por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 4 de abril de 2011

Nicodemos e Ulisses Germano



Futuro do pretérito
É presente
Que o passado enrola

Palavra é liame
Boneca de feira
Vegetariana

Deixo de ficar só...
-Nicodemos toca !

Ulisses é uma vitrola
- Pronto a toda hora.


Tem banda que é fruta inteira
Mordidas satisfeitas
- Eita, povo bom!


(socorro moreira)







no futuro
estaremos
presentes

(Nicodemos) 
 

POÉTICA DE ISOPOR: CORDEL DE MIM MESMO - 1ª PARTE - por Ulisses Germano

EXISITENCIALISSIMAMENTE

1ª PARTE

No turbilhão desta vida
Tempo é o sopro do vento
Que bate continuamente
Na alma em seu intento
De viver sua missão
De bombar o coração
No sonho que é seu rebento

Nunca feita de um começo
Muito menos de um fim
A vida tem endereço
Jamais findará em mim
Mora na eternidade
E tem na pluralidade
Um não e também um sim

UM APARTE DA 1ª PARTE

Já vivi dezoito mil
E duzentos e sessenta
E mais dois dias de mim...

Ulisses Germano
040042011

Por Socorro Moreira



Às vezes, quando penso que tudo está perdido...
Acho o que não busquei,
E descubro que o desejei.
Só não fiz o pedido formal, por falta de mérito.
Aí, fico feliz nas trocas negociadas por Deus.
Deus, energia viva, dentro de mim!
-Que sabe abrir o arquivo morto
Das minhas alegrias.

(socorro moreira)



arquitetura necessária

a janela, pode ser a porta.
o coração, a horta semeada
a florescer
flor e ser
flores ser

sonhar cores passadas
juntar pétalas de esperança
e brincar com as nuvens
feito criança
...

Poemínimo

Chuvas de verão
sobre o meu telhado:
gatos pingados...

NEWTON TEIXEIRA- Por Norma Hauer







Foi no dia 4 de Abril de 1916 que nasceu, aqui no Rio de Janeiro, o compositor, cantor e instrumentista (bandolim e violão) NEWTON TEIXEIRA .

Morando em Vila Isabel, naturalmente conviveu com Noel Rosa, sendo também amigo de Orlando Silva e Sílvio Caldas, que gravou seu maior sucesso “A Deusa da Minha Rua”, feito em parceria com Jorge Faraj...

“Na rua uma poça dágua,

Espelho de minha mágoa

Transporta o céu para o chão...”


. Em 1936, , Francisco Alves já gravara ,"Ela Disse Adeus" (com Cristóvão de Alencar). Como compositor, dividiu parceria com o referido Cristóvão de Alencar ("Mal-Me-Quer", "Não", "Vamos Cantar"), Ataulfo Alves ("Você Não Tem Palavra"); David Nasser ("Até o Amargo Fim") e Torres Homem (“Recordando”) entre outros. Também foi violonista de sucesso, acompanhou ases como Orlando, Silvio e Francisco Alves, e, como cantor, atuou nas rádios Guanabara e Tupi.

Interrompeu a carreira de cantor em 1943, por causa de um problema na garganta, mas continuou trabalhando em rádio, nas emissoras Jornal do Brasil e Nacional.

Seu derradeiro sucesso, deu-se em 1969, com o samba “Lágrimas de um coração", parceria com Brasinha, interpretado por Zé Kéti em um concurso promovido para o carnaval daquele ano.

NEWTON TEIXEIRA, como outros compositores de sua época, afastou-se quando a “Bossa Nova” tomou conta de nosso meio musical e as rádios perderam sua força, com o advento da televisão.

Colocarei aqui parte da letra de “Recordando”, de Newton Teixeira e Torres Homem, gravação de Carlos Galhardo:


...e deixo-me embalar nesta canção dolente

Que fala de esperança e sorrindo me diz:

Não chores o passado e viva do presente

Porque ainda te quero, porque sempre te quis.

E tudo se transforma repentinamente

Como um raio de luz batendo a escuridão

Minh’alma que era triste canta alegremente

E o sol do meio-dia me abrasa o coração”.


Newton Teixeira faleceu em 7 de março de 1990, em seu inferno zodiacal, sem completar 74 anos.

ROBERTO SILVA- Por Norma Hauer


ROBERTO SILVA -O PRÍNCIPE DO SAMBA.

Nascido no morro do Cantagalo em Copacabana, no dia 4 de abril de 1920, recebeu o nome de Roberto Napoleão da Silva, mas ficou conhecido no meio musical apenas como ROBERTO SILVA, cognominado o “Príncipe do Samba”.
. Aos seis anos de idade o pai mudou-se com a família para o subúrbio de Inhaúma. A mãe o presenteou com uma flauta, que logo foi trocada por um violão. Mas como gostava de cantar, não aprofundou estudos em nenhum dos instrumentos.
Desde cedo começou a cantar músicas de Benedito Lacerda e Pixinguinha e gostava de imitar os cantores da época de ouro do rádio, sofrendo grande influência de Orlando Silva.
Mas.como todo menino pobre, precisou trabalhar muito cedo (aos 12 anos).
Em 1938, estreou no programa "Canta mocidade", da Rádio Guanabara, onde trabalhou até 1940.
No ano de 1943, após fazer um teste na Rádio Mauá cantando "Risoleta", de Raul Marques e Moacyr Bernardino (sucesso anterior de Luiz Barbosa) e a valsa "Neusa" de Antonio Caldas e Celso Figueiredo (gravação original de Orlando Silva), foi contratado e permaneceu na emissora até 1946. Ali participou de vários programas, dentre eles "Trabalhadores cantando”.
A partir de então, gravou nos anos seguintes, obtendo vários sucessos, como: “Raiou o Amor”;”Maria Teresa” (um de seus maiores sucessos;”Você diz que é Baiana”; “Dupla Razão”; “Rico Ri à toa”; Notícia”....
Em dois LPs com os nomes de “Descendo o Morro” 1 e 2 regravou várias sucessos de outros cantores, como “Agora é Cinza”;”Juracy”; “Seu Libório;”Ai que Saudades das Amélia”;”Aos Pés da Cr5uz” e outros.
Em rádio trabalhou nas Nacional, Mayrink Veiga e Tupi, enquanto que na televisão atuou na Excélcior.
Em 2002 atuou durante três meses no “Show” “ O Samba é Minha Nobreza”, no cinema Odeon e comemorando, 70 anos de carreira, apresentou-se no “Carioca da Gema”, na Lapa.

Anualmente se apresenta na Cinelândia, durante o carnaval, cantando sucessos dos carnavais de sempre. Como se apresentou este ano em que está completando, em plena atividade, 91 anos.
Mas não é só nesse período que se pode ouvi-lo.

Normalmente se apresenta em “shows” aqui no Rio e em vários estados do Brasil, sendo difícil acreditar que esteja com 91 anos, tal sua atividade profissional.
E sua aparência física.

Norma

Para Dedê, uma excelência musical !



SITUAÇÃO

fomos e somos
o medo do medo
de algo inventado
o b s e q u i d a d o
...
já não sobra muito 
tempo na vida
pra colar o vaso
q u e b r a d o

Ulisses

Contar a história de Oswaldinho é contar a história de alguém cuja vida está ligada à música desde sempre. Nada difícil para alguém que viveu num ambiente onde música era o prato do dia. Nascido na cidade de Crato, no sul do Ceará, distante 560 km da capital, não é difícil imaginar que o rádio foi o seu maior incentivador; pois foi através de um programa na Rádio Araripe de Crato, do radialista e folclorista Eloi Teles de Morais (in memorian) que Oswaldinho teve o seu primeiro encontro com a musicalidade nordestina. O autentico forró. Foi ouvindo o programa “COISAS DO MEU SERTÃO” que o sanfoneiro ouviu se apaixonou pela musica de Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Jacinto Silva, Os Três do Nordeste, Marinês, entre tantos outros. Foi paixão à primeira vista.

Seu pai, Oswaldo Alves de Souza, jornalista conhecido na região, sempre o levava à tiracolo em suas viagens. Assim, Oswaldinho pode conhecer de perto e ter uma amistosa convivência com artistas do naipe de Nozinho do Xaxado, Bilinguim (Os Três do Nordeste), Patativa do Assaré, Severino Januário (irmão de Luiz Gonzaga), o violeiro Pedro Bandeira, as Bandas de Pífaros e o saudoso Luiz Gonzaga, em cuja residência teve o seu primeiro encontro com a sanfona. A sua paixão se consolidou ouvindo Asa Branca tocada pelo grande mestre do baião Luiz Gonzaga.

Aos oito anos de idade, a cidade do Crato se encantava com a música clássica tocada por camponeses na Orquestra do Padre Ágio, com o saxofone do Maestro Azul, comandando a banda de música da cidade, tocando ora seresta, ora classicos do cobrado, ou a musica popular no sax de Idelgardo Benicio nas tertúlias de antanho, com a poesia de Patativa do Assaré (que frequentava a sua casa) ou toque alegre da Banda Cabaçal dos Irmãos Anicetos. O próprio Oswaldinho destaca que “nascendo na Capital da Cultura o sangue tinha que ser verdadeiramente poético e recheado de influências musicais que iam do Jazz ao verdadeiro forró popular Nordestino, passando pela musica de radio e os dobrados marciais das bandas de música...”

Foi nesse tempo que o músico ouviu uma garota da vizinhança estudando acordeon. A garotinha, também com oito anos, tocava a musica “Tico-Tico no Fubá”. Foi a gota d`àgua. Ao chegar em casa o músico chamou os pais e pediu: “Quero uma sanfona”.

Os Pais o queriam com uma formação acadêmica e não viam com bons olhos o fato de que ele seguisse a carreira musical. Diziam que sanfoneiro não tinha futuro, apesar de gostarem bastante da musica nordestina principalmente de Luiz Gonzaga. “ O meu Pai e a minha Mãe queriam que o estudo estivesse em primeiro lugar, porém, nas viagens jornalísticas com meu pai sempre que tinha alguma inauguração, novena, etc, lá estava eu, levado por ele, tocando em palanques improvisados, em cima de carrocerias de caminhão”... O pedido foi atendido com uma exigência: a prioridade seria os estudos.

Exigência acatada, saíram à vizinha cidade de Juazeiro do Norte onde a pai comprou um acordeon de oito baixos. O inusitado desta história é que ao receber o acordeon, no caminho de volta para o Crato, dentro do carro do Pai, Oswaldinho passou a tocar Asa Branca sem nunca ter tocado nenhum outro instrumento desta natureza.

Coisas da vida? Ou coisas do talento? Reflitam.

Na cidade de Crato passou a estudar musica e instrumento com Dona Leda, uma professora de musica da cidade, vindo a formar a sua primeira banda com o filho da professora, Rogério Proença e os amigos de infância Doquinha, Telito e Susa. A partir daí vieram as primeiras apresentações em festas no colégio, aniversário de amigos, festinhas em casa de parentes; oportunidade em que exibia o seu talento no acordeon e também como baterista.

O estudo da musica o levou à SCAC – Sociedade de Cultura Artística do Crato, sob a direção da maestrina Divani Cabral, mantenedora de um Coral Infantil. Lá, Oswaldinho aprimorou os estudos de voz, piano e bateria. Pois passou a ser, por vários anos, o baterista oficial do Pequeno Coral do Crato, continuando a tocar acordeon nas festas do seu colégio, o Colégio Diocesano do Crato. Nesta época, um outro instrumento passou a fazer parte do seu dia a dia: o violão. Oswaldinho Passou a estudar o segredo das cordas com um professor chamado Batista; um excelente músico do Crato que ainda hoje continua animando várias festa por lá.

O tempo foi passando e os estudos o obrigaram, aos 16 anos, a migrar para Fortaleza, capital do Estado. O período em que cursou o pré-vestibular até concluir a faculdade de Fisioterapia, aliado a um período de dois anos na faculdade de Música, passou longe do acordeon. Confessa que não foi fácil suportar a situação mas, as atividades profissionais preenchiam o vazio deixado pela distancia do seu instrumento.

CONTINUA...

OSWALDINHO DO CEARÁ - FORRÓ DO CRATO PARA O MUNDO


...CONTINUAÇÃO

Foi exatamente no exercício da profissão que se deu o reencontro com o acordeon. Anos se passaram até que num presente do destino, fui levado a atender um casal de idosos: Dona Ana e Seu Farias. … “Certo dia Dona Ana me pegou pelo braço, me levou até o seu guarda roupa, abriu a porta e me disse: meu filho toquei acordeon quando era jovem, como você enche os olhos toda vez que fala da sua infância tocando acordeon então este instrumento é seu...”

São palavras do músico Oswaldinho: “Algo muito forte me tocou naquele momento e eu senti a presença muito forte de Luiz Gonzaga. A única coisa que me veio à cabeça naquele momento”.

A decisão de voltar a tocar foi imediata. Agora, dono da sua vontade, poderia decidir seu destino. Estudou por muito tempo com um professor chamado Rodolf Forte, um dos nossos grandes mestres do acordeon e que teve brilhante contribuição na sua formação, estudando também com Valmir do Acordeon que foi professor do músico Waldonys quando era criança.

O reinicio foi despretensioso. Conta o músico que não pensava em montar banda ou ocupar os palcos, a exemplo de tantos ídolos seus. Pretendia tocar em ambientes familiares e reuniões com amigos. No entanto, numa reunião de família, onde estava presente o professor Walmir do Acordeon, Oswaldinho passou a tocar zabumba para acompanhá-lo, e foi seguido pelo triângulo de um primo. “Era uma festa na casa de Tia Loura, ficamos tocando eu, seu Walmir e um primo meu chamado Paulinho, no triangulo”...

Foi o estopim.

Oswaldinho passou a dividir a atividade profissional como médico fisioterapeuta e músico. Ressalte-se, estre as suas proezas, a ocupação de Professor universitário. Oswaldinho é ainda inventor e criador de diversos equipamentos na área médica. O aparelho desenvolvido atualmente é um biofeedback RD5( REEDUCADOR MUSCULAR DIAFRAGMÁTICO ).

A partir daquele dia, o músico procurou se inserir no ambiente artístico da capital cearense. Sem medir esforços, passou a tocar em bares, restaurantes, festas em ambientes fechados, comemorações de amigos, enfim, tratou de ocupar espaços e trilhar caminhos até então desconhecidos por ele. Estava definitivamente na estrada com uma banda formada por um grupo de amigos. Confiantes, eles buscavam o espaço que lhes era devido pela qualidade que apresentavam nos seus trabalhos.

Foram dias, meses, anos de ensaio e boa vontade. Acreditavam no que faziam. Confiavam na força e no talento daquele abnegado músico que agora, cheio de vontade, carregava pendurado nos ombros, fora do peito, o instrumento que sempre carregou dentro desse mesmo peito...no coração: UM ACORDEON. Daí em diante, o talento e a objetividade foram decisivos para a sua carreira. A força de vontade lhe rendeu bons frutos.

Passou a receber convites para apresentações e, assim, veio o primeiro CD intitulado SER NORDESTINO, gravado no ano de 2007. A partir daí, Oswaldinho passou a ter contatos profissionais com aqueles que eram antes os seus ídolos. Cantores, músicos, sanfoneiros famosos que até então achava distante da sua realidade, pois que já eram artistas renomados como Waldonys, a saudosa Marinês, Dominguinhos, Flávio José, Dorgival Dantas, entre outros.

Afirma que foi felizardo ao receber do grande compositor, saudoso José Clementino, uma fita com várias canções e poder dividir com ele por telefone, ideias, poesias músicas, chegando a fazer uma parceria em uma canção bastante conhecida na região do Cariri chamada “Hino da Exposição do Crato”.

O segundo trabalho, também em CD, foi gravado em 2007 produzido por Dorgival Dantas com o tema Dois Lados da Paixão. Já atuando no cenário da musica no Nordeste, foi batizado musicalmente por Dorgival Dantas como o “DOUTOR DA SANFONA”, recebendo tambem o nome artístico “OSWALDINHO DO CEARÁ” pelo grande sanfoneiro e cantor Flávio José.

Entre a atividade profissional, e já convidado a fazer shows pelo Nordeste, gravou o seu terceiro trabalho no ano de 2009. Em 2010, passou a trabalhar na produção do seu primeiro DVD que será lançado em Abril de 2011, com o titulo PALAVRAS DE AMOR. Nele o músico reúne o que há de melhor no seu trabalho como músico e compositor alem de relembrar sucessos do Rei Luiz Gonzaga e musicas de amigos.

É forró autêntico, do bom, qualidade à mostra. Eu indico! Vale a pena conferir.

Preconceito e discriminação - Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Sabemos que o preconceito, a discriminação e o racismo existem há milhares de anos e estão interligados entre si. O dicionário de Aurélio define o preconceito como: “conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou maior conhecimento dos fatos; idéia preconcebida.” No meio em que vivemos, podemos reconhecer vários tipos de preconceito e discriminação: o social, religioso, sexual, racial e muitos outros. Quase todos os dias nos noticiários, tomamos conhecimento de denúncias de preconceito, até com agressões físicas de ordem sexual ou racial. É indigno o ser humano agir assim com o outro, levando-o a exclusão. Ninguém quer reconhecer que é preconceituoso. A arrogância do ser humano em se achar superior ao outro é imensa. Observamos que dentro de famílias que se dizem tradicionais, em uma cidade grande ou pequena, o preconceito e a discriminação são gritantes. A superioridade de certas pessoas que encaram os que têm menos dinheiro ou menos estudo com discriminação é muito triste, já que somos todos iguais diante de Deus. Isso ocorre dentro das famílias, de parentes para parentes. Pessoas que tratam os outros componentes da família, como se fossem inferiores, só porque têm menos dinheiro, ou porque não possuem um diploma de curso superior. Essas pessoas não entendem o quanto se tornam pequenas agindo assim. O que faz um ser humano importante, é o caráter, a humildade, a bondade, a simplicidade e a honestidade, entre outros valores. O nome de família não tem nenhuma importância. Já ouvi alguém afirmar que foi morar fora do Crato, quando ainda pequena, e quando voltou, a primeira pergunta que ouvia era: de que família você é?

Um humilde trabalhador honesto, mesmo que seu sobrenome não seja tão conhecido, ou não tenha um diploma universitário, tem tanto valor quanto um doutor. Grande parte das famílias que compõem a elite dominante de nossa sociedade são preconceituosas, racistas e discriminatórias. Deveriam se envergonhar de um comportamento tão impróprio para uma pessoa que se diz de família tradicional. Em Crato e em Fortaleza tenho amigos valorosos que não pertencem a famílias importantes, não têm diploma universitário, não são ricos e que dão grande exemplo de vida, com a sua dignidade, retidão, honestidade, bondade e solidariedade. Estão sempre a ajudar ao próximo, principalmente os mais necessitados. Essas pessoas fazem a diferença em um mundo tão cruel, violento e cheio de preconceito, racismo e discriminação.

No livro do Gênesis, podemos observar que o ponto alto de toda obra criadora de Deus é o sexto dia, quando Ele cria a humanidade. “E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus ele o criou; e os criou homem e mulher.” (Gn 1,27). Nesse trecho podemos entender que todos os seres humanos foram criados à imagem e semelhança de Deus. A Bíblia nos ensina que Deus nos ama a todos sem distinção. E sabemos que Ele mandou seu filho Jesus para nos salvar. E Jesus veio nos ensinar a amar e nos manda amar o nosso próximo. Mas o homem na sua prepotência e orgulho se acha melhor do que os outros. No capítulo 25 do Evangelho de Mateus, Jesus diz que tudo o que fizermos com o menor dos nossos irmãos será feito a Ele. Portanto se maltratarmos uma pessoa é a Deus que estamos maltratando.

É maravilhoso sonhar com um mundo melhor e mais humano. A vida seria mais harmoniosa se todos reconhecessem a igualdade entre as pessoas e que não existisse essa doença impregnada na sociedade que é: o preconceito, a discriminação e o racismo. Dias melhores virão, essa deve ser a nossa esperança.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

O peso do amor- socorro moreira



(Des) espero
Numa quase apatia
È momento de um tempo
Só isso

Viajo sem a paisagem
Sem nuvens no céu
Mas algo me faz lembrar...
Sou isso?

Janelas fechadas
Folhas na calçada
Da varanda,
A alma escapa
Me deixa dormir.

Amores partidos
Amores feridos
Amores perdidos...
- Quanto desperdício!

Desumanos sentidos...
Amar, na sombra da dor.

O amor tem o peso do isopor
(parafraseando Ulisses)
Mas quem disse que ele é fácil?
Ele é lição impossível
No coração dos difíceis.

-Meus ganchos são filhos
De pais repartidos !

Antes do fim- socorro moreira


Dói
Dói antes,
E depois do fim.

Dor
Pede atenção,
Carinho,
Antes do fim.

Os meus limites desavisados
Calam detalhes
Apenas afirmam, que sim!

Antes,
Antes do fim,
Quero um encontro sideral
Mesmo que seja pra valer
Um contínuo fim.

Perdi as horas
Quebrando relógios
Escuto sinais
Traduzo avisos
Sonho com o canto
Que fugiu de mim

Toda vez que desisto do amor
Ele surge como um sol
Como dor...
E me diz:
Adianta fugir ?

Catarse-socorro moreira



Sementes do passado
Saíram da casca
Respostas inexplicáveis
Em códigos se arrastam

Descobrir o que não se quer
Mesmo assim ainda ouvir
Cantigas antigas
Quando a voz já não arvora,
Sequer uma nota

E pula a melodia
Pula fora,
Deslembra sentimentos
-Teimosos,
alguns, voltam!

Nem são voltas
São caminhos idos
E a sempre pressa
de chegar no infinito...
Nas esferas
onde um bem espera!

Avatar - por José do Vale Pinheiro Feitosa



1 Rubrica: religião.
na crença hinduísta, descida de um ser divino à terra, em forma materializada [Particularmente cultuados pelos hindus são Krishna e Rama, avatares do deus Vixnu; os avatares podem assumir a forma humana ou a de um animal.]
2 processo metamórfico; transformação, mutação

“James Cameron's epic motion picture, Avatar”.

Com tais palavras o site oficial do filme explica a que veio. Com todas as suas metáforas, fantasias, lendas das forjas de Hollywood, o pretensioso se mostra muito aquém (ou além) do resultado. É um filme pipoca, bebe nas águas de Walt Disney, mergulha nos diversos “Guerra nas Estrelas” e emerge, quase faltando o fôlego, com o discurso oficial da sociedade americana. Qual discurso?

Da sociedade e dos governos do hemisfério Norte. As riquezas materiais do território do sul não podem ser exploradas. Tudo aquilo que antes era reserva ao sul do equador, deve permanecer como tal para um futuro uso dos habitantes do Norte. Não é esta a metáfora direta, geraria revolta a sul e quem sabe até ao norte. É a metáfora indireta, aquela que, por travessa, diz o essencial: não toquem nisso que não é de vocês, é nosso.

É a posse “internacional” do território que antes ainda era tido como o inviolável das nações. A Amazônia é deles, o petróleo do pré-sal, também, o que é nosso é o subdesenvolvimento e a pobreza. Vamos olhar para o Avatar James Cameron: numa manifestação, internacional, contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte. Bem aqui no território nacional, junto a quem de direito e com o espírito, não metafórico, da mídia amiga do imperialismo.

Agora vamos à qualidade do discurso hollywoodiano tanto de Al Gore quanto este recente de Cameron. Aliás, se encontra mais explicitamente no filme 2012, quando o mundo é salvo, com uma arca de Noé moderna, construída para salvar apenas os espécimes do G8. Deve ter sido roteirizado e filmado antes da crise que caiu no colo deles com mais vigor que o argumento do filme.

É um discurso tipicamente de psicologia social, disfarçado de bem comum, para defender a reserva da qualidade de vida das sociedades avançadas, que consomem escalas assombrosas da energia do planeta e dos seus recursos minerais não renováveis e aqueles renováveis. Falam do bem comum com aquele direito de intervir no outro, preservando o seu modo como herança de privilégio.

Ora eles têm que pagar mais pelo que nos tiram. Devem consumir menos do que estragam para que, também, possamos. Precisamos de água limpa, escola decente, saúde coletiva, moradia de qualidade, melhorar enormemente as nossas cidades, articular a malha de transporte numa escala centenas de vez maior do que a de hoje. A metáfora deles corrompe os jovens e vicia os que desistiram das próprias pernas.

O Avatar não é nossa fantasia. É, sobretudo, o processo metamórfico, ou a mutação do discurso imperialista como modo de preparar o futuro exclusivo para eles. E o futuro deles não é tão distante assim. Amanhã virá o segundo capítulo com a exploração dos recursos.

Cazuza





Agenor de Miranda Araújo Neto, mis conhecido como Cazuza (Río de Janeiro, 4 de abril de 1958 — Río de Janeiro, 7 de julhoo de 1990) foi um compositor e cantor brasileiro.