por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 23 de maio de 2012

Ana Rosa Dias Borges – A perseguidora de memórias



Vasculhar,compreender e socializar as histórias de narrativas orais populares do Cariri cearense é um dos prazeres da historiadora e pesquisadora cultural Ana Rosa Dias Borges. A Professora reconhece que  “ao preservarmos nosso patrimônio cultural imaterial estamos contribuindo para o aprendizado da cidadania, tão necessário em nossos dias”. Autora do livro “Narrativas Orais no Barro Vermelho” que é um exemplo da importância do resgate da história a partir das relações de pertencimento e identidade 


Alexandre Lucas - Quem é Ana Rosa Dias Borges?   

Ana Rosa Dias Borges - Cratense, contadora de historias para crianças, avó, historiadora, professora, pesquisadora cultural, amante da arte literária, uma misturança só.

Alexandre Lucas – Você já vem desenvolvendo há muitos anos um trabalho de incentivo a leitura. Fale sobre esse trabalho.

Ana Rosa Dias Borges  - Quando trabalhava com editoras comecei a contar histórias para crianças na Rede de Ensino do Recife. Encantei-me com o que vi e senti ao contar histórias. A necessidade de aprofundamento no tema levou-me a cursar uma especialização em Literatura Infanto- Juvenil, que versou sobre os contos orais, das comunidades narrativas orais da Chapada do Araripe. E assim, de posse desse conhecimento teórico , que empiricamente já me seduzia, intensifiquei as ações de incentivo a leitura, publicando artigos em revistas especializadas em Literatura Infanto- Juvenil e Educação, contando as histórias compiladas da Serra do Araripe em bibliotecas e escolas em geral, oferecendo oficinas de formação para educadores em parceria com secretarias municipais de educação e na rede privada de ensino, prestando assessorias pedagógicas, ministrando palestras, sempre disseminando o encantamento que os contos fantásticos provocam naqueles que estão em processos construtivos literários.

Alexandre Lucas – Você é uma pessoa que busca a partir das suas pesquisas sobre narrativas orais criar relações de identidade e pertencimento com o povo.  Qual o significado disso?

Ana Rosa Dias Borges - O sentimento de pertença e identitário inerente ao ser humano são compartilhados por um mesmo grupo social, ou seja, o mesmo imaginário social. De forma que as idéias, os costumes, as tradições e os mitos fundam uma realidade social e deveriam estar presentes nos processos construtivos educacionais escolares, pois ao preservarmos nosso patrimônio cultural imaterial estamos contribuindo para o aprendizado da cidadania, tão necessário em nossos dias. E as narrativas populares orais, tem esse poder. Elas carregam consigo toda essa gama de simbolismo, valorizam no ser sua identidade cultural o que desencadeia os questionamentos necessários relacionados àquilo que somos e o porque do que somos.

Alexandre Lucas – Você lançou o livro “Narrativas Orais no Barro Vermelho”. Como foi esse trabalho? 

Ana Rosa Dias Borges - A artesania do livro Narrativas Orais no Barro Vermelho teve início quando o projeto que enviei ao MINC foi aprovado. Um programa denominado, Micro Projetos Mais Cultura, que contempla iniciativas culturais de cunho popular e abrangência comunitária.

Assim como eu já tinha desenvolvido a pesquisa dos contos populares na Chapada do Araripe e encontrava-me completamente envolvida com o tema narrativas orais populares, decidi dar continuidade ao trabalho, agora na cidade do Crato. A escolha do Alto da Penha, antes Barro Vermelho, se deu em função de ser essa uma comunidade emblemática, estigmatizada, uma das primeiras áreas periféricas da cidade, com um imaginário coletivo repleto de mitos, lendas, assombrações e também a formação de um tecido social interligada a formação histórica do Crato. Ademais, na minha infância, morei muito próximo e desenvolvi laços afetivos e identitários com o bairro.  

Alexandre Lucas – Você desenvolveu um trabalho de resgate da história dos  Dramas na cidade do Crato. Conte essa história.  

Ana Rosa Dias Borges - Quando criança, no Sitio Guaribas, localizado no Sopé da Capada do Araripe, tive a alegria e o imenso prazer de viver toda a magia dos Dramas. As moças do lugar, antes das festas natalinas, apresentavam os Dramas, que eram duetos cantados, em um palco improvisado, ora em cima de um caminhão, ora em cima de uma grande mesa, ora em uma calçada alta

Alexandre Lucas – Você acredita que a história da nossa ancestralidade vem sendo perdida?

Ana Rosa Dias Borges - Embora ocorram movimentos educativos e culturais com vistas a deter esse processo, percebe-se que são iniciativas tímidas e de abrangência diminuta. Muito da nossa ancestralidade histórica se perdeu. Entretanto, os aprofundamentos e as discussões acadêmicas, as ações dos organismos não governamentais nesse sentido e a implantação dessa temática no Sistema de Ensino Regular, vislumbram a contra mão dessa constatação.

Alexandre Lucas – Quais os seus próximos trabalhos?  

Ana Rosa Dias Borges - De certo estarei sempre envolvida em pesquisas que versam sobre as temáticas populares em memória. No momento estou amadurecendo a idéia de outra publicação. Faltam apenas os recursos. Mas estamos na busca e a concretização dessa ideia muito me fascina.





Surto de "pudor" - José Nilton Mariano Saraiva

A moda agora (e haja saco pra agüentar) é abrir espaço nos diversos segmentos da mídia (jornais, revistas, rádio, televisão e internet), para veicular o repentino surto de “pudor-constrangimento-ultrasensibilidade” que se apossou das “rodadas e decadentes” globais Carolina Dieckmann e Maria das Graças Meneghel (também conhecida por Xuxa).
Fato é que a “cambota”, ex-morena e agora loura, Dieckmann (hoje só pele e ossos, a fim de se enquadrar no vigente e discutível “padrão de beleza” midiático), quando ainda era rechonchuda e tinha algo a (ou precisava) mostrar, teria se deixado fotografar em situações mais ousadas e hoje tais fotos estariam sendo usadas pra presumíveis chantagens, porquanto, se divulgadas, constrangeriam o filho adolescente (porque não pensou nisso antes ??). E haja xaropada diária sobre.
Já a Maria das Graças (Xuxa) Meneghel, mais arisca e esperta, pegou um “atalho” que se mostrou de uma eficiência a toda prova: ainda saindo da adolescência, “se mandou” de casa, lá no Rio Grande do Sul, sem lenço e sem documento, e foi conhecer “as Europa” e o resto do mundo, na companhia do jogador Pelé (e é difícil acreditar que o “negão” fazia isso só pelo rostinho bonito da acompanhante). Entre uma viagem e outra, uma pausa para, na esteira do prestígio do “rei do futebol”, aparecer nua em diversas páginas da revista Playboy, então a coqueluche do momento; fez, ainda, um filme erótico-sensual, onde também se valeu da nudez ao contracenar com um “menor” de idade (mais tarde, conseguiu que o filme fosse proibido de ser exibido). Mais à frente, e sempre por indicação do companheiro famoso, finalmente atingiu o apogeu: foi admitida no seletíssimo “cast” global, onde foi brindada com um programa na TV, só seu; e, por incrível que pareça, viu-se transformada, da noite pro dia, numa tal “rainha dos baixinhos” (ô baixinhos azarados). Então, resolveu “juntar as escovas” e partir pra uma tal de “produção-independente” (palavras suas) com um antigo namorado (Luciano Zafir), de quem engravidou e, passo seguinte, conseguiu uma inacreditável e incrível proeza: que a Rede Globo transmitisse o parto “ao vivo e a cores”, para todo o Brasil. Depois disso, achou por bem despachar o “reprodutor” (que se aproveitou para também tornar-se famoso, já que “pai da filha da Xuxa”). É dose, ou não ???
Como não cuidou de se reciclar, eis que, hoje, ao transpor o “cabo da boa esperança” (49 anos, muita farra e também só pele sobre ossos), com o espaço na televisão ameaçado em razão da pouca audiência e do surgimento de uma concorrente peso-pesado para o horário (Fátima Bernardes), bolou (certamente que orientada por alguém de dentro da própria emissora) mais uma jogada de marketing: numa entrevista (gravada, editada e antecipadamente anunciada à exaustão) ao programa dominical Fantástico, “lembrou-se”, repentinamente, sem mais nem menos, que fora “abusada sexualmente” na meninice/adolescência (aí pelos 13/14 anos, segundo suas próprias palavras) daí sua suposta identificação com as pobres crianças carentes (pois é, o “negão” não teria sido o primeiro).
O que a “coitadinha” da Xuxa Meneghel esqueceu (nem o fará, mesmo que pendurada num “pau-de-arara” e torturada por um desses talibãs da vida), foi de declinar o nome do seu suposto agressor sexual. E aí nos vem à lembrança (e os que vivenciaram aqueles tempos sabem disso) um “pequeno detalhe” que, agora, sim, reveste-se de suma importância: durante boa parte da vida, Xuxa Meneghel foi “intrigada” a ferro e fogo do pai (não se falaram durante anos e anos e só recentemente reataram a amizade). Comentou-se, em oportunidades várias, que tal desavença teria se dado em razão do “racismo” do velho, que não admitia de maneira alguma que a filha houvesse se envolvido com um “negro”.
Mas... e agora, que surgiu essa história do abuso-sexual (um crime hediondo), sem identificação do pedófilo-meliante-estuprador ???
Será que...
Será ???

por Socorro Moreira


Nós , madrugada e música

Uma voz que arrepia
um toque de violão
delicadeza no som
poesia no coração

Ébria de sua intenção
Nossa história vive enfim,
mais um capítulo de prosa ,
nos confins da emoção

Eu queria ser tocada
Como toca o violão
Eu queria ser beijada
Como canta uma canção

E a lua , copulada
em mim, também se espalha ...
Eu sinto que as tuas águas
inudam a minha alma

A brisa que tudo afaga ,
carrega no seu carinho,
O desejo consumido,
quando o dia vem mansinho

Ruídos do amor se calam
Agora somente escuto ...
O canto dos passarinhos !

) Baile- Socorro Moreira






A primeira música do baile
inquietava os nossos passos
Uma vozinha interior nos dizia:
Não posso olhar ,nem estimular ...
Menina direita não se mexe na cadeira
A indocilidade nos levava à toilete
Pra retocar o batom , disciplinar o coração
E o moço tímido , o par nunca desejado
é quem pagava o pato:
Estou cansada , não sei dançar ...
Na pior das hipóteses
um bolero lhe concedíamos
De nuca tencionada ...
Face a a face , nem pensar !

O outro - o desejado
distante era acompanhado.. .
sempre embevecido ,
no brilho de outro olhar.
A última canção
era o sufixo da esperança
Outro dia , outra dança ...


Em casa , leite de rosas na cara
E o sono da própria ilusão.
Canções em tons baixinhos
serenatas pras vizinhas
alguém se punha a cantar


Nunca mais vivi tamanha magia
O farfalhar das sedas
a sensualidade , no meu vestido vermelho
Minha morenice , meu jeito intimidado
de negar o que eu sentia


Por todos os sonhos ...
Cadê aquele baile , aquela valsa ,
aquele sonho ?

Naquele tempo - por Socorro Moreira




Todas as manhãs
vestíamos a mesma roupa
ouvíamos as mesmas aulas
Assuntos repassados ,
alguns até ficaram ...
Olhar puro ,
mesmo aquele
de cabeça baixa
vírgulas ponteando a amizade
Vivi todas as reticências
Acordei sonolenta
madrugando um problema
que era apenas matemático
Quebrei tantos óculos
usei candieiros
Insistia no ponto
que a vida exigia
A intenção era única
O sentimento comum
Estudar, terminar....
Casar de branco
Como lírios do campo
e lua de mel
copiada do céu
Rostos registrados
Sons e letras
na pureza de um sonho ,
Hoje conquistado !