por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 4 de abril de 2012

O CARDEAL









 
 


O CARDEAL

Acordo o dia e a vida com a cor
do meu canto. O vermelho contra o branco.
Sofro a dor de existir com a garganta
por um fio. Um espinho sangra a flor.

A manhã azul toda se ilumina.
O galo-da-campina numa orquestra
de pássaros. A música da luz.
No peito chama, clama e açoita a dor.

Amor e dor fulgindo na coroa
da beleza. Eis a vida em plenitude.
O vento me levou, resisti quanto
pude. Nada podemos, quase nada.

O rubro, o branco, o negro conjugados
são a cor da beleza, o brilho e a sombra.
Nós levamos da vida o que vivemos
na nossa luta contra a morte em flor.


O PSDB no figurino do bom moço - José do Vale Pinheiro Feitosa

Os simpatizantes do PSDB na nossa região não gostam de tocar em certos pecados. Como é natural buscam dar contemporaneidade às análises e críticas de natureza política. É como se tudo tivesse começado aqui e agora. É bem verdade que em alguma frequência o nível destes argumentos é bastante primário, enfeitados pelos trapos do udenismo moralista e pelas mágoas da guerra fria. Mas isso tem acontecido aqui e nos EUA.

Esse pessoal ler a Veja, Reinaldo Azevedo e sai reproduzindo uma seiva biliosa cheia de adjetivos e anátemas sobre os outros. Mas acontece que a história é mais dinâmica e os humanos têm a prerrogativa de pensar. Ninguém pode ser papagaio a vida toda. Tem um determinado momento que tem de ir à busca do comezinho alimento na mesa da produção coletiva.

O recente pacote do governo para estimular a indústria nacional tem matrizes como causa de desindustrialização e, também, as repercussões políticas devidas. A não ser Paulo Skaff e Paulinho da Força Sindical pegando carona no discurso oposicionista, as manifestações de hoje das centrais sindicais apontam para a politização desta questão. Não torna menor o pacote do governo como a imprensa gostaria, ao contrário, radicaliza posições justamente onde o pessoal liberal do PSDB pontificou nos oito anos do seu governo.

Agora vamos às matrizes da desindustrialização do país. Tem uma remota e outra que influi diretamente no quadro atual. A primeira foi o próprio PND de Geisel, pegando dinheiro abundante dos fundos da OPEP, ou os eurodólares e endividando o país. Então no início dos anos 80 ficamos reféns da dívida e tivemos a década perdida.

Nos anos 90 veio a estabilização da moeda com algumas intenções, muitos erros e tropeços. A raiz dos erros foram as opções neoliberais, a adesão subalterna a um consenso de Estado Mínimo e privatizações. Qual seriam os objetivos das privatizações? Superar a baixa capacidade do Estado em investir, portanto aumentar a receita do Estado. Mas aí três desgraças esfarelaram estas receitas: valorização da taxa de câmbio real, aumento da carga tributária para substituir as perdas de receitas com privatização das empresas produtoras de insumos e serviços essenciais e em terceiro os juros altos para atrair investimentos para o país, inclusive dos brasileiros ricos.

Luiz Gonzaga Beluzzo num artigo sobre a importância da indústria é quem analisa nestes termos. E aí nos surpreende sobre um tema que todos temos conhecimento, mas consideramos como uma questão meramente da cultura da informação que é o papel da mídia nisso tudo. Beluzzo diz textualmente: A cavalgada desses Três Cavaleiros do Apocalipse não prescindiu do Quarto, o bombardeio da opinião pública pelos ditos formadores de opinião.

O que se diz é que o governo do PSDB está na recente raiz da desindustrialização e chega até a ser irônico que venham usar discurso oposicionistas para exigir radicalizações. E tem um detalhe: todos lembramos que o tal Custo Brasil que fazia parte deste bombardeio da opinião pública tinha como eixo os direitos trabalhista, mas hoje o Presidente da FIESP malandramente junto às centrais sindicais passa ao largo e toca em algumas feridas chaves: juros alto, melhoria de infra-estrutura, estrutura tributária, custo da energia elétrica e da logística para exportação e venda no mercado nacional. Aconteceu uma coisa fundamental, na batuta do PSDB a produtividade dos setores privatizados, energia e comunicação, aconteceu com o aumento brutal destes serviços. Mas agora é preciso baixar e os malandros querem por a culpa no presente com o esquecimento do passado deles.

E os eleitores do Crato? Continuarão dizendo sim senhor na velha esteira do fisiologismo?

NEWTON TEIXEIRA- Norma Hauer


A DEUSA DA MINHA RUA

Foi no dia 4 de Abril de 1916 que nasceu, aqui no Rio de Janeiro, o compositor, cantor e instrumentista (bandolim e violão) NEWTON TEIXEIRA .

Morando em Vila Isabel, naturalmente conviveu com Noel Rosa, sendo também amigo de Orlando Silva e Sílvio Caldas, que gravou seu maior sucesso “A Deusa da Minha Rua”, feito em parceria com Jorge Faraj...

“Na rua uma poça dágua,

Espelho de minha mágoa

Transporta o céu para o chão...

Tal qual o chão da minha vida

A minh’alma comovida

O meu pobre coração

Espelho de minha alma

Meus olhos são poças dágua

Sonhando com seu olhar

Ela é tão rica e eu tão pobre

Eu sou plebeu e ela é nobre

Não vale a pena sonhar.



. Em 1936, , Francisco Alves já gravara ,"Ela Disse Adeus" (com Cristóvão de Alencar). Como compositor, dividiu parceria com o referido Cristóvão de Alencar ("Mal-Me-Quer", "Não", "Vamos Cantar"), Ataulfo Alves ("Você Não Tem Palavra"); David Nasser ("Até o Amargo Fim") e Torres Homem (“Recordando”) entre outros. Também foi violonista de sucesso, acompanhou ases como Orlando, Silvio e Francisco Alves, e, como cantor, atuou nas rádios Guanabara e Tupi


. Interrompeu a carreira de cantor em 1943, por causa de um problema na garganta, mas continuou trabalhando em rádio, nas emissoras Jornal do Brasil e Nacional

. Seu derradeiro sucesso, deu-se em 1969, com o samba “Lágrimas de um coração", parceria com Brasinha, interpretado por Zé Kéti em um concurso promovido para o carnaval daquele ano.

NEWTON TEIXEIRA, como outros compositores de sua época, afastou-se quando a “Bossa Nova” tomou conta de nosso meio musical e as rádios perderam sua força, com o advento da televisão.

Colocarei aqui parte da letra de “Recordando”, de Newton Teixeira e Torres Homem, gravação de Carlos Galhardo:



...e deixo-me embalar nesta canção dolente

Que fala de esperança e sorrindo me diz:

Não chores o passado e viva do prersente

Porque ainda te quero, porque sempre te quis.

E tudo se transforma repentinamente

Como um raio de luz batendo a escuridão

Minh’alma que era triste canta alegremente

E o sol do meio-dia me abrasa o coração”.



Newton Teixeira faleceu em 7 de março de 1990 , sem completar 74 anos, em seu inferno zodiacal

Norma