por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 9 de maio de 2012

JOSÉ MOJICA - José do Vale Pinheiro Feitosa


Cantada por José Mojica Jurame (1884-1951) da compositora mexicana Maria Grever, a primeira grande personagem feminina internacional daquele país. Estudou na Espanha e em Paris foi aluna de Debussy e Franz Lenhard. Com o registro de Maria Joaquina de la Portilla Torres, recebeu o sobrenome Grever por ter se casado em Nova York onde morou a maior parte de sua vida. Compôs grandes sucessos da música latina, fez banda sonora para o cinema americano, inclusive operetas. Maria Grever compôs entre outras canções conhecidas Muñequita Linda, Alma Mia, Despedida entre outras. Este Jurame foi um dos seus primeiros sucesso e foi gravado na ocasião pelo desconhecido José Mojica. Em visita ao México a puseram em contato com o ainda jovem Agustin Lara, ficaram uma tarde de animada conversa e quando ela saiu, ele se deu conta de um bilhete que discretamente ela havia deixado: : “De todas las canciones mexicanas que llegaron a Nueva York, inconscientemente elegí sólo cinco de entre ochenta de ellas y fue una sorpresa ver que eran todas del mismo autor: Agustín Lara. Es mi convicción que tienes un gran porvenir, pues tu inspiración es purísima y espontánea. No tardarás mucho en ser una gloria nacional”.


Socorro Moreira postou um vídeo com Solamente una Vez de Agustin Lara. Uma das grandes canções do século XX. Grandes intérpretes a gravaram: Nat King Cole, Julio Iglesias, Plácido Domingo, Andrea Bocelli, Luiz Miguel, Trio los Panchos, Sarita Montiel, Javier Sollis, Pedro Vargas, Roberto Carlos, Nana Caymmi e posso seguir por mais cinquenta ou mais nomes. 

Solamente una vez / Ame en la vida / Solamente una vez / Y nada mas. A música foi dedicada por Agustin Lara ao cantor lírico e popular, artista de cinema e uma das grandes figuras do século XX Mexicano. José Mojica. A ele Agustin Lara dedicou Solamente uma vez. Mojica surgiu no cinema americano na metade do século XX quando a indústria cinematográfica necessitava de artistas latinos para o emergente mercado. Fazia carreira lírica entre a ópera de Nova York, Chicago e Los Angeles. 

Foi contratado pelos estúdios e atuou em diversos filmes, entre os quais um que pretendia ser a sua biografia. José Mojica, apesar de cultuado e bonito, não teve grandes amores. Não era uma figura a fazer parte nos amores de devaneios da época de ouro de Hollywood. E quando Agustin Lara lhe dedica esta canção do amor único logo tendemos a pensar nela como uma história singular do homenageado. 

Era muito ligado à mãe. Ela esteve na companhia do artista a vida toda. Tinha um peso enorme na personalidade dele. Quando morreu ele ficou desesperado a ponto de praticamente abandonar a carreira artística e a se recolher num mosteiro franciscano no Peru. Ali se tornou monge até a sua morte. O túmulo dele é considerado um lugar de veneração de fieis. 

José Mojica tinha sucesso no Brasil e de tal forma sua história transitava pelo país que na inauguração da primeira televisão brasileira, a Tupi de São Paulo foi ele quem celebrou a missa inaugural e cantou ao vivo para o público presente diante das câmaras da televisão que começava sua transmissão.

Os equídeos que foram á beira do rio e não beberam água - José do Vale Pinheiro Feitosa


A história é a que seguirá. Havia um povo muito esforçado, morando nas terras baixas por onde corria um rio de águas limpas e puras. As águas do rio eram a riqueza daquele povo: dela vinha a irrigação dos alimentos, a solução da sua cozinha e o cuidado dos produtos trocados com outros povos. 

O povo descobriu que os cavalos que habitavam as estepes poderiam ser utilizados para transportar os produtos trocados à distância, em maior quantidade e sem o sacrifício próprio.

Por isso alguns foram destacados para laçar e cuidar dos animais. Logo se deram conta da importância daqueles animais para as pessoas e passaram a exigir cada vez mais recursos para fazer a parte que lhes cabia.

As pessoas, na sua terra, com o rio de águas limpas e puras virava o dia de sol a sol em seus afazeres, fizesse inverno ou seca, fosse calor ou frio. Os cuidadores dos cavalos nada mais faziam do que subir e descer das estepes. Passaram a morar no único estreito da montanha que ligava a planície e o planalto e pelo controle exigiam cada vez mais parcela dos produtos fruto do trabalho de todos.

Ficaram tão espertos e egoístas que ao levarem os cavalos a se saciarem nas águas puras e limpas do rio, se desleixavam e os animais urinavam, turvavam as águas com as patas, defecavam na correnteza e o povo sofria a poluição das águas. Os cuidadores tinham naquela atitude o poder de força capaz de fazer o que bem quisessem sem que ninguém nada pudesse em contrariedade.

Quando o povo começava a se irritar com aquela arrogância, eles corrompiam os mestres do povo para dizerem que o mundo era assim mesmo e que nada se podia contra. Se um mal-estar se generalizasse eles mandavam porta-vozes anunciarem o pior por vir se as coisas não fossem mais como eles queriam que fosse.

O povo foi perdendo capacidade de plantar e produzir e assim os cavalos foram ficando ociosos. Com os cavalos ociosos os cuidadores perderam parte da boa vida que levavam. Eles rebaixaram algumas exigências, mas não o teor das ameaças e do medo não.

Naquela situação o povo se lixou para os mestres e porta-vozes e começou a fazer juízo da própria realidade. Até que um dia chamaram uma mulher muito simples, vivia anotando o estoque dos produtos trocados e disseram: “vamos lhe dar uma nova tarefa. Você irá dizer aos cuidadores de cavalos que só poderão beber água no nosso rio se deixarem a água limpa e pura. Como é a natureza da água.”

A moça foi e deu o recado. Missão cumprida foi para casa descansar. No dia seguinte um porta-voz muito importante anunciou para que todos ouvissem: os cavalos foram levados até a beira do rio e como não têm a liberdade de beber a água do modo que sabem se recusaram a beber a água.

O porta-voz gritava bem alto para que o povo soubesse que os cuidadores de cavalos estavam se lixando para o recado da moça. A moça ficou uma arara. Sacrificara-se indo até o estreito onde os cuidadores moraram, fora educada e ao invés de ameaça, soube argumentar com as vantagens da água limpa e pura para todos, inclusive para a capacidade de produzir mais e gerar necessidade de utilizarem-se os cavalos. Agora ela via todo este esforço tornado em nada pelo anúncio do porta-voz.

Só podia ficar uma arara. Além de ter chamado o porta-voz e demonstrado a irritação, chamou o companheiro que fora na viagem para negociar com os cuidadores de cavalos e disse: os cavalos não bebem mais e transportaremos os produtos com alguns cavalos que vivem por aqui mesmo.

Os cuidadores se desesperaram. Não é bem isso, este porta-voz é um idiota. Não representa as nossas intenções. Nós queremos mais produção, água limpa e pura e levar os produtos. Não queremos outra coisa, foi tudo um mal entendido.

Ficou tudo bem? Acabou de acontecer. Vamos assistir aos desdobramentos.  
  


A "óia" como a "óia" é - José Nilton Mariano Saraiva

VERGONHOSO
ESCRACHO E
JORNALISMO
ABJETO

Vertigem - Emerson Monteiro


Certa vez, em plena manhã de um final de ano, novembro ou dezembro, na brisa fria e suave do sopé da Serra, lia Ilusões (As aventuras de um Messias indeciso), de Richard Bach, quando fui surpreendido no peito por sentimento de abismo que invadiu a alma do mesmo frio lá de fora daquela manhã; extático, entrou pelos corredores do tórax qual visitante calmo e silencioso; e agora retorna para ser lapidado nas palavras que nascem aqui comigo. 

Mexeu, sim, por dentro, e, descuidado, acionou qualquer botão, que abriu fenda descomunal de solidão, espécie de lava gelada dos vulcões cósmicos, escorrendo medo intenso pelas encostas da montanha do ser, extrato das ausências múltiplas, misto de todas as presenças, eco de galáxias sem aparente final, porta de mergulhos individuais distantes, longe, bem longe, fora das distâncias, nos subúrbios de nossa Via Láctea. Esse tal silêncio de solenidade exótica falava nos meus ouvidos de outras eras, outros planos, dimensões estapafúrdias. Confesso medo aterrador naquele momento, vontade enorme de mais companhia, gentes aos milhares, sede das multidões, das festas, zoada, movimento, quermesses animadas, pois a dor contundia numa condição e velocidade incontidas, lâminas cortantes da matéria, espécies de chamamento às origens dos vários elementos, amálgamas de esferas rolando em plenitude. 

Busquei calor, o calor dos sóis abertos lá em cima. As pálpebras da consciência, contudo, fechavam de falta de sentido os cômodos da personalidade, para virar, logo adiante, na energia fluída de calor na pele, sem, no entanto, alimentar novas chances quanto a retornar ao presente, salvar o passado conhecido, durante a só e única Eternidade que cresceu e abraçou o mundo em torno. 

Olhava o horizonte aberto na essência de mim absorto na grandiosidade da total integração, e fatores internos convergiam, crise das individualidades postas na mesa de planície colossal, e inúmeras tradições fugiram qual névoa desfeita. Sumidas as referências até então preservadas a sete chaves, cigano das estrelas, o eu vagava desarmado pelas espirais do salão imenso, no turbilhão da queda livre, através do antigo espaço indiferente que fugiu. Palco aberto e folhas jogadas ao firmamento, mãos sangrando de absurdo e sonhos, recebiam marcas de saudades profundas, emoções avassaladoras, moléculas e perfumes, soltas pelos ares rasgados em Si próprio. Uma dor translúcida e disforme devorou, assim, doces e ferventes reações inúteis de preservação dos valores arcaicos. Guardei das lembranças o inexplicável desse testemunho, notícia maior da experiência de ver bem perto o mistério abissal das idades, razões primeiras e derradeiras dos fundamentais motivos da existência. Naquele instante, isso veio à tona na voz de forte berro aos céus, entre as letras que dançavam soltas na vista do livro, em meio ao pudor das palavras e no clarão poderoso dos raios do Sol.

Como operava o esquema Cachoeira

Pelas primeiras avaliações dos parlamentares que compõem a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) funcionava assim a associação criminosa entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e a construtora Delta. 1. A Delta se habilitava a uma licitação na qual houvesse garantia de aditamento do contrato (isto é, de reajuste posterior do contrato). 2. Tendo essa garantia, apresentava um preço imbatível, muitas vezes inexeqüível. NO CASO DO AEROPORTO DE SÃO PAULO, POR EXEMPLO, O MAIOR LANCE FOI DE R$ 280 MILHÕES. A DELTA APRESENTOU UMA PROPOSTA DE APENAS R$ 80 MILHÕES. 3. Ganhava a licitação e depois aguardava o aditivo. Enquanto isto, a empresa ficava sem caixa para bancar seus fornecedores - de peões de obra a vendedores de refeições e cimentos. Aí entrava Cachoeira garantindo o capital de giro da empresa com dinheiro clandestino, do jogo. Ou com o fornecimento de insumos, através de empresas-laranjas. Estima-se que o desembolso diário do bicheiro fosse de R$ 7 milhões, mais de R$ 240 milhões por mês. 4. Quando vinha o aditivo, a Delta utilizava o recurso - legal - para quitar as dívidas com Cachoeira, através das empresas-laranja. Era dessa maneira que Cachoeira conseguia legalizar o dinheiro do jogo.
QUANDO ALGUM SETOR RELUTAVA EM FAZER O ADITIVO, CACHOEIRA RECORRIA AO SEU ARSENAL DE ESCÂNDALOS E CHANTAGENS, VALENDO-SE DA REVISTA VEJA. Foi assim no episódio do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte). Aparentemente houve um conflito entre Cachoeira e o diretor Luiz Antonio Pagot. Providenciou-se a denúncia, destinada apenas a derrubar as resistências de Pagot. Como dizia um bom observador das cenas brasilienses, Cachoeira pretendeu assar o porquinho e acabou colocando fogo na choupana. O que era para ser um alerta para Pagot coincidiu com a ação do governo de demitir a diretoria do DNIT.
O rastreamento das ações de Cachoeira pela CPMI se concentrará nos aditivos contratuais. E também nos pagamentos efetuados pela Delta a fornecedores. A partir daí será possível identificar o enorme laranjal que constituía o esquema Cachoeira, assim como os esquemas de corrupção nos órgãos contratantes.
Outro trabalho será identificar as reportagens da revista que serviram aos propósitos de Cachoeira. No caso da propina dos Correios, por exemplo, SABE-SE QUE O GRAMPO FOI ARMADO ENTRE CACHOEIRA E O DIRETOR DA REVISTA, com vistas a expulsar um esquema rival dos Correios. Detonado o esquema, o próprio Cachoeira assumiu o novo esquema, até ser desmantelado pela Polícia Federal.
EM TODO ESSE PROCESSO, FOI CRUCIAL A LIGAÇÃO DO BICHEIRO COM A REVISTA. FOI GRAÇAS A ELA QUE CACHOEIRA CONSEGUIU TRANSFORMAR SEU PRINCIPAL OPERADOR POLÍTICO - SENADOR DEMÓSTENES TORRES - EM FIGURA INFLUENTE, CAPAZ DE PRESSIONAR A MÁQUINA PÚBLICA EM FAVOR DO BICHEIRO. E FOI GRAÇAS A ELA QUE INTIMIDAVA RECALCITRANTES NA MÁQUINA PÚBLICA.
Ontem O Globo saiu em defesa da Veja, com um editorial em que afirma que "Civita não é Murdoch". Referia-se ao magnata australiano Rupert Murdoch, cujo principal jornal, na Inglaterra, foi flagrado cometendo escutas ilegais para gerar reportagens sensacionalistas.
Em uma coisa O Globo está certo: Murdoch negociava os grampos com setores da polícia; já Roberto Civita (Revista VEJA) negociou com o crime organizado.


ORESTES BARBOSA- por Norma Hauer



Estávamos ainda no século 19 quando veio ao mundo um dos maiores poetas da música popular de nossa terra : ORESTES BARBOSA, nascido aqui no Rio de Janeiro, no dia 7 de maio de 1894.

Autor de versos maravilhosos, muitos musicados por Francisco Alves (14), outros por Sílvio Caldas (também 14) e inúmeros outros compositores.

ORESTES foi autodidata e muito cedo começou no jornalismo, sendo sempre um lutador pela democracia, a ponto de, em 1945, fundar um jornal exatamente com o nome de "Democracia", que não durou muito, mas foi combativo quando estávamos saindo da ditadura Vargas e enfrentaríamos as primeiras eleições livres.

A primeira gravação de uma composição sua foi "Flor do Asfalto", com J.Thomaz, gravada por Francisco Alves em 1928. Chico só passou a fazer parceria com Orestes em "Abelha da Ironia"(1932).

Seguiram “”A Mulher que Ficou na Taça; “Não Sei”; “Romance”;. “Dona da Minha Vontade”; “Por Teu Amor”...

Somente em 1936, Sílvio começou a gravar Orestes Barbosa, com "Santa dos Meus Amores".

No ano seguinte gravou, pela primeira vez, o clássico "Chão de Estrelas", tendo na outra face do disco de 78 rotações outra valsa: “Arranha-Céu”.

CHÃO DE ESTRELAS

Orestes Barbosa e Sílvio Caldas

Minha vida era um palco iluminado

Eu vivia vestido de dourado

Palhaço das perdidas ilusões

Cheio dos guizos falsos da alegria

Andei cantando a minha fantasia

Entre as palmas febris dos corações

Meu barracão no morro do Salgueiro

Tinha o cantar alegre de um viveiro

Foste a sonoridade que acabou

E hoje, quando do sol, a claridade

Forra o meu barracão, sinto saudade

Da mulher pomba-rola que voou

Nossas roupas comuns dependuradas

Na corda, qual bandeiras agitadas

Pareciam estranho festival!

Festa dos nossos trapos coloridos

A mostrar que nos morros mal vestidos

É sempre feriado nacional

A porta do barraco era sem trinco

Mas a lua, furando o nosso zinco

Salpicava de estrelas nosso chão

Tu pisavas os astros, distraída,

Sem saber que a ventura desta vida

É a cabrocha, o luar e o violão


VESTIDO DAS LÁGRIMAS

Sílvio Caldas e Orestes Barbosa

Vou me mudar soluçante

Do apartamento elegante

Que tem do antigo fulgor.

Lindos biombos ornados

,De crisântemos dourados

Cenário do nosso amor

A nossa vida calma,

Mas eu senti em minh'alma

Um medo não sei de que;

E um dia quanta tristeza,

Achei a lâmpada acesa

E não achei mais você..

.Fechei a luz com vergonha

Da minha face tristonha.

Para mim mesmo esganar..

.Para não ver nos espelhos

Meus olhos muito vermelhos

De tanto, tanto, chorar...

E solucei, vou ser franco,

Só o luar,-cisne branco-

Ouviu meu soluçar.

O soluçar comovido

Com que eu molhava o vestido

Que você deixou ficar.


"Vestido das Lágrimas" foi gravada por Floriano Belhem, um cantor que pouco gravou. É que Sílvio e Orestes tiveram uma desavença e Sílvio negou-sae a gravar essa e a valsa "Soluços".

Quem acabou levando a melhor foi Floriano Belhem.

Além dessas composições, Sílvio e Orestes foram autores de "O Nome Dela eu Não Digo"; "Suburbana "; "Serenata"; "Santa dos Meus Amores"...

Quando do centenário de nascimento de Orestes (7 de maio de 1994) a Caixa Econômica, pelo fato de ele ter uma composição com esse nome, fez uma homenagem especial a Orestes, em sua agência no Boulevard, na qual Sílvio Caldas, já com 86 anos, interpretou "Chão de Estrelas "(o óbvio) e "Serenata"(outra valsa da dupla Orestes e Silvio Caldas, de difícil interpretação).

Foi a última vez que vi Sílvio Caldas e penso que foi sua última apresentação em público.

Nessa mesma festa, Roberto Barbosa, neto de Orestes, lançou um livro sobre seu avô, com o nome de "Passeio Público", no qual se podem conhecer as várias etapas da vida de Orestes e a relação de todas suas composições.

Ali confirmamos que a primeira gravação de uma composição sua foi exatamente "Flor do Asfalto", com J.Thomaz, gravada por Francisco Alves .

Na capa do livro de Roberto Barbosa tem o manuscrito de "Chão de Estrelas", que desmente uma informação que Sílvio Caldas gostava de repetir dizendo que o nome "Chão de Estrelas" fora dado à composição por Guilherme de Almeida, porque a música chamar-se-ia "Sonoridade que Acabou".

Conversando a esse respeito com Roberto Barbosa, ele disse que Sílvio gostava de "inventar" histórias.

Em um dia de Nossa Senhora da Glória (15 de agosto de 1966) Orestes Barbosa partiu para a Glória do céu.

Sílvio, Orestes e mais Francisco Alves hoje se encontram “do outro lado da vida” , mas suas passagens por este mundo foram de grande riqueza para nossa música popular


CASTRO BARBOSA- por Norma Hauer



Ele nasceu em Sabará/MG em 07/05/1905 e recebeu o nome nada simpático de Joaquim Silvério (este nome lembra alguém?) de Castro Barbosa, mas ficou conhecido no meio artístico apenas como CASTRO BARBOSA.

Em 1931, quando trabalhava no Lóide Brasileiro, fez um teste na Rádio Educadora, do Rio de Janeiro e foi apresentado a Almirante, que o convidou a participar de um programa radiofônico, em cuja emissora conheceu Noel Rosa, Custódio Mesquita, Nonô e Francisco Alves.

Convidado pelo compositor André Filho, gravou seu primeiro disco em fevereiro de 1931, com a marcha Uvinha (André Filho) e o samba”Tu hás de sentir (Heitor dos Prazeres), e no mesmo ano o samba “Tá na Mona”, com o Bando La Lua.

Foi quando conheceu Jonjoca (João de Freitas Ferreira), e com ele formou uma dupla para concorrer com Mário Reis e Francisco Alves.

A dupla que se formou (Jonjoca e Castro Barbosa) gravou entre 1931 e 1933 pouco mais de 20 discos, incluindo o Fox-samba “Flor do Asfalto”, de Orestes Barbosa e J.Tomás. A primeira gravação de uma composição de Orestes.

Mas “estourou” mesmo no carnaval de 1932, quando gravou, de Lamartine Babo e Irmãos Valença a marcha “O Teu Cabelo não Nega”. Sucesso de um lado, problemas do outro.

No disco original não constou o nome dos Irmãos Valença o que provocou uma verdadeira celeuma entre a Victor e os irmãos pernambucanos, autores do estribilho da marcha e... Os Irmãos Valença exigiram indenização e a Victor pediu que enviassem outras músicas (frevos) e a quem coube gravar o primeiro? A Carlos Galhardo que, iniciando sua carreira, foi requisitado para gravar um frevo dos Irmãos Valença. Sua primeira gravação.

A partir daí foram vários os seus sucessos carnavalescos de Castro Barbosa, como, em 1937, Lig-lig-lig-lé (Osvaldo Santiago e Paulo Barbosa); em 1942, Praça Onze (Herivelto Martins e Grande Otelo) e, em 1943, China Pau (João de Barro e Alberto Ribeiro).

Mas o que marcou a vida artística de Castro Barbosa foi sua participação (ao lado de Lauro Borges) na famosa PRK-30, primeiro na Rádio Mayrink Veiga e depois na Nacional. Fazia a caracterização de um português.

A PRK-30 foi um dos programas humorísticos mais apreciados nos tempos áureos do rádio.

CASTRO Barbosa chegou a trabalhar na TV Rio, ao lado de Chico Anísio no Chico Anísio Show e, ainda no rádio, com Renato Murce nas “Piadas do Manduca”.

Castro Barbosa faleceu em 20 de abril de 1975, sem completar 70 anos, porque foi outro que morreu em seu inferno zodiacal.


[Norma Hauer]

KLÉCIUS CALDAS - por Norma Hauer




No dia 6 de maio de 1919 nasceu, no bairro de Jacarepaguá ( Rio de Janeiro) o compositor KLÉCIUS CALDAS, que, ao lado de Armando Cavalcanti, compôs músicas humorísticas ou descritivas de coisas do momento.
Quando se estava explorando a ida dos americanos à Lua, elas disseram que :



"todos eles estão errados, a Lua é dos namorados", na voz de Blecaute. ..



O próprio Blecaute gravou "Maria Candelária", uma gozação com as funcionárias que "caíam de paraquedas" na letra O.
Foi uma época em que se ingressava no serviço público sem concurso, quando o DASP estava perdendo sua força.
A letra O era a mais alta do serviço público e "cair de paraquedas" era ingressar por meio de pistolão, ou como se diz hoje pelo QI (quem indica).
Daí Klécius Caldas e Armando Cavalcanti dizerem, pela voz de Blecaute:

"Maria Candelária
É alta funcionária,
Pulou de paraquedas
Caiu na letra Ó, ó, ó...



Começa ao meio dia

Coitada da Maria

Trabalha, trabalha, trabalha...

De fazer dó,ó,ó..



À uma, vai ao dentista,

Às duas vai ao café

Às três vai à modista

Às quatro assina o ponto e dá no pé.

Que grande vigarista que ela é”


Depois vieram : ”Maria Escandalosa”; ”Marcha do Gago”; ”Papai Adão”; “A Lua é dos Namorados” e baiões como “Sertão do Jequié”, gravado por Dalva de Oliveira.

“Boiadeiro”, que Luiz Gonzaga tornou seu prefixo musical e que muitos pensam ser de sua autoria, também é da dupla Klécius Caldas e Armando Cavalcanti.

Quando completou 80 anos, em 6 de maio de 1999 foi homenageado por Ary Vasconcelos em um belo espetáculo na ABI.
Klécius Caldas faleceu em 22 de dezembro de 2002, após sofrer um enfarte, aos 83 anos.

Norma