por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Saudade e realidade - Por José de Arimatéa dos Santos


Comemorou-se o dia da saudade. Palavra que significa muito para todos nós. Quem de vez em quando não sente saudade de momentos vividos ou épocas que já eram e ficaram só na lembrança! Enumerar nossas lembranças seria preciso muito espaço, pois cada um de nós temos as boas e as não tão boas lembranças. Mas quem não se pega a lembrar de muita coisa? Da infância, amigos e conhecidos que não vemos a um bom tempo. Saudades de momentos mágicos como do nascimento do filho ou quando passamos no vestibular e consequentemente da nossa formatura.
É isso! E janeiro é um mês bem diferente dos demais por ser o mês das férias e o início do ano e as perspectivas e anseios se renovam. A realidade é premente e devemos colocar nossos planos em primeiro lugar lutando dia a dia para que tudo planejado possa dar certo. E dessa maneira procurar fazer de cada momento a hora e a vez de atitudes positivas. Digo isto porque a cada momento que vemos o noticiário as notícias ruins se sobressaem, infelizmente. E não é para menos, pois as tragédias, principalmente naturais, a cada ano parecem aumentar. Todos nós somos sabedores do porquê de todos esses acontecimentos no planeta. Somos também responsáveis quando não damos o devido destino ao lixo e não respeitamos as leis da natureza. O homem se sente o soberano quando na verdade é só um dos entes dessa engrenagem tão perfeita e bela. E é tão importante sempre analisar de todas as maneiras nossos atos e procurar respeitar o ecossistema em que vivemos. Assim, cada vez mais agora e no futuro a vida na terra precisa ser mais respeitada. Analisar friamente como cada um de nós estamos a cuidar dessa nossa casa. Eu, você e todos os outros devemos agir no coletivo e pensando coletivamente para a sobrevivência nossa e dos nossos descendentes. Sustentabilidade é a palavra e o caminho.
Foto: José de Arimatéa dos Santos

"Cuartito Azul"

Óleo sobre tela da pintora argentina - Sara María Vaccarezza Fariña, inspirado no tango do mesmo nome .

Cuartito azul
Tango 1939
Música: Mariano Mores
Letra: Mario Battistella

Cuartito azul, dulce morada de mi vida,
fiel testigo de mi tierna juventud,
llegó la hora de la triste despedida,
ya lo ves, todo en el mundo es inquietud

Quizá tendré para enorgullecerme
gloria y honor como nadie alcanzó,
pero nada podrá ya parecerme
tan lindo y tan sincero
como vos

Cuartito azul
de mi primera pasión,
vos guardarás
todo mi corazón.
Si alguna vez
volviera la que amé
vos le dirás
que nunca la olvidé.

Cuartito azul,
hoy te canto mi adiós.
Ya no abriré
tu puerta y tu balcón.




Quem paga o pato ?

A RESPONSABILIDADE DO MUNICÍPIO DO CRATO PELOS PREJUÍZOS SOFRIDOS PELOS PARTICULARES EM DECORRÊNCIA DAS ENCHENTES NO RIO GRANJEIRO

Salientamos de pronto que, neste artigo eminentemente de cunho jurídico propositalmente iremos deixar de lado o aspecto político da questão que envolve o problema previsível das enchentes no canal do Rio Granjeiro, por ser de todo impertinente e inoportuno, na espécie.
Para uma melhor compreensão da responsabilidade do Município do Crato pelos prejuízos acarretados aos particulares em conseqüência do transbordamento do canal do Rio Granjeiro não devemos olvidar que: primeiro, é público e notório que o canal alhures mencionado muito antes da quadra invernosa estava sofrendo um altaneiro processo de assoreamento por conta da sujeira acumulada no seu leito, bem como por restos da obra anteriormente executada na encosta do canal, destarte, tendo sua capacidade de escoamento bastante diminuída; segundo, nos albores de 2003/2004 o Poder Municipal Cratense, verificando a necessidade premente da realização de obras em boa parte da extensão do canal do Rio Granjeiro, bem como, nas encostas que lhe circundam, e prevendo a iminência de um acontecimento calamitoso, abriu processo de licitação para execução de obras, sem, contudo funcionar eficazmente o escoamento das águas, por déficit ou até mesmo por omissão na fiscalização da qualidade do serviço, já que em menos de um ano as obras vieram a se desfazer; terceiro, que as mazelas encontradas no canal do Rio Granjeiro se protraíram no tempo com isto agravando os problemas sem que os administradores públicos dessem a devida atenção e efetiva solução.

Sendo os danos sofridos oriundos de obra mau executada e omissão de fiscalização das obras de contenção e limpeza do canal do Rio Granjeiro, desta forma, consubstanciando-se em um fato administrativo, não faz sentido deixar de responsabilizar o Município pelos danos acarretado aos particulares.

Ademais, não se pode alegar que seja a enchente do canal do Rio Granjeiro conseqüência de fato da natureza, pois, esta alegação haveria que ter todos os elementos configuradores da absoluta inevitabilidade da eficácia lesivas a terceiros, porquanto na espécie haveria um quê de evitabilidade exsurgindo a insuficiência e deficiência do serviço, de modo a não ser dado cogitar do fortuito pré-excludente da responsabilidade civil por parte do Município.

No caso do transbordamento que ocorreu no canal do Rio Granjeiro, em Crato/CE, e, suas conseqüências danosas daí advindas eram evitáveis, inclusive porque previsíveis.
Tanto é verdade que o próprio Prefeito Municipal e o Secretário de Desenvolvimento do Crato, em inúmeras entrevistas concedidas, verbi gratia, ao Diário do Nordeste em data de 25 de março de 2005, deixou claro que eram previsíveis as enchentes e reconhece que o Município necessitava de obras e serviços de limpeza no leito do canal do Rio Granjeiro.

Fica claro cm as entrevistas por parte das autoridades municipais que a enchente ocorrida com seus consectários não se deve exclusivamente ao acréscimo pluviométrico, mesmo porque já foi registrado em anos anteriores até com morte e perda material.

Responde a administração pública, pela conduta culposa, ou seja, pela má escolha dos agentes para a realização de obras e/ou pela falta de fiscalização eficiente na realização de obras construídas fora dos melhores parâmetros técnicos, afastados das cautelas recomendáveis, em dimensões inconciliáveis com as circunstâncias do local e o volume de vazão, portanto, sendo imprudente incidindo na cuppa in eligendo, oriunda da má escolha.

Outrossim, não aleguem que por ter sido a obra de contenção do canal realizado na gestão de ex-prefeito o município não responde, pois, como é de comum sabença na administração pública vige o princípio da impessoalidade, onde, os atos administrativos representam o ente ou o órgão que o realizou, a eles devem sempre ser imputados, pouco importando a pessoa física que o realizou. Ademais, não devemos olvidar que a causa do transbordamento e enchente do canal do Rio Granjeiro foi uma seqüencia causas somado e agravado por omissões e imprudências, tanto, do ex-gestor como do atual prefeito que deixou se prolongar por dois mandados consecutivos os problemas do assaz citado canal, inclusive, dando prioridade a outros projetos como reforma de praças e asfaltamento de várias artérias da cidade, destarte, diminuindo a capacidade de infiltração das águas e aumentando o escoamento das águas para o canal do Rio Granjeiro, sem falar da omissão do serviço de limpeza e desassoreamento do canal.

Como muito bem resume o administrativista José Cretela Júnior, o Estado/Município caracteriza-se por seu dinamismo como o lendário príncipe de Argos, deve ter cem olhos, dos quais cinqüenta permanecerão sempre abertos, quando os outros cinqüenta se fecham, durante o sono. Por isso, entre as funções ativas do Município, que se dividem em espontâneas e provocadas, as primeiras são exercidas pela administração, sempre, continuamente, independentemente de solicitação de quem quer que seja, sob pena de faltar a seus deveres.
Não resta dúvida que por parte dos últimos administradores do Crato sobrou olhos para politicagem e projetos pessoais e faltou olhos para projetos e iniciativas que colocassem a população a salva das mazelas das constantes enchentes no canal do Rio Granjeiro.

Francisco Leopoldo Martins Filho
Pós-graduado em Responsabilidade Civil

Reflexão



O Homem - Um Ser Egoísta

O motor principal e fundamental no homem, bem como nos animais, é o egoísmo, ou seja, o impulso à existência e ao bem-estar. [...] Na verdade, tanto nos animais quanto nos seres humanos, o egoísmo chega a ser idêntico, pois em ambos une-se perfeitamente ao seu âmago e à sua essência.
Desse modo, todas as acções dos homens e dos animais surgem, em regra, do egoísmo, e a ele também se atribui sempre a tentativa de explicar uma determinada acção. Nas suas acções baseia-se também, em geral, o cálculo de todos os meios pelos quais procura-se dirigir os seres humanos a um objectivo. Por natureza, o egoísmo é ilimitado: o homem quer conservar a sua existência utilizando qualquer meio ao seu alcance, quer ficar totalmente livre das dores que também incluem a falta e a privação, quer a maior quantidade possível de bem-estar e todo o prazer de que for capaz, e chega até mesmo a tentar desenvolver em si mesmo, quando possível, novas capacidades de deleite. Tudo o que se opõe ao ímpeto do seu egoísmo provoca o seu mau humor, a sua ira e o seu ódio: ele tentará aniquilá-lo como a um inimigo. Quer possivelmente desfrutar de tudo e possuir tudo; mas, como isso é impossível, quer, pelo menos, dominar tudo: "Tudo para mim e nada para os outros" é o seu lema. O egoísmo é gigantesco: ele rege o mundo.


Arthur Schopenhauer, in "A Arte de Insultar"

"Mi Unicornio Azul"

Unicórnio, também conhecido como licórnio, é um animal mitológico que tem a forma de um cavalo, geralmente branco, com um único chifre em espiral. Sua imagem está associada à pureza e à força. Segundo as narrativas, são seres dóceis; porém são as mulheres virgens que têm mais facilidade para tocá-los.

Tema de notável recorrência nas artes medievais e renascentistas, o unicórnio, assim como todos os outros animais fantásticos, não possui um significado único.

Considerado um equino fabuloso benéfico, com um grande corno na cabeça, o unicórnio entra nos bestiários em associação à virgindade, já que o mito compreende que o único ser capaz de domar um unicórnio é uma donzela pura. Leonardo da Vinci escreveu o seguinte sobre o unicórnio:

"O unicórnio, através da sua intemperança e incapacidade de se dominar, e devido ao deleite que as donzelas lhe proporcionam, esquece a sua ferocidade e selvajaria. Ele põe de parte a desconfiança, aproxima-se da donzela sentada e adormece no seu regaço. Assim os caçadores conseguem caçá-lo."

A origem do tema do unicórnio é incerta, e se perde nos tempos. Presente nos pavilhões de imperadores chineses e na narrativa da vida de Confúcio, no Ocidente faz parte do grande número de monstros e animais fantásticos conhecidos e compilados na era de Alexandre e nas bibliotecas e obras helenísticas.

É citado no livro grego Physiologus, do século V d.C, como uma correspondência do milagre da Encarnação. Centro de calorosos debates, ao longo do tempo, o milagre da Encarnação de Deus em Maria passou a ser entendido como o dogma da virgindade da mãe de Cristo: nessa operação teológica, o unicórnio tornou-se um dos atributos recorrentes da Virgem.

Representações profanas do unicórnio encontram-se em tapeçarias do Norte da Europa e nos cassoni (grandes caixas de madeira decoradas, parte do enxoval das noivas) italianos dos séculos XV e XVI. O unicórnio também aparece em emblemas e em cenas alegóricas, como o Triunfo da Castidade ou da Virgindade.

A figura do unicórnio está presente também na heráldica, como no brasão d'armas do Canadá, da Escócia e do Reino Unido.

Na astronomia, o unicórnio é o nome de uma constelação chamada Monoceros.

O unicórnio tem sido uma presença frequente na literatura fantástica, surgindo em obras de Lewis Carroll, C.S. Lewis e Peter S. Beagle. Anteriormente, na sua novela A Princesa da Babilónia (A Princesa de Babilônia), Voltaire inclui um unicórnio como montada do herói Amazan.

Modernamente, na obra de J. K. Rowling, a série Harry Potter, o sangue do unicórnio era necessário para Voldemort manter-se vivo, porém o ato de matar uma criatura tão pura para beber-lhe o sangue dava ao praticante de tal ação apenas uma semi-vida - uma vida amaldiçoada. No livro diz-se que o unicórnio bebê é dourado, adolescente prateado e adulto branco-puro. Também é interessante observar, ainda na obra de Rowling, que a varinha do personagem Draco Malfoy possui o núcleo de pêlo de unicórnio.

Noutro livro, "Memórias De Idhún", de Laura Gallego García, o unicórnio é uma das personagens principais da história, sendo parte de uma profecia que salva Idhún dos sheks. Em Memórias De Idhún, o unicórnio está no corpo de Victoria.

Em 2008, um "unicórnio" nasceu na Itália. O animal, obviamente não é parte de uma nova espécie. Mas sim, uma corça (pequena espécie de cervídeo europeu), que nasceu com somente um chifre. Pesquisadores atribuem o corrido a um "defeito genético".




Mi Unicornio Azul - Silvio Rodriguez




Mi unicornio azul ayer se me perdió,
pastando lo deje y desapareció.
cualquier información bien la voy a pagar.
las flores que dejó
no me han querido hablar.

Mi unicornio azul
ayer se me perdió,
no sé si se me fue,
no sé si extravió,
y yo no tengo más
que un unicornio azul.
si alguien sabe de él,
le ruego información,
cien mil o un millón
yo pagaré.
mi unicornio azul
se me ha perdido ayer,
se fue.
Mi unicornio y yo
hicimos amistad,
un poco con amor,
un poco con verdad.
con su cuerno de añil
pescaba una canción,
saberla compartir
era su vocación.

Mi unicornio azul
ayer se me perdió,
y puede parecer
acaso una obsesión,
pero no tengo más
que un unicornio azul
y aunque tuviera dos
yo solo quiero aquel
cualquier información
la pagaré.

mi unicornio azul
se me ha perdido ayer,
se fue.
Sílvio Rodriguez (Cuba)

Fonte Wikipedia
Imagem - Google Imagens



Acalanto
Caetano Veloso
Composição: Edu Lobo - Paulo César Pinheiro

Dorme que eu vou te embalar
No meu colo quente
Como a lua embala o mar
E a maré embala a gente

Dorme que eu vou te velar
Pela noite quieta
Como a chama do luar
Vela o sono dos poetas

Dorme que eu vou te ninar
No teu canto de criança
Como sempre ouvi meu pai cantar
Um acalanto de esperança

Os filhos da família - LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO - Colaboração de Edmar Cordeiro


Freud dizia que a família era composta de heróis trágicos que ora se atraíam, ora se agrediam e ora se matavam, mas que a família é viável e necessária para a formação do sujeito.
A família é um espinheiro indispensável à civilização, não que o sujeito seja masoquista, mas o desejo da família advém do instinto inato da preservação da espécie que cada um traz dentro de si. 
Na contemporaneidade acontece fato interessante de ser estudado: a família desagrega-se, mas todos a querem.
Os filhos dão sobrevida aos relacionamentos conjugais, mas também são os que mais dão trabalho, pois não é fácil educá-los para a vida numa sociedade que abandonou quase todas as virtudes e onde o vício e a maledicência encontram-se por toda parte. 
Os filhos culpam os pais por tudo, mas esquecem que um dia serão também pais e acabam criando uma espécie de brincadeira infantil do "desconta lá" e o sentimento de culpa se instala em forma de círculo. 
Não há posição mais cômoda dentro da família do que ser ou fingir-se de vítima, mas assim como os pais têm a obrigação de educar os filhos, os filhos por sua vez têm o dever de obedecê-los e procurar fazer o melhor possível para reconhecê-los pelo trabalho e as noites de insônia que deram causa.
Os pais não devem se sentir culpados por conta de qualquer ato dos filhos, pois muitas vezes fazem de tudo, mas mesmo assim, o filho desgarra e segue com seu livre-arbítrio caminho desaconselhado. 
Se fizer pouco, o filho reclamará, mas se fizer muito poderá acusar de tê-lo mimado e não ter lhe dado oportunidade de conhecer as dificuldades da vida.
Os filhos e os pais precisam se conquistar um pelo outro e não somente de forma unilateral, como pensam e desejam muitos filhos. Desde tempos imemoriais há a ingratidão dos filhos na família, mas é preciso adverti-los que a função dos pais é nobilíssima e precisa ser reconhecida e não anulada e/ou diminuída. 
Disse genial poeta: (...)
Você me diz que seus pais não entendem/
Mas você não entende seus pais/
Você culpa seus pais por tudo
E isso é absurdo
São crianças como você/
O que você vai ser, quando você crescer?

LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO
psicanalista

"E a pedra da Batateira rolou..." - Por Cacá Araújo


Ninguém poderia jamais imaginar que uma antiga profecia indígena pudesse ser concretizada. E o mundo viu...

O relógio marcava exatamente a primeira hora e trinta e três minutos e trinta e três segundos do dia vinte e oito de janeiro do ano que todos recordam.

Um forte e valente trovão anunciou a fúria da natureza. Choveu forte. A terra tremeu, pedras e troncos rolaram nas enchentes do rio revolto que, altivo e cheio de razões, exigiu de volta seu leito violado.
Como uma sinfonia estranhamente harmoniosa, misturaram-se sons da catástrofe e o clamor do povo. E foi triste o quadro de destruição. Casas, prédios comerciais, hospitais, igrejas, praças, ruas, pontes, postes de eletricidade, tudo virando escombros... E dos prédios e casas as águas expulsando móveis, utensílios, pertences, produtos diversos e gente, umas inteiras outras já aos pedaços de carne e sangue, vitimadas pela agressão do grosso caldo que tudo arrasou e arrastou.
Súplicas e orações e preces e ladainhas entoadas em desespero: “Meu Deus! Cristo Jesus! Minha Nossa Senhora da Penha, piedade!”, “Pai nosso que estais no céu...”, Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida e doçura, esperança nossa, salve! (...) A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas...”; “Creio em Deus Pai, todo poderoso, criador do céu e da terra...” “A nós descei divina luz...”.

Em meio aos estrondos e gritos e gemidos, ecoou a voz grave e temperada de pesar do ancião Cariri, ressurgido na escuridão da tempestade, trazido pelos raios vibrantes que avivavam o movimento das águas, sentado numa onda que nem subia nem caía, derramando gotas de lágrimas ancestrais:
- Viventes deste sagrado vale, provocadores da agonia e morte de muitos e milhares de antepassados, destruidores de florestas e animais, poluidores de nascentes e rios, ouçam e regravem onde couber que dissemos e avisamos há séculos que uma baleia por nós encantada ternamente dormia em sua cama de paz, escorando uma enorme pedra que tapava o grande e majestoso rio que vivia na barriga da Serra do Araripe. Criminosos, exploradores, especuladores! A desgraça que se abate sobre esta terra é uma resposta, uma reação aos desmandos... Vocês espremeram nossas águas num estreito e aleijado canal onde lançam seus esgotos e fezes. Queremos a vida de volta! Saiam do caminho, não se oponham à natureza e permitiremos que vivam os que escaparem da provação de hoje!
Naquele momento, a baleia já acordada se esticou como se espreguiçando e se debateu sacudindo a cauda e desgrudando totalmente o corpo da conhecida Pedra da Batateira. Uma nunca antes vista avalanche de água atirou-se com pedras e troncos sobre a região, quebrando o que restava de inteiro, inundando o que ainda estava às vistas, derribando monumentos heréticos, afogando e rasgando corpos de crianças, homens, mulheres, velhos e velhas, todos que estavam no caminho. Cumpriu-se, então, a profecia, e o sertão virou mar...
Ao cabo de trinta e três dias, as águas do rio baixaram, acomodadas que estavam no seu antigo e vasto leito. Peixes alegremente correndo correnteza acima e abaixo...
Num raio de pelo menos cinqüenta metros de cada margem restavam sinais da luta divina. Uma criança se aproximou vindo de longe. Achou um tênis que pertencera a alguém, uma chinela que um dia vestiu algum pé, uma camisa pequenina que havia agasalhado um bebê que se fora nas enchentes. Foi andando, brincando, até que ouviu vozes suaves e meigas em coro balbuciando uma cantiga de ninar. Pôs os pés na água, lavou o rostinho sereno e acompanhou o cântico, tendo ouvido, ainda, um último ressonar da baleia que voltara a dormir guardando águas...

Cacá Araújo

Professor, Poeta, Folclorista, Dramaturgo, Ator e Diretor de Teatro

Diretor da Cia. Cearense de Teatro Brincante

* Alegoria da lenda cratense da Pedra da Batateira, no contexto da última enchente do Canal do Rio Grangeiro, em Crato-CE, na madrugada do dia 28 de janeiro de 2011, que provocou grandes perdas para a população, não havendo, felizmente, nenhuma morte. Este pequeno conto é um alerta à sociedade e aos gestores públicos, especialmente em níveis estadual e federal, que detém recursos e meios necessários à solução definitiva dos problemas relacionados ao referido rio.

Escravo- Por Domingos Barroso


Onde diabos você se meteu mulher.
Preciso de sangue. Cadê seu pescoço.


Ando amarelo divagando
vendo coisas nas paredes.


Havia prometido nunca mais escrever sobre formigas.
Um poeta sozinho é um deus miserável.


Onde raios você se meteu sua linda.
Preciso do seu corpo.


As nossas mentes não se entendem.
E se eu lhe disser que não temos alma.


Temos, sim, xícaras.
(acabei de pôr a minha
sobre a estante de ferro)


Se vier deixe a sua alma
no tapete da porta.


O negócio hoje é com seu corpo.
A marca do biquíni.


Causarei à sua pele formigamento.
Por mais que passe creme importado
ainda mais arderá de febre seu corpo.


A onda hoje é com seu corpo.
O cheiro das suas axilas.


Se vier mesmo deixe a sua alma
no lugar da luminária.


Cubra o abajur com um pano vermelho.
Venha descalça.


Também quero o sangue
das suas cutículas.


Os meus caninos
são pinças.


Ande logo, condessa
(sabe o que sucede
quando estou furioso
e faminto)


não me faça essa cara
não ria assim (louca)


não me provoque
respeite o seu conde


respeite não o seu conde
sim, faça esse biquinho
desse jeito o rebolado.


A sua alma esquecida na luminária
só atrai os besouros da chuva.

LUA ATREVIDA - Marcos Barreto de Melo

Eu de cá a te espiar
Tu de riba me olhando
Com tua beleza a espalhar
Sinto d'eu estar mangando
Como quem diz, vai passear
Aproveita o meu clarão
Leve seu bem pelo braço
Que a noite é pra se amar

Olhe aqui, lua atrevida
Tenha respeito comigo
Se é isto que estás falando
Escute agora o que eu digo
Em vez de ficar mangando
Por que não vem me ajudar?
Já conhece o meu segredo
Sabe bem o que fazer

Por que não traz a morena
Com quem eu vivo a sonhar?
Traga essa nêga depressa
Jogue ela em meus braços
Nem que seja por um dia
Pro meu viver alegrar
E depois, venha e repare
Se ainda tem do que mangar

E pra eu não ter saudade
Nem ter que lhe aperrear
Aumente logo esse prazo
Esqueça de calendário
Deixe nós dois sem horário
E eu lhe digo com firmeza
Nunca mais vou dar motivo
Pra você me caçoar


Marcos Barreto de Melo

PARA O SEU RECADO

Sim...Vou te guardar uma noite
E vou te escolher numa noite
Em que as estrelas possam sorrir
E não vai ser uma noite qualquer
E não quero chuva, frio ou medo
Quero apenas paz, muita paz
Vou te fazer versos, cantar modinhas
Beijos??? sim... eles virão
Testemunhados por paredes
Só por paredes
Não quero teto...pois "quero ver estrelas"
E quero viver este mundo de nós dois
Madrugada? Aurora?
Não as conheço
Não é a minha preocupação
senão a de te fazer
acordar feliz



(plagiando o "versando com..." de Claude)

Maestro Fon-Fon - Por Norma Hauer




Ele nasceu em 31 de janeiro de 1908 em Alagoas e ficou conhecido pelo como o Maestro FON-FON. Em 1930 iniciou sua carreia como integrante da Orquestra de Romeu Silva e excursionou pela Argentina, mas somente em 1833fez sua primeira gravação, interpretando ao saxofone o choro “Cláudio”.
Em 1935 criou sua orquestra e passou a apresentar-se no Cassino Assírio (que, me parece, funcionava no térreo do Theatro Municipal, com entrada pela Avenida Rio Branco.
Em 1942 foi com sua orquestra que Ataulfo Alves e suas Pastoras gravaram o clássico “Ai, Que Saudade da Amélia”, de Ataulfo e Mário Lago, que ninguém queria gravar e nem o próprio Mário Lago concordou com a gravação desse samba, naquela época hora de pouco interesse e que hoje ainda é um grande sucesso.
Em 1944 gravou outra música já clássica, a polca “Rato-Rato”, mas sua mais importante gravação foi, na voz de Odete Amaral, seu choro “Murmurando”.
MURMURANDO
Autoria: : Maestro Fon-Fon e Marino Pinto
Gravação original de Odete Amaral
Murmurando esta canção
Eu sei que o meu coração
Há de suplicar amor
Vem matar tanta dor
Já não há luas-de-mel
Nem mais estrelas no céu
Um anel de ambições envolveu irmãos
E será um poder fatal
Se o bem não vencer o mal

Amor, tanta dor há de chegar ao fim
É melhor, é bem melhor
Viver sem imitar Caim
Por que mentir, trair, matar
Em vez de amar?

Será que a negra escuridão
Pode apagar a luz do Sol?
Será que o nosso coração
Pode viver sem um crisol?
Se Jesus ao levar a cruz além
Não deixou de pregar o amor a alguém?
Além de todas as razões
Quero mostrar aos meus irmãos
A lição de perdão do Grande Rei, o Criador
Que ao expirar sobre o Tabor
Quis imortalizar o amor
Sua orquestra acompanhou os mais conhecidos cantores de sua época, como Francisco Alves, Odete Amaral, Jararaca e Ratinho, Gilberto Alves. Dircinha Batista, Emilinha Borba...

Gravou outros números musicais de Ernesto Nazareth, Eduardo Souto, Felisberto Martins até que em 1947 viajou para a Europa, indo apresentar-se em Paris, Londres e outras capitais europeias. Manteve-se na Europa por 4 anos, sempre obtendo sucessos.
Depois de se apresentar em Atenas, na Grécia, um mal súbito ali mesmo o matou, no dia 10 de agosto de 1951.

Norma

Por Norma Hauer

CATULO DA PAIXÃO CEARENSE
Há duas datas como de nascimento de Catulo: 31 de janeiro de 1866 e 8 de outubro de 1863.
Esta última é mais confiável porque foi "descoberta" depois de várias pesquisas de grandes pesquisadores de nossa música como Almirante e Paulo Tapajós.

Na época de seu nascimento não existia o registro civil, criado após a proclamação da República. Registros eram feitos no dia do batizado ; eram os bastitérios e era o que valia.
Mas muitos pais alteravam datas de nascimentos de seus filhos (para mais ou para menos) muitas vezes para efeitos de empregos ou de casamentos ao ficaram adultos.

Descreverei fatos da vida de Catulo no dia 8 de outubro, por acreditar mais nesta data.

Norma

Recado - Por Socorro Moreira



Guarde uma noite pra mim
Uma noite qualquer
do seu desejo
Noite de chuva
Sem frio e sem medo
Noite esticada por versos
Intercalados de beijos

Noite sem janela
Comporta imaginação
Lá fora o mundo dorme
Pediu folga
Reclama por nós ?

Guarde uma madrugada
e uma aurora...
Depois, pode calçar as botas
e me deixar dormindo

Garanto que vou acordar sorrindo.

Um filme- Uma música

Mario Lanza



Mario Lanza (Filadélfia, 31 de janeiro de 1921 — Roma, 7 de outubro de 1959) foi um tenor norte-americano de ascendência italiana.

Apaixonei-me por mario Lanza, ainda menina, quando assisti o filme "A lenda de uma voz", sobre a vida de Caruso.Na mesma época assisti "Come Prima", e ratifiquei a minha predileção.Acompanhei desde então a sua voz, através do rádio e dos discos. 


Franz Schubert





Franz Peter Schubert (Himmelpfortgrund, 31 de Janeiro de 1797 — Viena, 19 de Novembro de 1828) foi um compositor austríaco do fim da era clássica, com um estilo marcante, inovador e poético do romanticismo. Escreveu cerca de seiscentas canções (o "Lied" alemão), bem como óperas, sinfonias, incluindo ("Sinfonia Incompleta") sonatas entre outros trabalhos. Não houve grande reconhecimento público da sua obra durante sua curta vida; teve sempre dificuldade em assegurar um emprego permanente, vivendo muitas vezes à custa de amigos e do trabalho que o pai lhe dava. Morreu sem quaisquer recursos financeiros com a idade de 31 anos. Hoje, o seu estilo considerado por muitos como imaginativo, lírico e melódico, fá-lo ser considerado um dos maiores compositores do século XIX, marcando a passagem do estilo clássico para o romântico. Podemos defini-lo como "mais um artista incompreendido pelos seus contemporâneos".

wikipédia

Reforma da Sé Catedral- por Gabriella Federico



A reformadora de arte sacra, Gaby, iniciou os trabalho de restauração do teto da igreja da Sé. Um trabalho delicado, e até certo ponto arriscado. Dentro de alguns dias será concluído, com todo êxito.

A experiência  profissional desta artista garante os resultados !
Hoje cedinho tomamos juntas um café.
Reportou-se ao trabalho atual, à noite da chuva, e à abertura da exposição das obras do Museu do Crato, restauradas pela artista plástica Edilma Saraiva. Bom demais  tomar conhecimento desses acontecimentos, nos seus detalhes.
Estou vivendo o Eremita, mas como os que estão distantes, quero boas notícias.
Parabéns aos que contribuem pela preservação da nossa natureza, e do nosso patrimônio material e imaterial.
Uma nova semana inicia-se. É quase Fevereiro.
A palavra de ordem é  Prevenir, Preservar,  Restaurar, em todos os sentidos !
Dias de paz e luz !