por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 2 de junho de 2011

Curtas. Por Liduina Vilar.


Não tenho tempo para sofrer...
E sofro com o coração feliz.
Sabendo pois que este processo
me faz crescer...
Sou com imenso prazer,
deste tema, uma sempre aprendiz.

Informando-Por Rosemary Borges Xavier

Estamos trazendo esta informação, pois, estão acontecendo alguns problemas comigo e outros internautas quando postamos os comentários nos blogs, ao invés de nossos nomes, aparece anônimo, mas há solução, pelo menos comigo encontrei-a, estou acessando blogs, através da Navegação InPrivate, esta é até mais segura, para quem não conhece este comando aí vai o local:
Estando em uma página de qualquer destes navegadores (Internet Explorer, Mozilla Fire fox, Ópera, etc), o internauta clica aí em ferramentas, este ícone está na barra logo após favoritos e antes de ajuda, aparece logo abaixo da barra de endereços, ao abrir aparecerá o comando Navegação Inprivate, só é clicar,vai abrir uma nova janela, então é só digitar ou procurar no endereço, o site que deseja navegar. Boa sorte!!!

Atualizar a Paz - Emerson Monteiro


Nada mais fora de moda que pensar em guerra, agressão e tristeza. Andar nas calçadas sujas sem os horizontes da tranquilidade. Seguir as burrices dos traçados obscuros. Pisar as flores, invés de olhar por onde pisa. De cabeça nas nuvens, sair machucando o coração dos pedestres no leito das estradas. Chegar onde, visar o quê, em que direção sonhar, quando o mundo gira bonito no espaço? Os pássaros cantam nas campinas. Meninos brincam leves e soltos nos jardins.
Falar mal por quê? Para, esquecidos das oportunidades boas, rodar a roleta da sorte e perder toda vez, no final de todas as batalhas. Fama de mau e chegar de olhos vesgos nas portas dos presídios. Andar fugindo das fiscalizações da consciência. Tudo isso a preço de coisa alguma. Só remorsos posteriores fecham o beco dos dramas abandonados nas esquinas do passado.
Sim, entoar o coro das harmonias universais em nome da falta de jeito. Amargurar várias e dores antigas no centro do peito, dentro dos pulmões amargurados de fumaça. Desencontros não falam na paz dos territórios da alma. Contar histórias diferentes, por tudo isso. Buscar amigos, cultivar a boa vizinhança, o que coisa alguma justifica dores de outros partos. Discutir por picuinhas, desfazer das outras criaturas em face do orgulho, da inveja e do ciúme, quanto despautério. E por causa dos dinheiros que correm soltos também não esclarece o motivo da ausência da paz em tantos sentimentos, neste mundo bonito e desprezado pela falta dos planos na paisagem das manhãs ensolaradas.
Paz, harmonia, desejos de construções coletivas. Amar, meus irmãos! O que Jesus tão bem nos ensinou através das práticas, neste mesmo chão das raras possibilidades. Jesus, o Mestre da Paz, no meio dos séculos da guerra dos poderosos. Jesus, a lição viva da Luz na sociedade dos homens. Criar núcleos de solidariedade, fraternidade que produz futuros certos e filhos envoltos nos sonhos das realizações plenas. Atualizar o gosto bom da Justiça no seio das comunidades. Equilibrar as energias e lembrar as alternativas puras da Verdade e o crescimento.
Escolher lado limpo nos costumes, corrigir os vícios e trabalhar a correção do comportamento de todos, a começar de um em um; somar os valores que revelarão as novidades da Virtude. Tarefas individuais expõem métodos para transformar a face do Universo no rosto de cada pessoa. Uma chance para a Paz no mais íntimo ser da Criação.
Dar o primeiro passo, fazer o primeiro gesto, hora essencial de buscar o melhor, portanto e por tudo. Nos céus, a Esperança, modos outros que descobrirão as imensas qualidades que habitam acesos os espaços da nossa querida Humanidade.

O Paraíso de Vittorio Di Maio


"O cinema é o modo mais direto de entrar em competição com Deus."

(Federico Fellini)

Idos de 1926, Fortaleza. Praça do Ferreira, o coração da capital cearense. À tarde um velhinho , carregando tropegamente o peso dos seus setenta e quatro verões, pobremente vestido, tentava evitar a queda que se prenunciava a cada passo dado, arrimando-se numa tosca bengala. De repente, a gravidade, por fim, fez valer a sua força e o ancião tomba na calçada do antigo “Art Noveau”. Os transeuntes demoraram a perceber que não se tratava de um tombo qualquer, aos poucos , desinteressadamente, notaram: o velhinho não mais fazia parte do mundo dos vivos, fora fulminado por um ataque cardíaco. Ali permaneceu, exposto à curiosidade pública, totalmente anônimo e desprovido de recursos, uma das mais históricas figuras da cultura brasileira. Por ironia do destino,pobre, findava seus dias na mesma calçada em que deu à luz à sétima arte em terras de Alencar.

Chamava-se Vittório di Maio. Nascera em Nápoles na Itália em 1852. Sabe-se lá porque aportou no Brasil, o certo é que por aqui chegou em fins do Século XIX. Os primórdios do Cinema tinham acontecido em Paris em 1895, com os Irmãos Lumière e no ano seguinte já se tinha repetido a experiência inovadora no Rio de Janeiro. O Cinema nacional, no entanto, começaria com aquele napolitano magricela. Em 1º. De Maio de 1897, na Cidade de Petrópolis, no Teatro Cassino-Fluminense, Vittorio di Maio, exibiu, no seu “Cinematógrafo”, os primeiros filmes feitos em terras tupiniquins. Quatro Curtas-Metragens, neles apareciam: uma artista circence, uma apresentação infantil de um colégio do Andaraí, o terminal de bondes de Botafogo e a chegada de um trem na estação de Petrópolis. Di Maio fez-se expositor ambulante, mas fundou Cinemas em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul , na Bahia e os vento do destino terminaram por ligá-lo definitivamente ao Ceará. Vittorio talvez tenha sido levado a interiorizar a sétima arte por conta da forte concorrência que terminou surgindo no Sul e Sudeste, só na década seguinte à apresentação pioneira e histórica de Petrópolis surgiram mais de 20 salas de espetáculos no Rio e outras tantas em Sâo Paulo.

O certo é que Di Maio chegou em terras cearenses em 1907. Por aqui já se ensaiavam, na capital, os primeiros rudimentos de Cinema : o Bioscópio que foi introduzido em Fortaleza por um outro italiano : chamado Paschoal. Ele exibia pequenos rudimentos cinematográficos como : “Jubileu da Rainha Vitória” e “Os Pombos de São Marcos”. Outros Bioscópios se seguiram : um trazido por Arlindo Costa, colocado num paredão existente na Rua Major Facundo; um outro na Praça do Ferreira e outro num prédio onde depois funcionou a Faculdade de Farmácia do Ceará. No Crato, no mesmo período, aqui já chegou a novidade, trazida por Luiz Gonzaga – o Gozaguinha que foi o nosso primeiro fotógrafo . Gonzaguinha fora a Fortaleza comprar material fotográfico e trouxe a novidade para o Crato. Instalou a “Lanterna Mágica” na primeira sede do Grupo Teatral “Os Romeiros do Porvir” que fora fundado por Soriano de Albuquerque em 1902 e de que Gonzaguinha fazia parte. A sede existia num casarão da Rua Miguel Limaverde e causou frisson na cidade, uma vez que a magia tinha que acontecer no escuro e facilitava os namoros, as apalpadelas, numa vila ainda profundamente provinciana.

Pois no mesmo 1907, Di Maio, trazia consigo uma verdadeira evolução da sétima arte : “O Animatógrafo” e fundou, em Fortaleza, o nosso primeiro Cinema ,nos fundos da Maison Art Nouveau, no mesmo local onde, vinte anos depois , cairia fulminado pelo enfarte. Em 1909 duas outras salas foram erguidas em Fortaleza : o Cine Rio Branco, por Henrique Mesiano e o Cassino Cearense por Júlio Pinto.

Há exatos cem anos, em 03 de junho de 1911, Di Maio ligou definitivamente seu nome à história do Cariri, inaugurando em Crato o “Cinema Paraíso”, o primeiro de todo interior do Ceará. Apenas dezesseis anos após a primeira exibição mundial de um filme, o Crato já possuia um cinema. A sala situava-se na Praça da Sé, defronte ao prédio do Museu, onde antigamente funcionou a Biblioteca Municipal e, ultimamente, uma botique e os bares “Guardinha” e “João Penca”. A tela ficava do lado oposto ao do Museu e a sala de projeção num sobrado pequenino que olha para a Fundação J. De Figueiredo Filho. Segundo Florisval Mattos : “inaugurou o cinema Paraíso o filme Borboletas Douradas. Um dos assistentes contou-me que as borboletas apareciam voando, e, quando pousavam, invés de borboletas eram mulheres…”.

O Cinema marcou definitivamente a vida da nossa cidade. Foi o primeiro veículo de mídia visual que tivemos. Sucederam-se outras salas de espetáculos: O Cassino Sul Americano em 1918, O Cine Moderno em 1934 , o Cine Araripe nos Anos 50 e o Cine Educadora já nos anos 60. Di Maio nem percebeu, em vida, a revolução que trouxe para as terras de Frei Carlos. De repente a magia começou a nos despertar para o mundo com suas possibilidades e complexidades. Mudaram os costumes, o escurinho propiciou todo um clima para os namoricos dos nossos avós. Muitas gerações terminaram profundamente marcadas pelo encanto da telona, basta ver a invejável quantidade de cineastras que saíram das terras de Frei Carlos : Hélder Martins, Ronaldo Correia de Brito, Jéfferson Albuquerque,Francisco Assis, Hermano Penna, Rosemberg Cariri, Luiz Carlos Salatiel, Bola Bantim, Pedro Ernesto Osterne, Petrus Cariri, José Roberto França,Glauco Lobo, Virgínia, Fernando Garcia, Francioli Luciano, Wanderley Vancillus,Franklin Lacerda, Alexandre Lucas, Émerson Monteiro, Luiz José e tantos, tantos outros.

Hoje a cidade que foi o berço do cinema em todo interior do estado, não possui mais uma sala de espetáculo sequer. O cinema hoje é para ser apreciado por uma elite nas fechadas salas de shopping ou sob a redução impensável do DVD e do Blue-Ray.Di Maio foi totalmente esquecido por uma região que tem uma amnésia toda preferencial por nossos vultos realmente importantes. A maior homenagem que podemos prestar a Di Maio neste centenário do cinema no Cariri seria reabrir nosso novo Cine Teatro Moderno para exibição de filmes clássicos nacionais e estrangeiros, com porta aberta. Aí, quem sabe assim , o filme da nossa cidade terminasse com um final apoteótico e feliz e o Cinema Paraíso , cem anos depois, nos transformasse numa Cidade Paraíso.

J. Flávio Vieira

Um tempo de plantar e um tempo de colher - José do Vale Pinheiro Feitosa

Não encontro realidade nas marcações do tempo. Pelo menos como metáfora de um tempo de plantar e um tempo de colher. Como regra de agricultura pode ser, não para a vida moderna que é atabalhoada. Misturam-se as metáforas, os sentidos, os desejos, as vontades e tantos outros sentimentos, pois vivemos a era dos sentimentos.

A realidade é que já nem existe a sequência do primeiro plantar e o depois colher. Na verdade tudo se resumiu a colher. Seja como expropriação ou como privilégio, seja como suores do trabalho que nunca chega para a suficiência de vida de uma colheita. A verdade é que não se sabe bem onde fica a plantação, no tempo e no espaço.

Em Crato com uma fatia de presunto de Santa Catarina, tirando de uma bolsa fabricada na China notas do Banco Central, impressas na Casa da Moeda, para pagar um lanche cujo trigo do pão veio da Argentina. Sem contar que o caixa enquanto fazia o troco com um fone de ouvido, balbuciava algo num inglês sofrível, tão distante dos falares de sua nascente cidade de Aiuaba.

Foi esta visão do fim das marcações do tempo que tanto horror causou aos americanos tão logo descobriram o risco em que se encontravam. Aliás, um parêntese, mas no tom: os EUA nos anos 60 enviavam para a América Latina, por um programa chamando Aliança para o Progresso, toneladas de comidas e roupas que já não usavam mais. O nordeste se encheu de tudo e muita gente da emergente classe média e das fazendas mais aquinhoadas comeu muito chedar com estranhamento de outro sabor e uma espécie de trigo que usavam para sopas.

Mas retornando ao horror americano. Eles perceberam que o mundo imediato já não dependia da autonomia de ninguém. Não se plantava e nem se colhia nada. Todos estavam como ligados a um fluxo de distribuição que funcionava com a fragilidade de uma irrigação sanguínea. Bastava cortar a artéria principal que tudo iria à falência dos organismos.

Na minha opinião, não bem explorada cientificamente, mas por suposição, isso explica a abundância de filmes de catástrofe dos anos 70 e 80. Qual era o mote central: era a interrupção da cadeia de distribuição de recursos essenciais à vida. Daí eles estimavam um retorno da civilização ao reino predador dos animais, um padrão repetitivo da herança puritana das colônias: com o crescimento do mal no espírito humano.

Enfim, a ausência do tempo de plantar e um tempo de colher se recolheu ao imaginário poético e a uma literatura de auto-ajuda que prima pelo vazio de sentido e por uma abundância de endorfinas.

"PEQUENO GRANDE GESTO" - José Nilton Mariano Saraiva

E de repente, de uma área não muita afeita a manifestações da espécie, porquanto povoada por “machões sarados”, aparentemente embrutecidos, e ainda por cima praticantes de um esporte onde o contato físico forte e ríspido é uma constante, uma atitude inusitada, um laivo de ternura e afeto, um “pequeno grande gesto”, que parece ter passado despercebido pela maioria dos que o vivenciaram, ao vivo ou via telinha (pelo menos não se ouviu ou se leu nada, a respeito).
Deu-se na frienta noite londrina, no novo e monumental estádio de Wembley, por ocasião da partida final da Copa dos Campeões da Europa, quando se enfrentaram as tradicionais e caras esquadras do Barcelona (Espanha) e Manchester United (Inglaterra), dois dos maiores expoentes do mundo futebolístico da atualidade.
Aos fatos.
Quase ao final do aguardado confronto, que mobilizou adeptos do futebol em todo o mundo (aos 43 minutos do segundo tempo) com o jogo já definido e o título assegurado em favor do excepcional Barcelona (3 x 1), o técnico Guardiola (ex-jogador do próprio clube), numa atitude de grandeza e desprendimento, resolve prestar uma justa homenagem ao seu correto “capitão”, o aguerrido zagueiro Puyol, que, lesionado, não tivera condição de adentrar ao gramado, de início; então, faltando dois minutos para o término da pugna, convoca-o a substituir um companheiro, com o claro intuito de, naquele momento maior, no ápice daquela gloriosa jornada, braçadeira de capitão no braço, fazê-lo erguer o troféu de campeão e, consequentemente, aparecer para a posteridade nas TVs de todo o mundo, ao vivo e a cores, e na primeira página dos principais jornais do mundo, dia seguinte.
Providenciada a substituição, daí a pouco o juiz determina o término da partida. E foi então, no momento da premiação, ante um batalhão de fotógrafos e centenas de canais de televisão de todo o mundo, que deu-se o inusitado, aquilo que denominamos um “pequeno grande gesto”, pelo espontaneidade e nobreza do ato: o guerreiro Puyol, evidentemente que fugindo do script armado pelo técnico Guardiola, mostra toda a sua humildade e excelência de caráter, ao abdicar de tamanha honraria e delegar ao discreto companheiro Abidal (lateral esquerdo), o privilégio de erguer o troféu, como se fora o verdadeiro “capitão” da equipe catalã.
Explica-se: meses atrás, Abidal fora desenganado pelos médicos, em razão da descoberta de uma grave e normalmente letal enfermidade (“câncer” no fígado) e fora afastado sumariamente das atividades esportivas; agora, após um tratamento pra lá de penoso, ali, ante um estádio ocupado por 80 mil pessoas e com a partida sendo transmitida pra bilhões de telespectadores em todo o mundo, além da confiança do técnico Guardiola em escalá-lo e mantê-lo durante toda a partida, Puyol, o “capitão” de todos eles, que entrara ao final do jogo unicamente pra “exercitar o que lhe conferia a patente”, humilde e simbolicamente transferia pra ele, Abidal, o privilégio de erguer o troféu de campeão.
Uma cena de cortar corações e levar qualquer um às lágrimas (embora alguns teimem em afirmar que “homem que é homem não chora”).
Pois, acreditem, não resistimos à cena e “abrimos o berreiro” (e prestamos esse depoimento, sem nenhum constrangimento).