por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 13 de maio de 2012

Vital Farias - José do Vale Pinheiro Feitosa

A instituição do casamento antes como agora é bastante sofrível. Não as mulheres e os homens, mas este arranjo social e econômico. Este Caso Você Case do Vital Farias é o centro desta fraqueza. Existe uma versão da música com a Marília Barbosa. Lembram da Marília que sumiu, ninguém sabe ninguém viu? 


Vital Farias

Sem querer me repetir, mas não fazendo uma batalha contra: tem dias que a gente tem saudade da gente mesmo. De como era, como sentia, como dizia, como queria o futuro. Quando ouvia Vital Farias. Este Paraibano de uma geração que era como eu queria o futuro. Sem as malas da velha viagem, sem as estradas do mesmo destino. Vital Farias: seus sons, as sílabas debulhando a velha e repetitiva espiga do pensamento conservador da elite nordestina.

Aqueles sons que não se repetirão jamais. Não espere mais filmes de cowboys como aqueles feitos até o final dos anos 50. Depois daí a memória dos roteiristas, diretores e editores já estavam muito distantes da vida rural para poder traduzir algo que lembrasse o que era esta vida. Os dramas são ambientados no mudo do pistoleiro, mas a narrativa e os personagens são falsos, assim como este forró eletrônico tão longe da força de Luiz Gonzaga, Zé Dantas e Humberto Teixeira.

O som de Vital Farias, assim como Zé Ramalho, Belchior, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, entre tantos da safra nordestina dos anos 70 não se repetirão mais. As novas gerações estão muito depois do que estes compositores viveram na sua infância. Como Vital Farias, filho de uma família de 14 irmãos, nascido numa fazenda em Taperoá, a mesma do grande Ariano Suassuna.

E Vital Farias com seus experimentos de sonoridade na poesia, não se deitou em leito meramente poético. A vida era tudo. A vida nordestina, infame, infante, insana. A vida de morte e pobreza. A pobreza da terra, da era, da mera clara em neve da cozinha patriarcal. Onde a voz tonitruante ecoava até o cascão da cabeça descabelada de tanta fome. Sem vitamina, proteína e uma mina onde pudesse matar a sede. A sede da miséria parecia ser ali, mas ficava acolá. Saía pelos portos e não retornava mais.

Vital Farias não gravou mais. Adiantava? Nada adiantava apenas as cifras da gravadora a inventar o momento. Afinal o momento não era o dele. Até que um dia ele disputou, por um pequeno partido de esquerda, as eleições para senador na sua Paraíba: contra Ney Suassuna e Cícero Lucena. Ney, casado com uma herdeira de uma cadeia de colégios de ricos aqui no Rio de Janeiro foi eleito. Vital surpreendeu em votação, mas o esgoto carreou um mandato despejando vontades privadas. O mandato era da Paraíba, mas o personagem morava no Rio de Janeiro e vivia em Brasília de trocas de favores, um emprego aqui, outro ali, uma cota para cá, outra nota para lá, sem fá, sem sol, apenas dó.

Esta canção é belíssima. Um som que não se compõe mais. Esta Veja (Margarida) tem excelente versões.  Vital Farias fez coisas magistrais entre as quais aconselho ouvir Saga da Amazônia. 






O Prefeito do Crato faz toda a Diferença para a Região - José do Vale Pinheiro Feitosa


Qual a importância do Prefeito do Crato? Ser maior do que o passado e igual ao presente para afrontar o futuro que os povos do litoral impuseram à região. Quando falo em maior do que o passado não é bem o que logo nos vem à mente: não falo em abandonar o passado, é justamente o contrário, é não desistir do núcleo político, cultural e social que formou a região e entender que as famílias tradicionais que estiveram na origem do desenvolvimento territorial,  hoje perderam a identidade para ser isso.

Quando falo em ser igual ao presente é para dizer que esse núcleo precisa retomar sua jornada e sua liderança, construindo o desenvolvimento sustentável do ponto de vista ambiental e social e dando vigor à região. Afrontar o futuro é ter o próprio eixo de desenvolvimento independente da burocracia do Estado que só pensa em atrair turismo e galpões industriais para montar produtos que tanto poderiam ser produzidos aqui como em qualquer parte do mundo.

Fora o mito político em que se transformou, poucos se dão conta do que foi Miguel Arraes para Pernambuco. Ele simplesmente recolocou Pernambuco na referência nacional e ao criar um caráter de resistência ao velho modelo de desenvolvimento para meia dúzia, se tornou o principal líder nordestino a apontar a sociedade de massa em que o Brasil se transformaria.

Por isso o prefeito do Crato tem tanta importância para o Cariri e toda a bacia sedimentar do Araripe, incluindo parte importante de Pernambuco, Piauí e do Ceará, como os Inhamuns. E qual a importância deste prefeito e não de qualquer outra cidade?

Em primeiro lugar por derrotar a própria resistência do Crato ao viver uma eterna política oligárquica. Núcleos familiares que apenas se renovam para se aproveitarem da evolução malsã da política nacional: o compadrio, o fisiologismo, a compra do voto, lideranças forjadas para serem bajuladores da oligarquia e servir a ela ao invés do grande conjunto da sociedade sem representação real nos poderes políticos da cidade.

Em segundo lugar olhar além dos arranjos administrativos e dos “por-baixo-do-pano” da maioria na câmara e o empreguismo sem norte. Olhar além significa ser parte da política ambiental e se meter nos órgãos federais e estaduais até para lhes dar força. Se tornar irmão siamês das Universidades e Escolas Isoladas para juntos pensarem a região e seus problemas.

Ser o verdadeiro porta voz das massas dos bairros populares para lhes dar um padrão de qualidade negociado em políticas de educação, saúde, segurança, saneamento ambiental, vias públicas e áreas de lazer e cultura. Criar políticas que sejam verdadeiras revoluções no mundo moderno: universalização digital, centros de conteúdo para reflexão pública, observatórios para acompanhar as modificações no comportamento democrático, nas transformações ambientais, em fatores de risco para as políticas públicas, detectar populações em situação de risco.

Ter o ser humano como o centro e o palco da construção das políticas públicas, significando o reforço da manifestação pública e dos agentes sociais e subordinando a tecnocracia e a burocracia a ser um meio sem qualquer poder a não ser servir ao povo. As grandes questões econômicas, como a atração de empresas com seus capitais, o exercício de como hoje estas empresas operam na região, devem se subordinar ao bem comum e a um modelo de ser próprio da região mediante suas vulnerabilidades e potencialidades. A questão do pequeno produtor, da pequena e média empresa deve se colocar no centro do desenvolvimento da renda regional e da geração de emprego.  

O prefeito do Crato tem um papel central, só os eleitores da cidade é que não conseguiram se libertar, até agora, do padrão secular de uma política doméstica que não avança além do terreiro enquanto suspira no fundo do quintal. Volto à referência de liderança: Miguel Arraes soube entender Pernambuco porque foi além da inerte e decadente oligarquia da zona canavieira.

E por falar nisso quem são os candidatos a prefeito da cidade? Alguém tem porte para revolucionar a cidade e se tornar um líder regional?    
     

Cantar
Beto Guedes

Se numa noite eu viesse ao clarão do luar
Cantando e aos compassos de uma canção
Te acordar
Talvez com saudade cantasses também
Relembrando aventuras passadas
Ou um passado feliz com alguém

Cantar quase sempre nos faz recordar
Sem querer
Um beijo, um sorriso, ou uma outra ventura qualquer
Cantando aos acordes do meu violão
É que mando depressa ir-se embora saudade que mora no meu coração

Aparecida Silvino


Intérprete, compositora e regente, Aparecida Silvino tem sido presença constante no cenário musical de Fortaleza há vários anos. Ela começou sua carreira artística até mesmo antes de saber ler, quando aos 5 anos de idade tomou aulas de canto. Depois de receber aulas de Hans Joachin Koellreutter, ela foi aos Estados Unidos, onde aperfeiçoou mais ainda sua voz. Ao retornar a Fortaleza, ela decidiu seguir a carreira musical. Lá ela se envolveu com diversos grupos musicais e corais locais ao mesmo tempo em que fazia a carreira solo. Seu primeiro álbum saiu em 1992, mas foi apenas em 2001 que ela lançou seu primeiro CD, Presente. Trata-se de um trabalho com carinho desde o cuidadoso repertório e arranjos e ainda incluindo diversos membros de sua família em participações especiais neste bom lançamento.

Presente traz músicas de Chico Buarque, Ronaldo Bastos, Lô Borges, Fagner, Dominguinhos, Milton Nascimento, Fausto Nilo, Davi Duarte e outros talentos. Aparecida foi a responsável pelo conceito geral deste trabalho e deu a direção musical ao arranjador e guitarrista Mimi Rocha. Além dele, o resto do grupo que apóia os requintados vocais de Aparecida incluem membros da Marimbanda (Luizinho Duarte e Heriberto Porto) e ainda o extraordinário violão de Manassés e a mágica do acordeon de Valdonis. Como esperado, com este time de craques e o meticuloso talento de Aparecida, o trabalho só poderia ser de grande qualidade. A oportunidade que tive de vê-la em show ao vivo quando do lançamento deste disco foi uma experiência maravilhosa. A presença dela no palco é encantadora.

A faixa que abre o disco, "Papo Novo", foi escrita por Aparecida e seu irmão. Trata-se de um blues onde a guitarra do arranjador Mimi Rocha se destaca. A canção sutilmente fala da busca de coisas novas, de novos valores e novas criações. Com base nisso, Aparecida canta o que quer e se mostra competente em qualquer estilo. Sua voz cristalina e afinadíssima é sempre precisa. A faixa que dá nome ao CD foi escrita por Davi Duarte. Trata-se de um reggae onde o amor e a sensualidade estão presentes em grande força. A canção é contagiante. Outras interpretações marcantes aparecem com "Desenlace", "Modinha" e "Contrato de Separação". Estas três baladas dão a Aparecida a oportunidade de ir bem ao fundo da sua alma e apresentar os melhores momentos deste trabalho. Especialmente em "Contrato de Separação", onde Aparecida tem simplesmente o acordeon melancólico de Valdonis ao fundo, a combinação da voz e instrumento é celestial. Esta interpretação é comovente e fará qualquer ouvinte sentir emoções vibrantes. A letra fala da saudade e dor que um coração sente ao fim de um relacionamento, onde a separação é a única saída.

Aparecida mostra competência na escolha do repertório e domínio absoluta nas suas interpretações. Ela é uma artista para ser descoberta por todos. Para ler mais sobre ela, visite seu blog. Também se quiser, pode baixar todo o CD pela internet, incluindo capa e letras. Basta visitar este site. Você merece este Presente que Aparecida criou.
MB
Egídio Leitão
Agosto 2004

Ontem, no Teatro Municipal do Crato, aconteceu Aparecida Silvino.
Bela voz!
Canções autorais, incluindo outras de grandes compositores, como "cantar" de Godofredo Guedes.
Aplaudimos!  





Dia das mães sem Mãe...
Ano passado eu comprei seu presente com esperanças de que não fosse pela última vez.
Hoje ela é lembrança e saudade.
13 de maio de 2012... Dia de todas as mulheres, em todos os planos!