por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A gargalhada do torturador na Revista Veja - José do Vale Pinheiro Feitosa

Se Madre Teresa de Calcutá usasse sua missão junto aos pobres da Guerra de Bangladesh para justificar atrocidades em nome do cristianismo ou para preservar o seu próprio poder, estaria derrubada a sua missão. Pois foi isso que uma recente entrevista da Revista Veja fez.

Trouxe à tona um torturador que se justifica e dar gargalhadas com as ameaças que fazia e a conseqüente confissão do torturado. O nome da “fera” Marcelo Paixão de Araujo e se sente, assim como por tabela a revista, plenamente justificado pela luta contra o comunismo. Finalmente a revista achou um torturador ideológico que acredita na tortura com instrumento eficaz.

O torturador, e a revista em seu papel de pregar uma “nova guerra fria”, até culpa a tibieza do general Geisel ao dizer que desconhecia a tortura ou que estivesse por trás de suas ordens. A tortura é matéria de ação, de estratégia de vitória e, portanto, estaria justificada.
Se no Brasil de fato tivesse havido um tribunal contra estes crimes, a justificativa não existiria. Até pode existir quem goste dos crimes nazistas, dos crimes de Stalin, de Mussolini, de Kadafi ou do seu bárbaro assassinato, mas não tem como não qualificar tais atos como crimes contra a humanidade.

É neste aspecto que se enreda a revista Veja ao imprimir em letras as gargalhadas do torturador. Se os EUA tivessem tido uma enorme crise social e política, todos os seus governos a partir dos anos 50 estariam sujeitos às mesmas condenações do Julgamento de Nuremberg, ou do julgamento de Adolf Eichmann em Israel ou do Tribunal Internacional agora com os genocidas da ex-iugoslávia.

A entrevista da Veja vem a comprovar o quanto a lei da Anistia prejudicou a recuperação democrática brasileira. Acontece que o Golpe Militar foi ilegítimo do ponto de vista político, uma ferida moral na sociedade brasileira e um assalto aos bens culturais do povo brasileiro.

Pessoas sem legitimidade alguma tomaram o poder, vilipendiaram a memória dos que prenderam, torturaram e exilaram. Usaram as mídias para destruir o patrimônio moral de inúmeros brasileiros, inclusive de líderes que apoiaram o golpe militar como Carlos Lacerda e Juscelino.

Fora alguns exemplos de jovens que pegaram em armas ou de alguns líderes desesperados da esquerda, o maior volume de torturas, de perseguições e desaparecimentos ocorreu sobre pessoas que eram oposicionistas ao regime, mas que jamais fizeram guerra armada contra as instituições armadas. Para esta grande maioria a saída do golpe era pela via política e não pela via armada.

Mas foram os políticos como Rubem Paiva que era um liberal ligado ao antigo partido socialista, nada tinha por ligação com qualquer articulação da guerra fria e que foi preso, torturado e morto por uma típica façanha de loucos em tática para sustentar suas ilegitimidades junto ao povo brasileiro.

As gargalhadas do torturador nos microfones da revista Veja nos deixa a certeza de que tem muita gente boa sendo envenenada por pequenas doses de um metal pesado que só mais tarde surgirá nas entranhas de suas almas como pesadelos terríveis sobre o futuro e sobre os outros brasileiros. Quem justificar seu ódio à esquerda por esta via há muito fugiu da via democrática. Assim como Madre Teresa fugiria se não fosse quem fosse.

Cicatriz - por Everardo Norões




Nenhuma água
apaga a chaga
se na pele
se acende a cicatriz
Feliz que, como Ulisses
teve quem a visse
e a lavasse
e nos seus traços
percebesse
toda viagem vertigem.

Geraldo Gonçalves de Alencar – O poeta de todo dia


Se todo dia é dia de poesia, Geraldo Gonçalves de Alencar é um dos poetas de todo o dia. Desde a infância se impregna palavras poéticas. Com uma poesia que versa sobre vários temas, seu Geraldo mergulha do religioso ao erotismo. Rejeitado por Partativa do Assaré torna-se depois seu parceiro. Co-auto do do Livro Ao Pé da Mesa com o seu tio Patativa do Assaré.


Alexandre Lucas – Quem é Geraldo Gonçalves de Alencar?

Geraldo Gonçalves de Alencar – Sou Geraldo Gonçalves de Alencar, nasci no Sítio Serra de Santana município de Assaré – CE, segundo filho de José Gonçalves de Alencar e Maria Risalva e Silva. Poeta.

Alexandre Lucas - Quando ocorreram os seus primeiros contatos com a poesia?

Geraldo Gonçalves de Alencar – Quando criança lia apaixonadamente tudo quanto era cordel,a minha infância foi toda voltada para os folhetos, em 1956 Patativa publicou o seu primeiro livro ( Inspiração Nordestina ).
Passei a ler avidamente os poetas da Poesia Matuta: Patativa,Catulo, Zé da luz e os românticos brasileiros.

Alexandre Lucas – Quais suas influências na Poesia?

Geraldo Gonçalves de Alencar - Os grandes sonetistas me influenciaram bastante, é uma das poesias que mais cultivo, os poetas matutos e os líricos também.

Alexandre Lucas – Geraldo você tem algum tema mais recorrente nas suas poesias?

Geraldo Gonçalves de Alencar – O tema que mais abordo tanto nas poesias sertanejas como no sonetos é o amor, embora me estenda ao religioso, o social, o erótico e outros.

Alexandre Lucas – Fale da sua trajetória:

Geraldo Gonçalves de Alencar – Fui uma criança estudiosa mas como até hoje já adulto, escravo do pânico, um adolescente boêmio talvez até por conta da minha fobia social. Na minha infância e adolescência Patativa sempre me repudiou como poeta, até que com minha poesia (Pergunta de Moradô), pediu-me a permissão para dar a resposta, consenti tranquilamente só que houve a tréplica, Patativa não gostou. Deixei a bebida depois de 30 anos, 4 anos depois passei a ser escravo da máquina de hemodiálise, fiz o transplante renal, houve a rejeição, continuo no tratamento. Mas nunca deixei de cultivar a minha grande paixão, a poesia.

Alexandre Lucas - Como foi o seu contato com Patativa do Assaré?

Geraldo Gonçalves de Alencar – Depois de muitas recusas Patativa me aceitou como poeta e até o fim de sua vida passei a ser seu parceiro constante.

Alexandre Lucas – Como você enxerga a poesia de Patativa?

Geraldo Gonçalves de Alencar – Considero Patativa como um dos maiores poetas brasileiros. Os outros sim, têm mais cultura e conhecimento, entretanto Patativa com seu linguajar rústico, dispõe de mais inspiração e mais sabedoria, sua espontaneidade, sua métrica perfeita, a riqueza de imagens, o gracejo, o trocadilho, a filosofia, a criatividade, fazem de Patativa um gênio do gênero. Um autodidata. Sabia o que estava fazendo.

Alexandre Lucas – Todo dia é dia de poesia para você?

Geraldo Gonçalves de Alencar – Com certeza, quando não é organizando é escrevendo.

Alexandre Lucas – Você acha que a poesia é instrumento político?

Geraldo Gonçalves de Alencar –A poesia é abrangente, penetra fundo em tudo quanto nossa inspiração permite, principalmente na Política, tema do interesse de todos.

Alexandre Lucas – Quais seus próximos trabalhos?

Geraldo Gonçalves de Alencar - Sou admirador dos sonetos e da trova tenho dois livros desta poesia inéditos e também outro de poesia campestre ( Na Terra dos Passarinhos )Vários cordéis e algumas composições musicais.