por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 13 de agosto de 2024

A “FORÇAÇÃO DE BARRA” QUE VIROU LEI - José Nilton Mariano Saraiva

A rua Ana Bilhar, aqui em Fortaleza, localiza-se a duas quadras da Av. Beira Mar, área nobre da capital cearense, onde o preço do metro quadrado de terreno custa os olhos da cara, quase atingindo a estratosfera. Portanto, só mora naquela área quem tem “bala na agulha” (grana, muita grana).

Mas, além da grana, tudo indica que os que ali residem também gozam de certo prestígio junto às autoridades do município, talvez em função do “status” da moradia. Assim é que, estribados nessa condição privilegiada, POR CONTA PRÓPRIA resolveram criar na via pública uma “ciclofaixa” (via de trânsito para uso exclusivo de bicicletas), a fim de não correram nenhum risco de serem atropelados quando se exercitam pelas manhãs e à noite. Dito e feito: cotizaram-se e providenciaram a pintura de uma faixa, numa extensão de dois quilômetros, na lateral da citada rua.

Acionada por motoristas que por lá trafegam, e que se sentiram incomodados em razão da diminuição do espaço de manobra, a AMC (autarquia que cuida do trânsito na cidade) compareceu ao local e, num primeiro momento, face não ter havido nenhuma consulta ou autorização oficial, ameaçou obstar tal intento, apagando a tal faixa no asfalto.

Conversa vai conversa vem, a AMC resolveu por assumir a “maternidade” (já que uma instituição) do serviço feito pelos moradores, não só alargando a citada faixa, mas dando-lhe contornos definitivos e oficiais; além do que, proibiu os carros de estacionar durante os dois quilômetros sinalizados e, a partir de certa data, passou a cobrar uma multa salgada do proprietário de carro que se aventurar a trafegar por ali, além de lhe “premiar” com 07 pontos na carteira (infração gravíssima).

Poderíamos entender isso tudo como uma vitória da cidadania, porquanto uma iniciativa dos moradores, posteriormente chancelada pela autoridade competente (e, pois, merecedora de aplausos). Mas, eis que, quando os moradores de uma rua do “miserável” Bom Jardim, bairro periférico da capital, resolveram criar uma ciclofaixa idêntica (espelhando-se no que fizeram os moradores da “nobre’ rua Ana Bilhar), a AMC logo logo pintou no pedaço e, de pronto, não só apagou a faixa pintada, como, também, ameaçou com represálias que ousasse tomar qualquer providência em contrário.

Quais as razões pra tamanha discriminação ??? Por que, não, um tratamento isonômico ??? Todos não são iguais perante a lei ??? Ou, aqui, os fracos não têm vez ???

Fato é que, querendo ou não, o “pioneirismo ilegal” dos moradores da rua Ana Bilhar (daquela época) findou por literalmente obrigar a AMC a estender aquele “privilégio” por toda a Fortaleza, de modo que hoje até os bairros periféricos da capital contam com a sua “ciclofaixa” (devidamente regulamentada). 

 

O “BRINDE INDESEJADO” – José Nilton Mariano Saraiva

Quando chegou a Fortaleza, já lá se vão anos, a primeira loja da rede americana McDonald’s se constituía em autêntico objeto de desejo de meio mundo de gente.

Na cultura popular, adentrá-la e lá permanecer, mesmo que por alguns instantes, era como que transpor a sonhada porta do céu (existe isso ???), já que não era pra qualquer um; consumir seus produtos, então, era motivo de regozijo para os que tinham tal privilégio e, certamente, objeto de conversas e mais conversas ao longo dos dias seguintes.

Mas, aí, em face de receptividade de uma solitária loja, que rendia um transatlântico de grana, a rede cresceu os olhos e resolveu estender seus tentáculos pra todas as direções; assim, hoje qualquer bairro de Fortaleza tem uma McDonald’s estalando de nova, tal a agressividade mercadológica (até em cidades do interior já se encontram).

Pois foi exatamente na loja “pioneira”, instalada na borbulhante Av. Beira Mar, com seus turistas e nativos em profusão, que anos atrás se deu um fato inusitado: uma senhora, acompanhada do filho menor, que aniversariava, resolveu presenteá-lo levando-o para “deglutir um sanduba” conhecido por “quarteirão”, na McDonald’s; imenso, cheiroso e visualmente atraente, dizem que não há quem resista a um “quarteirão”.

Pois bem, tudo ia nos “trinques”, com mãe e filho se refestelando no consumo do “bichão” quando de repente, ela, mais experiente, sentiu um gosto um tanto quanto esquisito na boca, já depois de ter “botado pra dentro” metade do “quarteirão”; curiosa, aproximou a outra metade do danado do sanduba do seu campo de visão e aí seu deu conta de que haviam colocado um “brinde” dentro de um dos sandubas, talvez – quem sabe ? - para homenagear o filho aniversariante: assim, uma imensa “voadora” (barata), já pela metade, jazia inerte entre pão, queijo, hambúrguer, maionese, ovo, catchup e por aí vai.

Ante aquela visão dantesca, o estômago de pronto revirou de uma maneira tal que, na frente do filho apavorado, ela quase bota os bofes pra fora, tal a intensidade do vômito (dizem que vomitava a metros de distância). Dali mesmo foi levada de imediato pra um hospital próximo, onde uma lavagem estomacal acabou por expelir a metade da barata “deglutida”.

Depois, já em casa, entendeu que o constrangimento dela e do filho só podiam ser reparados com uma atitude mais séria, via exercício da cidadania: entrou com uma ação na Justiça, que lhe deu ganho de causa, de forma que a rede McDonald’s, a indenizou com R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

Como lá no Crato já houve problema com o “sushi” estragado do Mercadinho São Luiz, que levou um exército de consumidores aos hospitais, a impressão que fica é que os franqueadores das respectivas marcas não estão tendo o necessário cuidado em orientar quem prepara os quarteirões e suchis da vida, daí a progressiva perda de qualidade e conceito da mercadoria ofertada.

Apelar pra quem, pro argentino que se tornou o Papa Chico ???