por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 5 de setembro de 2011

RIQUEZA - Um Conto de José Ximenes


Venâncio vivia, com a mulher e um casal de filhos, uma vida que poderia dizer-se estável. Prestigiado, num emprego certo, passava a maior parte das horas de lazer em casa, na televisão ou lendo; os filhos, saudáveis, na escola, davam o trabalho que dão todos os filhos; a mulher, vistosa, agradável, falava sempre em viagens e pensava em vestir-se mais à moda, com mais apuro; acontecia de ir a restaurantes e/ou bares, uma vez em meio à semana, e aos sábados e domingos; apreciava música, admirava a pintura e as mulheres bonitas, entretanto, se continha. Enfim, era uma pessoa tida como equilibrada, no bairro de classe média da cidade grande do interior, e havia até quem, dele, tivesse certa inveja.

Possuía um caráter forte, obstinado, o que lhe valeu a superação dos problemas do cotidiano, com denodo, nos primeiros anos de labuta, tempo em que almejava a mão de Isaura, com quem perpetuaria a linhagem, vislumbrada como bem educada, vencedora, à qual encadeava êxitos sem fim.

Tais embates, esse viver sob controle próprio, a que era obrigado pela matemática da sobrevivência, o fatigavam. Como escapatória, dava-se a sonhar com o tornar-se endinheirado ao acertar num desses jogos de loteria, uma das raríssimas maneiras que podem tornar rico um homem honesto. Tal fantasia foi-se arraigando em seu pensamento, pois a falta de perspectiva de mudar aquilo que tinha como sendo o que lhe cabia na vida, foi-lhe incomodando mais e mais.

Não era homem afeito a religiosidade, mas possuía resquícios de medo, advindos de uma educação impingida pelas mulheres da família muito mística. Quando acontecia adentrar-se em pensamentos que o levavam a duvidar, mais fortemente, da existência de deuses, do sobrenatural, transferia o raciocínio a outro caminho. Dessa forma, foi acomodando as suas conclusões sobre esses temas, e não apelava aos santos com promessas, (seria hipocrisia), mas negociava com o Destino, como se este fosse uma entidade no jogo de compensação da existência. Assim é que, martelado pelas ideias que a propaganda consumista alimentava, propunha trocar 10 anos da vida, (parava, refletia... - Não, dez anos é muito; digamos, cinco!), - por um prêmio polpudo. Pronto, a troca seria razoável. E lá se ia, a cabeça além mar, a percorrer as paisagens de revistas e de filmes; até, quase sentia o sabor de iguarias e vinhos experimentados em famosos restaurantes; e passeios, e tantas coisas mais, a perder-se na confusão do pensamento... Mas não compraria nada (nada de obrigações),: alugaria o que bem quisesse e lhe aprouvesse; ajudaria parentes e alguns amigos... – “Seria mais provável uma recompensa do Desconhecido àquele que tivesse um certo altruísmo.” E assim se deleitava, a cada semana e, com propriedade, tornava tais divagações parte do prêmio, como para que fosse se acostumando ao mesmo.

O nosso personagem já passara dos cinqüenta anos quando, um belo dia, viu-se agraciado com uma “bolada”, dessas que, se a pessoa não fica meio lesada pelo impacto da notícia, passa a viver um “doce-fazer-nada”, para sempre, e fixa um intrigante, irritante, indefinido sorriso, meio a Mona Lisa.

A constatação do fato veio assim, por verificação própria, pelo jornal. Por mais um golpe de sorte, dessa feita não esperara que a sua secretária fizesse a conferência dos números, e, desta maneira, ninguém lograria saber do acontecido. Com a displicência de quem, em verdade, não confiasse que um dia pudesse vir a ser um desses afortunados, começou a ler as dezenas sorteadas; achou algumas delas mais ou menos familiares, como mais ou menos acontecia a cada sorteio, pois, como fazia várias apostas, sempre apareciam pares coincidentes. Melhor seria pegar dos talões de apostas e conferir: Zero-três, ‘tá; onze, errado; dezesseis, bom; dezenove, também; o restante, desilusão. Segunda aposta, nada feito; terceira, um só acerto, das seis dezenas; mas ainda havia dois cartões; seu coração começou a bater forte ao chegar à quarta combinação correta... Reviu as quatro primeiras e foi à quinta, também, confirmada; esfriou ao ver que ratara a sexta; - “Mas, uma quina já seria um consolo”. Um misto de contentamento e frustração já começara a lhe tomar conta, quando, então, enxergou o “milagre”, ali, escrito: a sétima dezena completara as seis necessárias. Calou-se, como se calado não estivesse, olhou para os lados, retornou, inúmeras vezes, a confirmar os acertos, e sentiu um frêmito inexplicável: “- Besteira!”. Depois, mais nada, apenas um torvelinho de pensamentos desconexos lhe chegava.

Ninguém deveria tomar conhecimento,..., Assalto…; pedidos de empréstimo; inveja; interesses. Como ajudar, no anonimato? Vivia tudo ao mesmo tempo, sem ainda ter tomado posse do seu quinhão, sem esperar a chegada do dia seguinte; era sair do banco, fazer as contas daquilo que auferiria a cada mês, ir ao trabalho explicar como gostaria de retirar-se, aos poucos, daquela rotina, e enveredar por outras atividades, e etc., etc., etc. Tudo em que pensava dava certo na sua conclusão.

No dia seguinte, pouco dormido, tomou um caminho distinto daquele que, normalmente, seguiria, a fim de chegar ao seu tesouro; como um desviado da lei, procurou não ser visto por não olhar para ninguém, como se, assim procedendo, as pessoas não pudessem enxergá-lo ao passar, ao entrar naquele estabelecimento. E foi ter com o gerente, seu conhecido, com quem não chegou nem mesmo a trocar cumprimentos, concluídas as formalidades do crédito e investimento na conta. Foi tomado pelo desfile de toda a sua existência, até a recente troca do dinheiro pela redução dos anos de vida, tudo tão rápido quanto uma centelha. Sentiu as vozes se esvaindo, os sons a se confundirem e entrou no céu das fantasias com a certeza de que era o que lhe restara usufruir naqueles instantes derradeiros.

José Arraes de Alencar Ximenes, empresário, Administrador de empresas, cratense radicado em Recife. Na foto, posa ao lados das tias Almina e Anilda Arraes.

Conpam abre seleção pública

Conpam abre inscrição para preencher cargos por seleção pública
As Unidades de Conservação do Estado terão seus gestores escolhidos através de uma seleção. A novidade foi anunciada pelo presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente, Paulo Henrique Lustosa, cujo aval foi concedido pelo governador Cid Gomes, para contratar 23 vagas em cargo comissionado, através de seleção pública simplificada para Supervisores de Núcleo. O edital deve ser publicado na edição de hoje, dia 2 de setembro, do Diário Oficial.
As inscrições começam na segunda-feira ,5/9 e vão até quarta-feira, 14/9. Os interessados devem dirigir-se a sede do Conpam, das 8h30min às 12h e das 13h30min às 17h, com documentos e currículo. A seleção será feita em duas etapas, uma de análise curricular e a outra por entrevista. Os aprovados saberão posteriormente em qual unidade irá exercer suas atividades. A carga é de 40 horas semanais de trabalho, com validade de dois anos.

Documentos necessários
O candidato deve ter formação em Biologia e nas Engenharias: Agronômica, de Pesca, Florestal, Ambiental e Civil, Geografia, Geologia, Oceanografia, Tecnologia em Saneamento Ambiental, Tecnologia em Gestão Ambiental e Turismo e disponibilidade para viagem.
As cópias dos documentos, Identidade, CPF, Título, Certidão Militar, Diplomas devem ser autenticadas em cartório, precisa também apresentar comprovante de endereço e duas fotos 3X4 colorida.

Atividades
Dentre as tarefas, do supervisor de núcleo, estão na obrigatoriedade de participar da elaboração e implantação dos planos de manejo das Unidades de Conservação, realizar inspeção, elaborar diagnóstico e avaliar Estudos de Impactos Ambientais, articular o funcionamento dos Conselhos Gestores, promover pesquisas e participar de audiências públicas.

As Unidades de Conservação
Parque Ecológico do Cocó, Parque Botânico do Ceará, Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, Parque Estadual das Carnaúbas, Parque Estadual Sítio Fundão, Estação Ecológica do Pecém, Monumento Natural Monólitos de Quixadá, Monumento Natural das Falésias de Beberibe, APA da Lagoa de Jijoca, APA do Lagamar do Cauípe, APA da Serra de Aratanha, APA da Serra de Baturité, APA da Bica do Ipu, APA da Lagoa do Uruaú, APAs dos estuários do rios Ceará, Mundaú, Pacoti e Curu, APAs das Dunas da Lagoinha e de Paracuru, APAs do Pecém e do Sítio Curió.

Serviço
Local da Inscrição: sede do Conpam, na rua Osvaldo Cruz, 2366, Dionísio Torres.
Setor: Recursos Humanos
Período: 05/09 a 14/09/2011
Valor: DAS-1: R$1.225,00 da representação e R$ 122,50, do vencimento


Assessoria de Comunicação
Elizabeth Rebouças (Coordenadora)e Ester Oliveira (Articuladora e Ouvidora)
Contatos:31011235 ou 88482022