por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 31 de março de 2011

A calçada dos Piancós


--- De que adianta ainda continuar vivendo, meus filhos? Nem mais no Crato, eu moro !

Quando o velho Felinto pronunciou aquela frase, os filhos quase que piraram. Já vinham percebendo que, depois dos oitenta, o pai decaíra, andava mais capiongo e ensimesmado. Logo ele que sempre se mostrara tão expansivo e, até então, enfrentara os ataques inexoráveis do tempo com galhardia e bom humor! Acreditaram que devia se tratar de alguma depressão – um dos demônios da velhice – já que, recentemente, Felinto havia perdido a esposa e um dos seus amigos mais diletos: Sampson. Ficara como um Mateu sem Catirina , sem Mestre e sem Jaraguá. Como encontraria forças para brincar o Reisado da vida? Aquela frase, no entanto, feriu os tímpanos dos familiares : a depressão talvez fosse apenas um dos acompanhantes do séquito terrível da demência. Felinto , desorientado, dava mostras que nem mais percebia que estava na sua cidade querida, companheira dileta de toda uma vida! Com o passar dos dias, no entanto, os filhos se tranqüilizaram um pouco. Embora Felinto permanecesse sorumbático e pensativo, não mais demonstrou sinais de desorientação. Claro que poderia ter se tratado de um curto circuito , um daqueles que frequentemente antecedem a explosão final das turbinas da lucidez. Os filhos, então, se aproximaram mais do velho e insistiram , dia após dia, em testes de memória. O pai foi aprovado em todos com distinção e louvor, como se dizia na juventude dele. Um dia, por fim, conseguiram , com alguma relutância, uma declaração de Felinto que terminou por demonstrá-lo mais vívido e sábio como jamais pensariam. Terá sido, quem sabe, o clima proporcionado por aquela noite de lua cheia, confidente e cúmplice das peripécias do nosso Felinto desde os tempos mais remotos. O certo é que , como no teatro, com iluminação perfeita, nosso candidato a gagá desembuchou seu monólogo. Tivera, até ali, uma vida longa e feliz. Uma pitadinha de sucesso, algumas gotas de fracasso, muitas xícaras de desejos, colheradas de prazeres, copos de dissabores... Mas foi com esses ingredientes que conseguiu montar a palatável receita da sua existência. No outono e inverno dos seus anos, no entanto, começou a perceber que o bolo começara a azedar e, quiabando dia após dia, terminou nos últimos meses a se tornar intragável. Olhando para trás, pelo retrovisor, percebeu claramente que a morte , como um curare nos vai paralisando paulatinamente: o fim instala-se a crédito. E foram muitas e muitas mortes no último quartel : o tesão, a mobilidade, a saúde, a esperança, o vigor físico, a esposa e o amigo de todos os momentos: Sampson. Com a velhice ele se transformara numa coisa obsoleta. Já não falava a língua dos jovens e, pior, os últimos remanescentes do seu idioma haviam todos respondido à chamada inexorável da velha da foiçona. Como uma vitrola imprestável servia apenas à curiosidade pública. Via-se como uma peça de museu, exposta periodicamente à visitação . Tantas mortes seguidas e continuadas o tinham abatido, mas nada fora tão forte como a percepção que tivera há uma semana. Lembrou do Crato da sua juventude, procurou-o vila afora e simplesmente não mais o encontrou. Onde estava encantada a cidade encantada que conhecera algumas décadas atrás? As casas coladinhas uma na outra, aconchegadamente, sem muros, quem imaginaria se transformariam nos presídios de segurança máxima da atualidade? Os vizinhos eram quase que familiares que moravam num outro quarto da casa. Estavam sempre próximos e havia uma contínua troca de pequenos favores de lado a lado. A televisão e o rádio de algum morador mais abastado eram objetos de uso comunitário. Claro que as fofocas pululavam na vilazinha de muro baixo, mas nada se compara à frieza e à indiferença dos dias atuais. As calçadas eram uma extensão da casa, uma espécie de Centro de Convenções da família, ainda não tinham sido açambarcadas pelas ruas, pelos postes, pelas placas de propaganda. As ruas, então muitas ainda sem calçamento, faziam-se o playground das crianças, o parque de diversão da molecada: o palco do pião, da bila, da bandeira, do chicote queimado, do pega, da bola. Não haviam ainda sido invadidas pelo carro e pela moto. Os cinemas , cujo escurinho fora cúmplice de namoricos e apalpadelas, haviam fechado as portas. Os clubes sociais sobreviviam às custas de bandas de forró com sua apologia única e repetitiva à cachaça e à raparigagem. Naquele dia chegara à conclusão aterrorizante e definitiva : já não moro mais no Crato! Suportou até a ação do apagador do tempo sobre sua história, mas pareceu-lhe insuportável quando a isso se associou o extermínio puro e simples da geografia. Tanto que avisou aos filhos: não sei se vale a pena esperar a cobrança da última prestação, estou pensando, seriamente, em me adiantar e saldar antecipadamente a minha dívida para com a morte. Os filhos de Felinto entenderam as razões do pai e decidiram respeitar o curso de colisão que tomara, afinal sempre fora um ótimo e destemido timoneiro. Ontem, no entanto, no jantar, Felinto pareceu, estranhamente, mais alegre e palrador. Disse aos parentes que desistira da derradeira empreitada. Recobrara as forças. Para uma récua de filhos incrédulos ele explicou a súbita guinada que dera no Titanic da sua existência, já indo em direção do iceberg . Passara na Caixa D´água nestes dias e tivera uma visão consoladora. Estava lá , triunfante, a Calçada dos Piancós. Todos sentados, à noite, com suas cadeiras do lado de fora, contando as últimas e mais picantes novidades da cidade, juntos com muitos amigos. De um lado a TV ,ligada à tomada por uma gambiarra, transmitia um fabuloso Fla-Flu, em pleno calçamento. Corria uma cervejinha solta e , a um canto, um dos meninos assava uma carninha numa churrasqueirinha de roda de fusca. Felinto, imediatamente, banhou-se na alegria de outrora.Parecia Noé ao avistar a pomba com o galho de mato no bico. Restava ainda uma esperança. Nem tudo estava perdido.

--É preciso avisar ao IBAMA, ainda existem os últimos exemplares da espécie mais ameaçada de extinção nos dias de hoje: Gente, gente de carne e osso !


J. Flávio Vieira

Consciência ecológica - Por José de Arimatéa dos Santos

Interessante o que está acontecendo no mundo inteiro a respeito da defesa do meio ambiente e um dos motes de tudo isso recai sobre a economia de energia. Vários fatores são preponderantes para cada cidadão fazer sua parte e se conscientizar da participação nesse processo. É importante analisar friamente cada ato nosso em relação aos recursos naturais que usamos diariamente. Em relação a isso já tem muito país a fora que só compra carne ou outros produtos advindos de regiões que preservam o seu meio ambiente. Sensacional.
Aqui no Brasil o desmatamento e a falta de proteção aos nossos rios sempre foi fato recorrente. No Brasil dos anos 70 e na amazônia principalmente é célebre aquela frase: "Integrar para não entregar". Simplesmente propaganda oficial para a destruição das matas para o "progresso". Nisso indago: - Que progresso é esse? Quem realmente se beneficiou da derrubada e exploração irracional dos recursos naturais? Desse jeito o caminho é a derrocada final da existência humana na terra. Pode parecer exagero, mas as consequências ecológicas com catástrofes e tragédias são acontecimentos que dia após dia se avolumam no noticiário.
A consciência ecológica demanda atitudes de defesa da vida nossa e dos que estarão aqui no futuro. Atitudes que tem a ver com o cuidado com as florestas, com o nosso lixo, com o uso correto da água e o estudo do clima. Ainda bem que nas escolas já está arraigado o necessário e importante processo de começar a educação ambiental com as criancinhas que estão nos seus primeiros anos de banco escolar. As crianças têm o dever de cuidar quando adultos e certamente cuidarão desse planeta bem melhor que nós. Espero que nossos congressistas se inspirem nas crianças e usem do bom senso na votação do novo Código Florestal. Consciência ecológica é a preservação do meio ambiente e consequentemente conservação da vida.
Texto e foto: José de Arimatéa dos Santos
MULHERES... PORQUE AMÁ-LAS
Esta noite, como se eterna fosse,
De improviso, em canto doce,
Apenas busco a voz, mas perco a fala;
Há tantas mulheres, em meu redor,
E apenas quero amá-las.

Há nesse improviso o fervor do verso
Tangível o riso, mas que a noite cala,
Como se mudasse o rumo do universo.
A mulher... nessa noite, só quero amá-la.

Cinge meus olhos a infância perdida,
Mas minh’alma ainda assim não se abala.
Foge, furtiva para os jardins,
Buscando flores, desmanchando pétalas
E, ao vê-las, sonha rosas,
Vermelhas, túrgidas, amarelas,
Quem sabe cravos, rosas dálias...

Mulheres, nesta noite,
Eu só quero amá-las.

Minha homenagem às mulheres, neste mês de março, pelo brilho  que esprestam às nossas vidas. Que vivam as mulheres! tim tim.

Para Verônica

São Paulo, 27.03.2009


Verônica, quero te dar outro presente.

Não igual àquele. Diferente, consistente...

Uma mistura de terra e de semente

que faz coisas boas brotar na gente.


Minha dádiva para ti é somente

um poema que começou tímido, latente,

pareceu morrer mas, de repente,

vigou com força e agora existe.


É para ti, minha amiga, eternamente

um símbolo do nosso laço, passado e presente.

Servirá para amenizar a saudade dolente

e para reviver momentos belos e marcantes.


Por fim, um mimo escrito carinhosamente

do fundo do meu íntimo sobrevivente

das mazelas que meu peito sente

por causa da distância que separa a gente.


Prosa e Verso "No Azul Sonhado"- Vários Autores






Concluímos primeira, segunda e terceira revisão.
Diagramação e capa, em vias de conclusão
Edição
Revisão gráfica
Impressão
Lançamento.-16.07.2011




Relação de autores:
1.Aloísio Paulo
2.Assis Lima
3.Bernardo Melgaço
4.Carlos Esmeraldo
5.Wilton Dedê
6.Domingos Barroso
7.Edmar Cordeiro
8.Francisco das Chagas
9.Geraldo Ananias
10.Geraldo Urano
11.Isabela Pinheiro
12.José Flávio Vieira
13.João Marni
14.João Nicodemos
15.Joaquim Pinheiro
16.Emerson Monteiro
17.José Carlos Brandão
18.José Nilton Mariano
19.Mara Thiers
20.Liduína Belchior
21.Luís Eduardo
22.José do Vale Feitosa
23.Lupeu Lacerda
24.Magali F.Esmeraldo
25.Manoel Severo
26.Marcos Barreto
27.Marcos Leonel
28.Tetê Barreto
29.Nilo Sérgio
30.Pachelly Jamacaru
31.Abidoral Jamacaru
32.Roberto Jamacaru
33.Pedro Esmeraldo
34.Rejane Gonçalves
35.Rosa Guerrera
36.Luiz Pereira
37.Stela Siebra
38.Tiago Araripe
39.Ulisses Germano
40.Vera Barbosa
41.Corujinha Baiana
42.Everardo Norões
43.Cristina Diogo
44.Telma Brilhante
45.Socorro Moreira


Diagramação: Luiz Pereira
Prefácio: José Flávio Vieira
Orelha: José do Vale Feitosa
Dedicatória: por Tiago Araripe ( homenageando J. de Figueiredo Filho e Patativa do Assaré)
Foto da capa: Pachelly Jamacaru
Revisores: Stela Siebra e Luís Eduardo
Edição: catadoradeversos.blogspot.com – “No Azul Sonhado”

Tiragem: 500 exemplares

225- (cinco p/autor)
25- P/divulgação
250- será colocado à disposição dos autores (quota extra), colaboradores e leitores,  pelo preço mínimo de 12,00
Despesa com a edição: 4.000,00 ( estimativa próxima)
*Alguns autores já fizeram suas reservas.
E-mail: sauska_8@hotmail.com



O "analfabeto" e "doutor honoris causa" - José Nilton Mariano Saraiva

A tradicionalíssima Universidade de Coimbra (Portugal) foi criada em 01/03/1290 (há mais de 700 anos, portanto), e é uma das maiores instituições de ensino superior e de pesquisa do mundo. Em seu portfólio curricular oferece todos os graus académicos em arquitetura, educação, engenharia, humanidades, direito, matemática, medicina, ciências naturais, psicologia, ciências sociais e desportos. Devido à excelência do ensino ofertado, possui aproximadamente 22 mil estudantes, abrigando uma das maiores comunidades de estudantes internacionais em Portugal.
Pois foi essa legendária Universidade, por sugestão unânime do seu corpo diretivo, que resolveu conceder ao “despreparado” e “analfabeto” brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o título de “Doutor honoris causa”, em reconhecimento ao profícuo trabalho nos oito anos em que respondeu pela Presidência da República do Brasil, oportunidade em que consolidou-se e foi reconhecido como um dos maiores estadistas do mundo.
Fato é que, nunca dantes na história de Coimbra, houve uma cerimônia tão concorrida, já que todos os seus grandes doutores (acadêmicos consagrados em todo o mundo) estavam lá, incluindo Gomes Canotilho, Castanheira Neves, Coutinho de Abreu e Boaventura de Souza Santos, dentre outros. Na oportunidade, fizeram questão de justificar tal concessão, conforme transcrições abaixo.
Joaquim Gomes Canotilho, professor de Direito da Universidade de Coimbra: “Enquanto presidente, Lula levou a mensagem da promoção da paz a todos os fóruns do Mundo. Ostenta já várias condecorações e honrarias, nacionais e internacionais, mas temos a honra de a Universidade de Coimbra ser a primeira a conferir o grau de doutor “honoris causa” ao cidadão Lula da Silva”. O professor aproveitou para destacar o significado simbólico deste reconhecimento: “É um cidadão do Mundo, um estadista global, um lutador contra a miséria, a fome e a desigualdade. Afirmou-se como engenheiro da paz e da justiça. Deu sempre ressonância mundial à língua portuguesa. O grau de doutor sobre proposta da faculdade de direito é a expressão simbólica da sua imensa sabedoria. Peço-vos, por tudo isto, magnífico reitor, que ordeneis a imposição de insígnias doutorais ao eminente humanista e homem de estado aqui presente, o ex-presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva”, concluiu.
Já Coutinho de Abreu, também professor de Direito de Coimbra, foi mais incisivo e contundente: “Longo é já o tempo em que Lula da Silva, sem nunca deixar de aprender, vem ensinando na Universidade-Universalidade. Ensinando-fazendo, fazendo-ensinando, tentando, com muitos mais, melhorar o mundo. Se Lula tem dado tanto, inclusive a Portugal, é justo que a cidade de Coimbra também aberta ao Mundo, à cooperação entre os povos e à interação das culturas, no respeito pelos valores da independência, da tolerância e do diálogo, dê a sua mais alta distinção a Lula”, resumiu Coutinho de Abreu, concluindo com a afirmação de que esta distinção é “o profundo reconhecimento a um homem persistentemente generoso e solidário”.

O Curso do Céu - José do Vale Pinheiro Feitosa




Vagaroso,
o tampão do dia escorregou,
atrás das montanhas azuis
da minha distância.

Quando me dei conta,
a luz do dia,
escoava inteira por ali,
no esgoto da existência.

Enquanto,
ouro de frontispício,
avermelhava-se o canto,
do escoado dia.

Secava,
toda a luz existente,
do recipiente do céu,
escuridez figurada.

E neste instante,
do fusco do perdido claro,
o céu era via láctea,
um novo luminar.

Sutil,
subentendida sabedoria,
silente verdade,
contemplativa nuance.

E o céu,
preenchido de vaga-lumes,
retirada de galáxias,
girou.

E no outro lado,
a monção de luzes,
vidente resplandeceu,
os poros da pele.

Não sempre,
alternada com a sutileza,
entre a paga da vida,
e a vida paga.

Paracuru, 6 de agosto de 2010.


Relembrando uma história de amor : a música dos meus pais!



Ruth Escobar


Maria Ruth dos Santos Escobar (Porto, 31 de março de 1936) é uma atriz e produtora cultural luso-brasileira.

PARTIDA DE XADREZ - por Ulisses Germano


Xadrez confecionado pelo casal artista Lulu Lacerda e Pebinha (genios naquilo que fazem!)


'Tava jogando xadrez
E o meu peão desalmado
De passagem se desfez
E um tal bispo safado
Deu entrada para um xeque
Que bem cedo abriu o leque
Deixando meu reino atado

Não deixei nada por menos
E avancei na mesma linha
E com todos os venenos
Deixei o bispo na rinha
Ele então baixou a guarda
E temendo a retaguarda
Não comeu minha rainha

Ufa! Vi que o adversário
Blefava no sacerdócio
E que o meu reino corsário
Tinha que sair do ócio
Então saltei do cavalo
E num leve intervalo
Infligi novo negócio

Avancei o peão da dama
Com a torre ele veio
Fiz um roque como trama
Uma forma de entremeio
Projetei uma jogada
Juro! Não foi marmelada
O meu xeque-mate veio!


Dedicado ao amigo e parceiro raro do xadrez Pebinha que por uma "peinha de nada" do tempo quase que a gente ia jogando novamente!




quarta-feira, 30 de março de 2011

Onde estão as nossas grades?

Imagem/Internet
Um Texto escrito por Cícero Braz...


ONDE ESTÃO AS NOSSAS GRADES?

Hoje, comecinho da tarde, como sói acontece toda semana, fui visitar um grande amigo meu, de longo tempo, que está tolhido de sua liberdade há dois meses em função do algo que cometeu e, se não fosse grave, essa situação não estaria desenhada. Não tecerei comentários sobre o que aconteceu, pois a literatura de cunho policialesco ainda não é meu forte. O outro lado da moeda, do humano, do ser, atrai-me com fervor. Em função de meu grau de amizade, minha proximidade com esse amigo, perguntas vêem-me à exaustão, muitas vezes trazendo em seu bojo uma possível condenação. Claro, qualquer pessoa tem o direito de ter sua opinião sobre qualquer assunto, mas, ao emitir juízo de valor, muitas vezes se incorre em erro. Como disse há pouco, não tenho o pendor das crônicas policiais, portanto, considero, com naturalidade, as questões que me são dirigidas. Falava sobre minha visita de hoje à tarde. Hoje, a dimensão do conceito de liberdade aflorou-me tão fortemente e de forma tão violenta a ponto de uní-lo ao da prisão. Ali entre nós dois, a nos separar, uma meia parede e uns ferros, formando uma grade. Ali, entre nós dois, dois sorrisos com significados distintos: o meu, com o alívio da liberdade, o dele com a esperança de reavê-la. Dois mundos diferentes, mas, por mais paradoxal que se lhes pareça, dois conceitos estritamente iguais. Como poderia ser dessa forma? O mundo estava ao meu lado,ali, a dois passos, ou alguns degraus abaixo. Bastavam meus passos para desfrutá-lo da forma que melhor me aprouvesse. O dele, vários passos para trás e a pequenez de uma cela, dividida com outros, com certeza, não iguais a ele. Estarei eu, também, emitindo juízo de valores? hão de me perguntar vocês. Por que posso afirmar isso se cada um tem sua história para contar, se cada um tem sua inocência para provar? Comecei a percorrer as minhas grades de reflexão. Onde estão minhas jaulas, minhas feras, que guardo? Onde não estarão as deles? Libertas, muito embora presas? Falou-me o meu amigo: “quantas vezes eu estava em casa, sem nada a fazer e não preenchi meu tempo com uma visita a um tio que julgara indiferente à minha pessoa e hoje vejo que não é bem assim”? “ por que não li um livro, que hoje, quando recebo, divido com os outros a alegria de lê-lo? Livro, visita, alegria, tudo isso é liberdade, ainda que por trás das grades. Estarei eu solto, com o mundo e todo o tempo desse mundo a meu favor, lendo um livro? Visitando alguém a quem faz tempo que não vejo? De novo, vejo-me entre grades, estando livre. Livre para tudo, inclusive para perder minha liberdade por atos infantis, mas que têm sua mensuração ante a sociedade. Será que é preciso que nos enjaulemos, mesmo que de forma virtual, para que aprendamos a sentir o verdadeiro sabor da liberdade? Infelizmente, parece que sim e isso o meu amigo externou com seu olhar vago, trazendo, em seu bojo, o brilho da esperança e a certeza de que valorizará cada minuto de sua liberdade, revertendo em prol de quem de si está próximo minutos ociosos de sua vida, pois, pelo que depreendi, os exemplos por trás daquelas grades apenas lhe fortaleceram os ideais de justiça e valorização da liberdade. Fui-me embora, trazendo nos meus olhos o brilho de esperança que captei nos olhos de meu amigo. Senti uma sensação de que eu estava preso aos meus conceitos, ao meu mundo restrito, às minhas grades, das quais não me desvencilhei por medo, preconceito, indiferença. Grades que me aprisionam aqui fora e que, felizmente, não carecem de um tribunal para me libertar, a não ser eu mesmo. Por outro lado, lá deixei um amigo livre, porque valorizando o conceito de liberdade, mas ela prescinde de um julgamento. Lá deixei um amigo desnudo de preconceitos e sabendo sorver o travor do erro. Lá, deixei um ser humano sem grades, solto, com olhos perscrutadores, visando a uma felicidade maior.


Cícero Braz de Almeida

"Fui-me embora, trazendo nos meus olhos o brilho de esperança que captei nos olhos de meu amigo."


Retirei apenas essa frase para não ter que transcrever todo o texto. Apenas essa frase por exprimir um dos mais puros dos sentimentos e a mais pura reflexão e compreensão sobre a vida, liberdade e sobre ESPERANÇA. Foi a expressão mais doce e a sensação de liberdade mais forte que no momento pude sentir.Cada palavra e cada frase do texto são de uma beleza que comove e nos move a reflexões profundas. Pude está diante dos nossos fracassos, inseguranças, dos nossos encontros e desencontros, dos nossos conflitos e ansiedades, das nossas fragilidades... Braz, você hoje me deixou calada e pensativa por vários momentos.

Amigo... Fiquei emocionada!


Mara

21/01/2011
se eu fosse um
beija-flor

te beijaflorava
todinha...

UMA VALSA - Ulisses Germano e Socorro Moreira


 DIVINAL
(Ulisses Germano e Socorro Moreir)

Bogaris enfeitam a janela
Que dá para o jardim
Ai de mim!
Inebriado com o perfume
Que sai de ti!

Ah! o teu céu
Alegre canto
Desconcerta o coração
Canção encabulada
Como esta meu bem
Suspiros leves
Que balançam os bogaris

Nas cordas 
Do meu bandolim calado
Impulsos enlaçam
Asas do desejo
Bibiana,
Cale esse momento
Sem segredo ele fala
Amor é saga
Vive a par do sentimento
Que se espalha


Valsa dedicada ao casal Zé Flávio e Fabiana

"Pseudônimos, Heterônimos,Codinomes e Cia" ( 2 )


Eu posso começar esta história dizendo que me chamo Suzana Flag; e acrescentando: sou filha de canadense e francesa; os homens me acham bonita e se viram na rua, fatalmente, quando passo. Uns olham, apenas; outros me sopram galanteios horríveis, mas já estou acostumada, graças a Deus; há os que me seguem; e um espanhol, uma vez, de boina, disse, num gesto amplo de toureiro: "Bendita sea tua madre!". Lembrei-me de minha mãe que morreu me amaldiçoando e senti um arrepio, como se recebesse, nas faces, o hálito da morte. Bem, acho que meu tipo é miúdo, não demais, porém. E foi isso talvez que levou certo rapaz a me dizer, pensativo: "Se você cantasse, daria uma boa Mme. Butterfly".


Há mulheres, de certo, menores do que eu. Mas gosto de ser pequena, de dar aos homens uma impressão de extrema fragilidade e de me achar, eu mesma, eternamente mulher, eternamente menina. Às vezes, não sempre, tenho uma raiva de umas tantas coisas que existem em mim e que atraem os homens. E, nessas ocasiões, desejaria ser feia ou, pelo menos, desinteressante, como certas pequenas que impressionam um homem ou dois, e não todos. O que acontece comigo é justamente o seguinte: eu acho que impressiono, se não todos, pelo menos a maioria absoluta dos homens. Mesmo homens de outras regiões, quase de outro mundo, se agradam de mim. Inclusive aquele marinheiro norueguês, alvo e louro, que me olhou de uma maneira intensa, uma maneira que me tocou tanto quanto uma carícia material.


Tenho vinte e poucos anos e devo dizer, não sem uma certa ingenuidade, que vivi muito mais, que tive experiências, aventuras que mulheres feitas não têm. Para vocês compreenderem isso, precisavam me conhecer como eu sou fisicamente, isto é, ver os meus olhos, a minha boca, o modo de sorrir, as minhas mãos, todo o meu tipo de mulher. Se vocês me conhecessem assim – eu poderia dizer: "Esta é a história da minha vida, esta é a história de Suzana Flag"... Mas é preciso advertir: vou contar tudo, vou apresentar os fatos tais como aconteceram, sem uma fantasia que se atenue. Isso quer dizer que o meu romance será pobre de alegria; poderia se chamar sumariamente: "Romance triste de Suzana Flag".

Esta é a apresentação de "Minha vida", a autobiografia de "Suzana Flag", o mais famoso heterônimo de Nelson Rodrigues. http://www.portalliteral.com.br/artigos/eu-suzana-flag

Flag, Suzana Flag. Esse era o codinome usado por Nelson Rodrigues para assinar alguns folhetins publicados nos jornais de Assis Chateaubriand. Corria a década de 40, e a segunda peça do dramaturgo, "Vestido de
Noiva", revolucionava o teatro nacional nas mãos de Ziembinski.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/critica/ult569u468.shtml

"O Sol e a Cadeira"


Uma parede,

uma cadeira

e uma porta que serve de janela.


Não há lugar para mais nada.


O Sol pede passagem.


Lá num canto, a cadeira preocupada

observa a porta,

que se abre para deixar entrar o Sol.


E agora ? Terá ela de sair ?

( Corujinha Baiana - 21 de Outubro de 2009 )

Brincando com diferenças - Aloísio

Brincando com diferenças


Não entro num desafio
Só pra poder agradar
Eu nasci na beira rio
E você na beira mar

Eu venho do interior
Você vem da capital
Sou das festas juninas
Você ama o carnaval

As diferenças de estilo
Já vão se pronunciar
Você fala das baleias
E eu falo do jundiá

Eu só vivo para a noite
Você vive para o dia
Cumpro meu compromisso
Enquanto você o adia

Eu andei em carro de boi
E você ia na jangada
Andava devagarzinho
E você na disparada

Se eu digo que é caju
Você diz que é u’a manga
Se eu uso uma bermuda
Você já quer vir de tanga

Cada qual com sua crença
Tudo é questão de fé
Você com galho de arruda
E eu uso figa de guiné

Eu gosto da lua cheia
Você gosta da lua nova
Gosto muito de poesia
Você só vem com prosa

Se eu como caruru
Você come tacacá
Cada qual com seu estilo
Fique lá que eu fico cá

Não fique me provocando
E nem fazendo arrelia
Pois eu gosto de brincar
E fazer muita folia

Isso ficou mui parecido
Com um desafio de feira
Terminando esta estrofe
Acabou-se a brincadeira

Aloísio

APELO DA AFAC-ASSOCIAÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DO CRATO,

A AFAC-ASSOCIAÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DO CRATO, solidaria à situação das famílias cratenses que perderam seus pertences na ultima enchente, apela para a solidariedade dos cratenses residentes em Fortaleza, e pede a doação de lençóis, toalhas, roupas usadas, alimentos não perecíveis e/ou cestas básicas.

As doações poderão ser entregues nos endereços abaixo:

AUDITECE Associação dos Auditores Fiscais do Tesouro do Estado do Ceará
Rua Frei Mansueto Nº 106 (entre a Av. Abolição e Av. Beira Mar)
Bairro Meireles
Fortaleza – CEARÁ

CASA DO LEÃO – Lyons Clube de Fortaleza
Rua João Cordeiro 2181 (entre as ruas Padre Valdevino e Av. Antônio Sales)
Bairro Aldeota
Fortaleza – CEARÁ

As doações serão enviadas, APÓS A SEMANA SANTA, para o CORPO DE BOMBEIROS EM CRATO-CE para distribuição entre famílias cadastradas pela Defesa Civil do Município.

CONTATOS DA AFAC:

Wilton Soares: (85) 9613-3936
Graça Barreto: (85) 9959-5242
Amarillo Santana: (85) 9621-6702
Luis Santos: (85) 9621-7016
Pedro Jorge: (85) 8785-6582
Cicera Policarpo: (85) 3246.3662


A AFAC AGRADECE A AJUDA DE TODOS

REPASSE ESSA INFORMAÇÃO PARA OS SEUS AMIGOS

SIDERAL - por Stela Siebra

ASCENDENTE TOURO:
Oriente-se com objetividade


Quando você, que tem Ascendente Touro, sentir-se apático, saiba que tal desmotivação se deve ao fato de você não estar acionando a tônica desse signo que se erguia no horizonte no momento do seu nascimento.

A sinalização taurina lhe conduz a orientar-se buscando ser objetivo, persistente e tenaz. Nada melhor, para quem gosta de resultados concretos e práticos, do que a objetividade em tudo aquilo que está para produzir. Esse é um dos caminhos que lhe garantem segurança e estabilidade. Por isso, preste atenção na forma como vai se colocando nas situações. Nada de pressa. Planeje com cuidado e trabalhe de modo sistemático. Vá devagar, mas cuidado com a indolência. E esteja aberto para as necessárias mudanças de tática, de percurso ou de hábitos: é preciso aprender quando segurar uma coisa, mas é sábio encontrar a hora de soltá-la.

A tendência à estética e a motivação pelo prazer e conforto, levam-no a abordar a vida de forma muito física e sensual. Essa sensibilidade terrena acarreta forte necessidade de segurança, estabilidade material e, também, afetiva.

É ainda essa sensorialidade que torna as pessoas com Ascendente Touro tão propensas ao desejo do contato físico e a se relacionarem de forma amável e afetiva.

Se você não está desenvolvendo as qualidades inerentes ao Ascendente Touro - ser objetivo, tenaz, prático, produtivo, sensível e afetivo, apreciar o belo, o conforto e os prazeres físicos, pode sentir-se desalentado e frustrado. É hora de guiar-se pela sinalização taurina: oriente-se objetivamente buscando seu conforto e prazer. Porém, esteja atento porque o apego ao que é terreno e, portanto, material, pode levá-lo ao desejo constante de ter e ter sempre mais. Isso leva ao acúmulo e, conseqüentemente, à acomodação. Você vai se apegar ao que possui.

Aí é chegado o momento de aprender com os outros. Através dos relacionamentos você vai aprender a enxergar que existe algo além da sua realidade cotidiana. "Perder faz parte do jogo". As perdas sempre levam a uma transformação interior. Por isso não tema perder, não tema as mudanças. Certamente, elas trarão novas perspectivas para sua vida. E você poderá vivenciar, do seu jeito calmo, paciente, porém firme e objetivo, novas experiências enriquecedoras.
Stela Siebra - Astróloga

ARTE DE AMAR


ARTE DE AMAR

Você se encostou num barranco.
Eu me encostei em você.
Fiz cócegas no seu sovaco,
você se riu todinha.
“Você está com a bunda suja
de terra”, eu falei e você se riu.
Eu me encostei mais em você.
Você estava fria como uma lagartixa.
Fechei os olhos e você ficou verde,
abri os olhos e você era vermelha
como o fogo, me queimava.
“Qual a cor do amor?”, eu perguntei
e você nem respondeu, vermelha só.
Passarinhada bateu asas, voou.
Você nuinha na terra vermelha.
Só nós dois sozinhos no mundo,
aprendendo as lições de amar.
O mundo é mais que um barranco,
quando se aprende a arte de amar.
 

            "Poemas de amor", 1999.



ADELINO MOREIRA A VOLTA DO BOÊMIO- Por Norma Hauer




"Boemia, aqui me tens de regresso


E suplicante te peço a minha nova inscrição.


Voltei pra rever os amigos que um dia


Eu deixei a chorar de alegria;


Me acompanha o meu violão..."



Foi no dia 28 de março de 1918 que nasceu , em Portugal, Adelino Moreira de Castro ou simplesmente ADELINO MOREIRA, compositor que se entrosou bem com nossa música, sendo autor de vários sucessos, principalmente na voz de Nelson Gonçalves.


Com apenas 1 ano, veio com sua família para o Brasil, indo residir no bairro de Campo Grande, aqui no Rio, onde viveu toda sua vida.


Em 1948, voltou a Portugal, onde gravou músicas brasileiras.


Regrtesssou ao Brasil no início dos anos 50, período em que passou a compor mais canções.


Como já dissemos acima, grande parte de sua obra foi gravada por Nelson Gonçalves, para quem compunha desde 1952, .


"Última Seresta" foi sua primeira canção gravada. E a mais famosa, “A Volta do Boêmio”, é uma resposta àquela.


Nem só de Nelson Gonçalves viveu ADELINO MOREIRA,


Foi ele quem “descobriu” a cantora Núbia Lafayete, em 1959, a quem deu dois sambas:”Devolvi” e “Solidão”.


“Devolvi” foi o maior sucesso da cantora


Outro cantor foi lançado por Adelino Moreira: Carlos Nobre, em 1964. Este teve, em “Negue” seu primeiro grande sucesso, embora não fosse o primeiro a gravá-lo. Quem o fez foi Carlos Augusto.


Nessa época havia rompido com Nelson Gonçalves e quem lucrou foi Carlos Nobre.


Somente em 1975 voltou a gravar com Nelson Gonçalves.


Em 1971, Teixeirinha (outro aniversariante de março) grava em seu LP: "Num Fora de Série" a música: "A Volta do Boêmio".


Em 1972, Teixeirinha grava a música: "Perdoar é Divino"; sendo esta canção da trilha sonora de dois filmes estrelados pelo cantor: "Ela Tornou-se Freira" e "Teixeirinha a 7 Provas".


Suas músicas mais regravadas são "Negue" (composta em dupla com Enzo de Almeida) e “A Volta do Boêmio”.


No dia 9 de maio de 2002, encontrava-se em sua casa, como sempre em Campo Grande, quando um infarto fulminante o levou aos 84 anos.

Norma



JOÃO DE BARRO - O BRAGUINHA- Por Norma Hauer


Foi no dia 29 de março de 1907, que nasceu, aqui no Rio de Janeiro, Carlos Aberto Braga, que ficou conhecido como Braguinha ou João de Barro.
E por que João de Barro?
Eles eram 5: Carlos Braga, Henrique Foréis, Noel Rosa, Henrique Brito e Alvinho. Criaram o "Bando dos Tangarás" lembrando um pássaro cantador.

Cada qual se "incorporou" em um pássaro e começaram a cantar, apresentando-se nas emissoras de rádio então existentes, em pequenas reuniões e em qualquer lugar onde pudessem se apresentar como um grupo de "cantadores".

Com a morte de Henrique Brito e a saída de Alvinho, o grupo se desfez e cada qual seguiu seu caminho, dentro da esfera musical da época (fim dos anos 20).

Henrique Foréis passou a ser conhecido como Almirante, Noel Rosa era o Noel que todos conhecemos e Carlos Braga, que adotara o pseudônimo de João de Barro, foi o único que manteve o nome do pássaro. E assim passou a assinar as inúmeras composições que foi criando. E como criou! Um de seus primeiros sucessos foi gravado por Mário Reis: "Moreninha da Praia":


Moreninha querida

da beira da praia

que mora na areia todo o verão...

que anda sem meia, em plena avenida,

varia como as ondas o seu coração".


Andar sem meia era um ato corajoso.


Os anos foram passando e ele sempre produzindo com o nome de João de Barro.

Vieram a "Chiquita Bacana" que se vestia "com uma casca de banana nanica", as "Touradas em Madri"; ele cantou as "Noites de Junho":


"Noite fria,

Taõ de junho,

Os balões para o céu vão subindo... "

transformou parte da letra de "Linda Pequena", de sua pareceria com Noel Rosa e a transformou em um dos maiores sucessos de todos os tempos, com o nome de "As Pastorinhas", da mesma forma que, fazendo a letra de um velho choro que vinha dos anos 10, da autoria de Pixinguinha, marcou uma das músicas mais ouvidas em qualquer época: "Carinhoso".

Enfeitou o carnaval dizendo "Yes, nós temos banana"; cantou o "Balancê"; "A Saudade Mata a Gente"; os "Sonhos Azuis", navegou pelos "Mares da ;China"; acompanhou o vôo da “Linda Borboleta”; descobriu ser Copacabana a "princesinha do mar" e revelou ao estrangeiro "Onde o Céu Azul é Mais Azul".


Maracanã - 1950-Copa do Mundo. Jogo: Brasil x Espanha – vitória do Brasil! Todo o povo canta "eu fui às touradas em Madri,/ parara tim-bum...e quase não volto mais aquiii...". Braguinha, o nosso João de Barro, emocionado, começa a chorar. Nessa emoção, ouve alguém dizer: "o que este espanhol está fazendo aqui?" Era o autor chorando por sentir como sua música alegrou uma multidão feliz.


Carnaval de 1984 – desfile da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, sambódromo lotado e Braguinha desfilando, sendo homenageado com o enredo vitorioso "Yes, nós Temos Braguinha".


Por muito pouco Braguinha não foi centenário. Faleceu na véspera do Natal ( 23 de dezembro) de 2006.

Se vivesse mais três meses, em 29 de março de 2007 completaria cem anos.


Norma

MIGUEL GUSTAVO P'RA FRENTE, BRASIL !- Por Norma Hauer



Ele nasceu em 24 de março de 1922 e recebeu um nome longo: Miguel
Gustavo Werneck de Souza Martins, mas teve uma vida curta, não
chegando a completar 50 anos. Ficou conhecido como MIGUEL
GUSTAVO.
E como Miguel Gustavo ele foi o responsável por vários “jingles” que
circularam pelo rádio e pela televisão.
Mas destacou-se com aquele que foi considerado o hino da Copa do
Mundo, quando o Brasil foi tri-campeão em 1970. Aliás, 1970 só foi ano de
júbilo para o futebol.

“90 milhões em ação,
P’ra frente Brasil
Do meu coração.
Todos juntos, vamos,
P’ra frente Brasil,
Salve a Seleção.

De repente
É aquela corrente p’ra frente,
Parece que todo o Brasil deu a mão.
Todos juntos, juntos...
Salve a Seleção”

Como radialista, Miguel Gustavo iniciou sua carreira aos 19 anos, na
Rádio Vera Cruz, como discotecário, e depois apresentando o programa
“As mais belas frases”

Em 1947, iniciou-se como compositor, ao lado de Ataulfo Alves, com o
samba “O Que é que eu vou dizer em casa?”, uma alusão aos foliões
carnavalescos que praticavam algum delito, sem grande importância
durante o carnaval, eram presos e liberados ao meio-dia de quarta-feira de
cinzas.

Seu primeiro sucesso, porém, foi um samba gravado por Jorge Veiga,
ironizando os colunistas sociais em grande voga nos anos 50.
Seu nome :“Café Soçaite”:

Doutor de anedota e de chapanhota
Estou acontecendo no Café Soçaite
Só digo enchanté, muito merci, all right
Troquei a luz do dia pela luz da Light
Agora estou somente contra a dama de preto
Nos dez mais elegantes, eu estou também
Adoro "aniverside", só pesco em Cabo Frio
Decididamente eu sou gente bem
Enquanto a plebe rude na cidade dorme
Eu ando com Jacinto, que é também de Thormes
Terezas e Dolores, falam bem de mim
Eu sou até citado na coluna do Ibrahim
E quando alguém pergunta "como é que pode?"
Papai de Black-tie, jantando com Didu
Eu peço outro Whisky
Embora esteja pronto
Como é que pode?
Depois eu conto...

Na onda do sucesso de "Café Soçaite", compôs, ainda para Jorge Veiga
gravar, os sambas “Boite Tralalá” e “O Que é o Café Soçaite”, que tiveram
menos êxito que o primeiro.

Em 1958 Elizeth Cardoso gravou o samba “E Daí, e Daí?” e nesse mesmo
ano Carequinha fez todo o povo cantar:

“Ela é fã da Emilinha,
Não sai do César de Alencar
Grita o nome do Caubi
E depois de desmaiar
Pega a Revista do Rádio
E começa a se abanar...”

Era uma alusão às chamadas “macacas de auditório” que esqueciam tudo
para tomar parte nos programas populares da Rádio Nacional.

Outra grande produção de Miguel Gustavo que “pegou” na época do Dia
do Papai foi “È Sempre o Papai”, gravado por Zezé Gonzaga, que se tornou
uma espécie de hino daquela data.

O cantor Moreira da Silva, que fez grande sucesso nos anos 30 e 40, estava
meio afastado dos estúdios. No início dos anos 60, Miguel Gustavo
”transformou-o” em uma espécie de artista do faroeste americano dando-lhe
para gravar os sambas de breque “O Último dos Moicanos”; “O Rei do
Gatilho”; “O Sequestro de Ringo” e, ainda como “gozação”, “O Rei do
Cangaço”, "O Canto do Pintor” e “Morengueira contra 007”.
Seus “jingles” famosos ele começou a compor em meados dos anos 50,
iniciando com um para as “Casas da Banha”:
“Vou Dançar o Chá-Chá=Chá,
Casas da Banha...”
Depois vieram para o Leite Glória, para o Toddy, para a Varig, para a
abertura do programa do Chacrinha, para vários outros produtos , assim
como para campanhas políticas, de Sarney (desde deputado) Juscelino e
Jango
“É Jango, é Jango
É o Jango Goulart”.
Miguel Gustavo foi casado com a também radialista Sagramour de
Scuvero, que mantinha um programa radiofônico com o nome de “O
Mundo Não Vale seu Lar”.
Sagramour e Lígia Lessa Bastos, foram as primeiras mulheres eleitas
vereadoras no Rio de Janeiro, quiçá no Brasil.
Pouco antes de falecer, Miguel Gustavo gravou um LP só com músicas
natalinas suas e de outros compositores.
Sem mesmo completar 50 anos, Miguel Gustavo faleceu em 22 de janeiro
de 1982.
Norma

Palavra de aposentada- socorro moreira


Penso muito , no daqui pra frente, embora continue vivendo poeticamente o presente : apaixonada pela vida e pelas pessoas !

Quando eu era muito jovem, diziam-me que meu espírito era antigo, e eu sentia-me orgulhosa !

Isso significava maturidade, sabedoria.

Alguns me achavam louca , e eu sabia que desse atributo, gozavam as pessoas felizes !

Agora não quero que me digam que o meu espírito é jovem ...Não gosto que me digam, que estou no formol... Isso não é verdade !

Preocupam-me as aposentadorias miseráveis ,injustas, sistema de saúde público deficitário, , inexistência de clínicas especializadas, onde os de sem posse possam terminar seu tempo de vida com cuidados, respeito e carinho.

Não seria de nossa responsabilidade votar diferente, exigir, ficar atentos ?

Afinal estamos cuidando da nossa futura velhice.

Sonho e rezo pela extinção do fator previdenciário!

A cada ano , perco quase um salário, na minha aposentadoria. Em poucos anos ele se restringirá a um salário mínimo! E eu paguei um percentual , em cima de mais de 20 salários mínimos, no meu tempo de trabalhadora ativa.

Não me aflijo com as marcas do tempo. Não penso em plásticas rejuvenecedoras, nem me aterroriza o espelho. Não gasto com cosméticos, e clínicas de estética...Só quero ter uma cabeça leve !

No âmbito municipal, ontem recebi agente de saúde, na minha casa, para preencher formulários de encaminhamento para o uso do cartão SUS. É impressionante como os altos custos dos planos privados, não sejam suficientes para cobrir despesas com problemas pré-existentes( diabetes, por exemplo). Aí, fico pensando: não seria o SUS o melhor plano de saúde?

Hoje estive no Posto Médico, que trata problemas de hipertensão e Diabetes. Atendimento e acompanhamento com total excelência.

Estar atento é também reconhecer os benefícios, e torcer pela constante melhoria da nossa qualidade de vida.

HE IS MY BROTHER - The Hollies - Colaboração de Geraldo Ananias






Vocês ou alguns de vocês devem lembrar-se desta linda música.

- Quantas vezes eu e também vocês, provavelmente, já ouvimos essa bela canção. Mas, como eu, vocês também, suponho, desconhecia a circunstância que a inspirou... Aí está...

Leia o texto abaixo antes de ver o vídeo e a letra da música, que é linda!

É sobre uma entidade "Missão dos Órfãos", em Washington, DC. Foi lá que ficou eternizada a música "He ain't heavy, he is my brother" dos "The Hollies". (vocês podem não estar lembrando-se da música, mas depois de ouvi-la, se lembrarão!).

A história conta que certa noite, em uma forte nevasca, na sede da entidade, um homem plantonista ouviu alguém bater na porta. Ao abri-la ele se deparou com um menino coberto de neve, com poucas roupas, trazendo em suas costas, um outro menino mais novo.
A fome estampada no rosto, o frio e a miséria dos dois comoveram o homem, que mandou-os entrar e exclamou :
- Ele deve ser muito pesado.
Ao que o que carregava disse:
- Ele não pesa, ele é meu irmão. (He ain't heavy, he is my brother)
Não eram irmãos de sangue realmente. Eram irmãos da rua.

O autor da música soube do caso e se inspirou para compô-la.
E da frase fez-se o refrão. Esses dois meninos foram adotados pela instituição.

É algo inspirador nestes dias de falta de solidariedade, violência e egoísmo.
Agora veja e ouça o anexo.

Bonita mensagem da música.
Que bom seria se as pessoas se tratassem como verdadeiros irmãos.
Teríamos um mundo melhor e sem tantos egoísmos.

Celine Marie Claudette Dion


30 March 1968, Charlemagne, Quebec, Canada


Eric Clapton- 30 de março de 1945



Thiago de Mello



Amadeu Thiago de Mello (Barreirinha, 30 de março de 1926) é um poeta brasileiro.



Ninguém me habita


Ninguém me habita. A não ser
o milagre da matéria
que me faz capaz de amor,
e o mistério da memória
que urde o tempo em meus neurônios,
para que eu, vivendo agora,
possa me rever no outrora.
Ninguém me habita. Sozinho
resvalo pelos declives
onde me esperam, me chamam
(meu ser me diz se as atendo)
feiúras que me fascinam,
belezas que me endoidecem.



Paul Verlaine



Paul Marie Verlaine (30 de Março de 1844 – 8 de Janeiro de 1896) é considerado um dos maiores e mais populares poetas franceses.


Se esses ontens fossem devorar os nossos belos amanhãs?
Paul Verlaine

A vida humilde, cheia de trabalhos fáceis e aborrecidos, é uma obra de eleição que exige muito amor.
Paul Verlaine

A esperança reluz como uma haste de palha num estábulo.
Paul Verlaine


Não há nada melhor para uma alma do que tornar menos triste outra alma.
Paul Verlaine

Música antes de mais nada.
Paul Verlaine

Agora, livro meu, vai, vai para onde o acaso te leve.
Paul Verlaine

terça-feira, 29 de março de 2011

O som do amor- socorro moreira


Descobri que quando sinto não falo
Fico com um riso abismado
Quando o caso é de felicidade.

Descobri que quando sinto, me calo.
Falo com os olhos,
e deixo o coração tremer uma canção.

Descobri que o amor não tem falas
A linguagem é deslumbrada
Ilumina céus que se apagam

Mas quando o amor se esconde...
Valha-me noite,
com todas as tuas estrelas!
- Quero avistar a vida, que faz festa...
Lá em riba.