por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 27 de junho de 2011

Duas Noites São Teus Lindos Olhos - José do Vale Pinheiro Feitosa



Que estrelas no sertão a brilhar,
Ao ranger da madeira da carroceria,
Do sólido caminhão na rodagem do "Salitre".

Rodando pelo infinito,
Por toda a eternidade,
Na maciez das vozes destas mulheres,
Românticas qual esta abóbada estrelada.

Leninha,
Lucinha,
Aninha,
Carminha;
Tão carne e osso,
Coro da permanência.

Jamais um instante,
um momento,
Será tão real,
Como tuas vozes,
Ecoando dentro de mim:

"Duas noites são teus lindos olhos....
Onde estrelas estão a brilhar..."

O Livro do AZUL SONHADO



Enfim, só falta imprimi-lo!
Dia 20.07.2011, na sede do ICC (Crato-Ce), teremos a noite de lançamento. Até lá , muitos lembretes serão postados.Fiquem atentos!

Acordar no recordar - por Socorro Moreira








o tempo brinca comigo
vivo o dejá vu
acordo e adormeço
num sonho contínuo
teu olhar me espreita
teu sorriso me enamora
depois a imagem some
e no meu coração vazio
habita uma nova história

Desisto de esperar
um milagre que não volta !

Do baú de Stela Siebra Brito


Metafísica é para isso?


Sei mais falar do que me fere
daquilo que me atormenta
me amedronta
me encurrala me açoita me violenta


Sei mais falar do silêncio
das palavras malditas
incontidas
encurtadas
invertidas


Sei mais falar do meu avesso
atravessado na garganta
sei mais falar do que me cala
e me mata.


No entanto vem o vento
e ultrapasso o desvão da memória humana:


um homem passa de bicicleta
escuto o barulho do mar
cai uma chuvinha fina fria
encharca minha alma
me lava.


Renasço.

poema CONCRETO DESARMADO - por Ulisses Germano

nunca
diga 
nunca
direi 
jamais
direi
nunca
mais

Personagem da minha infância ( tio Valdir) - por Socorro Moreira


Tio Valdir do Pai Mané , filho adotivo de Alfredo e Donana (meus avós paternos ).

Ele tinha uma doçura sem par.Ensinou-me Augusto do Anjos: :"Eu e outras poesias ". Assustou-me com a frase de Augusto,no leito de morte : "Ó Deus , se é que existes , tirai a minha alma , se é que a tenho ".
" A mão que afaga é a mesma que apedreja".Confie, desconfiando, fuja de quem trapaceia , mas não escarre , na boca que te beija. Assim falava meu tio ...A troca é pura delicadeza , e gera sinergia !
Tivaldir ganhava tão pouco, mas assegurava-me uma mesada semanal. Com aquele rico dinheirinho , tinha ingressos no Carrocel , pipocas no cinema , guloseimas , nas bancas de bombons. Tenho uma pena danada , hoje , daquele bolso rasgado , generoso .
Ele tinha respostas, na ponta da língua , para todas as minhas curiosidades ... Pingava sabedoria , na minha cabeça chata !
Em 1981 , conheci Sampa por três dias .Com endereço na mão , e dinheiro contado, peguei um taxi até o ABC paulista. Cheguei naquela casa de operário com o coração aos saltos . Seus olhos azuis platinaram ... choramos, e nos abraçamos , emocionados ! Foi o reencontro da despedida .Morremos de alegria !
Ainda é vivo o mago da minha infância ?
Filmes antigos , vida mambembe , palhaços ( os tristes , que detonam alegria ), me fazem lembrar a mítica figura do Tio.

Tofu ( queijo de soja)


ingredientes

* 3 xícaras (chá) de grãos crus de soja (de molho de um dia para outro)
* 1,75 ml de água quente (para bater no liquidificador)
* 1 colher (sobremesa) de sal
* Coalhos: 3 alternativas, todas diluídas em 1/2 xícara (chá) de água:
* 2 colheres (sopa) suco de limão, 1/2 xícara (chá) de vinagre ou 1 colher (sopa) de sal amargo (cloreto de magnésio)

modo de preparo

Escorra a água da soja e bata no liquidificador com os 1,75 ml de água quente, colocando-a sempre aos poucos. Retire do liquidificador, passe pela peneira para extrair o leite de soja e depois passe o leite pelo pano fino (tipo fralda ou algodão).

Leve para uma panela, em fogo baixo, até levantar fervura e deixe por 15 minutos. Mexa sempre para não grudar no fundo. Desligue o fogo, coloque o sal e um dos coalhos desejados (limão, vinagre ou sal amargo). Deixe descansar por 15 minutos. Passe novamente pelo saco de pano fino e deixe escorrer.

A massa que formar dentro do saco deve ser colocada dentro de forminhas próprias para queijo ou forminhas furadas. Pressione bem e deixe um peso sobre o tofu. Leve à geladeira de um dia para outro. Retire o peso, tire da fôrma e sirva.

maisvocê

Alimentação macrobiótica


Do grego "Makrobíotos" (que significa vida longa).
Macrobióticos possuem níveis de depuração alimentar,
chegando ao puro arroz no nível mais elevado. Por
razões espirituais e filosóficas, buscam o equilíbrio
entre os alimentos Yin (o princípio feminino) e Yang (o
princípio masculino).

Pensamento para o Dia 27/06/2011


“Se você vê o mundo com amor, ele se mostrará cheio de amor. Se você o vê com ódio, tudo lhe parecerá adverso. Os olhos cheios de amor cintilam com brilho e alegria. Olhos cheios de ódio mostram-se vermelhos e com medo. Seus pensamentos determinam suas ações - boas ou más. O mundo externo refletirá seus pensamentos. Você deve considerar todo o universo como um templo de Deus. Você deve considerar tudo que é belo e grande na natureza - as altas montanhas, os vastos oceanos, as estrelas no céu - como proclamando a glória e o poder do Divino. A doce fragrância das flores, o suco delicioso das frutas também devem ser considerados como símbolos do amor e da compaixão de Deus.”
Sathya Sai Baba

Poema integral - Gilberto Gil



A macrobiótica é uma seita paga com um número infinito de deuses.
Em lugar de um.
A macrobiótica defende a evolução;
Confere ao cereal uma posição importante entre os seres? da ordem?
[natural? As interrogações são minhas. A macrobiótica não. A macrobiótica é um.
Caminho, cadinho, elemento de conhecimento. Siderurgia para altas fundições de cuca a baixa temperatura. Alquimia, siderurgia, caminho. Uma tricharia do desbunde? As interrogações são minhas. A macrobiótica não. A macrobiótica é um. A macrobiótica ótica que tem olhos, música que tem ouvidos, drama que tem coração, lírica que tem ideias, colíricas que têm imaginação:
a macro bi-ótica todos com bons olhos. A macrobiótica é piração? Massificação de meios? É elite?
As interrogações são minhas. Gostaria de ter seu palpite. Palpitar é bom; é vivo. Palpitante melhor ainda. A macrobiótica é assunto palpitante? As interrogações são minhas. A macrobiótica não. A macrobiótica é um. A macrobiótica é tudo que a natureza é + o que o homem pensa
[que não é. + é o sinal de somar mais arroz integral ao sonho do sono integral. O sono refaz, todos sabem. O sono integral refaz tudo?

"O sono sem sonho" da macrobiótica é só uma teoria do mestre.
O sono integral é nada?
Nada é a morte?
As interrogações são minhas.
A macrobiótica não.
A macrobiótica é um pouco.
Como tantos poucos, cada vez mais poucos, pratos de arroz.
Será?
As interrogações são minhas.


O sábio não se exibe, por isso brilha.
Ele não se faz notar, e por isso é notado.
Ele não se elogia, e por isso tem mérito.
E, porque não está competindo, ninguém no mundo pode competir com ele.
Lao-Tsé


O Pranto e a Flor - por Ceci Monteiro



Não há mais pranto.

Quando as lágrimas que me restavam
cristalizaram,
sob a luz tênue, constante e constelar das estrelas.

Enxergando o que já fui,
meu olhar busca o que ainda não sou.
Os momentos passados integram-me no presente.
Revivências de outrora permeiam minha memória
e procuro a flor da maturidade em si.

Como encontrar a lua cheia dentro de mim?

Concentro a força do pensamento
em um lamento de sofrer intenso.

Na travessia da mudança interna
Em companhia da Natureza,
não me sinto só.

Conforto-me,
aguardando o tempo de amadurecer.
O fruto da flor,
O verso autêntico, firme e claro,
nascido do universo do Eu interior.

Esquecendo sonhos - Socorro Moreira


Suporto o calor
A ausência do amor
Alegria de existir
Enquanto a vida se escoa
E o dia não chega de partir

Tenho a inquietude
Das almas perdidas
Tenho a tolerância
Das almas vadias
Espero a noite
Estrelas do dia
As que o céu esconde
Guardam fantasia

Meu amor tá pronto
Pra qualquer instante
Fugaz e estranho
É meu desencanto
Mas por um instante,
Meu momento vive!

E as noites teclam
Desesperançadas
Alegrias, festas
Já mortificadas

E o meu coração que saiu do peito?
E cadê a morte que não vi primeiro?

Estou aqui
Esquecendo sonhos
Os que eu não alcanço
Vivem sem descanso
E você em mim
Vive por inteiro!

Azul sem fim - por Ana Cecília S. Bastos


Na calada da noite,
esboço um frágil exercício de recolher palavras,
escritos extraídos do silêncio.

Fluxo que acontece à minha revelia,
enquanto pastoreio nuvens,
deserta de mim,
ausente do concreto.

O chão, impossível sempre.
O infinito que salva.

Azul-sem-fim. Foto de Mário Vítor.

Por Geraldo Urano



"Aquela adolescente de olhos negros chamada América do Sul, deixou o coração-poeta do velho Mao Tsé-Tung a delirar. Apenas o prateado vento polar presenciou o diálogo."

o coqueiro coqueirando
as manobras do vermelho
no branqueado do azul
Guimarães Rosa

outrarte
o ouro esboço
do crepúsculo
Guimarães Rosa

e um vaga-lume
lanterneiro que riscou
um psiu de luz
Guimarães Rosa

o arrozal lindo
por cima do mundo
no miolo da luz
Guimarães Rosa



tênue tecido alaranjado
passando em fundo preto
da noite à luz
Guimarães Rosa


tatalou e caiu
com onda espiralada
fragor de entrudo
Guimarães Rosa

mar não tem desenho
o vento não deixa
o tamanho...
Guimarães Rosa



verdes vindo à face da luz
na beirada de cada folha
a queda de uma gota
Guimarães Rosa



o bambual se encantava
parecia alheio
uma pessoa
Guimarães Rosa

sussurro sem som
onde a gente se lembra
do que nunca soube
Guimarães Rosa




alvor
avançavam parados
dentro da luz
Guimarães Rosa

entre as folhas
de um livro-de-reza
um amor-perfeito cai
Guimarães Rosa

os aloendros
em fila
nos separavam do mundo
Guimarães Rosa



na barra sul do horizonte
estacionavam cúmulus
esfiapando sorveret de coco
Guimarães Rosa



Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.
Guimarães Rosa



Viver é etecetera.
Guimarães Rosa

Felicidade se acha é em horinhas de descuido
Guimarães Rosa

Guimarães Rosa



João Guimarães Rosa (Cordisburgo, 27 de junho de 1908 — Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1967), foi um dos mais importantes escritores brasileiros de todos os tempos. Foi também médico e diplomata.

Os contos e romances escritos por Guimarães Rosa ambientam-se quase todos no chamado sertão brasileiro. A sua obra destaca-se, sobretudo, pelas inovações de linguagem, sendo marcada pela influência de falares populares e regionais que, somados à erudição do autor, permitiu a criação de inúmeros vocábulos a partir de arcaísmos e palavras populares, invenções e intervenções semânticas e sintáticas.

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