por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Escravo- Por Domingos Barroso


Onde diabos você se meteu mulher.
Preciso de sangue. Cadê seu pescoço.


Ando amarelo divagando
vendo coisas nas paredes.


Havia prometido nunca mais escrever sobre formigas.
Um poeta sozinho é um deus miserável.


Onde raios você se meteu sua linda.
Preciso do seu corpo.


As nossas mentes não se entendem.
E se eu lhe disser que não temos alma.


Temos, sim, xícaras.
(acabei de pôr a minha
sobre a estante de ferro)


Se vier deixe a sua alma
no tapete da porta.


O negócio hoje é com seu corpo.
A marca do biquíni.


Causarei à sua pele formigamento.
Por mais que passe creme importado
ainda mais arderá de febre seu corpo.


A onda hoje é com seu corpo.
O cheiro das suas axilas.


Se vier mesmo deixe a sua alma
no lugar da luminária.


Cubra o abajur com um pano vermelho.
Venha descalça.


Também quero o sangue
das suas cutículas.


Os meus caninos
são pinças.


Ande logo, condessa
(sabe o que sucede
quando estou furioso
e faminto)


não me faça essa cara
não ria assim (louca)


não me provoque
respeite o seu conde


respeite não o seu conde
sim, faça esse biquinho
desse jeito o rebolado.


A sua alma esquecida na luminária
só atrai os besouros da chuva.

Um comentário:

Liduina Belchior disse...

Domingos Barroso,

Parabéns pelo inusitado, sua poesia reúne originalidade, inteligencia e humor. grande poeta!!!!!!

Abraços: Liduina.