por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Um texto de Adélia Prado - Colaboração de Altina Siebra


“Meu Deus, quanto jeito que tem de ter amor"


Adélia Prado

Uma personagem põe-se a lembrar da mãe, que era danada de braba, mas esmerava-se na hora de fazer dois molhos de cachinhos no cabelo da filha, para que ela fosse bonita pra escola.
Meu Deus, quanto jeito que tem de ter amor.
É comovente porque é algo que a gente esquece: milhões de pequenos gestos são maneiras de amar. Beijos e abraços são provas mais eloqüentes, exigem retribuição física, são facilidades do corpo. Porém, há outras demonstrações mais sutis: Mexer no cabelo, pentear os cabelos, tal como aquela mãe e aquela filha, tal como namorados fazem, tal como tanta gente faz: cafunés. Amigas colorindo o cabelo da outra, cortando franjas, puxando rabos de cavalo, rindo soltas.
Quanto jeito que há de amar.
Flores colhidas na calçada, flores compradas, flores feitas de papel, desenhadas, entregues em datas nada especiais: "lembrei de você".

É este o único e melhor motivo para azaléias, margaridas, violetinhas.
Quanto jeito que há de amar.
Um telefonema pra saber da saúde, uma oferta de carona, um elogio, um livro emprestado, uma carta respondida, uma mensagem pelo celular, repartir o que se tem, cuidados para não magoar, dizer a verdade quando ela é salutar, e mentir, sim, com carinho, se for para evitar feridas e dores desnecessárias.
Quanto jeito que há de amar.
Uma foto mantida ao alcance dos olhos, uma lembrança bem guardada, fazer o prato predileto de alguém e botar uma mesa bonita, levar o cachorro pra passear, chamar pra ver a lua, dar banho em quem não consegue fazê-lo só, ouvir os velhos, ouvir as crianças, ouvir os amigos, ouvir os parentes, ouvir...
Quanto jeito que há de amar.
Rezar por alguém, vestir roupa nova pra homenagear, trocar curativos, tirar pra dançar, não espalhar segredos, puxar o cobertor caído, cobrir, visitar doentes, velar, sugerir cidades, filmes, cds, brinquedos, brincar...
Quanto jeito que há.

10 comentários:

Ângela Lôbo disse...

Apesar da admiração que sinto pela autora, não conhecia este texto. Amei-o! Quanto jeito que há, mesmo!
Estou sentindo cheiro de romance no ar... O nosso bruxo José do Vale (permita-me assim chamá-lo) nos incentiva a perscrutar o que originou "o seu retiro". Sua imaginação fértil nos contagia. Quando ele diz "o retirado é uma coisa interessante, pois não é ele apenas", leva-nos a crer que o retiro não é necessariamente um isolamento.
Está na hora de se revelar...
Sinta-se querida por todos que por aqui passeiam e sentem quando você se afasta.
Beijos!!!

Ângela Lôbo disse...

Peço desculpas a Altina Siebra por ter feito o comentário me dirigindo a Socorro, confundi porque foi postado por ela. Mas aproveito para agradecer-lhe pelo belo momento, acredito que ela está vivendo o clima que se instaurou no blog.
Um grande abraço!

Altina Siebra P.Barreto disse...

Sem problemas, Angela. Sua leitura e comentários são formas de amar.
Prazer conhecê-la no blog.Abraço-a.

Altina

Altina Siebra P.Barreto disse...
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