por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 30 de setembro de 2014

E por falar em Boulanger - José do Vale Pinheiro Feitosa


E por falar no General Boulanger lembrei-me de Jacques Boulanger apresentador de rádio e televisão, cantor de Quebec no Canadá. Boulanger em francês é o mesmo que padeiro. E seguindo a rota, busquei a música Le Sable et la Mer de 1969. Esta música gravada por Jacques Boulanger e Ginette Reno que é compositora, cantora e atriz canadense. Não sei vocês, mas esta é uma destas canções bonitinhas que me dar uma vontade de ouvir várias vezes.

E por falar em La Mer, passado pelo compositor dela Charles Trenet, belíssima voz  e por tanta gente que já a interpretou fui cair no popular Ray Connif numa interpretação especial que me levanta a saudade da fazenda Riacho do Meio, na cidade do Barro, junto aos meus tios e primos, no meio do sertão, numa radiola a pilhas ouvindo sem parar La Mer. 




L´AMOUR EST MORT - José do Vale Pinheiro Feitosa

Acabando de ler estas letras tudo pode acontecer, mesmo que o tédio da repetição nos garanta o “controle do tempo e dos acontecimentos”. Na cultura popular a dúvida é permanente especialmente quando se tenta marcar encontros no futuro, o nosso povo responde: “se Deus quiser”. Demonstrando que algo pode acontecer e o encontro não se realizar.

Não apenas os traços pessoais, mas as circunstâncias históricas são determinantes do comportamento na ocasião do acontecer. Assim como admirar a rapidez, a coragem, a sagacidade e lucidez de um ato no tumulto do acontecimento. Sempre é muito difícil separar o momento cultural da postura pessoal. São tão interpenetrados que não se separam as atitudes pessoais da coletiva. O valente, o grande líder é apenas o ponto do movimento geral de grandes momentos. Do comportamento geral e coletivo.

Napoleão sem a revolução burguesa, Lenin sem a revolução russa, Padre Cícero sem a crise popular, Moisés sem o retorno do povo judeu e assim por diante sem a denominação histórica não seriam o que foram. Observemos que o caminho é do povo, o indivíduo que se distingue é apenas uma forma simbólica de fabular o acontecimento.   

Em 30 de setembro de 1891, há 123 anos o General Georges Boulanger, militar francês, chamado por Cleménceau (Georges Cleménceau líder político francês no final do século XIX e durante a primeira guerra mundial) de aquele que “morreu como sempre viveu, como um subtenente”, suicidou-se sobre o túmulo de sua amante numa cidade perto de Bruxelas. E qual a fábula de Boulanger?

Boulanger era ministro da guerra no governo Cleménceau num período em que a França passava por uma baixa na sua moral em razão da derrota na guerra Franco-Prussiana e em que a burguesia nacional vivia a mais bela ilusão de classe eterna: a Belle Époque. A acomodação era a tônica da burguesia.

Mas Boulanger era popular e a crise econômica que se desencadeou a partir da década de 80 do século XIX, terminou por ampliar ainda mais o feitiço político pelo general. Ele foi incensado e por isso mesmo demitido pelo Presidente da República. Mas isso elevou a temperatura social e o povo partiu para colocar Boulanger na sede da República, mesmo que numa ditadura de cunho bonapartista.

Acontece que Boulanger ficou numa corda bamba e mesmo com os mandatários tendo abandonado o poder da República ele não teve coragem ou a fé de ocupar o vácuo. Terminou sendo ocupado por Pierre Tirard que pelo seu ministro do interior divulgou a iminente prisão do General que se refugiou em Londres e depois na Bélgica.  


Em Bruxelas reencontrou-se com sua amada que passava pelos últimos momentos sofrendo de uma tuberculose. Ela morreu nos braços do General em 16 julho de 1891. Dois meses depois o General Georges Boulanger, a esperança da França, dá o último suspiro sobre o túmulo do amor impossível.  

Sem "substância" - José Nilton Mariano Saraiva

Não é de todo verdade a versão de que, com a proximidade da eleição presidencial, os adversário-concorrentes estejam tentando “desconstruir” a candidata Marina Silva. Ela, sim, é que, por despreparo, por falta de firmeza e consistência político-ideológica e por recorrentemente desdizer o que houvera afirmado lá atrás, a cada debate mete os pés pelas mãos, a cada intervenção “ao vivo” se enrola nas próprias artimanhas e contradições, a cada desculpa apresentada mostra sua verdadeira face.
Já vimos, por exemplo, que mudou de posição da noite pro dia no tocante à questão da homofobia (constante do seu programa de governo), após o pastor Silas Malafaia dar-lhe um ultimato (puxão de orelhas) e ameaçar abandonar seu barco se não se retratasse e se não mudasse a versão original imediatamente (o que foi feito, de pronto).
Mais à frente, descobriu-se que nas diretrizes constantes do seu programa de governo (sempre ele), no tocante à questão tecnológica parte do texto fora simplesmente “copiada” de uma revista da USP e “colada” àquele documento, sem que sequer os verdadeiros autores tenham sido consultados e/ou creditados (e isso findou por causar um generalizado mau estar entre os integrantes da “academia”).    
Depois, Marina Silva chegou a “descredenciar” o mentor da sua política econômica, que houvera afirmado de forma contundente que o ajuste das contas do governo teria que necessariamente passar por um corte profundo das verbas destinadas aos programas sociais do governo. E aí, como o discurso não guardava um mínimo de conformidade com o contido no seu programa de governo, Marina Silva preferiu sair pela tangente, ao afirmar que “não era bem isso” o que o seu mentor econômico escrevera (só não traduziu o que ali constava).
Já no tocante à atuação dos bancos públicos, o programa de governo da candidata prega a necessidade de uma profunda diminuição ou encolhimento da sua atuação. Questionada sobre se os bancos privados estariam dispostos a praticar uma taxa de juros subsidiada e no longo prazo nos grandes projetos estruturantes (como o fazem os bancos públicos), de novo tratou de negar o contido no seu programa de governo (onde consta, sim, que os bancos públicos terão sua atuação diminuída). Afirmou que a sua fala houvera sido desvirtuada (de novo, não explicou).
Alfim, no mais recente debate na TV (Rede Record), foi questionada pela atual presidente Dilma Rousseff com relação ao seu voto quando da votação da CPMF. É que afirmara lá atrás ter votado favoravelmente à criação da mesma. E bastou uma “consulta” protocolar à documentação pertinente (ata da sessão) onde consta a posição de cada um dos parlamentares votantes - favorável (SIM) ou desfavorável (NÃO) - para restar constatado que o voto da parlamentar Marina Silva, registrado para a posteridade, é por demais claro e cristalino: em votações distintas, optou pelo NÃO (pega na mentira, tentou, sem sucesso, enrolar mais uma vez).
Fato é que Marina Silva “desconstrói” a si própria, ao mostrar que entre a teoria (seu plano de governo) e a prática (seu discurso, sua fala) existe uma oceânica distância,  absolutamente conflitante e dispare.

A pergunta é: não seria por demais arriscado levar alguém tão “sem substância” ao cargo maior da nação ???