por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A VERDADE DA HISTÓRIA - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ontem saiu o relatório final da Comissão da Verdade sobre torturas, mortes e desaparecimentos de cidadãos e cidadãs brasileiros sofrendo por ordem e ação do Regime de Exceção que derrubou o governo constitucional de João Goulart. Antes de mais nada este relatório não fala para os algozes e vítimas do período, fala para cada um no tempo de hoje. No tempo de hoje e nossas perspectivas de vida em sociedade.

Com a ressalva que na missão dessa Comissão esteve o período até 1950, mas é importante que se tenha como referência o Primeiro de Abril de 1964 quando de modo sistemático as Forças Armadas, financiadas por empresas e mobilizadas por lideranças civis começaram a mudar a ordem constitucional vigente e atacar os adversários do dia anterior.  

Quando, de modo disfarçado, por vezes nem tanto, alguns começam a lembrar a suposta disrupção do Governo Goulart, a marcha revolucionária de natureza cubana, entre outros argumentos, estamos diante da justificação da ditadura. Esta é que é a verdade histórica. Justifica-se hoje, como ontem, apoiavam mortes, torturas e desaparecimento.

Além do mais é importante que se tenha em mente que as “ordens”, os “atos institucionais” e as “ações” da ditadura durante 21 anos não foram pontos pacíficos. Sempre houve divergência dentro e fora das Forças Armadas, dos empresários e das lideranças civis. Especialmente aquelas que efetivação praticaram a disrupção franca do processo democrático em curso.

Castelo Branco foi eleito pelo Congresso vigente e só o foi pela força do PSD e esta força significava Juscelino Kubistchek. A eleição indireta, pelo Congresso Nacional, aconteceu em 11 de Abril sob “égide” do Ato Institucional nº 1 lançado pela Junta Militar (Marechal Costa e Silva, tenente-brigadeiro Francis de Assis Correia e Melo, Almirante Augusto Hamann Rademaker).  Em junho Juscelino estava cassado.

Jânio Quadros foi cassado, Ademar de Barros em junho de 1966 e Lacerda em 31 de dezembro de 1968. Bom nesta altura já estavam cassadas todas as grandes lideranças políticas que deram motivação ao golpe. Como é lógico todos os adversários já o tinham sido perseguidos e presos desde o primeiro momento da disrupção. Somente figuras importantes, mas secundárias em termos de liderança nacional ficaram para sustentarem o longo manto cerimonial da ditadura em curso (Pedro Aleixo, Milton Campos, Magalhães Pinto, etc.).

Ao mesmo tempo surgiram “lideranças” para em sua “juventude” com o quadro desimpedido fazer suas “carreiras” sob as asas da “ordem” tipo José Sarney, Antonio Carlos Magalhães, Hugo Napoleão, Marcos Maciel e assim seguiu a lista. A presença a americana para armar e disparar o golpe é inegável, a nação foi amiga e companheira, mandou exércitos para a República de São Domingos e fez o papel do anticomunismo inerente por toda guerra fria. Eis o quadro.

Agora a verdade. O poder mesquinho dos desafetos, a arrogância humana sem normas sociais, o poder da corporação, a ganância de capitalistas e donos da terra, puseram uma máquina de torturar, matar e desaparecer em curso. Esta máquina tomou as suas próprias decisões e fez o papel sujo nos porões, mentindo para a sociedade e se escondendo numa trama abjeta.


Agora a verdade. Quando a política é a eliminação do contraditório a única linguagem possível é o curso virulento de ódios, temores e maldades que são inerentes ao processo. Mesmo que alguns agentes sejam dotados de uma psicopatia, o método e o curso da ação é que é causa. Portanto segue toda a cadeia de origem e o comando, desde o Presidente, passando por Ministros e chefes militares e líderes civis.