por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 6 de abril de 2012

FOTO ANTIGA


Nas primeiras décadas do século XX um fotógrafo de Fortaleza percorria o interior cearense tirando fotos das famílias mais abastadas.  Fotografar hoje em dia é comum, a tecnologia  permitiu não só baratear os equipamentos como simplificar o processo.   Naquele tempo era diferente.  As máquinas eram grandes, pesadas, de curto alcance e  baixa velocidade. Qualquer movimento na hora do clique prejudicava a gravação da imagem.  As fotos a que me refiro exigia grande operação logística. Começava com um “vendedor” visitando as famílias munido de “mostruário” e convencendo cada patriarca contratar o serviço que, diga-se de passagem, não era barato.  Contrato ajustado, semanas depois chegava a equipe formada por, no mínimo, três pessoas:  o fotógrafo, o assistente e o auxiliar. A preparação durava dias. Mandavam fazer roupas novas, a casa era pintada, sala retocada, móveis eram envernizados, etc . Organizava-se tudo e ficavam todos de prontidão aguardando a melhor posição do sol por conta da luminosidade. A sessão de fotos durava horas. Era repetida muitas vezes para escolha de chapa sem defeito. Havia um costume curioso. Quando um filho da família estava ausente era substituído por um sobrinho. Nesta foto, o garoto da direita ocupa o lugar do primo.

Deste grupo fotografado não há sobreviventes, mas filhos, numerosos netos e bisnetos moram no Crato.  Registrando que a foto é de 1915 ou 1916, fica o desafio: quem identifica o grupo?
Agradecimento a prima Glória Pinheiro Ordonez, que me enviou a foto.

Pachelly na abertura do Azul Sonhado - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ao abrir hoje o "No Azul Sonhado" tomei-me de surpresa. Onde estaria a obra de Pachelly Jamacaru um dos grandes fotógrafos do país e que abria o blog?. Sem exagero. E sem provincianismos. Pachelly em sua mansidão e até mesmo uma timidez enganosa é o verdadeiro espírito do título subterrâneo do blog: Catador de Versos. Pachelly tem um diálogo com o mundo de seu viver que nasce antes do clic e nele é fiel.

Mas qual seria a minha a dúvida? O Pachelly é destas pessoas que conhecemos muito. E apenas estive com ele uma breve noitada de festas quando tudo é dispersivo em fase de tantos, do álcool e da música. Mas Pachelly é sintético: neste segundo como em todos séculos. E nisso discutimos a questão da manipulação da foto pós clic: ou seja o fotoshop ou equivalente.

Por isso não reconheci este pastel ou seja este gauche em que se fundem figuras femininas. Estaria o Pachelly em outras práticas pós- clic? E isso importa? O resultado é leve, belo e tudo.

Consumismo - Por José de Arimatéa dos Santos

José de Arimatéa dos Santos
Estava a lembrar da semana santa quando criança e me lembro que falavam para mim que é um período de recolhimento e meditação. Não havia essa febre consumista que só falam em ovos de páscoa e festas. A festa ficava para o domingo de páscoa e não tinha essa de ovos ou coisas afins.
Nos dias atuais no capitalismo tudo vira consumismo e logo no início do ano já tem as propagandas para o carnaval e depois do carnaval tome anúncio de vendas para a páscoa. A semana santa e a páscoa viram somente datas para consumir, viajar e o que se vê nos noticiários televisivos são os números de automóveis que vão para a praia ou campo. E haja acidentes, infelizmente. Lamentável. A mesma correria dos outros dias só aumenta nessas datas com feriados.
Como disse no início faz-se necessário o meditar e procurar fazer as boas ações que elevam a alma e traz o bem estar para qualquer ser humano. E é importante a reflexão nesse dia tão especial para que o amanhã seja totalmente diferente do que vemos atualmente nesse mundão.
Que o respeito e a caridade no sentido de lutar por uma sociedade de iguais seja possível e não somente um sonho que demora a chegar. Quando falo em ser caridoso é no sentido de aproveitar o potencial de cada pessoa e ela própria no coletivo possa através de seu suor trabalhar pelo bem comum.
E a paz seja a tônica em todos os momentos dessa vida tão transitória, mas que cada um de nós merecemos que seja de muita felicidade e amor.

TODA A SEMANA SANTA - JOSÉ DO VALE PINHEIRO FEITOSA

A Semana Santa é aquela que vai da glória popular de Jesus Cristo entrando em Belém até a conquista dos corações na ressurreição. Este dois extremos da semana, no entanto, é permeado por todo o drama das sociedades hierarquizadas onde alguns são melhores que outros.

No domingo de ramos Jesus arrebata as multidões. Se formos tomar uma referência atual ele estaria com alto índice de aprovação, com o IBOPE lá em cima. Conduzido sobre o principal meio de transporte de sua sociedade tribal e rural, ele é tratado como um Rei: está no topo de todos os homens de Israel.

Nos dias seguintes Jesus radicaliza seu discurso e sua ação ao máximo em toda a narrativa de sua vida. Afronta o poder de César reduzindo César a apenas ele mesmo. Desidratou o Imperador do seu próprio império: dê a César o que é de César. Ou seja, apenas a sua moeda cunhada com a própria esfinge.

Depois investe ferozmente contra os vendilhões do templo e o sinédrio que a rigor era o poder constituído do povo de Israel. Denuncia as principais lideranças judias nominalmente e em função de suas altas posições hierárquicas. Afronta o debate público, fazendo manifestações junto ao povo contra os poderes constituídos do império e de Israel naquela altura sabujos do poder maior.

A radicalização é consciente a ponto dele começar a preparar os discípulos para o pior que viria. As falas da última ceia, o encontro no monte das Oliveiras e a oração de Getsêmani são a tomada de consciência verbalizada aos discípulos de que a vingança do poder hierárquico estava por vir.

A reação do poder constituído de Israel é mais furiosa e contundente do que mesmo aquela do Império Romano. O poder de Israel estava afrontado em sua posição hierárquica com uma mensagem de igualdade e irmandade, mas o poder do Império Romano queria apenas extrair as vantagens de suas posições no Oriente Médio com o menor custo possível em revoltas populares. Afinal Jesus tinha sido aclamado pelo povo.

O papel do Sinédrio, sumos sacerdotes, classe dos fariseus, escribas e anciãos é a violência da luta política com suas farsas, traições e manipulação do sentimento popular. Nada diferente de toda sociedade de massa. E o que fazem é o que se repete continuamente na história contemporânea.

Destruir não apenas o homem Jesus, mas a sua mensagem que era o perigo maior. Então a ação política seria destruir o mensageiro junto com a mensagem. A primeira ação: levar um membro do núcleo central da organização - os apóstolos - a trair Jesus, pois assim a mensagem estaria também atacada. Eis o papel de Judas: ser o instrumento do esvaziamento da mensagem de Jesus.

Depois forjar todo tipo de prova, num falso tribunal e condená-lo à morte. Em seguida ganhar o coração do povo, através de manobras em praça que mobilizam as multidões reunidas, por exemplo, salvar Barrabás e condenar Jesus. Esta escolha era o sinal da conquista das multidões pela reação do poder da hierarquia.

Finalmente se precaverem de uma possível reviravolta no sentimento popular ao transferir o ato formal de condenação ao poder Romano. Que era o poder externo. Neste processo eles sustentaram a máquina de propaganda junto às multidões, infiltrando seus membros a insuflar o povo.

O ato do calvário e da crucificação são por demais explorados. Os modernos detentores do poder hierárquico e do ódio à igualdade e à irmandade transferiram a mensagem para depois do sofrimento, do calvário e da morte. Por isso substituíram a Semana Santa pela Paixão de Cristo. Onde as cenas de sofrimento, do eterno sofrimento do homem sobre a terra é o centro do ritual.

Mas não foi isso o que se disse. Cristo ressuscitou e apenas não ressuscitou em carne e osso com as mesmas intenções do Domingos de Ramos, qual seja conquistar as multidões nas ruas ou nas praças públicas. Ao contrário, a ressureição é a ressureição do coração de cada um, sacrificando todo o seu estilo de vida, todas as suas crenças, preconceitos e artimanhas da hierarquia numa grande destruição e ressuscitando com o coração pleno de irmandade e igualdade entre todos.

E quando os tontos da hierarquia de líderes e reis dão coices contra a idéia de que os homens sejam iguais, a mensagem lhe diz o essencial: somos diferentes em algumas qualidades e iguais perante Deus. Pois Deus não é o poder, mas o símbolo da igualdade. Deus não é humano e nem humanizado: não tem pecado, não tem lei, não se vinga e não persegue. Ele apenas é Deus porque paira acima dos homens a lhes dar a consciência de que suas instituições são arranjos passíveis de modificações e melhoria.

Então que a igualdade seja ressurreta e que os vendilhões do templo sejam expulsos. Que mais um aposentado grego não se imole em face dos bancos.

Como dizia aquele locutor de Barbalha anunciando o filme no Cine Neroli: se não for isso eu cegue.

Música linda!


ANTÓNIO BARBOSA TAVARES




As mãos e o silêncio

O silêncio não existe em vão. Reverbera num fio de luz a essência do mistério. O céu é uma abôbada soturna que alberga esta mágoa de me não ser permitido saber para além do sopro deste sentir.

Olho as mãos vazias e busco uma canção para afagar a dolência desta hora. Reinvento uma esperança esquiva, busco um afago, uma explicação para o sangue que me percorre, na flâmula de vida que me foi soprada, a caminho do barro desta imparável condição.

Que palavras se me oferecem dizer, neste colossal silêncio em que me sinto soçobrar. Um homem defronte da sua magistral solidão, desnudo, a sós perante o indecifrável mistério de ser. Por onde começar esta inquirição? Olhos as mãos, escuto o fremir do sangue que pulsa, agita, alimenta o futuro do sonho , perplexifica e atemoriza o outro em mim.

Tento saciar a sede de infinito que Alguém me reinventou. Uma rosa vermelha dentro de um vaso de vidro sobre a mesa, deveria bastar.

Que insondáveis mistérios habitam a sede de um alma que se deseja saber no além-tempo desta fugiente viagem?

O silêncio é avassalador. Aniquilante e grandioso .Revelador e atemorizante Esventra a alma e faz-me sentir menos que a insignificância. Agora compreendo porque terá Deus inventado o homem. Provávavelmente, para aplacar a Sua própria solidão. Só seremos perante e em função de alguém. Precisamos do outro para saber que somos, por isso a solidão é penível e ainda mais tormentosa quando resulta do desejo não apenas de inquirir o infinito , mas de o sondar, para além do espectáculo da própria vida.

Ninguém suporta o seu próprio vazio, só os outros poderão colmatar ineficientemente as nossas brechas, suprir por algum tempo a nossa solidão.

Do desejo e da vontade de amar e ser amado se alimentam os caudais da vida. O mundo conquanto se nos assemelhe cruel e descompadecido, deve a sua perpetuidade à inexaurível sede de amor.

Olho as mãos vazias, mãos que sabem colher frutos e acariciar um rosto amado, mãos que servem para suster os vendavais e dedilhar as delícias da vida , mãos pacificadas, mãos erguidas no silêncio e na inutilidade de desejar do mundo um oásis de fraternidade. Mãos que se deveriam erguer para as nuvens e colher numa clareira de luz o mistério da fruição da vida , sem outra pergunta que não seja contemplar esta ave que gorjeia e aquela outra que leva no bico o sentido paternal da vida e soube arquitectar num acolchoado de penas o amoroso resguardo de seus filhotes.

Mãos que sabem ser piedosas e deveriam servir perenemente a piedade. Mãos que deveriam germinar um gesto de gratidão, um naco de pão espiritual, e se recollhem resguardadas, no seu abominável egoismo.

Preencho o intervalo do silêncio, reinvento-me numa esperança. Não sei que força secreta impele a viver, para além do fruto azul esperançadao do amanhã, sabendo que cada dia futuro será fiel e fatalmente a cópia do dia precedido, no inexorável caminho da eternidade da qual nada enxergo para lá do absoluto silêncio.

Olho as mãos vazias. Nada sei do mistério que as talhou. Sei apenas que este mundo não basta para aplacar esta sede que ultrapassa a humana condição. Não posso saltitar sobre a minha própria sombra, sem diluir a alma num ignoto mar de trevas, nem a magnifica luz do sol me revela este mistério ensolarado. Que vontade, desejo, sonho ou destino, se oculta por detrás da aparência do mundo?

Acaso saberá alguém distrinçar esta sede de infinito? Olho este cordame de veias por onde flui o sangue de milhentas interrogações sem resposta plausivel. Mãos talhadas para algum propósito, talvez mãos que se não consumaram ainda nos gestos de amor para que foram traçadas e que, por essa razão, não almejaram ainda a perenidade do seu fim último.

Quem me diz que as mãos , acariciando uma guitarra, serão as mesmas que despoletaram uma granada? Executam o que o coração ordena e são instrumentos da alma e tanto dedilham uma sinfonia como mancham de sangue um inocente. As mãos deveriam viver apenas para semear e colher as sementes da fraternidade para que a vida na terra não ensombrasse de pesadelos o mistério da criação.


António Barbosa Tavares
Brampton, Março/2002

Desabafo- Colaboração de Ismênia Maia





São 6:30 da manhã...

O despertador canta de galo e eu não tenho forças nem para atirá-lo
contra a parede...

Estou tão cansada... não queria ter que trabalhar hoje...

Queria ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando, até....

Se tivesse filhos, gastaria a manhã brincando com eles, se tivesse< br />cachorro, passeando pelas redondezas...

Aquário? Olhando os peixinhos nadarem...

Se eu tivesse tempo... gostaria de fazer alongamento... Brigadeiro...

Tudo menos sair da cama e ter que engatar uma primeira e colocar o
cérebro pra funcionar.

Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a infeliz matriz das
feministas que teve a estúpida idéia de reivindicar direitos de
mulher... queria saber.

POR QUE ela fez isso conosco, que nascemos depois dela?

Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós... elas passavam o dia a
bordar, trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos
de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das
bibliotecas dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando
flores, colhendo legumes das hortas, educando as crianças, freqüentando
saraus, ENFIM, a vida era um grande curso de artesanato, medicina alter nativa e culinária.

Aí vem uma fulaninha qualquer que não gostava de sutiã nem tão pouco de
espartilho, e contamina várias outras rebeldes inconseqüentes com
idéias mirabolantes sobre "vamos conquistar o nosso espaço"!!!

Que espaço, minha filha???

Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, o mundo aos seus pés.

Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de você para
comer, vestir, pra tudo!!! Que raio de direitos requerer?

Agora eles estão aí, são homens todos confusos, que não sabem mais que
papéis desempenhar na sociedade, fugindo de nós como o diabo foge da
cruz...

Essa brincadeira de vocês acabou nos enchendo de deveres, isso sim. E
nos lançando no calabouço da solteirice aguda.

Antigamente, os casamentos duravam para sempre, tripla jornada era
coisa do Bernardinho do vôlei - e olhe lá, porque naquela época não exis tia
Bernardinho do vôlei.

POR QUE ???..me digam POR QUE um sexo que tinha tudo do bom e do
melhor, que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o macharedo?

Olha o tamanho do bíceps deles, e olha o tamanho do nosso. Tava na cara
que isso não ia dar certo!!!

Não agüento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova,
maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir, e que sapatos
combinar, que acessórios usar... tão cansada de ter que disfarçar meu
humor , que sair sempre correndo, ficar engarrafada, correr risco de
ser assaltada, de morrer atropelada, passar o dia ereta na frente do
computador, com o telefone no ouvido, resolvendo problemas que nem são meus!!!

E como se não bastasse, ser fiscalizada e cobrada (até por mim mesma)
de estar sempre em forma, sem estrias, depilada, sorridente, cheirosa,
com as unhas feitas, sem falar no currículo impe cável, recheado de
mestrados, doutorados, e especializações.

(ufffffffffffffffffff!!!!!!!). .

Viramos super mulheres e continuamos a ganhar menos do que eles... Não
era muito melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço?

CHEGAAAAAAA!!!... eu quero alguém que pague as minhas contas, abra a
porta para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores
com cartões cheios de poesia, faça serenatas na minha janela...ai meu
Deus, já são 7:30, tenho que levantar!...

E tem mais, quero alguém que chegue do trabalho, sente no meu sofá,
coloque os pés pra cima e diga "meu bem, me traz um cafezinho, por
favor?", descobri que nasci para servir.

Vocês pensam que eu to ironizando? To falando sério! Estou abdicando do
meu posto de mulher moderna.... Troco pelo de Amélia. Alguém se habilita?

(Autora: uma Executiva Puta da Vida)!!!!