por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
terça-feira, 1 de novembro de 2011
O futuro - Por José de Arimatéa dos Santos
A força das Palavras enfrentando as palavras da Força - José do Vale Pinheiro Feitosa
Carta para D. Almina Arraes
As oposições e o câncer na Laringe do ex-presidente Lula - José do Vale Pinheiro Feitosa
Por José Carlos Brandão
Acontece com as melhores famílias de Londres- por Socorro Moreira
DUAS QUADRAS E MEIA - Ulisses Germano
Poderoso e soberano
Pra que fiques mais esperto:
O valor que tem a vida
É sutil e imutável
É impossivel ser medida
Pois transcende o comparável
Somos todos raridades
Únicos e imperfeitos!
(...)
Ulisses Germano
Crato-CE.
"O Mistério das 13 Portas" - Um outro Olhar
Tive o privilégio de assistir ao espetáculo infantil “ O mistério das treze portas”, na verdade, um grande evento que traz à luz os seres que fizeram história, nas suas transgressivas formas de ser e de conceberem a vida. Sujeitos massificados e excluídos socialmente, atingidos com as pedras do preconceito de uma sociedade que apenas lhes permitiu a mísera visibilidade do desdém e da zombaria, julgando-os com critérios absolutamente elitistas.
À medida que os nomes desfilavam naquele palco, igualmente reavivavam e se abriam lentamente “as portas” das minhas lembranças desses personagens que percorreram as ruas do Crato e deixaram suas marcas, resgatadas, hoje, graças a sua sensibilidade antropológica e de todos que tornaram possível o livro, e consequentemente, o espetáculo.
Parabenizá-los é muito pouco diante do coquetel cultural que degustamos ao sabor das músicas e da diversidade dos artistas. Jamais esquecerei o cântico performático de João do Crato que mesclou tão bem, corpo, voz e coração num só pulsar interpretativo.
Claro, que também deixo aqui algumas observações, que talvez sirvam de sugestões, a partir da minha limitada percepção crítica. A meu ver, a idéia do Mateus e da Catarina como apresentadores foi maravilhosa, no entanto, julgo que se esses mesmos personagens teriam mais brilho e mais aceitação do público infantil, dando ao texto um caráter de conotação de história como bem é feito no livro, sem aquele empilhar de folhas digitadas que lhes cobriam o brilho e acabaram comprometendo, relativamente, o show, dando-lhe uma ideia de um ensaio, apenas.
Quanto à apresentação musical, julgo que seria mais interessante e condizente com a proposta que os cantores estivessem TODOS, e não só alguns, caracterizados com o personagem que estavam representando, uma vez que se trata de um trabalho para crianças, e, a compreensão infantil opera mais com o concreto, o visto, e não o subjetivo. Sem contar, também, na expectativa criada no público adulto, em ver e relembrar os sujeitos ali anunciados, evidente que não se esperava um teatro naturalista na sua essência. No entanto, na minha forma de perceber, ali não era apenas um mero show musical; a música estava em função de um contexto maior, por alargar e aprofundar o texto e o resgate histórico que se pretendia dar no final, com o intuito de formar um tecido único, a partir de cada fio ali exposto.
Mas, acredite, meu caro Zé Flávio, nada afetou o brilho da tão inspiradora ideia, a composição e a poesia presentes no tributo ao Beato Zé Lourenço foi realmente encantadoras. Já fico no aguardo do abrir de outras portas, em que espectador e leitor adotando a postura da Alice do Lewis Carroll, adentrem em outros países das maravilhas culturais que sua inspiração como escritor pode e sabe tão bem proporcionar.
escapulário
eu tiro um pedaço do meu coração
e colo em um poema. No dia seguinte
a mesma coisa sem pensar duas vezes.
A minha sorte é que o coração de poeta
é igual a fígado de bêbado após um mês -
não viu nada,
não ouviu nada
e nem se lembra
da última pinga
ou do último
verso.
No clima de finados - por Socorro Moreira
Mais uma vez não visitarei a casa dos mortos. Fico na casa dos desterrados. Aposento limitado , cheio de fantasmas , zoada do futebol na TV, cochichos nos e-mails. Passei um tempo na rua. Um almoço que não era o meu; companhias ávidas por batata frita ; vontade de achar o que é meu. A cidade entristecida pelas velas de finados ; rosas guardadas, terços retirados das caixas.
Ah, meu pai, se eu pudesse resgatar tua presença ! Resgataria com certeza , outras a mais. Porisso quero acreditar na promessa do juízo final, na ressurreição da carne, e na comunhão dos santos...!
Haverá noutro plano um blogue de mesma natureza, se formando ? Aqui é um ensaio , um planejamento de reunião definitiva, mesmo que a gente não enxergue o corpo, não escute a voz, nem dispare o coração , no contato de todas as horas. São as nossas almas que, enfileiradas, e com espontaneidade vão se aproximando , e ficando !
o círculo é perfeito
mas existe uma cadeira vazia
um sonho descansa as suas pernas
se correr
pode atropelar a vila
o tempo corre
acelero, e retardo
o meu relógio
sou dona um tanto de mim
da outra metade abri mão
ela é solta , louca,
e vive na contra-mão
Até você chegar
Até você encontrá-la
Fico na gira
no ponto do conto e do canto
Centrada no que admiro
socorro moreira
era gase ,véu de noite
um mês em cada ano
palavra cara
carne viva
corpo e dor
de manhã letras
cruzadas no amor
lua cheia da loucura
grega fala
não te escuto
rosa , rima
eu te sinto
violeta não te culpo
fogo pira
endoidamos
morremos tantos sonhos
e acordamos
eu te amei
no último vexame
cortados de serras
nos deixamos.
(Socorro Moreira)