por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Na Rádio Azul




O Tempo Me Guardou Você
Ivan Lins

Coisa mais bonita
Onde você estava?
Em que terra, em que país?
Toda minha vida
Sinto que esperava
Por você pra ser feliz

A gente se amava
Antes de se conhecer
O tempo me guardou você
O tempo me guardou você

Coisa mais bonita
Tudo que procuro
E já nem sonhava ter
Você não acredita
O quanto era escuro
Ter a luz e não prever

Pega meu futuro
Jura que não vai perder
O tempo me guardou você
O tempo me guardou você
O tempo me guardou você

Composição: Ivan Lins & Celso Viáfora

Carlos Imperial - Por Norma Hauer



CARLOS IMPERIAL
Ele nasceu no dia 24 de novembro de 1935, em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, recebendo o nome de Carlos Eduardo Porto Imperial, ficando conhecido como CARLOS IMPERIAL.
Desde criança interessou-se por música e, adolescente, veio para o Rio, fundando, em 1958 o Clube do Rock.
Para o filme “De Vento em Popa” compôs a trilha sonora e ensaiou alguns bailarinos.

Como compositor, seu maior sucesso foi “A Praça”, mas também compôs Cantos do Iê-Iê- Iê;; “Eu Quero Twist”; “Estou Aqui”...

Compôs com Ataúlfo Alves um samba que alcançou grande sucesso na voz de Ataulfo:”Você Passa e eu Acho Graça”.

Para a música folclórica “Meu Limão, Meu Limoeiro”, anteriormente gravada por Sílvio Caldas, fez um arranjo musical dando esse arranjo para Wilson Simonal gravar.

Em 1984 resolver candidatar-se a vereador, sendo o mais votado naquele ano, mas não seguiu a carreira política.

Faleceu aqui no Rio de Janeiro, em seu “inferno Zodiacal”, em 4 de novembro de 1992, sem completar 57 anos.

norma

O velho tema : SAUDADE - Por Rosa Guerrera




"As vezes a saudade é tão grande que a gente não sente mais. A gente é saudade.”


Li essa frase não lembro onde , e lamento não saber também o autor , mas na verdade é de tamanha profundidade que tentar analisa-la me parece difícil.
Quando a gente se transforma , se reveste na própria saudade , como sermos julgados ?
Incapacitados de fugirmos ao passado ? Conhecedores realmente da verdadeira felicidade ? masoquistas ? ou eternos sentimentais deitados na esperança ?
A impressão que eu tenho é de que por mais que tentemos nos esforçar , vivemos sempre acompanhados desse sentimento. Temos saudades da nossa infância , das cantigas de roda, da escola onde aprendemos o ABC, da pureza do nosso primeiro beijo, de músicas que marcaram momentos alegres, de palavras que ficaram nos nossos ouvidos , de preococes despedidas, enfim : de todas as folhas caídas da árvore da nossa existência .
Muitas vezes sentimos até saudades de coisas que nunca fizemos !
Lembro agora uma velha marchinha de carnaval que diz : “ Saudade , palavra imensa/tristeza intensa /que me faz penar / Saudade só tu bem sabes /o bem que fazes ao meu penar .....’ E deve ser exatamente nesses momentos que a gente não consegue ver a saudade como aquela faca cujo gume estraçalha o nosso coração , mas como algo que foi participante do nosso encontro com a felicidade , e é exatamente como escreveu um dia o grande Fernando Pessoa : "O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem”.
E se hoje , já não possuímos nem podemos mais apalpar o que foi vivido , que fiquem as lembranças, mas sobremodo que fique dentro de nós a certeza de que conhecemos um dia bem de pertinho a felicidade.,


rosa guerrera



César Guerra-Peixe




César Guerra-Peixe (Petrópolis, 18 de março de 1914 — Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1993) foi um compositor brasileiro, filho de imigrantes portugueses de origem cigana.

Filho de imigrantes portugueses de origem cigana, aos 9 anos já tocava violão, bandolim, violino e piano. Viajava muito com a família pelo interior do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, assistindo freqüentemente a grupos folclóricos, o que marcou muito sua infância. Estudou violino com o professor Gao Omacht, na Escola de Música Santa Cecília, e teve aulas particulares de violino e piano com Paulina d’Ambrósio. Com apenas cinco anos de estudo, obteve a medalha de ouro oferecida pela Associação Petropolitana de Letras. Após prestar concurso para ingressar na Escola Nacional de Música, obtendo o primeiro lugar, Guerra Peixe transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro, onde, para sobreviver, passou a trabalhar como músico em orquestras de salão que tocavam em confeitarias e bares, além de integrar um trio alemão que se apresentava na Taberna da Glória. Na Escola de Música, fez os cursos de harmonia elementar, com Arnaud Gouveia, e de conjunto de câmara, com Orlando Frederico. Nesta época, começou a trabalhar como arranjador para alguns cantores e gravadoras. Depois de ler Ensaio sobre a Música Brasileira, de Mário de Andrade, Guerra Peixe mudou seu conceito de composição. "Depois de ter lido Mário, comecei a compor com mais consciência…". Em 1943, ingressou no Escola Nacional de Música, para se aperfeiçoar em contraponto, fuga e composição, tornando-se o primeiro aluno a concluir o curso de composição do Conservatório.


wikipédia

Mário Lago



Mário Lago (Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1911 — Rio de Janeiro, 30 de maio de 2002) foi um advogado, poeta, radialista, letrista e ator brasileiro.

Autor de sambas populares como "Ai, que saudades da Amélia" e "Atire a primeira pedra", ambos em parceria com Ataulfo Alves, fez-se popular entre as décadas de 40 e 50.



Salve a preguiça meu pai
(Mário Lago)

Com meus pés, não vou
Venha me buscar
Mas só vou de colo
Pra não me cansar
O meu passo faz caminho
Mas se alguém não se agradou
Pra mudar vai dar trabalho
Com meus pés, não vou
Espinho não me amedronta
Nem pedra vai me assustar
Quem quer que eu saia da estrada
Venha me buscar
Com meus pés, não vou
Venha me buscar
Mas só vou de colo
Pra não me cansar
Oi, com meus pés não vou
Venha me buscar
Mas só vou de colo
Pra não me cansar
Com tristeza não me abalo
Com ameaça não me amolo
Pra brigar não tenho força
Mas só vou de colo
Quem quer, caminhe comigo
Vai ver que é bom de se andar
Quem não quiser me carregue
Pra eu não me cansar
(Salve a preguiça, meu pai
A preguiça é nossa
Já o português dizia que
O índio era preguiçoso
Porque não queria trabalhar pra ele
E se metia no meio do mato
Salve a preguiça, meu pai!)

por Socorro Moreira


Ela é bar
Bate-papo, happy hour

Ela é rosa
perfumada, sempre airosa

Ela é rima
prima da prosa , amante da poesia.
É primavera

em todo meu inverno

Veramente amiga

Dos anos
que me restam !

A poesia de Odete Pimentel - por Rosa Guerrera


"O mar chorou

quando viu as ondas rolando na areia ...

( num sensual jogo de amor).

O mar soluçou e ficou bravío

por não entender

o porque da sua espuma

procurar n'outros braços

diferente calor".



Nesse seu canto de amor, eu bem posso comprovar o oceano que existia no seu coração, mãe. ( rosa guerrera)

Rosa - divina e graciosa, estátua majestosa do amor por Vera Barbosa


Da página aberta,
salta a pétala seca
e a primavera antiga.

Quero dividir com vocês a alegria de comemorar os 78 anos de minha amada mãe. Seu aniversário é, sempre, uma data muito festejada - e não poderia ser diferente. Afinal, ela é a mais velha de 12 irmãos, mãe de 10 filhos, avó de 10 netos e bisavó duas vezes! Se não bastasse tudo isso, tem muitos amigos que conquistou em sua trilha de generosidade e humanismo.

Ao longo de décadas, a vó Iracy tem sido o centro da família ao reunir em nossa casa as dezenas de familiares. É uma pessoa muito querida por todos, está sempre cercada de quem a quer bem, e isso não tem preço. Porque minha mãe é daquelas pessoas que cativam pela simplicidade. Seu prazer em receber as pessoas com doçura e delicadeza, o cafezinho de hora em hora, a mesa farta, o almoço feito no fogão de lenha, o pão caseiro, seus doces em compotas, suas flores. Costumam dizer que nossa casa cheira a amor e, certamente, é dela que esse perfume exala.

Hoje, celebramos a vida e a saúde de minha mãe desde cedo. Inicamos com um café da manhã bem caprichado, a mesa posta com rosas vermelhas e lírios. Ao som de Nélson Gonçalves, saboreamos os quitutes e celebramos a vida. O café quentinho, a toalha branca de que ela tanto gosta e a companhia da filha mais velha e de meu pai.

No almoço, tivemos a presença de um de meus irmãos. O papo e o apetite foram regados a Carlos Galhardo e Francisco Petrônio, com Branca, Rosa e Baile da saudade entre outras belas canções. O arroz com feijão (que só ela sabe fazer) representam sua alegria em compartilhar. Todos que aqui vêm adoram o feijão com arroz da tia Zizi, como é carinhosamente chamada pelos sobrinhos. São esses pequenos e especiais detalhes que me fazem ser quem eu sou. Herdo de minha mãe seu amor pela vida e pelas pessoas.

Agora, começa o café da tarde em companhia de um dos meus tios e uma de suas melhores amigas. Lá vai ela, toda feliz, colocar a mesa com carinho. Minha mãe é assim. Doce.

E virá muito mais até que o dia se finde. Os irmãos, sobrinhos, cunhados e amigos vão aparecendo... Bolo com morangos, pudim de leite, arroz doce, cerveja preta (que ela adora) e muito amor. À noite, um cantinho e um violão. Música. Ah, a música! Ela, companheira indispensável de todas as horas. A voz de minha mãe somada ao violão, que ela acaricia lentamente, são um dos registros mais sensíveis que meus olhos já captaram e que guardam com ternura.

Infelizmente, preciso ir trabalhar e não posso continuar relatando tudo o que minha mãe significa. Deixo nas entrelinhas o meu apreço. A quem não a conhece, fica o convite para um cafezinho qualquer dia desses. Afinal, "a felicidade é um bem que se multiplica ao ser dividido."

Feliz Aniversário!

J.Cascata - por Norma Hauer



Ele nasceu em 23 de novembro de 1912, em Vila Isabel, recebendo o nome de Álvaro Nunes, mas desde criança era conhecido como "Cascata". Quando se iniciou como compositor, em 1932, Cristóvão de Alencar acrescentou um J. em seu apelido e com o nome artístico de J.CASCATA ficou conhecido no meio musical.

Já aos 17 anos compôs uma melodia para o carnaval, que ficou conhecida como "Música do Cascata", que não foi gravada. Mas nessa época uniu-se aos artistas já conhecidos, como Noel Rosa, João Petra de Barros, Cristóvão de Alencar, Lamartine Babo e teve as portas abertas para as primeiras gravações.

Fez parte de um programa radiofônico muito conceituado, de nome "Horas de Outro Mundo", que Renato Murce apresentava na Rádio Clube do Brasil.

Em 1935 teve sua primeira gravação, na voz de João Petra de Barros, de nome "O Teu Olhar ". Estavam abertas as portas para ficar conhecido fora de seu meio, visto que seus discos começaram a ser vendidos.

"Estourou" com seu primeiro sucesso, na voz de Sílvio Caldas em 1935, com o nome "Minha Palhoça" e, nesse mesmo ano, Orlando Silva, também iniciando sua carreira, gravou "Para Deus, Somos Iguais".

Nessa mesma época conheceu o compositor Leonel Azevedo , formando uma dupla responsável por grandes sucessos de Orlando Silva, a começar com "Mágoas de Caboclo", "História Joanina", " Tristeza", "Juramento Falso" e a que projetou ainda mais o nome de Orlando Silva "Lábios que Beijei"(1937).

Mas não foi só Orlando que gravou J. Cascata.

Em 1938, J. Cascata compôs com Manezinho Araújo, cantor e compositor de "emboladas", a valsa "Mágoas de Um Trovador", gravada por Sílvio Caldas; no ano seguinte, ainda em parceria com Leonel Azevedo, gravou, com Roberto Paiva, "Ao Cair da Noite" e com Carlos Galhardo o samba "Quem Foi?". Também com Carlos Galhardo, gravou a bonita valsa "Um Sorriso, Uma Frase, Uma Flor".

Em 1940, com Orlando, gravou "Quero Voltar aos Braços Teus".
Em 1942 Nelson Gonçalves regravou " Mágoas de Caboclo" e em 46 "História Joanina".
O bonde era o meio de transporte popular e no carnaval era "rodando" a cidade, em seus bondes, que o povão mais brincava. Assim, muitos compositores inspiraram-se nos bondes e compuseram várias músicas a eles relacionadas. Dessa forma, J.Cascata e Leonel Azevedo não poderiam ficar de fora. Eles compuseram e Odete Amaral gravou, para o carnaval de 1937, a marchinha "Não Pago o Bonde",assim:

NÃO PAGO O BONDE

Não pago o bonde, Iaiá,
Não pago o bonde, Ioiô.
Não pago o bonde,
Que eu conheço o condutor.
Quando estou na brincadeira,
Não pago o bonde, nem que seja por favor.

Não pago o bonde, porque não posso pagar.
O meu é muito pouco e não chega p'ra gastar.
Moro na Rua das Casas, daquele lado de lá.
Tem uma porta e uma janela,
Manda a Light me cobrar.

No início dos anos 50, J.Cascata, uniu-se a Almirante, Pixinguinha, Donga...formando o "Grupo da Velha Guarda", que gravaram dois LPs. :
"A Velha Guarda" e "Carnaval da Velha Guarda".

J. Cascata passou a se dedicar a outras atividades e veio a falecer em 27 de janeiro de 1961, com apenas 48 anos.
norma hauer
O MAR E A SOLIDÃO
O arfar de ventos marinhos
Sopros traz de solidão.
O mar e sua imensidão.
Em seu ventre abriga tantos seres...
Cada um com seus ventres e entranhas,
Para o mar, serão estranhas?
O mar e sua solidão...

Na sua fúria se mistura com tais seres,
Com seus quereres...
Depois se reflui manso, braços abertos,
Marulhando sua imensidão.
O marinheiro que lhe singra
Derrama do seu barco sua solidão.

Parado aqui, esperando o mar em mim,
Esperando que se derrame em mim
Com ondas bem profundas,
Não ondas de solidão...
Ondas que me venham a esmo,
 Pois escondo a solidão em mim mesmo.

Sou o marinheiro, sou o barco,
Sou o arco que dardeja a solidão.
Sou a réplica do amor.
Da teia bem tecida sou o fio.
Como o mar, eu enfrento desafios,
Tenho bichos pregados nas entranhas...
Como o mar, adormeço e, nas manhãs,
Sorrio pra a solidão que me acompanha.


é um ato decisivo declarar
sinceramente o amor que sentes

é preciso declarar o amor
antes que seja tarde demais




Para José Nilton Mariano começar de novo

E chega um tempo em que o nosso local de aconchego deixa de ser pontual e se torna universal. Não é que o local exploda como fogos de artifícios, é que ele se expande como o conceito de uma alma. O nosso local não é mais geográfico, ele é onipresente. Onde estejamos o aconchego estará. O nosso lugar de aconchego se torna nós mesmo onde nosso corpo estiver. Assim como este blog e a imediata resposta da solidariedade. Por isso é possível oferecer ao José Nilton Mariano este começar de novo.


PASSARIM 
QUANDO CANTA 
COMUNICA

CANTADOR 
QUANDO SOLFEJA 
SOLETRA

“Difícil recomeço...” – José Nilton Mariano Saraiva

No princípio, oito anos atrás (2003), foi aquele diagnóstico pra lá de contundente e capaz de nocautear qualquer um: câncer de próstata, em fase embrionária. E aí, por intermináveis e sofridos dois meses (excluindo-se os finais de semana), sessões diárias de radioterapia (37), que, ao que tudo indica, surtiram o efeito desejado; o “bombardeio” teoricamente foi suficiente pra aniquilar o inimigo (pelo menos as medições trimestrais do PSA indicam isso, embora sempre paire a sombra da suspeita de uma recidiva).
Num segundo momento, cinco anos após (2008), o falecimento da matriarca da família, por todos admirada, já que de uma dedicação extremada a todos os filhos vivos (10) e ao marido, sábia conselheira de todas as horas e fator de equilíbrio e ponderação no dia-a-dia de todos nós, mesmo os não residentes no Crato, como o signatário. Uma dor profunda e inenarrável, que só quem tem a oportunidade de experimentar pode avaliar.
Agora, a desagradável surpresa: após 26 anos de convivência, dois filhos (gêmeos de 22 anos e concluindo o curso superior), a velha companheira de guerra resolve que não dá mais, que trilhará novos caminhos, que a relação não tem mais condição de prosseguir, se acha esvaziada.
E lá vamos nós, que até então morávamos em apartamento próprio (quitado) no agradável Bairro de Fátima, aqui em Fortaleza, à procura de “alugar” um espaço qualquer, a literalmente “montar” um canto novo onde possamos nos abrigar da chuva e sol. E tem sido extremamente difícil, já que a nossa combalida remuneração não permite maiores vôos (além de que, o senso de responsabilidade nos impõe que na atual moradia ficarão os filhos e a mãe, até que consigamos arquitetar uma partilha que não prejudique ninguém).
No mais - e principalmente – não há como deixar de reconhecer que a parte psíquica foi seriamente avariada, já que nos sentimos um tanto quanto deslocados, sem a inspiração devida pra redigir um simplório memorando e nem sequer conseguir concentrar-se naquilo que aprendemos a gostar: a leitura (atenção Zé Flávio e Zé do Vale: “depressão” à vista ???).
Tem sido um “difícil recomeço”...