por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 17 de maio de 2011



Evoquei todas as águas,

nas quais já me molhei.

Bendisse a vida.

Umedeci a pele,

folha seca da cegueira.

Agora posso fechar os olhos

Viver o que deixei passar.

Posso na vida

também adiantar o olhar.

Buscar-me, buscar-te

Entregar alma em mãos...

Confiar!

Socorro Moreira

Cega no invisível- socorro moreira




"Quem pensa muito não casa". Quem pensa muito vive cansado. Quem vive o dia, no caminho do sol, tem a esperteza dos mascotes.
Dias chuvosos, nos convidam a permanecer na cama. O apetite é voraz, olhamos menos para o espelho, nos desapaixonamos.
Hoje estou assim, desativada da minha energia natural. Caminho pesadamente, entre o térreo e o primeiro andar, e parece que tenho tamancos nos pés. O céu tem cheiro de lavanda; minha roupa tem cheiro de lama, e perfume do passado.
Escrever ainda é uma boa saída porque oferece passagem de ida e de volta, num vai e vem sem limites.
Visito um recanto, que apenas imagino. Busco o concreto imaginável, já que estou diante da cegueira, no invisível.
Subo no elevador. É o apartamento de um pintor. Respiro terebintina e tintas frescas. Imagino afrescos, e telas espalhadas pelos cantos. O dono está ausente. Viajou com um baú de desenganos, esculpindo pedras no caminho, rasgando a matéria, como se ela fosse molambo, e deixando nela, o produto do seu pranto.
Faço a vistoria, tateando a intuição : um sofá confortável, mas cheio de marcas; sala íntima com cheiro de "vetiver”; um relógio de pulso atrasado; canetas e papéis, numa escrivaninha de cedro; escritos em negrito, uns esquecidos, e outros amassados.
Falei com seu short, largado na cadeira do quarto. Ele olhou para mim meio intimidado, (desconfiou que eu não fosse uma ladra comum, pois de nada dali me apossara, a não ser com o olhar, e o resto dos sentidos) e disse-me:" ele me deixa assim, quando se cansa de mim".
Meu dono viajou. Ele sempre volta com um sorriso enfadado, e um brilho novo no olhar.
Sai do cenário. Não olhei em volta, nem fui até a janela, descobrir em qual cidade estive. Desprezei a personalidade física de um lugar, provavelmente conhecido.

Lembro (de) vagar ... - Por Socorro Moreira


Metades

Uma parte sabe que é ele
Outra parte sabe que é dele


Aprendo sobre mim
Não é em ti que eu me escondo



Gotas nos olhos da cara
salpicam em folhas
de papel e flores


Vento não apaga
a tinta borrada

Folha se gasta
e a lagarta pinta !



Destino
águas vivas
águas calmas

a Vida apresenta
eu bato palmas..

( joão Nicodemos)

Água - Por Assis Lima



Beleza mesmo é o Cariri no inverno,
época das chuvas.
Há quem prefira o seco e tórrido sertão,
e nele vislumbre uma beleza austera,
simples e luminosa como a antiga paisagem da terra santa.
O deserto esteve fincado dentro de mim,
áspera miragem.
Por falta de água em meu mapa astrológico
a estação das chuvas é oásis,
vida e encantamento.
Que me cubra o nevoeiro!
Relâmpagos e trovões:
estrondem na barra do meu horizonte
dias,
noites,
néctar.

Assis Lima

Bela, a madrugada ! - Por Socorro Moreira




O sonho voltou da estrada
e o sono tarda.

Lua alta, e o céu achando graça
Hoje fotografei a noite sem maquilagem
- A cara da noite tem sardas !

Bela era o nome dela.
Faltava-lhe alguns sinais,
mas possuía outros tantos.

A medida que o tempo passava
ganhava alguns ,
e perdia uns
Era uma de cada vez
Feia uma vez por mês

Sua imagem ficou solta,
nos instantâneos das lembranças
Ora bela, ora ela
Ora quase nunca , e tanto !

TROVAS

I
Ela era um pé de valsa
Um ternário de cadência
Deslisando  como a balsa
Serena de paciência

II
Um castelo de areia
Não é feito pra durar
A lua que hoje clareia
Clareia pr'eu te olhar

III
Não vou mais atrás do nexo
Do complexo que há em ti
Seu olhar é o reflexo
De uma imagem que eu já vi

IV
A poesia sempre chama
Sem nenhuma explicação
O sujeito tece a trama
No drama da oração

V
De tanto ser magoado
Eu parei pra refletir
Que a sombra do passado
Nunca deixa de existir

VI
O esquecimento acontece
No descuido de um repente
A memória desvanece
Insignificantemente

VII
Não digo tudo o que sei
Mas sei de tudo o qu'eu digo
O teu beijo eu já provei
E senti todo o perigo

VIII
Sempre quis o que era meu
Eu agora dou o troco
Para cada isulto seu
Eu devolvo com um coco

Ulisses Germano


SIDERAL - por Stela Siebra

LUA EM GÊMEOS

A curiosidade, a indecisão, a inteligência, a agitação e instabilidade mental, o senso de humor e a racionalização de emoções são algumas facetas da Lua geminiana.
A necessidade de comunicar-se e de alimentar a sede de conhecimento é uma tônica constante da pessoa com Lua em Gêmeos, que também se caracteriza pela facilidade que tem de mudar de idéia, assim como de humor.

Você que tem Lua nesse posicionamento já reparou como você gosta de entender e classificar os sentimentos? Ou seja, você quer racionalizar as emoções em vez de senti-las ...
Inconscientemente você quer controlar e conduzir seus sentimentos. Entender, classificar ou explicar emoções é um tanto complicado, você vai só gastar sua energia, ficar irritado e nervoso, porque sentimento não é para explicar, é para sentir. Os sentimentos devem ser expressos como emoções e não como racionalizações.
Lembre-se que a Lua expressa nossa reação imediata, por isso uma resposta instintiva, no lugar de uma conceituação, pode muitas vezes ser a resposta mais adequada.

A necessidade substancial de uma Lua geminiana é a comunicação, é aprender, é estar bem informado. Há uma curiosidade, uma inquietação mental, a pessoa quer saber tudo, quer participar, opinar, explicar. É preciso atentar para a possibilidade de um comportamento superficial e uma tagarelice sem medidas, quando a necessidade real não é atendida, Como a Lua é flutuante, e Gêmeos é um signo mutável, há um anseio constante por mudanças, por novos contatos e conhecimentos, gerando muitas vezes superficialidade de sentimentos e alguma confusão emocional.
Os exercícios, para quem tem uma Lua geminiana muito inquieta, são a leitura, a conversa e a escrita; por isso, visite bibliotecas e livrarias, veja mais filmes, leia mais jornais.
E quando estiver emocionalmente atrapalhado, tente colocar no papel o que se passa na sua alma. Descrevendo suas sensações, impressões e sentimentos você poderá percebê-las de uma forma mais clara e talvez até aquiete um pouco sua mente e seu coração
Outro exercício é utilizar técnicas de respiração, que além de facilitar a aquietação da mente, permitirá a sintonia com seus sentimentos, tornando-o mais sensível aos anseios emocionais da sua alma.

Por Everardo Norões




No caos, a compaixão
(sobre Retratos imorais, de Ronaldo Correia de Brito)


Um homem de meia-idade, de costas, metade do corpo emergindo de uma água parada, mergulhado em si mesmo, indiferente a uma escada fincada à sua direita e a algumas rochas à esquerda. É a capa de Retratos imorais, o mais recente livro de Ronaldo Correia de Brito. O homem esquece a salvação – escada e pedras – e olha para baixo: talvez o próprio reflexo no espelho da água. Não uma água ameaçadora; no entanto, nela há algo de putrefato, alguma coisa que nos faz pensar no padecimento ou na resignação. O fio de prumo dos contos de Retratos repousa sobre essa superfície plana de um líquido sob a qual perpassa a ‘imoralidade’ dos retratos de seus personagens, aparentemente – mas só aparentemente – tão díspares quanto o médico do conto intitulado Catana ou o paraplégico de Homem folheia álbum de retratos imorais.
Capa e título do livro anunciam um con-texto julgado desconfortável por algumas resenhas, pois é susceptível de tocar quem não se acostumou aos golpes do mal e do absurdo distribuídos, desde muito, por autores como Dostoievski, Camus ou Kafka. Não é por acaso que o autor de O processo é sempre lembrado para apadrinhar livro que se desvie da tutela de certa literatura déjà vu e de cujo núcleo infernal fazem parte o ‘imoral’ ou o ‘absurdo’ Retratos imorais certamente intimidará alguns leitores, porque se situa nessa órbita de contaminação, de infecção.
Depois de olhar a capa e de ler o livro, vem a pergunta: de onde nasce a aflição desses contos, esse ‘desconforto’ que toca a susceptibilidade de alguns resenhistas? Choca a constatação de que o absurdo se parece demais com nosso cotidiano, as situações vividas pelos personagens brotam diretamente de nossas ruas, apartamentos ou hospitais, talvez de nossas próprias casas. Além disso, essas circunstâncias são transfiguradas na narrativa por uma espécie de ótica que inverte as imagens e depois as tinge de cores bizarras: fotografias feitas para nos alcançar com um soco de direita, não para serem pregadas nas paredes, à guisa de lembrança.
No último conselho de seu decálogo sobre a construção do conto, um de seus mestres, o uruguaio Horácio Quiroga, escreveu assim: “Conta como se teu relato não tivesse mais interesse do que para o pequeno ambiente de teus personagens, dos quais tu poderias ter sido um. De nenhum outro modo se obtém a vida do conto”. De fato, somente num ‘pequeno ambiente’ é possível situar o leitor, transformá-lo num cúmplice. A vida nos contos de Retratos imorais transcorre nesses espaços exíguos, onde personagens se debatem em situações quase sempre violentas, até esbarrarem numa forma de impotência ou de resignação. Quando o narrador, no conto Pai abençoa filho, lembra que “todas as experiências do homem são de algum modo análogas”, essa única frase justifica as referências recorrentes do autor ao Eclesiastes, a Shakespeare ou ao Livro das mil e uma noites. Se não há novidade no que diz respeito aos grandes temas que perpassam as histórias humanas, se estamos fadados a nos debater entre a incapacidade de revolta e o infortúnio, resta ao filho mais novo repetir ao pai o pedido da bênção ancestral, que é a repetição do ciclo, a espiral que finda em si mesma. Essa impotência, percebida nas entrelinhas de cada conto, é algo intolerável ao individualismo burguês, que se imagina infenso a qualquer contágio e só consegue se abismar com o inevitável quando lhe chega a ponte de safena ou alguma forma de câncer. Pois, para ele, é imperdoável a história sem herói, o conto que se inicia com um personagem derrotado.
Avanço o olhar na perspectiva dos personagens, para não tratar do autor; ele pode restar à sombra quando o livro está pronto e assume destino próprio. É nesse instante que ele, o autor, deve se sentir feliz: seus personagens passam a caminhar com tanta autonomia que as interpretações biográficas deixam de ter papel relevante. Milan Kundera escreveu que existe apenas um método para compreender os romances de Kafka: lê-los, não tentando buscar nos personagens o retrato do autor, mas se esforçando para acompanhar esses personagens com o máximo de atenção, através de seus comportamentos, opiniões, pensamentos. Creio que esse é um bom método a seguir no caso de Retratos imorais. O sertão desfigurado do romance Galileia, de um ‘regionalismo’ às avessas, é mero cenário para permitir uma sorte de fuga de Bach entre vozes destoantes. Em Retratos, a arquitetura urbana da casa do psicanalista Rodolfo, atravessada por uma rede, pode ser percebida como oficina onde se fermenta a alienação de uma intelectualidade provinciana, da qual nem sequer escapa o serviçal Francisco.
Encontramos em alguns dos textos de Retratos imorais uma linguagem de toque híbrido – pequenos retalhos de teatro ou de cinema – em contos como Mães em fuligem de candeeiro ou Homem-sapo. Esse hibridismo, que nada tem a ver com questões de gênero, auxilia a organização de nosso olhar, o olhar do leitor, em torno de episódios aparentemente simples, mas que transcorrem numa circunscrição do espaço que confere ao conto sua conformação esférica, para utilizar a ideia de Cortázar. Nessa esfera, penetramos; nela, quedamos presos, como quase todos os personagens, sem claraboias de onde enxergar a salvação.
E aí se encontra, a nosso ver, o nó górdio da literatura do autor de Retratos imorais: a busca da salvação de quem está inexoravelmente fadado a sucumbir. No final de cada conto, o leitor depara com uma espécie de perplexidade, de interrogação, que o ameaça como lâmina ao sol. Mas se nada tem resposta é porque – maktub – tudo está escrito. Como no texto Mãe numa ilha deserta, quando a luz do farol se apaga de repente, falta petróleo, a escuridão desaba sobre a mãe e o filho e não resta mais do que, ao longe, o registro de um acordeom. O cristianismo tolstoiano dessa literatura abre com brutalidade a ferida para nos acordar a compaixão.
Tem alguma coisa a ver com a natureza dos contos de Retratos imorais a frase com que Albert Camus abre seu ensaio Filosofia e romance: “Todas essas vidas mantidas no ar avaro do absurdo não saberiam como se sustentar sem algum pensamento profundo e constante que as anima com sua força”. E, em seguida, o autor de O mito de Sísifo conclui que ao sermos obrigados a conviver com esse absurdo, a alegria absurda por excelência é a criação. Talvez a alegria da criação de Ronaldo Correia de Brito consista em ressuscitar personagens de seu dia a dia, para os quais, se não há a salvação, pelo menos poderá haver alguma espécie de misericórdia.

(in Correio Braziliense, 02.10.2010)

JAMELÃO-POR NORMA HAUER



Ele nasceu no dia 12 de maio de 1913, no bairro de São Cristóvão, aqui no Rio de Janeiro. Recebeu o nome de José Bispo Clementino dos Santos.
Mas quem é essa pessoa?
Nada mais do que o grande cantor JAMELÃO.
Como todo menino pobre começou a trabalhar como pequeno jornaleiro, mas vivendo ali, perto do morro da Mangueira, bem cedo ingressou na respectiva Escola, tocando tamborim e aprendendo cavaquinho.
Em 1930 já se apresentava em gafieiras, como o Fogão, a Cigarra e a Tupi.
Mas faltava o principal: o rádio. E assim fez várias tentativas no famoso "Calouros em Desfile", que Ari Barroso, mas não foi aprovado. No mesmo ano de 1940 conseguiu um contrato na Rádio Clube do Brasil e teve como "padrinho" artístico o cantor Onéssimo Gomes.
Em 1945 já se apresentava com a Orquestra Tabajara, de Severino Araújo e com ele cumpria contratos em rádio e boates.
Em 1949 gravou, com Antenógenes Silva "A Jibóia Comeu".
Gravando e se apresentando no rádio passou a ser um nome conhecido no meio e daí o resto foi mais fácil
Mangueirense de coração, gravou "Exaltação à Mangueira".
Adotando o repertório de Lupicínio Rodrigues lançou vários sucessos, sendo os mais famosos os sambas "Foi Assim"; "Meu Natal" ;"A Vida é Isso"e "Ela Disse-me Assim", sucesso eterno.
Em 1969, quando as escolas passaram a gravar seus sambas em LPs, gravou o samba-enredo da Mangueira "Mercadores e Suas Tradições".


Em 1972 e 1987 gravou, acompanhado por Severino Araújo dois LPs.
só com músicas de Lupicínio e, em 1994, lançou o LP "Minhas Andanças".
.
Em 2003, por ocasião de seu 90º aniversário foi lançado o "Baile da Mangueira", com vários cantores, dentre eles Zeca Pagodinho.


Até 2006 foi o "puxador " do samba da Mangueira. Ele não gostava desse nome. Ele se considerava (e era) o intérprete. Puxador, para ele, era ladrão de carro.


Nos dois últimos anos de sua vida, já adoentado, foi proibido (pelo médico) de continuar com suas atividades normais, mas estava firme até os seus 95 anos, quando faleceu em 11 de junho de 2008




Norma

Grande Pachelly!

Poema azul /prata da casa/Pachelly é arte!
Essa foto de Pachelly é pra instigar Zé do Vale a vir comer tapioca no Crato





Socorro já nasci instigado. Marcado por este voltar. Tanto de ir ao Crato como de viajar na arte. O Pachelly é um grande artista para resumir a conversa. Peque a primeira foto e leia a paisagem que se encontra nela: um peixe pescado, uma praia e a edificação além das pessoas. Esta paisagem já foi infinitamente fotografada até por câmara de celulares. Mas não estas pernas do pescador, simétricas, assentadas no chão como parte firme dele. Um símbolo do domínio do verdadeiro ser humano sobre a paisagem que virou um mero fetiche pequeno burguês de consumo. As pernas do pescador são a esperança do real, do sólido sobre a história, além, é claro, de produzir alimentos. O Pachelly é um doce da vida e paz, mas de vez em quando pesca a realidade com a força revolucionária de um militante da verdade. 


José do Vale Feitosa




"Teimosa" -Por José do Vale Pinheiro Feitosa





Quando se pega a história de alguém a partir do seu momento, geralmente se esquece que muito daquela trajetória poderia ser outra. Antes como possibilidade e depois como fato consumado.

Uma das maiores “dores de parto” do século XX, em termos de história, teve um ano como referência: a revolta estudantil de 1968. Ali o velho mundo pós guerra era testado, sobre as liberdades, o progresso material e direitos sociais, como à educação.

No Brasil, em 1969, vivia-se uma ditadura que engrossava a repressão. O Presidente Militar morreu, dizem que não foi por causas naturais e sucedeu-lhe uma Junta Militar. Com Atos Institucionais que tiravam a liberdade das pessoas e no meio estudantil, o alvo estratégico do regime, um decreto que perseguia estudantes em militância política.

Vincou a repressão e logo nasceu o movimento de resistência. Seja pela guerrilha ou no meio cultural. Foi aí que surgiu um dos jornais mais importantes do Brasil no referido século. O Pasquim. Um jornal iconoclasta para a época, que nem se engessava na disciplina do PCB e nem prestava loas aos donos da grande imprensa que ajudavam o regime.

Na contramão desta contra-reação, meio por acaso para eles, mas determinístico para os interesses do regime, surgiu, no V Festival de Música Popular Brasileira uma dupla de baianos: Antônio Carlos Marques Pinto e José Carlos Figueiredo. Cantava uma música popular, que caía rapidamente no gosto das rádios e toda ela em espírito meloso, bem sambado, com melodias e refrões que colavam na memória do ouvinte.

Era a dupla Antonio Carlos & Jocafi contra a qual o Pasquim “mandava brasa”. Naquele tempo de música de protesto, politizada, vinha aquela dupla com o passivo escapista. No meio daquele perigo todo, tentando escapar da polícia nas madrugadas de pichação, a ditadura não vinha abaixo e ainda tomávamos umas caipirinhas ouvindo a dupla melosa.

O que fazer? Era gostosinha aquela música. Lembrava o velho Brasil dos sambas canções, por vezes indo lá no fundo daquele samba meio amaxixado ou marchas típicas da época de Sinhô. Este aliás se envolveu em muitas polêmicas com seus pares, acentuou a famosa pirataria das autorias de sambas, tão comum com Chico Alves, numa polêmica com Heitor dos Prazeres que acusava Sinhô de ter-lhe “roubado um samba”, respondeu este respondeu-lhe: “Sam é como passarinho. É de quem pegar”. Isso veremos sobre um roubo com a dupla de baianos.

Antonio Carlos casou-se com cantora Maria Creuza que fazia muito sucesso na época. Por uma conjuntura da época começaram a carreira nos festivais: em 1969 no V Festival de Música Popular Brasileira" com a música "Catendê" gravado por Maria Creuza com grande sucesso. Aqui a música com ela, Vinícius e Toquinho. O poetinha vivia sua era baiana, quando fez o gostoso Tarde em Itapuã.

Em 1971, o pau comia para cima dos estudantes e os Festivais perderam o viço rebelde e viraram o circo para desviar a politização da juventude. Antonio Carlos e Jocafi classificaram a canção “Desacato” em segundo lugar no VI Festival Internacional da Canção.

A canção de maior sucesso da dupla até hoje foi “Você Abusou”, de 1973, que fazia parte do LP Mudei de Idéia, cuja canção título teve sucesso, mas não como a citada. Esta canção teve sucesso internacional, foi gravada na França com nome de “Fais comme l'oiseau", de Michel Fugain e virou hino do Partido Socialista francês. O compositor francês assinou como sendo o autor da música e a dupla teve que entrar na justiça, ganhando a causa. Ela tem versões em espanhol e japonês, além de gravações de Célia Cruz, Sérgio Mendez e Stevie Wonder.

Vejam como o Francês Michel Fugain de fato teve um lapso de memória sobre a autoria do Você abusou: o "Fais comme l'oiseau", sou como um pássaro é cópia fiel do você abusou. Ainda hoje ao se buscar a lírica da música está nos sites internacionais como de autoria dele.

Aqui um sabor muito especial com este Toró de Lágrimas. É como muitos corações se sentem na solidão do amor perdido.

Com o Pasquim indo para cima, a dupla fez esta música com todos os ingredientes do movimento estudantil.
E por último esta Teimosa com os suspiros ritmados de voz tão próprios da dupla.


 por José do Vale Pinheiro Feitosa

Esperas- Por Socorro Moreira



Cabeça sem amor é nó com dor
Amor sem cabeça é catavento
Coração alado
É fuga desassossego
Espere o amor
Nas asas do tempo
Espere na janela
O sinal de um duende

No giro imaginável
Irreal é ilusão
Desejo é quase ação
O amor é reação

Lua minguante brilhante
Enche os meus olhos de mel
Crescente cheia beleza
Destila todo meu fel
Estrela azul não esqueça
O anjo da minha espera
Não importa que ele esteja
Na pauta de outra era



BONS AMIGOS

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!
...
Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

Machado de Assis

Incomensurável

Composição: Abidoral Jamacaru

Incandesce a cidade
o campo, o espaço
e o brilho incomensurável
de qualquer lugar
jorra mel do teu riso
brandura dos olhos
perfuma as águas
por onde andar
e faz coro com o canto
de quem não tem rancho
faz pouso no rancho
de quem quer amar
é amor
seu padrinho o tempo
já faz tanto tempo
que dá todo tempo
de andar pelo tempo
do campo florar
eu te dou de presente
o aroma da flor
o zumbido da abelha
a frescura da chuva
pra você levar
e antecipo as coisas
que ainda não tenho
mas que um dia eu lhe entrego
pra você velar
gira amor, girassol
a fragrância, o brilho
o zumbido, a abelha
a brandura em torno de você
tudo é deus, tudo é seu, tudo é meu
tudo chega no olho
e penetra no fundo
de quem quer amar

Pamonha de Forno:- Colaboração de Fátima Esmeraldo





Ingredientes:


3 latas de milho verde
06 ovos
1 lata de creme de leite
2 latas de leite comdensado
200 ml de leite de coco
200g de coco ralado
50g de queijo ralado
suco de um limão

Mode de Preparo:

Bata todos os ingredientes no liquidificador e despeje numa forma untada e polvilhada. Leve ao forno médio pré-aquecido por
no mínimo 45 minutos. Deixe amornar para desenformar. Corte em fatias e sirva.