por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

DECIFRA-ME OU EU TE DEVORO - José do Vale Pinheiro Feitosa

Desde a Rio 92 que o mundo fala em desenvolvimento sustentável. Nas atuais eleições o Programa do Candidato Eduardo Campos será feito a partir de Diretrizes com acentuada visão da Sustentabilidade. É tanto que na introdução do documento está dito: “construir as bases para um ciclo duradouro de desenvolvimento sustentável, com ampla participação de todos os atores na promoção do progresso socialmente justo, ambientalmente sustentável e libertador das potencialidades criativas da humanidade.”

Um programa de governo com estas características se contraditará com as diretrizes de negócio de muitas empresas que surfam na obsolescência programa, especialmente a de equipamentos eletroeletrônicos. Pesquisa do Instituto Market Analysis junto com o Instituto de Defesa do Consumidor demonstra uma ação deliberada da indústria tanto para programar a obsolescência quanto para psicologicamente motivar o consumidor a aceitar tal desperdício.

Acontece que esta prática de negócio é altamente danosa ao meio ambiente tanto como geradora de lixo tóxico quanto pelo consumo de recursos naturais. E tem muito mais abaixo desta motivação. Isso mexe no próprio “espírito criativo” do capitalismo e com a aceitação desse modelo iníquo de desenvolvimento que hoje avassala inclusive o desenvolvimento do países da América Latina.

A pesquisa demonstra claramente o quanto a prática de negócio é indutora de alienação social e se compõe como na essência do atual modelo de progresso capitalista, orientado por um núcleo concentrado de empresas, a maioria das quais são bancos. O mundo se move como uma boiada tangida pela ganância do lucro rápido. E este lucro é subtraído da natureza finita e da desgraça de bilhões de pessoas.

Os consumidores brasileiros já estão num estágio de alienação tal que consideram a obsolescência como algo natural e descartam equipamentos que ainda funcionam por modelos que nem sempre são tão inovadores. O essencial é que a troca é feita por motivos da moda e pela incorporação de novas funções, num processo que mexe com a estabilidade emocional das pessoas que busca, na troca, uma mudança de status simbólico. 

Os consumidores não se ligam no dano ambiental e não consideram as perdas econômicas, sociais e culturais com as constantes trocas que subtraem alternativas de vida com tais perdas. É tanto que na pesquisa fica claro que eles percebem o jogo da indústria que impõem a obsolescência, têm consciência que a vida útil ideal poderia ser superior à real.

Os consumidores não apenas sabem que são enganados mas aceitam este jogo. Aí vem o grau de alienação que é certamente psicologicamente manipulada pela propaganda e marketing em suas várias modalidades incluindo as manifestações culturais com um rasgado merchandising. Isso já é conhecido com o cigarro e com as bebidas.

Fábian Echegaray no blog Livre Pensar conclui sua análise sobre esta pesquisa assim: “Uma sociedade com clientes vorazmente abraçando o descarte de produtos quando ainda estão funcionando, fabricantes que programam vida útil encurtada nos aparelhos que produzem, agências de publicidade faturando com o pavor à obsolescência psicológica dos consumidores e governos omissos aos efeitos de semelhantes práticas só podem nos colocar na contramão da sustentabilidade.”  


A diretriz de um desenvolvimento sustentável é mais que economia verde, é algo além do modelo de negócio do atual estágio do capitalismo globalizado. É este o enfrentamento que o PSB e a Frente vão encontrar no seu caminhar político. E tal enfrentamento é preciso ser feito com a união dos brasileiros, inclusive para vencer as barreiras da alienação consumista. Não é fácil, mas necessário.

Colaboração de Eurípedes Reis- Texto de Martha Medeiros

Para que serve uma relação? - Martha Medeiros

"Lendo a entrevista que o médico e escritor Drauzio Varela deu para a revista Marie Claire, encontrei a definição mais simples e exata sobre o sentido de mantermos uma relação: "uma relação tem que servir para tornar a vida dos dois mais fácil".

Vou dar continuidade a esta afirmação porque o assunto é bom e merece ser desenvolvido.

Algumas pessoas mantém relações para se sentirem integradas na sociedade, para provarem a si mesmas que são capazes de ser amadas, para evitar a solidão, por dinheiro ou por preguiça.

Todos fadados à frustração.

Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado.

Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo enquanto você prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante, para ter alguém com quem ficar em silêncio sem que nenhum dos dois se incomode com isso.

Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada e bonita a seu modo.

Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.

Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem o corpo um do outro quando o cobertor cair.

Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro no médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois."

Nós e os Outros - José do Vale Pinheiro Feitosa

O significado das regras, normas e da ética entre os seres humanos é relativo à dinâmica de suas classes, das etnias e da cultura. É impossível uma norma absoluta mesmo as mais gerais que protegem a vida não o são. Por exemplo, a clássica das tábuas de Moisés: "não matarás." Protege a vida, mas sempre foram relativizadas com a legítima defesa, com as guerras de proteção territorial e religiosa. 

O texto abaixo acompanhado da belíssima melodia O Moldava do compositor checo Bedrich Smetana relativiza duas categorias muito comuns nas parábolas que ainda circulam nos tempos atuais. São o guerreiro e o monge. A força, o ímpeto e a ousadia versus a sabedoria, a prudência e a paciência. Onde estas coisas relativizam-se? É quando a virtudes e defeitos de cada uma trocam de sinal entre si.