por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 5 de maio de 2023

Vou pro Ceará

 Quando crescer, eu vou pro Ceará. Repeti esta frase um sem número de vezes. Desde menino estou indo...  

O Ceará de minha infância está na voz de meu pai que cantava lindas valsas de Augusto Calheiros e dizia palavras que não estavam no repertório local. Estava nas músicas de Luiz Gonzaga que minha mãe e e meu pai cantavam. Estava no beju de tapioca, no prato de baião de dois que mamãe tentava imitar, com sua cozinha amineirada (muito boa também). Fazia pra agradá-lo. E nos agradava a todos também. Seu sotaque, a melodia em sua voz, um misto de vaqueiro e de tenor, principalmente quando ficava bravo, tinha uma voz forte, em um corpo franzino e valente. Nunca o vi descansando, ou esperando algo, sempre ativo, indo e vindo com ligeireza juvenil, mesmo aos sessenta anos.  Me contou algumas histórias de sua vida no ceará, que nos anos de 1950, seu pai levara a família para morar no Crato. Fora um comerciante e, no pós-guerra, as condições em Brejo Santo não eram boas.  Disse que sua família morou na rua Nelson Alencar e, ainda hoje, tento adivinhar o número, se a casa ainda existe.     Mas existe no meu coração, na minha memória um Ceará só meu, de minha imaginação infantil.  Estou no Ceará. Estou indo pro Ceará!