por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 13 de maio de 2013

VIOLETA ARRAES HOMENAGEADA NO RIO DE JANEIRO

Em reconhecimento à luta que Violeta Arraes, em vida, desenvolveu em prol dos Direitos Humanos, e pelo apoio dado na Europa a perseguidos pelo regime instalado no Brasil em 1964, o Departamento de Mulheres do PSB do Estado do Rio de Janeiro criou a Medalha Violeta Arraes a ser concedida a personalidades que tenham se destacado no mesmo campo das batalhas por ela travadas. A primeira agraciada será a Deputada eleita por São Paulo, Luiza Erundina. A cerimônia de entrega será no próximo dia 27.05.13

Água no Leite - José do Vale Pinheiro Feitosa


A corrupção é uma marca tão essencial ao capitalismo que não pode ser codificada em normas morais e éticas. A natureza em si do sistema econômico capitalista é extrair vantagens que podem ir ao limite da destruição do outro. Talvez a única coisa que ameace ao sistema é a negação da propriedade privada de quem acumulou. Por outro lado quem nada tem, pode até sentir-se ameaçado numa discussão de cinco reais, uma vez que existe um sentimento contínuo de perigo sobrenadando a existência dos pobres no sistema capitalista.

Os movimentos fascistas, os braços nervosos dos varões de Plutarco contra a corrupção, o púlpito do demônio alheio jogam sempre com este perigo inerente aos pobres que vivem num sistema cuja natureza é tirar deles e concentrar no “mérito” de alguém. Quando o sistema Globo inventou Collor de Mello jogou com este sentimento generalizado no povo brasileiro: o Caçador de Marajás. A rigor os “donos-do-poder” faziam uma jogada perigosa: levantavam a lebre da raiva popular contra aqueles que tudo lhes tira dirigindo tudo ao Governo e aos políticos, mas num lapso de marketing a consciência poderia brotar ali. Os verdadeiros acumuladores de riquezas (num mundo finito quem acumula retira de alguém) são verdadeiramente outros.

São os construtores. Os patrões das terras. Os industriais e seu exército de executivos. Os comerciantes e atravessadores. Os fornecedores e prestadores do Estado. Os especuladores na Bolsa. Os banqueiros com os escolhidos do rentismo e vai neste tipo de personagens e suas narrativas de vida.

Um exemplo de inerência corruptora temos nos 15 milhões de litros de água adicionado ao leite no Rio Grande do Sul. A fórmula era simples: 10 gramas de ureia diluída num litro de água e adicionada em nove litros de leite. A ureia, aliás, é uma das primeiras substâncias orgânicas a ser sintetizada em laboratório e foi a que derrubou a teoria de Pasteur de que as substâncias orgânicas só poderiam ser sintetizadas num organismo vivo. Como vimos existem muitos vivos mais “vivos” que o comum dos vivos.

Tem-se um padrão de qualidade para os alimentos. Ao fazer a adição corrupta os fraudadores estavam na mesma lógica dos juros bancários, do preço das mercadorias, dos salários dos trabalhadores e por aí vai. Acontece que tal adição foi levantada por dentro das instituições do sistema e nesse sentido o argumento da inerência estaria prejudicado. A explicação se encontra no fato de que o próprio processo de acumulação por ser autofágico precisa ser freado em seu poder destruidor a ponto de perder a natureza sistêmica e se tornar uma mera destruição aleatória.

Aumentar a água do feijão para encher o prato da família faminta é uma solução diferente de aumentar a água no leite para se obter lucro além daquele que já se encontra acordado. A água adicionada ao leite é igual às escolhas da alimentação escolar feitas por funcionários municipais (incluindo vereadores, prefeitos e secretários) para atender à negociação com fornecedores que financiam a vida privada e política de alguns.