por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 29 de julho de 2011

Por Pachelly Jamacaru


O QUE DE CERTO CADA UM TEM


O rio tem um romantismo que lhe é próprio,
E que o mar não tem; as montanhas não têm;
As pradarias, não; o deserto, não.


A estar no mar, estou a dizer;
O mar tem o sal da vida que o rio não tem;
As montanhas, não; as pradarias, o deserto...


A estar nas montanhas, estou a dizer;
As montanhas têm uma paz de espírito que lhe é própria,
E que só ela tem.


Nas pradarias, estou a dizer;
As pradarias têm o que têm, que o rio, não;
As montanhas, não; o mar e o deserto não têm!


A estar no deserto, falo de solidão...
A estar com Clarice, penso no que Alice não,
Maria sim, Helena talvez, Ana Bela, de quando em vez...


Procuro em cada uma
Um rio, um mar, as montanhas, as pradarias e o deserto,
Que de certo cada uma tem!

Do livro "No Azul Sonhado"


Exposição de Pachelly Jamacaru, no Encosta da Serra




Últimos dias, EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA, Pachelly Jamacaru

VISITEM, ficará até o dia 30 deste mês no HOTEL ENCOSTA DA SERRA.
BlOG DO JUAONLINE
 14 de julho de 2011


Exposição de Ângela Morais no Centro Cultural BNB


Está aberta no Centro Cultural Banco do Nordeste e vai até o dia 13 de agosto a exposição de artes visuais Arte Reversa: Para os Romeiros, Romaria, com trabalhos da artista plástica juazeirense Ângela Morais, atualmente radicada em Fortaleza. A exposição inclui barracas-estandartes, projeção de imagens num mix de peças concebido para estimular o olhar do visitante e a sua compreensão do fenômeno romaria, do qual a platéia é, ao mesmo tempo, protagonista e espectador. O cenário foi montado pelo decorador Walmir Paiva, outro grande artista juazeirense. Quem visita a exposição recebe um kit com 12 lindas estampas (tipo cartão-postal) de obras da artista juazeirense.

Outras fotos do lançamento : livro "No Azul Sonhado"- Por Nívia Uchôa






POR FALAR EM SAUDADE

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar
Chico Buarque



Saudades! Sim... Talvez..
e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte.
Que bem pensara vê-lo até à morte.
Deslumbrar-me de luz o coração!
Esquecer! Para quê?...
Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte.
Deve-nos ser sagrado como o pão!
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar.
Mais a saudade andasse presa a mim!
FLORBELA ESPANCA

A poesia de Bruna Lombardi




Bruna Patrizia Maria Teresa Romilda Lombardi (São Paulo, 1 de agosto de 1952), mais conhecida como Bruna Lombardi, é uma atriz, modelo e escritora brasileira.

É filha de Ugo Lombardi e está casada com o ator Carlos Alberto Riccelli com quem tem um filho, Kim, nascido em 1981. A família vive nos Estados Unidos da América.




Uma mulher

(Bruna Lombardi)

Uma mulher caminha nua pelo quarto

é lenta como a luz daquela estrela

é tão secreta uma mulher que ao vê-la

nua no quarto pouco se sabe dela


a cor da pele, dos pêlos, o cabelo

o modo de pisar, algumas marcas

a curva arredondada de suas ancas

a parte onde a carne é mais branca


uma mulher é feita de mistérios

tudo se esconde: os sonhos, as axilas,

a vagina

ela envelhece e esconde uma menina

que permanece onde ela está agora


o homem que descobre uma mulher

será sempre o primeiro a ver a aurora.

Viagem - Por Ana Cecília S.Bastos

Viagem - Por Ana Cecília S.Bastos

Ela registrou seus sonhos no caderno que lhe dei
de presente.
Ela arrumou na mala pedaços de sua alma.
Suas veias abertas sangram em despedida.
Ela diz adeus para lugar nenhum e parte,
sem quandos nem ondes.

Fantasmas melancólicos dormem em sua cama
solitária.

A lágrima sobre a mesa.


por Ana Cecília.

Do baú de Stela Siebra Brito


Metafísica é para isso?

Sei mais falar do que me fere
daquilo que me atormenta
me amedronta
me encurrala me açoita me violenta

Sei mais falar do silêncio
das palavras malditas
incontidas
encurtadas
invertidas

Sei mais falar do meu avesso
atravessado na garganta
sei mais falar do que me cala
e me mata.

No entanto vem o vento
e ultrapasso o desvão da memória humana:

um homem passa de bicicleta
escuto o barulho do mar
cai uma chuvinha fina fria
encharca minha alma
me lava.

Renasço.
Stela Siebra

Uma questão de idade – Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Há trinta e sete anos, recém-casados, eu e Carlos fomos morar na cidade de São João d’Aliança em Goiás, distante cento e cinqüenta e dois quilômetros de Brasília. Nessa época, Carlos trabalhava na construção da estrada São João d’Aliança a Alto Paraíso. São João d’Aliança era uma cidade antiga de uma única rua. Alugamos uma casa e como Carlos trabalhava o dia todo, eu ficava muito sozinha. Antes que pudesse me dar conta que seria difícil ter amigas nessa pequena cidade, duas mulheres com idade de mais ou menos sessenta anos, nossas vizinhas, vieram nos fazer uma visita. Elas foram tão acolhedoras, tão educadas que me senti grata pela delicadeza delas. Apesar da diferença de idade minha e de Carlos, para as nossas novas amigas, pois eu tinha vinte e três anos e Carlos vinte e sete, nos alegramos em ter pessoas tão boas morando perto de nós. Assim ganharíamos experiência com elas e, elas se alegrariam com a nossa juventude.


Moramos apenas dois meses nessa cidade, mas foi o suficiente para reconhecer o quanto as nossas amigas eram bondosas, como a maioria das pessoas que moram em cidades pequenas. Fomos convidados por elas para passar um domingo em Alto Paraíso, uma região montanhosa, cheia de vales e muito verde, onde elas tinham uma irmã que morava lá. À medida que subíamos a serra, ficávamos maravilhados com a beleza de um rio que descia ordenadamente. Era uma visão radiante da natureza. Fomos muito bem recebidos pela família das nossas amigas. Lá chegando, elas nos ofereceram papa de milho. Olhando a mesa repleta de pratos cheios de uma papa amarela, eu logo desconfiei que fosse canjica e aceitei. Carlos disse que não queria. E eu sabendo o quanto ele gosta de canjica, perguntei por que não aceitou e expliquei o que era. Ele respondeu: “É canjica? Então eu quero!” Rimos muito e explicamos a elas que aquilo que elas chamavam papa de milho, na nossa terra é canjica.


Ainda hoje lembro com carinho dessas duas mulheres maravilhosas que nos trataram tão bem e, supriram a falta que sentíamos dos nossos familiares. Com essas lembranças agradeço a Deus por ter colocado no nosso caminho essas pessoas de bem. Tem gente que vem ao mundo para distribuir bondade e sempre são recompensadas pelas Bênçãos Divinas.


Relembrando os fatos ocorridos em épocas passadas, notamos como a nossa percepção do tempo muda à medida que os anos passam. Há mais de quinze anos estávamos conversando com uma prima de Carlos sobre esse período em que moramos em São João da Aliança. Então sem pensar, fui dizendo para ela, que lá nós só tínhamos como amigas duas velhinhas de sessenta anos. Entretanto não foi no sentido de desvalorizar minhas amigas, mas para ressaltar a nossa diferença de idade. Mesmo assim a prima de Carlos, quase que me crucificou, pois essa era a idade dela. Tive muito trabalho para consertar meu erro. Fui explicar que com vinte três anos, achava que pessoas com mais de sessenta anos já eram velhas. Mas com minha idade do momento já não pensava assim. O certo é que fui perdoada e hoje tenho muito cuidado quando o assunto é idade. Aprendi a lição, pois viver é um eterno aprendizado.


Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Colaboração de Monalisa Figueirêdo



A ARGOLA
















 Foto da varanda da casa da minha infância - quase como era há tantos anos.


A ARGOLA

Uma argola solitária na varanda
da minha infância.
Solitária,
inútil,
equivocada:
nunca
nada foi ali pendurado.
Sempre amei as coisas que não significam nada.
Por acaso amei essa argola
de que ninguém se lembra:
enfeite,
estorvo,
encalhe. Certamente linguagem
em sua solerte mudez: memória
no poço fundo
afogada na água suja do tempo e seus dejetos.

Uma argola na varanda,
no pescoço,
nas ventas.
Onde estou, nesse espelho côncavo, convexo, vão?
A minha imagem
perdida
pendurada
na varanda
como uma argola enferrujada no fundo do poço seco
desmoronado
com a casa
e seu sangue, em silêncio.
Deus lê o meu poema com uma esquiva alegria
e nenhum escárnio. Rara a vida e a argola.


                       ____________
                     
                               Gregório Vaz deixa uma mensagem na garrafa.
 
 

FERNANDO LOBO- Norma Hauer


Este é do dia 26.

Foi em Recife, no dia 26 de julho de 1915 que FERNANDO LOBO nasceu e onde compôs suas primeiras músicas, a maioria frevos, o que era natural, por ser de Pernambuco.
O interessante é que quase todos foram gravados por cantores aqui do Rio de Janeiro ou de São Paulo
Em 1937, "Mentira", com Raul Torres (de São Paulo); em 1938 "De Quem Você Gosta", com Almirante; em 1939" Alegria", com Nuno Roland; em 1941 "Não Faltava Mais Nada", com Gilberto Alves...

Já em 1947 gravou seu primeiro samba "Saudade", em parceria com Dorival Caymmi; em 1949, com Francisco Alves, gravou seu primeiro grande sucesso: "Chuvas de Verão ", posteriormente regravado por outros cantores; em 1950, para o carnaval de 1951: "Zum, zum", com Dalva de Oliveira, em homenagem a um aviador que falecera em acidente aéreo, seu amigo Carlos Eduardo de Oliveira.

ZUM ZUM
Parceria com Paulo Soledade

Oi! Zum, zum, zum,
Zum, zum, zum!
Está faltando um!

Bateu asas, foi embora,
Não apareceu.
Nós vamos sair sem ele,
Foi a ordem que ele deu.

Oi! Zum, zum, zum,
Zum, zum, zum!
Está faltando um!
(bis)

Ele que era o porta-estandarte
E que fazia alaúza e zum-zum.
Hoje o bloco sai mais triste sem ele
Está faltando um.

No mesmo ano, um novo sucesso"Chofer de Praça", com Luiz Gonzaga. Em 1951, "Amor de Ontem", em parceria com Newton Reixeira, gravado por Carlos Galhardo.
Em 1952, lançando Nora Nei ao estrelato, gravou "Ninguém me Ama", naquele estilo "fossa", em parceria com Antonio Maria:


Ninguém me ama
Ninguém me quer
Ninguém me chama
De "meu amor"
A vida passa
E eu sem ninguém
E quem me abraça
Não me quer bem.

Vim pela noite tão longa,
De fracasso em fracasso
E, hoje, descrente de tudo
Me resta o cansaço,
Cansaço da vida,
Cansaço de mim,
Velhice chegando
E eu chegando ao fim

Mas quero registrar aqui seu sucesso no carnaval de 1950, gravação de Linda Batista e ainda hoje relembrado em blocos carnavalescos: "Nega Maluca". Até fantasias foram lançadas sobre o tema.

Aqui está a letra humorística de
NEGA MALUCA
Co-autor: Evaldo Rui
Gravação original de Linda Batista

"Tava" jogando sinuca
Uma nega maluca,
e apareceu.
Vinha com o filho no colo
E dizia pro povo que o filho era meu
(Não senhor)

Há tanta gente no mundo,
Mas meu azar é profundo
Veja você, meu irmão.
A bomba estourou na minha mão.
Tudo acontece na vida
Eu que nem sou do amor
Até parece castigo
Ou então influência da cor.

Fernando Lobo faleceu em 22/12/1996, aqui no Rio ,mas deixou um grande "fruto", seu filho Edu Lobo.


Norma

Convite!



CINEMARANA, SESC CRATO, segunda, 1° de agosto, as 19h. Com mediação de Elvis Pinheiro.
LEMON TREE ( Etz Limon, Dir. Eran Riklis, Israel/Alemanha/França, 2008, 106min)
"Lemon Tree (lançado no Brasil com esse título, literalmente "Limoeiro") utiliza um pequeno incidente doméstico em tom de fábula para ilustrar uma situação cujas linhas ge...rais o mundo já conhece relativamente bem. O governo de Israel decide derrubar os pés de limoeiro que pertencem a uma viúva palestina. Os militares decretam o pomar de Salma Zidane (Hiam Abbass, boa presença) uma ameaça à segurança do novo ministro da defesa, Israel Navon (Doron Tavory, milico asqueroso), cuja nova residência é vizinha da solitária viúva." (sinopse retirada do blog CinemaScopio).

Curtas XXIII - Aloísio

Um sorriso
Um querer
É preciso
Pra viver!
Aloísio

Reedições de livros caririenses - Emerson Monteiro


Neste primeiro semestre de 2011, foram reeditadas pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, em parceria com as Universidades Federal do Ceará e Regional do Cariri, algumas das obras do escritor cearense J. de Figueiredo Filho, emérito historiador que viveu em Crato e desenvolveu atividades intelectuais de larga repercussão pelo País inteiro, sendo um dos fundadores do Instituto Cultural do Cariri ao qual pertenço.

Avô de dois dos meus amigos, Tiago e Flamínio Araripe, conheci o Prof. Figueiredo Filho quando ele proferira notável discurso por ocasião da vinda a Crato, em 21 de junho de 1964, do Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, no Dia do Município cratense. Ao pleno sol quente das 11h no céu aberto da Praça da Sé, Figueiredo falou a imensa plateia e palanque lotado de autoridades, durante meia hora, repassando os detalhes da epopeia do Cariri. Senhor do assunto e respeitável pesquisador das nossas origens libertárias cumpriu a valer seu ofício. Isto numa fase em que o Brasil afundava nos porões da ditadura que permaneceria no poder mais de duas décadas, com sérios danos às liberdades civis e aos direitos humanos, preço pago das modernizações econômicas que varia o mundo naquele tempo para instalar a globalização dos dias atuais.

Depois, já pelos idos da década de 70, frequentei a sede do ICC, na Rua Miguel Limaverde, instalada na sala principal da residência do historiador, com quem conversava boas horas e de quem adquiri o gosto pelos estudos caririenses bem a seu modo e dedicação.

Agora recebemos sete dos seus livros, reeditados em momento oportuno, para as novas gerações, através das Edições UFC, série Memória, da Coleção Nossa Cultura. Engenhos de Rapadura do Cariri, Folguedos Infantis do Cariri, os quatro volumes de História do Cariri e Cidade do Crato (este com Irineu Pinheiro) ganharam outra publicação como parte de dez títulos que enfocam a história e os costumes do Cariri.

Além desses, também mereceram novas edições Efemérides do Cariri e O Cariri, seu descobrimento, povoamento, costumes, de Irineu Pinheiro, e Juazeiro do Padre Cícero, de Floro Bartolomeu da Costa.

São trabalhos emblemáticos da civilização caririense, motivos autênticos da preservação de nossas tradições e valores, os quais, ao lado de outros ainda adormecidos, demonstram a profundidade que caracteriza a alma desta gente que iniciaria com sucesso a colonização cearense, primeiro aqui estabelecida e só então desenvolvida junto do litoral.

A Urca será federalizada? - Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Há poucos dias, o competente escritor e historiador Armando Rafael escreveu em sua coluna semanal: "Dilma Rousseff cria a Universidade Federal do Cariri. Juazeiro do Norte, justificadamente, fica com a sede por dois motivos: é a cidade onde está localizado o maior campus da UFC (na 3ª fase de expansão, enquanto o de Ciências Agrárias, em Crato, sequer foi concluído) e o campus que detém o maior número de cursos em funcionamento. Meses depois, a Urca é encampada pela Universidade Federal do Cariri. Crato fica com o Campus do Pimenta como prêmio de consolação..."

Mas está claro que a federalização da URCA é a vontade do Sr. Governador. Há a desculpa esfarrapada de que um Estado pobre como o Ceará não possui condições de manter três universidades.

Seria bom que se verifique a veracidade de alguns comentários que circularam pela cidade quando da criação da URCA, há quase vinte e cinco anos. Como todos sabem, a URCA somente foi viável pela cessão feita pela Diocese do Crato do acervo, cursos, prédios, bibliotecas, e outros bens que pertenciam à nossa diocese. A condição estabelecida naquela oportunidade pelo então Bispo Dom Vicente Matos era de que a doação do acervo estaria condicionada à sede da URCA (Reitoria) e muitos dos seus cursos ficarem no Crato.

Gostaria que o amigo Armando verificasse esse detalhe, consultando nos registros da Diocese, se o contrato de encampação realmente possui essa cláusula. Acredito que o padre Gonçalo poderá esclarecer sua existência. Se assim for, eis aí um ponto de apoio para os cratenses lutarem para que nossa terra não venha mais uma vez ser derrotada em suas pretensões. É importante que todos os cratense vistam a camisa do Crato e entrem logo em campo para que tal objetivo seja alcançado.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo