por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 18 de agosto de 2014

"Nada de diferente" - José Nilton Mariano Saraiva

Em 13.08.14, o jovem candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, teve seu sonho interrompido de forma abrupta e violenta, ao ser vitimado na queda do avião que o transportava para um ato político, em Santos-SP.  

Quatro dias depois (em 17.08.14), foi velado e enterrado na sua querida Recife. Nesse interregno (14 a 16.08.14), o jornal Folha de São Paulo houve por bem mandar seu pesquisadores às ruas a fim de auscultar a população sobre em quem pretendiam votar na eleição que se realizará daqui a menos de dois meses. Só que com um detalhe: já estampando o nome de Marina Silva como substituta de Campos, embora nem homologada pelo partido sua candidatura, ou seja, no auge da comoção fúnebre pela morte do candidato. Tabulados os dados, o resultado não poderia ser outro: Marina Silva suplanta Aécio Neves (despachando-o da corrida presidencial ???), e ameaça a então líder, Dilma Rousseff.

Ora, quem acompanha o noticiário político tomou conhecimento que meses atrás Marina Silva literalmente “detonou” todos os partidos políticos, por considerá-los um ajuntamento de pessoas com interesses não tão republicanos, daí sonhar em fundar a sua “Rede Sustentabilidade”, que seria algo diferente, conforme adiantou. Nunca, jamais parecida com um partido. A partir da própria denominação; "rede" ao invés de "partido".

No entanto, por não atender às exigências da legislação eleitoral, viu sua pretensão obstada e, então, esquecendo tudo o que dissera e declarara publicamente sobre os “partidos políticos”, Marina Silva  escolheu e filiou-se ao minúsculo PV, concorrendo à Presidência da República, obtendo surpreendentemente quase 20 milhões de votos.

Agora, de olho na possibilidade de “herdar” tão estupenda votação, o PSB se dispôs a funcionar como “barriga de aluguel” para Marina Silva, oferecendo-lhe o lugar de “vice” na chapa encabeçada por Eduardo Campos. E aí, picada pela mosca azul, Marina Silva mostrou que não tem “nada de diferente” dos políticos tradicionais e se prostituiu de vez (por mera conveniência pessoal), já que, por paradoxal, individualmente tinha o dobro das intenções de voto do próprio Eduardo Campos, candidato cabeça-de-chapa.  

E, como até hoje, tirante a questão ambiental ninguém sabe o que pensa Marina Silva a respeito das questões “macros” do país (metas inflacionárias, economia internacional, política energética, parceiros preferenciais, pré-sal e por aí vai) o melhor mesmo é não se deixar levar pelo “voto-comoção” e esperar que Marina Silva, se realmente for a candidata-herdeira, se desnude nos debates que virão mais à frente. Aí, veremos quem é quem.

Além do que e por enquanto, será interessante observar se os “falcões” do PSB aceitarão de bom grado que ela se eleja pelo partido e abandone-o mais à frente para fundar a sua “Rede Sustentabilidade”, como já o declarou em mais de uma oportunidade. Sem dúvida, uma desmoralização pública para o PSB, ou o atestado inconteste de “sigla de aluguel”.

No tocante à pesquisa do DataFolha, não há como não considerá-la “tendenciosa”, face ao inapropriado período em que se realizou: quando ainda se processavam as buscas pelos restos mortais do candidato e mesmo durante o seu velório. Claro que isso foi determinante para se chegar ao resultado hoje divulgado.


Assim, independentemente dos atores políticos envolvidos, resta-nos esperar pra ver se o “voto-fúnebre” prevalecerá nesse interstício de dois meses até a eleição. Uma coisa é certa: muita água ainda vai rolar por baixo dessa ponte.

Por João Nicodemos