por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Foto do passado que emociona...

Maria Valdenôra Nunes Moreira ( minha mãe) aos 15 anos de idade.

Ela ganhava laços de fita, margaridas e desenhos celestiais do meu pai...Um dia Deus os uniu!
Outro dia, os reuniu!

Fotos do passado que emocionam....

José do Vale Arraes Feitosa, Maria Gizélia Pinheiro e Gizélia Maria  Pinheiroi Feitosa
O escritor José do Vale Pinheiro Feitosa (aos  3 anos) e irmã Gizélia Maria Pinheiro

Acervo deMmarta Betânia, filha de uma amiga do casal: Eurídice Alves Coelho

Louca ou artista? Você não pode perder!!!



Artista do Amapá realiza trabalho com Coletivo Camaradas no Cariri.




Educação, subversividade artística, perfomance, arte vida são temas que serão abordados pela artista/educadora do Amapá Maria Pinho Gemaque – Mapige, nesta terça-feira, às 19 horas, no Salão de Atos da URCA – Campus Pimenta. O evento “Louca ou Artista: Afinal, quais são as implicações da produção performática para o ensino de arte? ” é uma iniciativa do Coletivo Camaradas, através do Projeto de Residências Artísticas do Programa Nacional de Interferência Ambiental – PIA, uma rede nacional de grupos e artistas, o qual, os Camaradas fazem parte.


Além deste trabalho serão realizadas algumas performances surpresas pela região do Cariri. Para artista que desenvolve um trabalho em sala de aula, ela frisa que “pode perceber que quanto mais o professor identifica o cotidiano dos alunos através das performances, mais chance sua subjetividade terá para formar um sujeito critico, aberto, interativo e falante com as práticas sociais que estão a mercê da visualidade dos alunos”.


A conversa/performance é aberta para o público e abordará questões de interesse de estudantes e professores de artes, artistas da área do teatro, da dança e das artes visuais.


As residências artísticas propostas pelos Coletivo Camaradas é uma espécie de troca de gentilezas entre artistas e grupos do Brasil. Dentro desta perspectiva estão sendo articuladas através do PIA vários intercâmbios nos estados do Rio de Janeiro, Acre, São Paulo, Bahia, Amapá, Piauí e Ceará.

Bilhete - Aloísio

Obrigado Socorro,

Acabei de chegar em casa, o presente sobre a mesa, já sabia do que se tratava, pois ele era muito esperado. Sim, estou falando do livro “No Azul Sonhado”, já que infelizmente não pude estar presente no lançamento, deixo aqui meus agradecimentos a todas e todos que participaram na execução desse projeto, e um agradecimento especial a você Socorro, por esta idéia agregadora.

Abraços

Aloísio

PENUMBRA- por José do Vale Feitosa



Nem claro e nem escuro. Pode ser um estado transitório, mas nunca se sabe o destino quando nele se encontra. Mas uma voz do outro lado da ligação se põe fora do novelo em me encontrava com estas palavras:

- Doutor José? Sou eu! Tô escondido! Tô Baleado! É o Luiz Carlos! O Pitico! Do Escondidinho!

Luiz Carlos Prestes veio-me o nome revolucionário. Algo maior do que os nossos pequenos cantos de apartamentos, do que nossas prateleiras de tijolos repletas de livros estruturalistas e existencialistas, da revista da Civilização Brasileira, da revista da Vozes, dos textos de sociologia e antropologia. Prestes o herói de um século de sangue, de um século de revolução. Quando no máximo fomos mochileiros na cordilheira dos Andes, procurando encontrar os caminhos de Tché Guerava e nos reduzimos a contar a aventura aos colegas de faculdade, quando o supremo desafio foi dormir numa cabana indígena em Copacabana, na beira do lago Titicaca. Por quais caminhos andei, na busca a meia luz em torno do nome Luiz Carlos.

- Doutor? Ë o Pitico!


22.09.2005

José do Vale pinheiro Feitosa



Meu pai - por Socorro Moreira




Foto de Júlio Saraiva ( casamento dos meus pais).
Semana para lembrar a paternidade perdida, deixando de lado a dor da perda, mas chamando a saudade vestida de proteção, alegria e ternura.
Moreirinha era um pai especial. Vivia arte, produzia arte, e amava com arte. A sensibilidade dos seus 6 filhos foi formada ,ao pé do rádio, radiola, cartolinas, telas, pincéis, e no bico da pistola. Pistola mágica , usada por mãos dextras, e olhar estético.
Nem dá pra enumerar o tanto do carinho que recebemos daquele homem de mãos sujas de tinta, que com elas ganhava o nosso sustento.
Tínhamos reais afinidades. O mesmo pé, o mesmo passo. Gostávamos da vida noturna, do violão tocado e cantado nas madrugadas.Fizemos juntos algumas "farras". E até quase nos seus últimos anos, ele cantava
lindamente todas as músicas que eu gostava. " Canta aquela, papai" ... Frase que eu aprendi a repetir , desde a mais tenra idade. !
Era cheio de gavetas fechadas, onde guardava seu material de trabalho: pincéis, cartolinas, Nanquim ,lápis , réguas, estiletes, canivetes, etc. Tinha ciúmes dos seus livros, coleções de revistas e discos. Amava o cinema , e não perdia uma única estreia. Fazia os cartazes, faixas com letreiros, e ainda desenhava os grandes astros, no papel de pão, nas toalhas de mesa da casa.
Ter um pai artista muda uma história de vida.
Sou música porque ele me fez assim !
Sou borboleta, estrela, vento e palmeira, porque assim me desenhou.
Sou a resultante de uma vida cantante, chorando e sorrindo , num clima de boemia e religiosidade.
Agora, anda por lá... Provavelmente fazendo artes !
Espero reencontrá-lo, para uma seresta, numa noite estrelada .
Se o passado voltasse, queria meu pai, outra vez ao meu lado , cantando no banheiro, assobiando Pixinguinha, comendo uma perna de peru, no almoço... e, pra variar, tomando uma cervejinha !

Oitavo Mês - por Domingos Barroso





No mês de agosto
deixo partes do meu corpo
pelos bares:


sobre a mesa
do inferninho mais triste


meu coração altivo
dentro de um copo
agoniza.


Já perto do banheiro
meus olhos perdidos
erram de porta


e são fritos
na cozinha.


No mês de agosto
não tenho alma


nem outras donzelas
a me salvarem da vida.


No mês de agosto
minha morte
é clara.


Transparente.




por Domingos Barroso

Por um fio tênue e tenso
te susténs intenso.
 Assis Lima

PEQUENOS ADEUSES- Por Socorro Moreira



Todos os dias eu digo adeus às pequenas coisas: temperos vencidos, vestidos perdidos, meio furados, recibos de contas antigas, bilhetes de amor, poemas inacabados, brincos e colares quebrados, camisola manchada de tinta... Um dia, tudo foi novo. Foi escolhido na prateleira da loja, foi pago, foi tirado da caixa. Acompanhou um tempo da minha vida, até que, cumprido o seu destino, foi expurgado dos meus guardados. É assim tudo, enfim!
Só não passa, nem estraga, o amor que não foi consumido. E o que não passa nunca traz felicidade. Apenas umas alegrias vividas pela metade. É tão fugaz o instante que decide não ser real. Ele morre antes de viver... Ele morre por não viver.
Coloquei ordem nos meus CDs. Quase obsoletos. Impossível escutá-los mais uma vez. São tantos! E o tempo não deixa. O tempo impõe TV, novela da Globo, telefonema dos amigos, dormir, sonhar... A música está quase perdendo o seu lugar. Já não consegue inspirar uma saudade. Estou evitando trazer de volta lembranças que já se despediram. O novo é imperfeito. Falta o entusiasmo de concretizá-lo. E ele fica assim, na minha cara... Ironicamente, mostrando rugas, e o olhar sem sonhar.
Hoje espanei o pó dos livros relidos, dos versos escritos, das roupas de festa com cheiro de perfume (que ainda restam nos frascos guardados). Faço doações de peças que já não se encaixam em mim... Solto-as no chão.
O tempo, literalmente, levou o que eu tinha, e o que eu não tinha.
Nada é nosso. A vida é dona de todos os nossos bens. Quisera que a alma fosse imortal...



AVE DE RAPINA - por Marcos Barreto



AVE DE RAPINA

Como ave de rapina
Você chegou de repente
Numa madrugada fria
Sem estrela e sem luar
E o dia nasceu cinzento
Sem ter o Sol a brilhar

Veio trazendo na bagagem
Dias de amargo sabor
E noites de escuridão
Com o seu jeito indigesto
Marcado por cada gesto
Ao nascer de um novo dia

Ainda tentou me envolver
Com um aceno de paz
Querendo me alegrar
Mas, eu não acreditei
Pois conheço o seu passado
Sei de tudo que é capaz

Ao passar de cada dia
Você foi se revelando
Demonstrando a sua ira
E num gesto traiçoeiro
Num momento de descuido
Colheu tudo o que queria

Não sei se foi por maldade
Ou mesmo por vaidade
De quem procura um troféu
Para exibir lá no céu
Você levou minha prenda
E por isso eu o detesto
Deixando aqui meu protesto
Maldito mês de agosto

Do livro "No Azul Sonhado"


O JARDIM DE NOSSAS VIDAS- Manoel Severo



Que memória prodigiosa essa nossa!

São tantas lembranças... Dentre muitas e poucas, fortes e fracas, algumas, me parece, acabam povoando a cabeça de todos nós. Imagens e sensações realmente parecem nos marcar para sempre. Talvez todos tenhamos no baú do coração um lugarzinho especial para a nossa primeira escola, a nossa querida escolinha... lá longe, nas primeiras horas, nos primeiros dias, aprendendo as cores, os números, as letras, o “b a bá”... no maternalzinho, no “Jardim da Infância”. Aliás, não poderia haver denominação mais adequada: Jardim da Infância, quem dera pudéssemos continuar sempre com o Jardim da Alfabetização, Jardim do Colegial, Jardim do Científico, Jardim da Universidade, Jardim de todos os ensinos, Jardim da Vida.

Hoje, olhando esta grande caminhada que é a nossa vida, cheia de altos e baixos, desafios, caminhos e descaminhos, começamos a perceber que talvez ao nosso jardim tenha faltado cuidado, o abnegado semeador, sensível e sempre presente: faltou amor.

O Grande Nazareno sempre nos provocou, em seu maravilhoso Ensinamento Divino, que para entrarmos no Reino de Deus deveríamos ser como criancinhas. Crianças cuidam, cuidam porque amam, apenas amam, amam incondicionalmente, sem pedir nada em troca, e isso lhes basta. Se todas as roseiras da vida fossem cuidadas eternamente por crianças, com o sentimento verdadeiro e puro de crianças, teríamos um belo e eterno jardim.

Onde foi que perdemos o nosso regador? Onde foi que deixamos as principais sementes? Como conseguimos deixar os galhos secarem sem um único olhar? Como deixamos que tudo acontecesse, sem fazer nada? Será que foi naquele mesmo instante em que desaprendemos a sorrir?

Do livro "No Azul Sonhado"

A PARTILHA AJUDA A COMBATER A FOME NO MUNDO?- Por magali Figueiredo



Sabemos que o mundo em que vivemos é injusto e desigual, pois o sistema econômico capitalista visa a acumulação privada de riquezas. Em consequência, gera a exclusão social e a fome. Essa desigualdade social do mundo contribui para que muitas pessoas morram famintas. Segundo estatísticas internacionais, diariamente morrem por falta de alimentação adequada trinta mil crianças, e este número aumenta dia após dia. As pessoas não partilham os alimentos, porque têm medo de que faltem para elas. Por isso, acumulam cada vez mais. Além disso, os países ricos se apossam das riquezas da Terra, e deixam os países pobres na miséria. Gastam muito com armas, em vez de destinar o dinheiro para alimentar os que passam fome. E ainda há desperdício de alimentos, que daria para matar a fome de muitos.
Por que ninguém se sensibiliza com essa situação? O egoísmo está tão impregnado na sociedade, que as pessoas não se abrem para a solidariedade. O ser humano está com o coração muito fechado para o outro, e por isso é contra as políticas para distribuição de renda. Programas de governo para diminuir a fome são sempre combatidos pelas elites dominantes.
Somos pais e mães que não gostaríamos de ver nossos filhos passarem fome. Portanto, devemos entender que todos nós somos igualmente filhos de Deus. Toda a população do mundo tem direito ao alimento. Mas são bilhões de pessoas que passam fome no mundo todo. Observamos no entanto que tem gente muito rica que é infeliz. Por que será isso? Porque a fonte da felicidade é o amor, e não o dinheiro.
Quando há grandes catástrofes, como a do Haiti, e recentemente a do Chile, a solidariedade se manifesta através dos países que enviam alimentos e dinheiro para os sobreviventes. Entretanto, é importante que sejamos solidários em todos os momentos da nossa vida. Se nós partilhássemos um pouco do que temos com alguém que passa fome, estaríamos exercitando o amor ao próximo e contribuindo para acabar com a fome no mundo. Se estiver sobrando alimento na nossa mesa, é porque falta na de alguém.
É uma pena que nem todo mundo conheça a mensagem de Jesus, que é libertadora. Segundo uma missionária católica, que trabalha na África, três bilhões de pessoas nunca ouviram falar de Jesus. Se toda a população mundial conhecesse a mensagem de Jesus, e a colocasse em prática, o mundo seria muito mais humano, mais justo e solidário. E não teria tanta gente passando fome, nem tantas guerras, que também são causas da fome.
O Evangelho de Jesus Cristo narrado por Lucas relata o milagre da partilha, que é a multiplicação dos pães. (Lc. 9,10-17). Quando Jesus estava numa cidade chamada Betsaida, a multidão o seguia e Ele falava para ela sobre o Reino de Deus, e curava os doentes. Como já estava ficando tarde, os doze apóstolos pediram a Jesus que despedisse a multidão, para que ela fosse arranjar comida e procurar alojamento no povoado vizinho, pois estavam num lugar deserto. Mas Jesus disse que eram eles que tinham de lhes dar o que comer. Os discípulos disseram que só tinham cinco pães e dois peixes. E responderam que poderiam ir comprar comida para toda a gente. Havia ali mais ou menos cinco mil homens. Jesus pediu aos discípulos que mandassem o povo sentar em grupos de cinquenta. Depois Ele pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu, pronunciou a bênção sobre eles e os partiu. Em seguida, entregou para os discípulos, que distribuíam para toda a multidão. Foram suficientes para que todos ficassem satisfeitos, e ainda foram recolhidos doze cestos, com os pedaços que sobraram.
O milagre da multiplicação dos pães ocorreu no deserto. O povo foi saciado pelo alimento, que é dom de Deus. Mas Jesus deu oportunidade aos seus discípulos para organizarem o povo para que recebessem o alimento e ficassem saciados. Os discípulos se preocuparam em comprar alimento. Mas onde iriam arranjar dinheiro para comprar comida para tanta gente? E Jesus lhes disse: “Vocês é que têm que lhes dar o que comer.” Como podemos entender essas palavras? O Evangelho é anúncio, cura e alimento material para todos. O que Jesus desejava era mudar a relação do poder de compra para uma relação de partilha. Pois quando cada um reparte o que tem, nem que seja um pouco, todos ficam saciados, e ainda sobra. Diferente da acumulação, onde poucos têm tudo, e a maioria, nada. Jesus continua a anunciar o Reino de Deus através da palavra e da ação, e mostra que é a favor da partilha, e contra a acumulação.
Por que Jesus é contra a acumulação? A resposta é simples: é porque a acumulação gera a riqueza que cria a pobreza. Podemos afirmar que, nos dias de hoje, Jesus seria contra o capitalismo. Basta observar, nesse relato, a quantidade de pessoas que acompanhava Jesus para ouvir suas palavras libertadoras. Toda essa multidão era de pobres, que vinham depositar confiança e esperança nas palavras de Jesus, que falava tanto do pão espiritual quanto do pão material.
Seria maravilhoso que hoje as pessoas fossem educadas para a prática da partilha, em vez de para acumular. Através da partilha, as necessidades de todos seriam atendidas; saúde, educação, habitação, alimentação, justiça e paz. Era o Reino de Deus de que Jesus tanto falava. Ele queria transformar a sociedade individualista em uma sociedade de partilha.
Infelizmente, a sociedade em que vivemos está impregnada de falsos valores como o ter, o poder e o prazer. Como seria bom se vivêssemos numa sociedade solidária, em que todos soubessem partilhar e distribuir as riquezas! Assim sendo, todos viveriam com dignidade, conforme a vontade de Deus.

Do livro "No Azul Sonhado"

Por Mara Thiers



VIOLÃO DESAFINADO


Lembro de outrora.
E uma música ao fundo chega suave e toca os meus ouvidos. Aquela música que embalou tantos e tantos sonhos.
Há tempos que o vejo ali, encostado. Pego o violão e mexo em suas cordas. Cordas de um violão antigo e desafinado. O mesmo violão e as mesmas cordas de antes.
Procuro o tom certo, tento alinhar todas as notas musicais, sem muito sucesso.
O tom continua fraco, minguado.
As notas continuam desiguais e totalmente desalinhadas; talvez, o instrumento esteja carcomido pela ação do tempo. Hoje, calado, solitário e triste, ali está. O som dantes melodioso perdeu-se desde ontem. Perdeu-se no tempo. Desde a época das longas serenatas, onde o som sempre tão afinado e melodioso invadia as ruas num relampejo estridente, cintilando estrelas.
A sua música acalentava e encantava. E o dia sempre amanhecia terno; e as noites sempre cheias de vida. O Sol surgia tímido; às vezes, forte. A noite adentrava exuberante no seu tom lilás trazendo o cheiro das flores. A Lua, encabulada, muitas vezes se achava encoberta pelas nuvens, mas, brilhante, ressurgia. Sempre!
Hoje, a música esquecida está. Os sons embaralhados e desarmônicos continuam.
Esse longo tempo encostado deixou-o acabrunhado e resumido a esquecidas notas musicais. A uma limitada e velha música que se foi com o tempo...
Recostei o corpo numa cadeira e adormeci. Acordei no meio da noite com um som melodioso... Parecia-me próximo. Levantei ainda fatigada do mau jeito e, com muito esforço, acendi a luz; e, de súbito, vejo um pássaro à minha janela. Fiquei alguns segundos estática e com o coração aos pulos! O cantarolar que eu ouvia vinha mesmo daquele pássaro brilhante, que mais parecia uma Fênix. Era pura luz! Eu fiquei fascinada! Ele voava lentamente e emitia um som harmonioso e tocante. Eu ouvia placidamente o seu coração. Eu podia sentir a sua respiração, de tão próximo. Parecia querer me puxar até aquele violão. Pedia insistentemente. E era verdade, ele queria. Dei dois passos, e o que pude sentir jamais sentirei. As cordas, antes frias e desordenadas, passaram a cantarolar o mais belo dos hinos. Uma das mais belas canções! Eu podia ouvir uma mistura de sons que penetrava profundamente o meu peito. Fora a mais bela emoção! Era a esperança renovada! Foi um momento único e indescritível.
Novamente, jamais sentirei! 

Do livro "No Azul Sonhado"




DIA DOS PAIS

UM OLHAR DE TERNURA
Cicero Braz de Almeida

Te ensinaram que a vida é tão dura,
Que ser forte é realização,
E esconderam a tua ternura
No oásis do teu coração.

Te ensinaram a acordar cedinho.
Lá, no berço, eu queria  carinho.
Esqueceram que a tua verdade
É chão, fazendo nosso caminho.
Esqueceram, pai,
Que parto não é só de montanha
Que amar é sublime
Que na vida o amor é que ganha.

Se um dia eu ficar bem tristonho
E sentir os meus olhos sem brilho,
Lembrarei que, também, tenho filhos,
Que sou pai, que também tenho sonhos
De mostrar minha realização.
Vou lembrar que nós somos iguais:
Pai e filho, homem e trabalhador
Lembrarei que um porto seguro
Não precisa de um homem tão duro
Basta, apenas, um olhar bem maduro,
Basta, apenas, um gesto de amor.