por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 31 de julho de 2012

BB Agência Central agora é Concessionária de Automóveis‏- Colaboração de Geraldo Ananias



No pré-histórico ano de 1963, recém empossado no Banco do Brasil, certo dia ao adentrar os umbrais da vetusta sede da então Agência Central na rua Primeiro de Março, no Rio de Janeiro, de mãos dadas com meu pai, disse-me ele olhando-me nos olhos: "você deve se sentir orgulhoso em ser funcionário deste Banco que é a própria História do Brasil." Tais palavras calaram fundo na alma daquele quase menino, e eu as trouxe no coração pelo resto da vida.
Pois bem. Hoje pela manhã, ao ir à Agência Estilo localizada no mezanino da Agência Central, no Setor Bancário Sul em Brasília, sucessora daquela velha e calejada Agência Central do Rio de Janeiro, e penetrar em seu saguão principal, enorme, tão belo quanto seu antepassado, vi incrédulo, pasmado, chocado, quatro automóveis estacionados em seu centro. Senti-me verdadeiramente tonto. Estaria eu tendo alucinações? fora de meu juízo? algum Mal de Alzheimer estaria acometendo meu sadio cérebro? Desci a escada rolante e verifiquei que realmente haviam transformado o vão central em estacionamento. Lá estavam os carros parados onde já fora o imenso círculo de caixas e plataformas de retaguarda. Descobri de repente que aquilo era um local de venda de automóveis de uma concessionária em Brasília denominada Jorlan. Lá estavam os carros no "show room". Lá estavam as indefectíveis mesas dos vendedores e as belas e gentis recepcionistas. Só faltavam os tradicionai
s cachos de bexigas coloridas. Para ter certeza de que meus olhos não me enganavam, ainda conversei com um vendedor. Era tudo pura verdade.
Quase chorei.
Não que eu tenha algo contra concessionárias de automóveis ou contra seus respeitados trabalhadores. Eles merecem minha admiração e gratidão, pois foi em concessionárias de automóveis que tive muitas alegrias através dos anos ao adquirir, vez por outra, carros zero quilômetro. Ia com minha mulher e meus pequenos filhos e tudo era só alegria.
Mas daí ver uma concessionária transladada para o centro da Agência Central. Sentir um Banco que era do Brasil, parte integrante e indelével de sua História, local onde milhões de pessoas tocavam suas vidas financeiras, faziam seus negócios, alimentavam sonhos e decepções, mas sabiam estar no maior e mais respeitado Banco da América Latina, agora transformado em mera agência de venda de automóveis! Foi uma tristeza indescritível. Senti algo como se a gente entrasse em uma igreja que amávamos, respeitávamos e curtíamos, e lá visse, em pleno altar, montada uma barraca de venda de quitutes de São João, guarnecida por caipiras dançando forró.
Não meus amigos e colegas. Talvez eu esteja caduco, ultrapassado e não compreenda o estranho mundo dos negócios do século XXI. Mas o sentimento foi um só: chafurdaram em solo sagrado.
O BANCO DO BRASIL está diminuído e com ele nossos corações foram enterrados na soleira de uma agência de automóveis.

Cláudio Leuzinger.