Foto da varanda da casa da minha infância - quase como era há tantos anos.
A ARGOLA
Uma argola solitária na varanda
da minha infância.
Solitária,
inútil,
equivocada:
nunca
nada foi ali pendurado.
Sempre amei as coisas que não significam nada.
Por acaso amei essa argola
de que ninguém se lembra:
de que ninguém se lembra:
enfeite,
estorvo,
encalhe. Certamente linguagem
em sua solerte mudez: memória
no poço fundo
afogada na água suja do tempo e seus dejetos.
Uma argola na varanda,
no pescoço,
nas ventas.
Onde estou, nesse espelho côncavo, convexo, vão?
A minha imagem
perdida
pendurada
na varanda
como uma argola enferrujada no fundo do poço seco
desmoronado
com a casa
e seu sangue, em silêncio.
Deus lê o meu poema com uma esquiva alegria
e nenhum escárnio. Rara a vida e a argola.
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Gregório Vaz deixa uma mensagem na garrafa.
Um comentário:
Que casa mais linda !
Faz jus ao poema.
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