas sem pontes

Rio sem margens

profundas viagens

Pálpebras pesadas

pernas cruzadas,

diante da claridade...

Fechando ciclos !



Minha mãe voltou

Abracei o colo que foi meu

Mas ainda tem aconchego

no sorriso terno

Ainda tem luz

nos olhos sábios !


Na esquina da rua

vi o vazio do meu pai,

encostado no muro

Presença invisível ?

Pensei ouvir seu assobio

Tanto tempo passou...

O tempo anda

e vultos invisíveis

se alastram como buracos

marcando a história.

.

Reflexos



Noite de estio
Noite de março
Perfumada noite
Longa, curta noite

barbas prateadas
Sorriso e olhar antigo
Vida passada à limpo,
no instante das horas.

Espelho dos meus sonhos
Um sonho escorregou em mim 

Sem tim tim
Sem tinta nanquim
Um laptop conectado
à nossa história.

Clara manhã ...
Calada , emocionada
A vista alcança a Chapada
E o céu ...
Começa a pingar em mim !

A Morte Devagar - Martha Medeiros




Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.

Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.

Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.

Sobre a autora:
Martha Medeiros nasceu em Porto Alegre em 1961. Formada em Publicidade. Escreveu livros de poesias e de crônicas, seu mais recente lançamento é o livro de ficção: Divã. Martha é cronista do jornal Zero Hora.

http://www.tvcultura.com.br/provocacoes/poesia.asp?poesiaid=11

Setilha - por João Nicodemos



o meu verso, minha lira
meu prazer, meu compromisso
é fogo que não expira
eu porém, não vivo disso
mas lhe digo bem agora
a verdade que aflora
também não vivo sem isso.

Lavra- Por Ana Cecília S.Bastos



Cumprir a sina, a dor, o fado.
O doce fardo.
Palavras que vêm,
mão que pesa,
memória que foge,
coração que mente.
Covarde mas não em definitivo.

ABOBRINHAS NO JARDIM DE INFÂNCIA - Ulisses Germano



PINTANDO UM PONTO NO "i"
CANÇÃO DE NINAR III 
(Letra e Música: Ulisses Germano)

Já ouvi o COLIBRI
Dizendo pro BEM-TE-VI:
-Meu amigo eu vim aqui
Descascar um abacaxi
Tanta coisa já engoli!
Eu confesso que vivi

BEM-TE-VI quase que ri:
-Meu colibri, e daí?
De tudo já digeri
Já sonhei e já sofri
Só hoje amanheci
Pintando um ponto no "i"