por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 20 de fevereiro de 2011

Como encarar?

Como é difícil encarar a chamada "morte"... Como é duro e cruel. Sei que uma nova vida nos espera, mas...
Sei que nalgum momento da vida perderemos algo ou alguém. Seja no jogo (para os mais entusiastas), seja no amor, seja na perda de bens materiais, seja por conta de uma grande amizade desfeita, uma separação conjugal, a juventude do nosso corpo que pouco a pouco vai enfraquecendo e perdendo elasticidade e rigidez de uma forma sutil, mas aparente, e por aí vai. Sofremos pela distância, por não podermos estar próximas das pessoas que a gente ama, sofremos pelo conforto que deixamos de usufruir, e por diversos outros motivos. Mas essas perdas se tornam naturais e aceitáveis a partir do momento em que sabemos que essas coisas e pessoas continuam ali, são palpáveis; basta uma palavra ou um gesto. Um novo embate no jogo com aquele sentimento de vitória, a busca pelo novo emprego... Basta desafiarmos o nosso potencial de luta e corrermos em busca do que se perdeu no tempo e no espaço. Basta também aceitarmos de forma natural a decadência física do nosso corpo; antes jovem, e aos poucos, senil e frágil (o que é inevitável, quando a idade chega, apenas chega). Implacável!
A tentativa em resgatar o que foi perdido pode até se tornar em vão, mas, vale o risco; pois as pessoas continuam aqui, na mesma esfera. Sabemos onde encontrá-las. Basta querer, basta tentar alcançá-las, basta tentar recuperá-las. A esperança continua ainda dentro de nós. Aquela amizade desfeita podendo ser refeita, o amor abruptamente perdido podendo novamente ser recuperado. Continuamos cheios de perspectivas e esperanças.
Agora... Perder literalmente quem você ama e que vai embora sem marcar um novo encontro ou um meio qualquer de comunicação... Numa despedida amarga e dolorida; num choro solto e desesperado; num adeus que lhe esmaga o coração e sem final feliz. Deixar de sentir o cheiro por completo, de ver o sorriso repleto, o semblante tantas vezes calmo ou tão severo... Deixar de sentir o aconchego no momento do deitar, do acordar, as conversas sempre carinhosas ou afobadas... E tantas outras coisas. E para quem fica, a solidão. Sufocados ainda pela dor, e presos as recordações. É uma dolorida e triste saudade.
É caos e tristeza.
Ainda não estou pronta para despedidas, e sei que isso é muito ruim. Saber elaborar de forma tranquila uma perda, é deveras complicado. O meu espírito ainda se arrasta...
Às vezes não sei quem sou, e o que penso. Muitas vezes estou convicta, outras... Vejo que não tenho pensamentos coerentes a respeito de crenças, e da minha fé. Ainda não tenho opinião formada; e na altura da vida acho isso péssimo! Encontro-me perdida e cheia de interrogações por diversas vezes. Os sentimentos são inúmeros, as dúvidas e os questionamentos maiores. Encontro-me em meio à multidão, cada um com seus conceitos, convicções, buscas...
Tô aqui... Mais longe do que perto?
*
Mara Thiers
Escrito há um tempo atrás...

5 comentários:

Aloísio disse...

Mara Thiers

Um texto muito humano, com todas nossas dúvidas, franquezas e fraquezas.

Abraços
Aloísio

socorro moreira disse...

Querida!

É difícil encarar a ordem natural da vida, e as nossas tantas mortes !

No silêncio, a tristeza !

Abraços.

Mara Thiers disse...

Identifico-me com o espiritismo. Acredito na reencarnação (frequentei durante um bom tempo). Admiro e vejo em Chico Xavier, um Espírito de Luz. Um grande homem! E isso é indiscutível!
Mas dentro do espiritismo existem determinadas coisas que eu não consigo entender, e passei a não acreditar, portanto...
Tenho milhões de questionamentos. Isso é ruim? Diante de muitos, sou um peixe fora d'agua...
Mas continuo na busca...

Abraços pra vocês!!!

Liduina Belchior disse...

Mara querida,

Estamos entre o morrer e o perder...
E também entre o nascer e o viver.
Em tudos demos graças a Deus!...
Os mistérios existem entre o céu e a terra,
banhemos de amor e qualidade de vida o nosso existir...Estendamos este sentimento ao outro, e este, voltará inteiro para nós. O universo via o Divino, se encarregará disto.

Abraços existenciais e bjos em sua alma: Liduina.

Mara Thiers disse...

É um deleite estar nesse “Azul Sonhado...” Sinto-me em casa. Sinto-me acolhida e bem acompanhada. Vocês são Anjos!
Lidu... Quanto carinho...
AbraçOOs!!!