por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 8 de setembro de 2011

o Mono Liso


O sorriso enigmático do velho Monolo Toledo destoava, totalmente, da atmosfera ritualística que o envolvia naquele momento tão solene e compenetrado. Um risinho a meio pau que lhe imprimia uma cara meio de sarcasmo, meio de menino pego em traquinagem. Extraíssemos o ambiente pesado, a moldura tenebrosa que amparava a cena, mal saberíamos se o rosto era de satisfação por ter preparado alguma pegadinha a um amigo, se bebera um remédio amargo a contragosto ou se fora flagrado na cama com uma beata. Acentuava o enigma o cenário carregado e o figurino de Monolo. O paletó que detestava, meio amarrotado, meio pegando marreca; as flores ao derredor; o caixão de terceira; o rosto grave dos circunstantes ; o choro de cebola cortada dos dois filhos; o murmurejar mecânico das preces pelos irmãos de culto. Como uma jabuticaba em nuvem de clara de ovo, saltava aquele risinho enigmático de Mono( assim era carinhosamente conhecido entre os amigos), confrontando a austeridade monástica do velório.

Toledo , colocada a vida numa planilha do Excel, teria, certamente um saldo imensamente positivo no que tange à pauta de virtudes. Funcionário graduado do INAMPS, levara a carreira sem máculas. Aposentara-se há uns vinte anos, ainda cinqüentão, sem faltas ao trabalho, sem afastamentos por doenças e sem benefícios. Casara-se ainda no início da profissão com D. Gilbertina e, também nesse quesito, nada havia que o desabonasse. Marido exemplar, nunca se soube de qualquer gambiarra nas instalações familiares do nosso barnabé. Os filhos que vieram foram criados pelo casal com um desvelo invejável. Amparados por tanto cuidado, os meninos seguiram o bom caminho e terminaram formados em advocacia e, bem colocados, cuidaram rapidamente de dar curso às suas vidas , já sem a necessária âncora dos pais. Depois da aposentadoria , Monolo aproximou-se ainda mais de Tina , como familiarmente a chamava: eram duas almas num canudo. Evangélicos de longo curso, tocavam os dias entre cultos, orações e músicas gospels. Com vida tão regrada e filhos independentes, o casal juntara um pé-de-meia razoável , só sangrado , mensalmente, pela obrigatoriedade do dízimo: ofertado alegre e pontualmente a cada dia cinco. A existência de Mono e Gilbertina , de tão exemplar, não mereceria esse relato, não fosse pelo pequeno intervalo de uns três meses que separaram um Toledo perfeito, virtuoso, daquele sorriso enigmático, a meio caminho entre a gozação e a safadeza.

Há exatos três meses, um tufão como que revolveu a vida pacata de Mono e Tina. Os dois já varavam a sétima década, quando, subitamente, uma dor de cabeça atroz acometeu a esposa do nosso barnabé. De início o que parecia uma enxaqueca se foi agravando e em dois dias a levou à cova. O médico, ao dar-lhe a terrível notícia, levou-lhe, também o diagnóstico tardio : “Foi um aneurisma, seu Cassiano !” Seria impossível medir a dor do marido que não perdia apenas uma companheira fiel e amiga, mas de supetão arrastava de roldão a única testemunha ocular da vida de Toledo. Os filhos e os amigos tiveram a absoluta certeza de que o velho não suportaria a perda, cairia em depressão e, em pouco tempo, compraria o ingresso para o mesmo destino da mulher. Temos que admitir que as profecias não estavam de todo erradas.

No primeiro mês , manteve-se Mono praticamente recluso, recusava-se a comer, não dormia mesmo com os efeitos dos sedativos. Os filhos, morando na capital, tiveram que voltar para tocar os rumos da existência. Mono ficou morando na casa enorme que rapidamente se transformou numa imensa e intransponível montanha chamada de solidão. As previsões de todos pareciam estar prestes a se confirmar.

Ao entrar o segundo mês da perda, no entanto, Toledo virou de ponta cabeça. Começou a freqüentar bares, a beber diariamente, a enfurnar-se nos cabarés por semanas. Andava a cada dia com uma garota diferente, geralmente nova e preferencialmente de má reputação. Foi aos poucos dilapidando a poupança ajuntada por tantos e tantos anos: com Viagra, cachaça , farras e mulheres a quem tratava como princesas. Os amigos ficaram escandalizados com a mudança abrupta e a língua do Zé Povinho pinicou rapidamente o oratório de Toledo : imaculado por tantos e tantos anos.

Ontem, em plena atividade libidinosa, Mono foi acometido de um enfarte súbito e, como bom soldado, foi abatido em combate ainda com a espada em riste. E ali estava o sorriso enigmático confrontando a todos: a hipocrisia deslavada dos amigos, a santidade falsa dos irmãos, a revolta econômica dos familiares. Como se perguntasse: E agora reverenciam o longo reinado do virtuoso Toledo ou o curtíssimo e feliz governo do esculhambado Mono ?

A última namorada de Toledo aproximou-se do caixão e, ainda chorosa, cortou radicalmente as críticas veladas dos circunstantes com o único elogio póstumo:

--- Esse MONO, meu povo, era muito era LISO !


J. Flávio Vieira

Saber Envelhecer- por Rosa Guerrera


Será que eu envelheci com o passar do tempo? Será que depois das rugas e dos cabelos brancos eu aprendi que amadurecemos realmente através das dores e das lágrimas ? Será que os meus erros vividos serviram fielmente de lições, ou eles foram apenas experiências que eu precisava sentir e vivê-las ?? Muitas vezes me faço esses questionamentos e chego a conclusão que é o próprio contexto do nosso viver que diariamente nos faz ver novas paisagens, traçando até um novo perfil no espelho da realidade., e sem querer vamos sentindo que não temos mais espaço para nos apegarmos a bobagens , briguinhas atôas , rancor exagerado, remoer mentiras escutadas ou as tantas crenças que um dia nos prendemos . É quando eu sinto realmente que envelheci ! Envelhecí com as experiências , mudei através das decepções ,através das lacunas que não procurei preencher, através das mentiras que ouvi ,das traições que sofri .e até dos momentos de paixão ou luxuria que desfrutei . . E esse envelhecimento me deixa feliz. . Feliz porque sinto que esse tempo se constitui numa liberdade que jamais conheci.Feliz também porque vejo melhor no mundo pessoas especiais que merecem minha ternura e o meu amor . Envelheci feliz porque sinto que ainda tenho mãos fortes para construir novos canteiros de esperanças,e mais feliz ainda porque nesse amadurecimento encontro hoje muito mais tempo para me amar e me tornar uma pessoa melhor .. E nessa escola dos anos , das rugas , do tempo e da vida eu não posso nem tenho o direito de mentir afirmando que sou hoje a mesma mulher que fui ontem. Eu envelheci é verdade , mas não me enclausurei em idéias passadas , nem me assusta o novo. .Não estagnei no que conheci ou naquilo que aprendi , mas abro os braços e lido com serenidade as inovações do processo natural da vida . E cada dia que passa reconheço que mesmo não vivendo hoje os verdes anos de ontem, ainda tenho muito a aprender nesse tempo que bem posso chamar de envelhecimento feliz!
.
Rosa Maria Guerrera

Poema do Nicodemos - Por João Nicodemos



nunca o chão foi tão macio
nem o amor foi tão inteiro
como dois deuses no cio
nossos corpos se encontraram
e assim se completaram
como a pena e o tinteiro

(João Nicodemos)

Peleja do Metrossexual contra o macho-roots- Jurubeba - Por Xico Sá


Eu venho lá das quebradas

De grotões e de veredas
Donde diabo perdeu as botas

Maconha boa na seda,

Sou Zé Limeira e Breton

Viagem de ácido bom

Lenha nova e lavareda.



O que é isso, cachaceiro?,

Peço licença a vocês,

Vou narrar uma peleja

Guardada faz mais de mês,

A de um macho-jurubeba

Encardido feito ameba

Conto ao gosto do freguês!



Do outro lado do ringue

Um sujeito,uhn, autoral...

Bonitinho, mas ordinário

Codinome: me-tros-se-xu-al!!!

Foi criado na Inglaterra

Tem o afeto que se encerra

Na maquiagem do mal.



Os sinos dobram, dom King,

E a contenda começou

O jurubeba enfezado

De cara já perguntou:

-Onde tu compras tem pra homi?

És aquilo que consome?

Qualé, rapá?, androginou?



Com fleugma de bom inglês

O metro não perdeu a linha,

Ajeitou seu terno Armani

Que elegância na bainha!

O jurubeba, eu nao sei,

Mas perdeu logo o fairplay

E pediu uma cachacinha!



Marquinhos deu a cachaça

E o cabra cresceu no jogo,

A Mercearia veio abaixo

Nego fez u´a roda de pôgo.

E o cabôco free-style

Mandou pra casa do caraio

Tudo que tava em jogo!



Foda-se a esportiva

Disse o jurubeba de cara

Não tolero a espécie

Que desgosto!, avis rara...

Lá da terra donde venho

Esse rapaz eu emprenho

Apollinaire, minha vara!.



Donde o metrossexual

Na contramão da barbárie,

Gabola e cheirosinho

Via de longe minha cárie...

Seus perfumes no ajuste

Qual o bolinho de Proust

Levava todos nos ares.



E o vento também levou

O modismo desse metro,

Ele num pega nem u`a letra

De um macho analfabeto...

Prefiro meu travesti

Jesus Cristo!, eu estou aqui

E ai?, estás por perto?



Macho velho, invejoso,

Sou sensível e muito cool,

Só pego “Pati” cheirosa

Te viras com tribufu,

Uso todo meu Lancôme

E não deixo de ser homem

Vade retro, cafuçu!



Se isso é ser macho, haha!...

Renuncio ao velho sapiens,

Gasto minha testosterona

Salve Mussum, dá-me um traguis!

Tu gosta é de cheirar a rolha

E sentir o bouquet da trolha

Afasta de mim esse cálice!



Fala sério, cachaceiro,

Como rejeitas esse bouquet?,

Tua vida bagaceira

É maldição démodé...

Já sei que não te habilitas

Eu sigo In vino Veritas

E vejo os vermes te roer.



Minha antologia de ressacas

É grandeza d´alma, amiúde,

A lua na sarjeta ensina mais

Do que uma obra de virtudes...

Serás um belíssimo defunto

E para a cidade de pés-juntos

Irás gozando toda saúde!



Entrou pela perna do pinto

Saiu pela perna do pato,

Quem quiser que conte outra

E siga Rosseau no contrato,

Pois o homem nasce direito

Mas depois vira um suspeito

Vou m´embora é lá pro Crato!

A UNIÃO TRAZ A FORÇA, PODER, PRESTÍGIO E SOLUÇÕES- Helder Macário de Brito


Apesar de ainda estarmos muito distantes das eleições municipais, de ainda ter que correr muita água por baixo da ponte, como dizem os políticos, aqui no Crato já começaram a falar sobre o assunto.
Alguns nomes de pretensos candidatos estão surgindo, alguns até muito bons, já se tem notícia que algumas articulações estão sendo feitas e bom será que nós já comecemos a ter conhecimento de tudo. A bem do conhecimento, teremos que tomar também muito interesse, porque nenhum outro assunto será mais importante para nós do que o que diz respeito às próximas eleições municipais, a escolha das pessoas que dirigirão os nossos destinos durante alguns anos, porque delas poderão depender medidas que venham solucionar o maior problema do nossos município: o de não termos representantes legítimos, por isso, não temos força política, o que é, diga-se de passagem, uma grande vergonha.
Se nós eleitores, pensarmos bem, acabamos concluindo que a nossa responsabilidade é muito grande, de nós depende a eleição daquelas pessoas, de nós, portanto, dependerá o nosso próprio destino.
Se a nós cabe tamanha responsabilidade, temos a obrigação e o dever de nos empenhar de corpo e alma, no processo. Mas qual será o nosso papel? Temos um papel, seguramente, da maior importância que é, o de avaliar com a mais absoluta lisura, sem nenhum outro interesse, senão o de escolhermos, realmente, pessoas sérias, dignas, honestas, capazes, prudentes, empreendedoras, que conheçam os nossos problemas e anseios, comprometidas com o nosso município, em quem reconheçamos sinceridade nos pronunciamentos e atitudes. Alguém que tenha “peito” para, naturalmente com nosso apoio, enfrentar os muitos que, tudo fazem para que o Crato se esvazie cada vez mais, se torne por completo, dependente de outras plagas de outras pessoas que, decididamente, não têm o menor interesse por nós, mas aqui encontraram guarida, receberam o respaldo que precisavam, em votos que, lhes deram força política, que lhes deram poder e prestígio, utilizados, não a nosso favor mas, às vezes, infelizmente, contra nós.
Qual deles, aqui votados já se empenhou em conseguir para nós, algum benefício? Qual deles, por exemplo, se empenhou na luta pela vinda da Universidade Federal para o Crato? Qual deles teve interesse em nos defender quando daqui tiraram tantos órgãos importantes, há muito aqui instalados? Em qual deles poderemos confiar quando falam no caso da retirada da nossa Exposição do seu parque atual? Qual deles já agradeceu pelos tantos votos que aqui receberam? Qual deles, ainda, merece o nosso voto? Qual deles merece o nosso respeito?
Sinceramente, eu acho, nenhum. Mas então, em quem devemos votar nas próximas eleições?
Não é nada fácil responder a esta pergunta, por algumas razões: uma é que os políticos andam mesmo em muito baixa cotação, outra é que nós aqui do Crato, não contamos, realmente, com nomes fortes que possam ser apontados como candidatos a deputado estadual e federal, até mesmo porque desde muito tempo, ninguém preparou-se para isso, daí porque, talvez, votamos naqueles que nos esqueceram, não deram o menor valor aos votos que lhes demos.
Teremos então que preparar os nossos candidatos. Mas como fazer isso? Tudo terá que ter início, logo agora nos preparativos para a eleição municipal que se aproxima.
Primeiro teremos que nos unir, o que muitos dizem ser impossível mas eu considero a nossa única saída e acho que se houver boa vontade, a união poderá acontecer de fato.
Esta união, teria que ser entre nós eleitores, mas, também e principalmente entre os candidatos e lideranças partidárias que tomaria a frente de tudo, esquecendo questões de toda ordem em favor do propósito de ser formado um grande bloco que marchando junto e forte ocuparia já nas próximas eleições, os cargos de prefeito e vice-prefeito. Depois, continuando o grande bloco, seriam ocupados os cargos de deputado estadual e deputado federal, para então o grupo e nós cratenses, cheios de esperança, de confiança e otimismo, temos aquela força política desejada, o que nos dará poder, nos dará prestígio e por isso, nos dará condições para conseguirmos, junto aos governos, o tudo que precisamos e queremos, aquilo que hoje não conseguimos, exatamente porque, desbaratados, sem a devida união, sem noção da dimensão de nossa responsabilidade, votamos em pessoas erradas, votamos em pessoas alheias a nosso município, a nossa gente e o pior, sem compromisso para conosco, daí porque já deixamos de receber muito do que precisamos. Já perdemos muito do que tínhamos e corremos risco de perder ainda mais, inclusive a nossa Exposição, criada pelo povo do Crato, orgulho para todos nós e muito ambicionada por outros municípios.
Temos que acordar, temos que encarar o grande problema de não termos representantes, nem na Assembléia Legislativa, nem na Câmara Federal, com muita seriedade e, a meu ver, a única solução só virá através da união que nos trará força política, com ela o poder e o prestígio para conseguirmos o que desejamos e nos defendermos das investidas que possam surgir contra nós.
Já se falam em nomes que poderiam encampar a idéia que acabo de expor. Resta que, sentem à mesa, discutam, avaliem vantagens e desvantagens, pensem nos proveitos que poderão advir, pensem no exemplo que dariam, se tudo se concretizasse, exemplo que, sem dúvida entraria para a nossa história e que, com certeza, só facilitaria em tudo a vida de todos, povo e candidato.
Pensemos então, todos nós, façamos do que dizem impossível a união, uma grande realidade, para o bem do Crato, para o bem de todos os cratenses.

Crato-CE, 25/08/2011

Aprendizagem-Por: Rosemary Borges Xavier

Já fui sacrificada pelos meus pensamentos desalinhados, sofri e aprendi. Os pedaços de mim ainda não estão colados, penso que deixei cacos espalhados pelos cantos para não me esquecer de querer ser novamente igual antes, mas é melhor não lembrar.

bodas de alabastro

Mistério envolve o escorpião.
Ele não envelhece.

As formigas percebo de longe
pelo olhar fundo e antenas flácidas.

Nas cigarras reconheço pela voz.
No meio de uma ária tossem,
tossem muito.

Os elefantes é facílimo observar sua velhice.
Franzem o cenho, separam-se da manada,
seguem um caminho obscuro
e somem.

Os pombos quando envelhecem
tropeçam nos cadarços
dos seus tênis nike
desbotados.

[todo pombo jovem
tem um nike vermelho
tinindo nos pés]

As andorinhas é simples.
Ficam sérias, aliás, seríssimas.

Iniciam um tal de tricotar uma colcha
que não termina nunca
sempre sozinhas
e sisudas.

O papagaio quando começa a envelhecer
parte para um estudo laborioso entre
aramaico e chinês.

Agora o escorpião coisa alguma
indica seu envelhecimento.

Continua o mesmo sujeito desconfiado,
sacana, amoroso, ciumento, misterioso.

Já me dediquei muitas horas de um dia,
muitos dias de um mês, muitos anos
de uma década, quase
toda uma vida

tentando encontrar um vestígio
um sinal sequer da sua velhice.

O escorpião não envelhece.
Não envelhece mesmo.

As luzes neons pelo seu corpo
se tempo chuvoso ou debaixo
do deserto brilham
e nunca cessam.

Só não sabem nadar
nem andar de bicicleta.

Mas isso é um detalhe.
Eu também não sei
nem uma coisa
nem outra

no entanto, envelheço,
envelheço pra chuchu.

Monitores do Projeto No Terreiro dos Brincantes recebem orientações sobre vídeo e fotografia



O Projeto No Terreiro dos Brincantes desenvolvido pelo Instituto Ecológico e Cultural Martins Filho – IEC, Coletivo Camaradas e Universidade Regional do Cariri – URCA, está subsidiando os trabalhos dos monitores com oficina de produção de vídeos ministrada pelo produtor, documentarista e artista visual Leo Dantas e oficina sobre noções de fotografia ministrado pela professora do curso de artes da Universidade Regional do Cariri e fotografa, Nívia Uchoa.



O projeto consiste na produção de documentários sobre as manifestações da cultura popular da região do Cariri e já foram produzidos oito documentários. O material produzido será disponibilizado na Internet visando democratizar o acesso para pesquisadores, professores e o público em geral, sendo ainda disponibilizado para as escolas públicas.


Para a monitora do Projeto. Tais Haney, o projeto contribui para fortalecer de forma significativa a pesquisa sobre as manifestações artísticas e culturais da região. Ela acrescenta que os monitores passar a conhecer e fazer parte do universo da cultura popular.

Flashes da festa de casamento do André e Linéa

André e  Linéa - " Que seja infinito..."





Os irmãos Isabela e Caio



Victor,André,Caio,Fred, Isabela ( irmãos) e o primo Sérgio. 



 Foi tudo muito alegre, muito farto, muito lindo!
Tal e qual os noivos sonharam.
Agradeço aos ceús estedia especial.Que a felicidade dos noivos seja permanente , e se propague pelo mundo!
Casamentos ainda emocionam muito, sempre !

Pensamento para o Dia 08/09/2011


“A árvore gigante chamada mente possui duas sementes: impulso (Vasana) e respiração (Prana). A semente se torna árvore; a árvore produz a semente. A respiração se move por causa dos impulsos; os impulsos agem por causa da respiração. Se um desses é destruído, o outro também é. Então, para purificar os impulsos e tornar a mente livre das influências negativas; a ignorância (Ajnana) deve ser convertida. A ignorância não existe sozinha; ela tem um filho: o ego ou egoísmo (Ahamkara), um demônio. Esse demônio tem dois filhos, apego ou paixão (Raga) e impulso (Vasana). Eles são irmãos estreitamente relacionados. Através do apego, têm-se os sentimentos de eu e meu; os sentimentos provocam o desejo e os desejos geram preocupação. Portanto, você deve remover o ego e o apego e os impulsos devem ser aniquilados. Através de meditação e de práticas espirituais, você pode superar a ignorância, o ego, o apego e purificar os impulsos. Isso o tornará liberto.”
Sathya Sai Baba


O amor é calado. Vive trancado no coração, embora não seja contrativo.
Se a gente se declara, e não é correspondido, ele espoca, como uma bolinha de sabão, e nada fica!
Não preciso dizer “eu te amo”... Preciso do amor que sinto!

(socorro moreira)

"Night and day" , cem vezes ! - Por Socorro Moreira



Certas estratégias românticas, além de inocentes são burras. Já nos desculpamos, mas não nos esquecemos dos inúmeros títulos conquistados, coroados com faixa e cetro do nosso discernimento. A ficha caía, mas não voltava para o cofrinho da aprendizagem. De repente até desprezo esse “cofre”. Prefiro-me no tempo em que eu era louca e burra, exatamente porque esse tempo não tem volta. Vivem-se outros episódios.
Lembro de uma amiga, colega de destemperos- a Gilda! Quando se tratava de paixão caía de boca. Declarava logo o que sentia, escrevendo um bilhete anônimo ou expressando-se com seu olhar deslumbrado. Quebrava o mistério, dissolvia as boas perspectivas de construção e ia para os finalmente: hora do beijo e da declaração de amor, como nas revistas, novelas e no cinema. Essa pressa gerava atos impensados e despropositais. Queria porque queria uma conversa aberta com o Júlio. Um caso mais ou menos ilícito (eu acho). Marcaram um encontro, num lugar distante e compraram passagem no mesmo ônibus. Precavidamente deixou o carro partir, ouvindo Night and Day, naquelas vitrolinhas portáteis da Phillips. Olhou o relógio e pensou: Já perdi o transporte. Tá na hora de pegá-lo, na estrada. Mandou o taxi correr, enquanto o taxímetro corria também. A noite também corria gelada de estrelas. Enfim, num ponto de beira de estrada, o ônibus parou para um café. Foi quando o carro encostou. Recuperou seu lugar. Ele na frente. Gilda lá atrás. Estavam enfim ,não a sós, mas no mesmo espaço público e em nada protegidos. O ônibus chegou ao destino, e cada qual seguiu seu caminho.
Tão frustrante, que ela apagou o projeto do encontro, pra todos os sonhos adiante. Tem história que não faz história. Muito caro o preço de uma aventura vazia. Só lembro que ela ,quando me contou , ouviu naquela noite, Night and Day, cem vezes.

Tradição Oral - Bisaflor conta histórias - Por: Stela Siebra Brito


Sábado passado, Bisaflor foi contar histórias no Lameiro, na casa de Cristina e Zé Nilton. Foi um acontecimento singular, porque as histórias eram intercaladas por músicas. Zé Nilton afinou o violão com esmero e tocou e cantou suas canções. Cristina, com Igor, seu neto, sentadinho junto dela, virou criança outra vez. Aliás, não foi só ela, todos os amigos presentes alimentaram-se não só dos deliciosos quitutes de Cristina, mas, sobretudo, da magia das histórias que Bisaflor contava. Foram muitas, mas Igor pediu para repetir a aventura do Príncipe Caranguejo. Criança é assim, sempre pede pra repetir uma história.

O PRÍNCIPE-CARANGUEJO

Era uma vez um pescador que estava passando por dias difíceis, parecia até que o mar não estava mesmo pra peixe, tantas eram as vezes em que ele chegava com o barco vazio na praia.
No entanto, houve um dia em que puxou a rede e ela estava muito pesada. O homem ficou feliz, imaginando o bom dinheiro que ganharia com a venda do pescado, mas qual não foi sua surpresa ao verificar que pescara um caranguejo de proporções enormes. Ficou abismado, mas decidido a arranjar comprador para tão inusitada pesca, só assim teria dinheiro suficiente para pôr comida na mesa da sua casa.

Foi ao palácio real para vender o caranguejo ao rei, mas este se mostrou relutante, pensava no que haveria de fazer com aquele caranguejo grandalhão. Enquanto tentava persuadir o homem a arranjar outro comprador, sua filha chegou e, como era louca por animais marítimos, pediu ao pai para ficar com o caranguejo:

- Ah, meu pai, compre, compre! Podemos colocá-lo junto com os dourados e as tainhas, no grande tanque, lá ele vai ficar muito bem.

O rei amava muito a filha, gostava de atender seus pedidos e prontamente comprou o caranguejo. O pescador mergulhou-o no tanque, recebeu o pagamento – uma bolsa de moedas de ouro - e foi embora comprar comida para a família.

A princesa não se cansava de admirar o caranguejo e passou a observar todos seus movimentos e costumes. Achou curioso constatar que todo dia, por volta do meio-dia o caranguejo desaparecia e só voltava ao tanque por volta das três horas da tarde. Para onde iria? Em que águas nadaria o caranguejo nesse espaço de tempo? Era o que se perguntava, mas não conseguia imaginar, descobrir uma pista enfim. “Fazer o quê? Existe tanto mistério na natureza, esse é só mais um”, pensou a princesa.

Certo dia estava ela contemplando seus peixes, quando um pobre vagabundo pediu esmolas, lá embaixo, no grande portão do palácio. A princesa jogou-lhe uma bolsa de moedas. O mendigo se esticou, mas não conseguiu pegar a bolsa, que deslizou pela água de uma vala.

Lança-se, então, o pobre homem na água e vai em busca do seu dinheiro, nadando, nadando pela grande vala, que se comunicava com o tanque do palácio por meio de um canal subterrâneo, que sabe-se lá onde ia bater. O fato é que nadando ele foi parar junto a uma bela fonte no meio de uma sala grande, atapetada e onde havia uma mesa posta. O mendigo achou prudente se esconder num cantinho, observando melhor o ambiente e o que poderia acontecer ali.

E assim, viu que ao meio-dia em ponto, um enorme caranguejo surgiu no meio da fonte, carregando uma Fada sentada no seu dorso. Quando chegaram ao meio do salão, a fada tocou com sua varinha na carapaça do animal, e eis que surge do seu interior um homem jovem e muito bonito. Sentaram-se à mesa; a fada com sua varinha fez aparecer comida nos pratos e vinho nas garrafas. Serviram-se. Depois o jovem voltou a entrar na carapaça de caranguejo, a fada tocou-o com a varinha e o caranguejo a levou montada no seu dorso, submergindo pela fonte até desaparecerem debaixo da água.

Só então o mendigo saiu do esconderijo, mergulhou na fonte e nadou, nadou, até desembocar no tanque do Rei. A princesa estava olhando seus peixes e assustou-se com a súbita emersão do mendigo, que logo tratou de acalmá-la dizendo que tinha uma coisa maravilhosa para contar-lhe. A novidade deixou-a radiante.

- Ah, então é isso? Estou começando a desvendar o mistério do sumiço do caranguejo toda tarde. Volte aqui amanhã, mergulharemos juntos.

Uma aventura no dia seguinte! Mergulharam na piscina, nadaram até a fonte através do canal subterrâneo e se esconderam na sala, aguardando os acontecimentos. Ao meio-dia chega o caranguejo carregando a fada no seu dorso. Acontece o mesmo ritual de todo dia: a fada toca com sua varinha na carapaça, aparece um lindo jovem, a fada faz aparecer bebida e comida na mesa.
Ora, se a princesa já gostava do caranguejo, imagine agora! Ficou cheia de amores pelo rapaz, queria chegar junto dele, falar-lhe, saber a história do seu encantamento.

A princesa quando metia uma coisa na cabeça não desistia fácil. Por isso, aproveitando que a carapaça estava vazia, meteu-se lá dentro e aguardou a volta do jovem, que ao encontrá-la no refúgio do seu encantamento, disse-lhe baixinho, temendo ser ouvido pela fada:
- Que fazes aqui? Isso é uma loucura, se a fada descobre acaba com nós dois.
- Eu só quero libertar-te do encantamento. Que devo fazer?
- Para livrar-me do encantamento seria necessário... Ah, é algo muito difícil, talvez impossível. Haveria no mundo uma jovem que me amasse e que se dispusesse a morrer por mim?
- Claro! Essa jovem sou eu, vou salvar-te, diga-me o que devo fazer.

Enquanto se travava esse diálogo entre os jovens, a fada, montada na carapaça de caranguejo, era transportada para o mar aberto, sem a mínima suspeita do que acontecia lá dentro, entre a princesa e o jovem, um príncipe, que ela havia aprisionado num encantamento.

O príncipe, então, disse o que a jovem deveria fazer para desfazer o encantamento:
- Deves ir até os rochedos da praia, cantar e tocar. A fada virá, pois adora música, esquece tudo por uma boa música. Vai pedir que você toque e cante para seu deleite, ao que você responderá que atenderá sim o pedido, mas em troca quer a flor que ela traz na cabeça. Essa flor é minha vida, quando a tiveres na mão estarei livre.

Quando regressaram ao tanque, o mendigo aguardava a princesa, pensava até que ela tinha se metido em apuros... Mas que nada! Estava ela ali sã e salva e, como sempre, generosa, presenteando-o com uma bolsa recheada de moedas de ouro.

Passada a aventura, a princesa correu para o rei e disse que queria aprender música, queria tocar um instrumento e cantar, no que foi prontamente atendida. Vieram os melhores músicos do reino para ensinar suas artes à princesa, que, decidida a libertar seu príncipe, foi a melhor das alunas: disciplinada e dedicada aprendeu muito rápido o domínio dos instrumentos e da voz.

Confiante na sua excelência como musicista e cantora, expressou para o rei seu desejo de tocar e cantar em lugares abertos, amplos:
- Tenho vontade de tocar violino num rochedo, à beira-mar.

O rei considerou aquilo um disparate, achou que sua filha estava ficando louca, quem já se viu uma coisa desta? Tocar em cima de um rochedo à beira-mar? Um perigo!

Porém, como a princesa não desistia fácil e como o rei fazia todas suas vontades, a princesa poderia ir, mas que fosse na companhia de suas aias, e de mais uma guarda de soldados, que deveriam segui-la de longe.

As oito damas de companhia, vestidas de branco, sentaram-se em oito rochedos ao redor do rochedo maior onde estava a filha do rei, que tocou em seu violino uma música tão bela, que logo atraiu a fada, que embevecida, emergindo das ondas, falou para a princesa:
- Sua música é muito bonita! E você toca bem! Vá, continue, cante, toque para deleitar-me.

A filha do rei respondeu-lhe que tocaria sim, com prazer, mas como era louca por flores, gostaria que a fada lhe desse a flor que trazia na cabeça.

- Posso dá-la, mas você terá que pegá-la no lugar onde eu a jogar – foi o que falou a fada, com uma voz suave, embalada pelas ondas do mar.
- Sim, eu irei apanhar a flor onde você a jogar.

Dizendo isso, a princesa recomeçou a tocar e quando terminou pediu a flor. A fada disse que ela viesse pegar, e jogou a flor nas águas, bem longe, pensando que a moça não viria buscá-la.
Quando viu a flor se agitando entre as ondas, a princesa mergulhou no mar e começou a nadar. Suas aias se puseram em alvoroço, agitavam os braços, balançando os véus brancos ao vento e gritando por socorro.

E a princesa, nadando muito, tentando vencer as ondas, viu a flor sendo empurrada pelo movimento das águas, estava achando difícil pegá-la, mas eis que uma grande onda empurrou a flor para suas mãos.

Ouviu, nesta hora, a voz do príncipe-caranguejo:
- Salvaste minha vida, o encanto está quebrado, agora serás minha esposa. Estou aqui embaixo de ti, vou carregar-te até a praia, não tenhas medo. Mas é melhor que, por enquanto, não contes nada a ninguém, nem mesmo a teu pai, aguarda que vou avisar minha família e estarei de volta muito breve para pedir tua mão em casamento.

A princesa já estava quase sem fôlego, porém conseguiu responder:
- Está bem, estamos combinados.

O caranguejo deixou-a na praia. Quando voltou ao palácio, a princesa disse ao rei que tinha sido muito emocionante tocar nos rochedos, que havia se divertido muito.

A calmaria da tarde do dia seguinte foi interrompida por rufar de tambores, toque de trombetas, trote de cavalos e o anúncio de que um príncipe do reinado vizinho queria falar com o rei.
Só depois de pedir a mão da princesa em casamento, é que o príncipe contou sua história. O rei ficou aturdido, não era possível que a filha estivesse envolvida em toda aquela história e ele, seu pai, não sabia de nada. Ah, mas, no fundo ele sabia sim que ela adorava uma aventura. Mandou chamá-la e quando a princesa chegou atirou-se nos braços do amado, seu prometido, seu adorado príncipe.

O rei marcou o casamento e houve grande festa, que se prolongou por vários dias, com muita música, muita comida, muito divertimento. E os noivos foram felizes para sempre.
Entrou por uma perna de pato e saiu por uma perna de pinto,
Senhor rei mandou dizer que contasse mais cinco.


Stela Siebra
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Ana Amélia Moreira de Meneses- Donana- Atriz e cantora de teatro de Revista do Crato, nos anos 1900/920

ANA MOREIRA- AOS 90 ANOS

1988 a 1975


Quando abri os olhos, e o entendimento, ela estava na minha vida.
Pés e mãos miudinhas , testa alta, e o sorriso mais lindo do mundo!
Depois que enviuvou, vestia-se com sobriedade, comprimento no tornozelo, mangas compridas, preto mesclado de branco, meias de algodão, mantilha na cabeça, rosário no pescoço.

Tinha um temperamento romântico, nostálgico. Chorou tantas dores, que perdeu os cílios, mas não perdeu o brilho do olhar. Cochilava no balanço da cadeira, rezando o terço, e vigiando a rotina da casa. Nada lhe passava despercebido. Era antenada, e tinha as "oiças" boas, como dizia minha mãe Valdenôra. Cantava pra espantar os males, quando a tristeza lhe pegava a alma. Voz sonora, entoada, como a de um passarinho engaiolado. Dizia-nos que cantara, na mocidade, nos teatros de revistas , e ganhara todos os papéis principais. Contava-nos com detalhes sobre as fantasias, compatíveis com os personagens que interpretava: a Noite, a Morte, a Primavera, a Florista, a Saudade, a lua, etc. Nasceu no ano em que a lei Áurea foi promulgada. Falava do tronco e do trabalho escravizado com muita angústia, e compaixão. Presenciou os resquícios desse tempo de opressão. Eram escravas, as suas amigas de infância, e com elas dividia as bonecas de pano e as rapas do tacho. Tinha a barriga farta, e adorava cozinhar. Inventava sempre uma novidade, distribuía com todos, e escondia um pouquinho para nunca faltar, e barganhar carinho!

Se a gente lhe fazia um desagrado, logo avisava: “Dessa iguaria, você não verá nem o azul”, mas nunca cumpria a ameaça. Com ela aprendi a fazer sequilhos, pão-de-ló com erva – doce, bolo de goma, enrolado em palha de banana, arroz com quiabo, carne batida com jerimum, feijão com toucinho, sempre acompanhado de frutas: banana, caju ou manga - seus pratos preferidos.

Adorava os netos. Emprestava-lhes o colo com direito a cafuné, para o sono das primeiras horas. Alcovitou os nossos primeiros namoros, sentiu a dor dos rompimentos, nos chamava de "malvada', quando nos julgava culpadas.

“Vai pra baixa da égua”, dizia pra quem lhe pisava nos calos ! Mas logo explicava: " não é nome feio... "Baixa da Égua” é um lugar que fica nas proximidades de Missão Velha (?).

Fuxicava da gente, perante os nossos pretendentes: "Cuidado com essa menina, pois ela tem chita, e é das miudinhas”! No fundo, torcia pra que ninguém ficasse no caritó.

Escapou da morte aos 40 anos, e foi salva por Dr. Gesteira, depois disso, ainda viveu com saúde e lucidez, por 53 anos, com apenas um rim. Ativa, participando de todas as festas, viajando pra cima e pra baixo, visitando parentes, com energia invejável!

Chorava a infância perdida, a vida na fazenda, nos engenhos de cana, nas casas de farinha, a perda de filhos, marido, e o desprestígio de ir ficando "velhinha"... E linda!

Era viciada em novelas de rádio, romance de amor... Como tinha a visão quase comprometida, obrigava-me a ler em voz alta, uns tantos livros, que como tesouros, os guardava. Li e reli: “O Moço Loiro”, “O Herdeiro do Castelo”,” “A Casa dod Rouxinóis”,” “A Escrava Isaura”, A Moreninha”, "O Tronco do Ipê" - os seus preferidos! Nunca vou esquecer, “O Conde Mário, e Aninha” ( Personagens do Herdeiro do Castelo.Os homens acabavam convertidos pelos atributos de mulheres virtuosas, e o amor vencia ! Eram felizes para sempre ... Ninguém morria ! )

Classificava por estereótipos a raça humana, sem uma gota de preconceito . (Interessante ...!)
-"Fulano é alvo, loiro dos olhos azuis , corado que o sangue que espirrar ; mulheres que não têm sangue negro são desbundadas ; moças de sangue europeu possuem cabelos finos, e encaracolados ; as índias têm cor de canela , pele lisinha , sem acne, cabelos lisos , sem dar uma volta, mas, a beleza vem de dentro...Tá na alma ! "

Era qualquer coisa de índia , de mestiça , de portuguesa ... Casca de uma alma nobre !

Adorava presentes , e presentear : corte para fazer roupa nova , óleo para o cabelo , travessa , mantilha , velas , água de cheiro , leite de colônia , sabonete de juá , travesseiro de plumas de aves , mesclado com folhas de eucaliptos ...Tinha sempre ao seu alcance, urinol e candeeiro, perto do santuário , coalhado de santos. Não fazia promessas com Pe. Cícero...
-" Ele era primo, e santo de casa não obra milagres".
Não comprava remédio em farmácia .Fazia suas próprias meizinhas : chá de flor de abacate, chá de cabelo de milho, boldo , macela, casca de laranja , capim- santo , endro , erva-cidreira , acompanhados de uma cibalena diária. Gozou de uma vida longa, sem química , alimentação cem por cento natural ... Deu certo !

Não sabia bordar, fazer crochê ,e rezava num cochicho eterno. Teve um casamento feliz, um marido amoroso , 4 filhos criados ( um deles , adotivo ), genros e uma pancada de netos.

Faz-me falta aquela mulher! Falta da sua raça , fortaleza , e da grandeza do seu coração, que comportava o mundo !

"Um sorriso de Maria " , para enfeitar sua noite de anjo !


*Ana Amélia Maia Ferreira de Meneses ( Donana) era filha do Cel. Aristides Ferreira de Meneses, e sobrinha da mãe de Pe. Cícero. Foi casada com seu primo ,Alfredo Moreira Maia, e passou a chamar-se Ana Amélia Moreira de Meneses .


Poema e Xilogravura de João Nicodemos








Se a vida é uma viagem
do berço à cova
da fralda à mortalha,
bom mesmo é estar viajando
por mais que pese a cangalha

por socorro moreira

Tela de EDILMA ROCHA


Arte  andarilha. Viaja , colhe, e pinta!
Um mar , pendurado nas nossas vistas
Barulho na concha do ouvido
Sabor de sal
Água azul dos sentimentos

O azul é a cortina do mar.
Cortina transparente , enfeitada de ondas ou rendas?

É assim, no "azulsonhado"!