A televisão mostrava imagens do seringal Nova Vida, município de Ariquemes, no estado de Rondônia. O que fora mata fechada virara cinza, após a ação de motos-serra e labaredas. Na trilha sonora, os números da tragédia. Haviam sido dizimados mais de quatro bilhões de dólares em madeira de lei abandonada nos desmatamentos. Quem atira com munição dos outros só dá tiro grande, enquanto a verde selva diminui a cada momento.
Isso numa fase brasileira quando tudo merece consideração, à custa dos fracassos administrativos para conter grileiros e predadores.
- Por que tanto esbanjamento? O planeta comum ainda terá de pagar quanto pela incompetência dos deslavados habitantes?
As respostas chegam por que sobram racionalizações e palavras: crise econômica, inflação, desleixo, alertas máximos, recessão, demanda reprimida, desindexação, subsídios, mercado externo, investimentos, privatizações, mercado interno, propriedade privada, macro-estruturas, monopólio, terceira onda, multinacionais, tecnologia de ponta, trustes, ganância, imperialismo. Nisto, a fome explode e o desemprego aflige os contingentes acuados de encontro ao futuro incerto.
Nos vários países, a perdição de descartar embalagens plásticas, metálicas, outros materiais raros e aperfeiçoados, sem qualquer intenção de reaproveitamento, demonstra a inabilidade humana para lidar com a sábia natureza.
A civilização refinou técnicas aplicadas em bases jamais concebidas. Veículos de massa anexaram ciências sofisticadas e não adotam conteúdo compatível, enquanto programas funcionam para embriagar as mentes de emoções irresponsáveis, como drogas eletrônicas. Dia seguinte, o tédio moral da falta de iniciativa das massas, que bloqueiam possíveis janelas com os espelhos da anemia crescente das sucessivas ressacas.
Preço da farra: a miséria dos países pobres para afirmação de imperadores contemporâneos que brincam de esconde-esconde nuclear, ou saem vadios na estratosfera, fotografando as luas de Saturno, galáxias a milhões de anos-luz, com todas as despesas pagas pelas nações, que nem águas têm para beber.
Boa-vontade e rigor, palavras símbolos numa época prever transformações dolorosas, na hora certa de cada coisa, pois dia de muito é véspera de pouco. Dia de tudo é véspera de nada!
por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
quarta-feira, 9 de março de 2011
Chegar- socorro moreira
não dou nomes aos bois
sentimentos sem batismo
sem registro
eles se transformam
por qualquer motivo
vestem máscaras
são volúveis
sou movida por eles
implico com a calma de alguns
evoco a serenidade de outros
e xingo
os que me tornam comum
não sei guardar segredo
do que sinto
sei ficar indiferente
mudar de intenção
ocupar atenções
catar o novo
que renova em qualidade
o que me deixou na mão
intransponível distância
entre a Terra e o Céu
sem o teu endereço
não alcanço o teu segredo
distância
entre o que desejo
e o que posso ter
o ser é mais próximo
o ter é mais árduo
distância
entre o amor e a paixão
entre o certo e o carecido
distância incalculável
entre a vida e a morte
entre o teu pensamento
e o meu
entre a tua vida e a minha
proximidade absoluta
entre a vontade de viver
e a paz de ser feliz
distância imponderável
- conseguir!
SURPREENDO-ME!
***
Surpreendo-me dia após dia, noite após noite.
Surpreendo-me nos escassos dias;
Surpreendo-me nas poucas horas da noite.
Surpreendo-me na expressão mais serena
e na fala tantas vezes amena;
no jeito assim mais calado, no tom mais exagerado,
no riso profundo que mais parece não ter fundo.
Surpreendo-me!
Nem minto...
Surpreendo-me também na doçura;
e logo após, amargura. Há uma ruptura.
Então... Surpreendo-me!
E como poder não me surpreender?
Nem de longe consigo entender.
Chega a ser até engraçado,
Chega a ser pitoresco;
Mas apenas é ilustrado;
Ganha sim, um tom grotesco!
É estranho... É um tanto esquisito...
Mas deixei de querer entender;
Só não deixei de me surpreender.
Eu posso.
Mara
08/04/2010
SE ORIENTE, RAPAZ. PELA LEI DE CAUSA E EFEITO
"se você deseja conhecer as causas do passado, olhe para os resultados no presente. Se quiser saber qual será o resultado no futuro, analise as causas no presente".
{causas do passado} = {resultados no presente} {resultado no futuro} = {causas no presente}
Sutra Shijikan
"A lei de causa e efeito é rigorosa e abrange o passado, o presente e o futuro - tanto a causa como o efeito estão contidos em nossas ações. Assim, por mais que tentemos demonstrar algo que não somos, ou realizar atos de maldade aparentando fazer o bem, a realidade dos fatos ficará registrada em nossa vida e irá se manifestar por meio de um efeito"
"Somos os únicos responsáveis pela orientação de nossas vidas" (Ikeda)
*******
NAM-MYOHO-RENGUE-KYO
FÁBULA DE ISOPOR : LEONORA, A PROFESSORA - por Ulisses Germano
III
SOLIDÃO ROUBADA
SOLIDÃO ROUBADA
Leonora, a professora,
Estava se sentindo muito sozinha
Quando Aurora, já no avançar da hora,
Convidou Leonora, a professora, para um jantar.
Marílha, sua filha, foi juntar-se ao convívio
Mas brigaram tanto na mesa,
Que Leonora, a professora,
entendeu a relatividade do tempo
entendeu a relatividade do tempo
na lentidão das horas
presente em todo ambiente chato.
Leonora, a professora, sentindo-se presa,
teve a sua solidão roubada
Por mãe e filha enfadada
Que não ofereceram companhia.
Moral da História:
Algumas pessoas roubam a solidão
das outras sem oferecer companhia.
Ulisses Germano
Crato 9/3/11
Fábula inspirada numa frase dita por Stephani:
"Roubam sua solidão sem ofercer companhia"
“Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia.”
Nietzsche
O mar dos teus olhos - homenagem à mulher
Jesus Maria José - Portinari (foto na Igeja Matriz de Batataisi)
O MAR DOS TEUS OLHOS
O azul do céu e do mar nos teus olhos fundos.
Tudo são limites e enigmas, mesmo os teus olhos.
Neles uma rosa sangra como um punhal.
Delirávamos, em êxtase,
com a beleza da morte dentro dos teus olhos.
Quem nos disse da presença de Cristo
no mar trágico dos teus olhos?
Você tinha a chave na língua.
Eu carregava a âncora nos ombros.
Pescamos cestos e cestos de peixes no mar dos teus olhos.
Vamos dar de comer a multidões.
Você levantava muito alto um peixe cintilante na mão.
O peixe era belo como o crepúsculo.
Sentamo-nos à mesa e nos servimos de pão e vinho,
com o mistério da morte e da vida nos teus olhos e nos teus lábios.
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