por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 19 de setembro de 2011

o beijo

Fui testemunha da maravilha
que é um beijo demorado
entre um casal de sapos.

Eu vi com estes olhos [que a terra
há de oferecer às minhocas]

a suntuosidade e sutileza das línguas
do moço sapo e da senhorita sapa.

Eu vi com estes olhos [que o mar
há de oferecer aos moluscos]

a sensualidade das pontas
em leves gracejos e toques.

Não há mortal [gente
ou bicho] que beije
semelhante aos dois
anfíbios.

Fui testemunha de cada intervalo mágico
em que as línguas tremiam, suspiravam,
tomavam fôlego e retornavam

só as pontas para que depois
por inteiras sumissem as línguas
dentro daquelas bocas.

Eu vi com estes olhos [que o vento
há de oferecer às calçadas]

o casal estremecido,
as jugulares pulsando,
as glândulas ruborizadas.

Não tem gente ou bicho ou entidade
que beije tal qual o casal de sapos.

É um beijo longo e molhado,
tenro, doce, frenético
e ardente.

Eu vi,
eu juro que vi.

Com estes olhos
que a mim pertencem
por obra e divina graça

nunca cabendo posse deles
às minhocas nem aos moluscos
tampouco às calçadas em noites frias.

Cariri Cangaço 2011




Abertura Oficial amanhã, terça-feira,


dia 20 às 19 horas no


Teatro Municipal de Crato




Você é nosso Convidado.

Acabei de rever "Amores Clandestinos". Vontade de continuar ouvindo a trilha sonora


Água corrente - por Socorro Moreira.




Cantarolando uma música
"Creio em ti" !
sem explicações teosóficas
nem filosóficas
nem pretensões poéticas
nenhuma (d)ica !

Gosto de preencher as horas
de muitas formas
e o tempo na medida
entrega de bandeja
alternativas
Vivas !

Bendita solidão
que nos deixa perto de nós
e chama , e chama !
Chama que não se apaga
feito vela de uma era.

Daqui a pouco o dia
de novo acontece
Água fazendo zoada na pia
cheiro de café
e a canção da vida
nas buzinas
de quem apressa caminhos.

Desacelero o tempo
e paro num momento ...
momento que chega do futuro
"Olá, como vai"?

"Deus está no meio de nós..."
Creio ,sim !
Mas não gosto de rituais
nem de música gospel.
Sou filha da lua e do sol
Irmã de quem me ilumina !

socorro moreira

Haicai - por Paulo Leminsk


a estrela cadente
me caiu ainda quente
na palma da mão

cortinas de seda
o vento entra
sem pedir licença






Sinto a paz
do filho adormecido
e a saudade me inquieta

Bem que dizia minha mãe :

Sinto saudades de você,
pequena,
apesar dos sobressaltos
tosse , pesadelos ...

Mãe ,
agora te entendo !

Sou cheia de saudades
apaziguadas pelo tempo
As pessoas entram minúsculas
e saem enormes
rasgando o coração
onde cresceram

Mas tudo se restaura, se renova
Outros afetos chegam
e a florata do amor recomeça
Coração suspira paz
ausência da dor
na suavidade das lembranças

socorro moreira

Rabiscos - por Socorro Moreira



Sou de lua
vida e serenata

branca noite
cadeiras na calçada

rabiscos na cara
arranhada e prateada

lua que banha o olhar
ensina a enfeitiçar.

Paçoca é no pilão...O resto é farofa - Por Socorro Moreira



Quando eu me casei, em 1979 , todas as casas tinham quintal e pilão. Tratei logo de arranjar um, mas já não existiam em qualquer feira para se comprar,  nem quem os fizesse. Uma vez por semana, eu ia na casa da minha tia Ivone pilar a carne seca pra fazer paçoca , acompanhada do baião . A gente fritava a carne na gordura do toucinho , e adicionava bastante cebola roxa, e aí então , socávamos no pilão com um pouco de farinha de mandioca. Tínhamos então , a verdadeira paçoca . Ela nem se acompanhava de outra carne. Não era complemento. Era o prato principal. Ficava um pouco úmida , e a carne numa consistência fibrosa, fiapenta. Essa era a nossa paçoca original. Hoje , imaginem, a gente usa o liquidificador pra fazê-la, numa quantidade desproporcional de farinha, e achamos, enchemos a boca pra dizer, que adoramos paçoca... Ora, ora, a gente adora é farofa ! Nunca peço paçoca , nos restaurantes. Eu sei o que é uma paçoca gostosa ! Naquele tempo acompanhava o baião de dois com queijo de coalho e nata de leite com torresmos e cheiro verde. Se fazia mal, isso é outra questão. Só sei que era tudo natural. Existe algo pior do que os conservantes dos nossos enlatados? A gente pensa que usando um creme de leite light tá tudo compensado...Cuidado !

Paçoca light ( ?) :
1/2 Kg de carne de sol
2 cebolas roxas
Um mão de farinha de mandioca ( use o mínimo possível)
Óleo para fritar a carne ( canola é o melhor)
alho , cheiro verde
manteiga de garrafa ( facultativo- só pra quem pode e gosta)

Médodo : ferventar a carne em pedaços. Passá-la no óleo com a metade da cebola e o alho. Processar no aparelho que você tiver ( moinho, centrífuga , liquidificador ...ou pilão!) com a farinha de mandioca crua e o restante da cebola. Nos aparelhos modernos tem que ser rápido e grotescamente , pra que ela não fique muito moída ou triturada. Se ficar muita seca, passe aos pouquinhos, no pulsar , e se puder, acrescente uma colher de manteiga de garrafa. Perfume com cheiro verde batidinho, e pronto ! Acompanha um baião de dois pegando fogo, com muito queijo, e uma banana prata da bandeja.
* manteiga de garrafa é a manteiga da terra . Aquela que se fazia em casa ou vinha da fazenda. O cheiro da borra é inesquecível .Eu diria que é poesia !

A sugestão de um doce , sobremesa ?
Agora eu vou pro futuro, hoje passado, nos meus tempos de Friburgo. Vocês acreditam que passei dois anos saindo do trabalho pra comer do mesmo pavê? Não conseguia descobrir a receita , e achava ético não indagar. Quando vim embora, pedi ao dono da doceria, que me passasse a dica. Ele contou o segredo, e eu finalmente fiz, comi, e nunca abusei.Experimentem também!

Pavê de banana
-6 bananas nanicas( Casca verde.Não serve outro tipo de banana)
-duas latas de creme de leite
-uma xícara de açúcar mascavo
-suco de 3 laranjas
-um pacote de biscoitos de maisena
-2 colheres cheias de manteiga ou margarina
-canela em pó.
-Nozes trituradas ( facultativo)

Método:
Parta as bananas em rodelas ,e leve-as ao fogo com um pouco de manteiga , açúcar e suco de uma laranja.Cozinhar até desmanchar e virar um doce cremoso.
Molhe os biscoitos no suco de laranja;
Faça um creme com o açúcar mascavo e a manteiga, até ficar bem homogêneo. Acrescente o creme de leite sem soro.
Montagem : biscoito, bananas, creme ( alternados). Polvilhar com canela e nozes trituradas .Levar para gelar. É "viciante" !

Na Rádio Azul


COINCIDÊNCIA



Tenho uma ponta de orgulho por ter sido o primeiro cliente de Dr. Tarcísio Pierre no seu consultório no Crato. As instalações foram inauguradas à noite e de madrugada fui acometido por crise de amídalas, com febre alta, tosse, etc. Amanheci o dia com minha mãe na porta do consultório.  À primeira consulta se seguiram muitas, só reduzidas após as cirurgias de garganta e adenoide, pouco tempo depois.
Dr. Pierre, tão bom amigo quanto bom médico, entrou na família Arraes/Alencar pelo casamento com a prima Iaci, e por esta razão vai com frequência na casa da minha mãe. Uma dessas visitas coincidiu com minha estadia no Crato. Na conversa foi mencionado Dr. Nélson Falcão, primeiro professor da cadeira de anestesia em Pernambuco. Ensinou o “ofício” a quase todos os anestesistas formados em Pernambuco nas décadas de 50 a 70. O Dr. Nélson trabalhava a semana inteira nos hospitais, mas tinha como hobby a pecuária. Nos finais de semana trabalhava na fazenda que possuía em Carpina.
De volta ao Recife, levei meu neto de 1 ano e meio para brincar na pista de cooper, quando se aproximou um senhor de idade avançada e perguntou se era filho ou neto. Neto, respondi. Deu-me um conselho: “faça tudo que você quiser agora, pois quando passar dos 90 anos só vai fazer o que eles quiserem”. Perguntou o que eu fazia, onde morava, etc. Devolvi as perguntas e a surpresa foi grande quando ouvi o nome e a profissão dele: Nélson Falcão, médico anestesista. Como estava com a máquina para registrar a presença do neto, pedi para fotografá-lo. Expliquei que era para mandar para um ex-aluno, médico no Crato. Comentou bem humorado: “você quer é provar que ainda estou vivo”. Em tempo, Dr. Nélson está com 95 anos e diariamente caminha na Pista de Cooper da Av. Beira Rio, no bairro da Torre, em Recife.

o amante pródigo

Darei a ti um poema sem vinho
e sem lucidez excessiva.

Um poema sem buscas,
sem transes e sem pensamentos.

Darei a ti um poema caído sobre o peito
na calada da noite quando faço
brilhar minha espada
diante do meu olho
de vidro.

Um poema que não explique a causa do silêncio.
Um poema que se cale ao som da primeira sílaba.

Darei a ti o que temo e o que creio
sem forçar de ti entendimento
ou cumplicidade.

Ainda não ando sobre as águas.
Mas já levito sobre as nuvens.

É um pulo criar chuva
saltando de nuvem
em nuvem

e encher o mar de sonhos
e encher de peixes
nossos corações.

Enquanto tu suspiras
o meu barco à deriva
contra rochedos
afunda.

Ciência da alimentação ideal - Emerson Monteiro


Em face dos excessos gerados pela indústria, que só prioriza os lucros em detrimento da qualidade de vida e da saúde, mais que antes o cidadão médio precisa desenvolver o conhecimento daquilo que utiliza para se alimentar. Isto, quando bem respeitado, possibilitará tipo saudável e maior aproveitamento da existência. Caso contrário, viver se transforma em um calvário constante à medida que passa o tempo e os resultados, no corpo, do que utilizamos de alimento mostra os seus reais efeitos.

Um tanto dos produtos vendidos em lojas e supermercados não estão próprios para o consumo humano, apesar dos órgãos oficiais assim atestarem. Na verdade, essa propriedade para consumo é relativa ao que a febre do lucro ditar, pois esses cuidados para com os valores da saúde andam afastados de qualquer conceito ideal de alimentação adequada.

Primeiro de tudo, os conceitos alimentares do Ocidente guardam pouca ou nenhuma identificação com a natureza original da vida. Vender sempre foi a lei da tradição alimentar ocidental. Tudo começou quando traziam das Índias as famosas especiarias para comerciar nos mercados europeus, dentro das leis da oferta e da procura do Mercantilismo dominante. A regra básica, pois, seria lucrar a todo custo.

Mudadas as rotas do Caminho das Índias, os impérios chegaram às Américas, e o que trataram de desenvolver, as usinas de açúcar, elaborando substância hoje considerada o principal agente cancerígeno utilizado pelas pessoas humanas, o açúcar refinado, destruidor do equilíbrio orgânico. Enquanto dizimaram as populações nativas, incorporando poucos ou nenhum dos conceitos de uma culinária trazidos no correr dos tempos de uma tradição do uso correto dos elementos naturais, acumulada pelos séculos.

Por isso, os orientais vivem em mais harmonia com a saúde. Buscaram aprender dos antigos o bom uso dos alimentos. Melancólico se entregar aos braços dos industriais e comerciantes sem usar a consciência da boa alimentação, o que evitaria milhares dos males físicos que enchem hospitais e destroem vidas desde o nascedouro.

Educar não é informar.Educar é ensinar a pensar‏- Colaboração de Altina Siebra




A leitura dos jornais nos toma estúpidos?

Por RUBEM ALVES, 67, educador, psicanalista e escritor. Professor emérito da Unicamp e autor de, entre outros, "A Escola com que Sempre Sonhei sem Imaginar que Pudesse Existir", pela Papirus.

O nome não me era estranho. Eu já o vira de relance em algum jornal ou revista. Mas não me interessei. Aquele nome, para mim, não passava de um bolso vazio. Eu não tinha a menor idéia do que havia dentro dele. Sou seletivo em minhas leituras. Leio gastronomicamente. Diante de jornais e revistas eu me comporto da mesma forma como diante de uma mesa de bufê: provo, rejeito muito, escolho poucas coisas. Concordo com Zaratustra: "Mastigar e digerir tudo, essa é uma atitude suína."

Aquele bolso devia estar cheio de coisas dignas de serem comidas, caso contrário não teria sido oferecido como banquete nas páginas amarelas de "Veja". Mas eu não comi. Aí um amigo me enviou por e-mail cópia de uma crônica do Arnaldo Jabor, a propósito do dito nome. Crônica que li e de que gostei: sou amante de pimentas e jilós.

Senti-me parecido com o Mr. Gardner, do filme "Muito Além do Jardim", com Peter Sellers. Mr. Gardner jamais lia jornais e revistas. Fui então até minha secretária e lhe perguntei, envergonhado, temeroso de que ela tivesse visto o dito filme e me identificasse com o Mr. Gardner. "Natália, quem é Adriane Galisteu?" Esse era o nome do bolso vazio. Ela deu uma risadinha e me explicou.

À medida em que ela explicava, as coisas que eu havia lido começavam a fazer sentido e eu me lembrei de uma história que minha mãe contava: uma princesinha linda que, quando falava, de sua boca saltavam rãs, sapos, minhocas, cobras e lagartos ... Terminada a explicação, fiquei feliz por não ter lido. Lembrei-me de Schopenhauer:

"No que se refere a nossas leituras, a arte de não ler é sumamente importante. Essa arte consiste em nem sequer folhear o que ocupa o grande público. Para ler o bom, uma condição é não ler o ruim: porque a vida é curta e o tempo e a energia escassos ... Muitos eruditos leram até ficar estúpidos."

Existirá possibilidade de que a leitura dos jornais nos torne estúpidos?

O que está em jogo não é a dita senhora, que pode pensar o que lhe for possível pensar. O que está em jogo é o papel da imprensa: Qual a filosofia que a move ao selecionar comida como essa para ser servida ao povo? A resposta é a tradicional: "A missão da imprensa é informar."

Pensa-se que, ao informar, a imprensa educa. Falso. Há milhares de coisas acontecendo e seria impossível informar tudo. É preciso escolher. As escolhas que a imprensa faz revelam o que ela pensa do gosto gastronômico dos seus leitores. Jornais são refeições, bufês de notícias selecionadas segundo um gosto preciso. Se o filósofo alemão Ludwig Feuerbach estava certo ao afirmar que "somos o que comemos", será forçoso concluir que, ao servir refeições de notícias ao povo, os jornais realizam uma magia perversa com seus leitores: depois de comer eles serão iguais àquilo que leram.

Faz tempo que parei de ler jornais. Leio, sim, movido pelo espírito apressado da leitura dinâmica; apressadamente, deslizando meus olhos pelas manchetes para saber não o que está acontecendo, mas para ficar a par do menu de conversas estabelecido pelos jornais. Muita coisa importante e deliciosa acontece sem virar notícia, por não combinar com o gosto gastronômico dos leitores. Se não fizer isso, ficarei excluído das rodas de conversa por falta de informações. Parei de ler os jornais não por não gostar de ler, mas precisamente porque gosto de ler.

As notícias dos jornais são incompatíveis com meus hábitos gastronômicos: Leio bovinamente, vagarosamente, como quem pasta ... ruminando. O prazer da leitura, para mim, está não naquilo que leio, mas naquilo que faço com aquilo que leio. Ler, só ler, é parar de pensar. É pensar os pensamentos de outros. E quem fica o tempo todo pensando o pensamento de outros acaba desaprendendo a pensar seus próprios pensamentos: outra lição de Schopenhauer.

Pensar não é ter as informações. Pensar é o que se faz com as informações. É dançar com o pensamento, apoiando os pés no texto lido: é isso que me dá prazer. Suspeito que a leitura meticulosa e detalhada das informações tenha, frequentemente, a função psicológica de tornar desnecessário o pensamento. Quem não sabe dançar corre sempre o perigo de escorregar e cair ... Assim, ao se entupir de notícias como o comilão grosseiro que se entope de comida, o leitor se livra do trabalho de pensar.

A maioria das notícias dos jornais, eu não sei o que fazer com elas por não entendê-las. Penso: se eu não entendo a notícia que leio, o que acontecerá com o "povão"? Outras notícias só fazem explicitar o que já se sabe. Detalhes, cada vez mais minuciosos, das tramóias políticas e econômicas de um Maluf, de um Jader, nada acrescentam ao já sabido. Esse gosto pelo detalhe escabroso deriva da pornografia, que extrai os seus prazeres da contemplação dos detalhes sórdidos, que são sempre os mesmos.

A dita reportagem sobre a tal senhora e as notícias sobre Jader e Maluf atendem às mesmas preferências gastronômicas. Será que as notícias são selecionadas para dar prazer aos gostos suínos da alma? E os suplementos culturais? Deveriam se chamar suplementos para os eruditos. É preciso ter doutorado para os entender. Não é comida para pessoas comuns. Pessoas do povão nem mesmo os abrem.

Ao final de sua crônica, o Arnaldo Jabor dá um grito: "Os órgãos de imprensa devem ter um papel transformador na sociedade ... " De acordo. Dizendo do meu jeito: os órgãos de imprensa têm de contribuir para a educação do povo. Mas educar não é informar. Educar é ensinar a pensar. Os jornais ensinam a pensar?

Repito a pergunta: Será que a leitura dos jornais nos torna estúpidos?


Por Eurípedes Reis


Estou voltando ao contato, falando sobre o lançamento nacional no próximo dia 7 de outubro de "O Filme dos Espíritos" cuja parte da renda será revertida para as Casas André Luiz.

Apesar de algumas participações (por exemplo, Luciana Gimenez, Ana Rosa e outros)os atores não terem cobrado nada por suas participações, tudo foi feito com muito profissionalismo.

E, estamos contando com a mobilização das pessoas para que o filme seja um sucesso.

Quando você tiver um tempinho veja os linques abaixo em que há a nota sobre a participação da trilha musical do filme. Convidei meu amigo maestro Corciolli e ele foi o responsável pela trilha musical do filme. Também atuou gratuitamente. E a trilha do filme ficou maravilhosa.
Dá gosto ver a participação das pessoas quando a causa vale a pena.
http://cinema10.com.br/noticia/trilha-sonora-de-o-filme-dos-espiritos-estara-a-venda-2487
http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/diversao/2011/09/12/284111-o-filme-dos-espiritos-chega-aos-cinemas-no-dia-7-de-outubro

"Eu poderia suportar, embora Não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores,

mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem...

esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida,

mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure sempre"

(Vinícius de Moraes)

Jangadas ...Saudades...- Rosa Guerrera



Gosto de ficar olhando as jangadas que retornam do alto mar quando o sol começa a desaparecer no horizonte. É uma paisagem natural das nossas praias aqui no Nordeste, mas que nunca deixou de ser um deleite para meus olhos e meu coração.Fico observando aqueles homens bravios de pele queimada pelo sol, retirando das jangadas em velhas redes os peixes que depois de vendidos irão alimentar seus lares e seus sonhos.Em todos o sorriso feliz por mais uma vitória daquelas aparentemente frágeis embarcações na luta pela sobrevivência no misterioso mar azul.
São muitos os jangadeiros espalhados pelas praias de todo o litoral nordestino.. Considerados os últimos heróis do mar,eles insistem teimosamente em conservar seu rude e romântico ofício, em Alagoas, em Pernambuco, na Paraíba, no Rio Grande do Norte e no Ceará, mantendo esse processo de trabalho já herdado de seus pais e avós , na certeza de que filhos e netos prosseguirão o trajeto de vida que escolheram .Hoje olhando essa paisagem que tanto admiro , lembrei um amigo jangadeiro que conheci quando jovem na Ilha de Itamaracá , o Manoel., e com ele fiz muitos e muitos passeios em jangadas desfrutando as belezas que o mar nos oferece. No começo tive um pouco de medo em seguir rumo o alto mar naquela embarcação a vela , movida pelo vento e tendo um remo como leme, mas com o passar do tempo me acostumei. E na companhia do jangadeiro Manoel , curti momentos felizes, sentindo o sol queimando minha pele, desfrutando uma brisa amena e ouvindo as histórias que ele contava ( na época ele já deixara de pescar , e usava a jangada apenas para passear com turistas que visitavam a ilha ). Um dos mais belos passeios que fiz com o Manoel , lembro bem , foi quando ele me levou até a chamada “zona dos corais” localizada entre alguns “bancos de areia” onde se podia perfeitamente em águas super tranqüilas e rasas , mergulhar e desfrutar um gostoso banho de mar .Poxa quantas lembranças dentro de mim ! Vídeos tapes do passado, recordações emolduradas por mar , jangadas, sol, céu azul, uma juventude que já vai longe ... e tudo assim tão de repente e suave como o bailar dessas jangadas que após um dia de luta , se deitam com velas enroladas para descansar ao cair da noite na branca areia .Pouco a pouco os jangadeiros se dispersam em direção á suas casas e o sol começa a desaparecer também no horizonte. Aceno para cada jangada já adormecida e volto lentamente para casa.
Na minha mente ainda recordações de um passado que não volta mais. No coração,saudades mergulhadas num mar azul, onde a lua dentro de mais algumas horas espalhará o seu brilho , contando por certo para outras pessoas , historias que já não são minhas.



Rosa Guerrera



"O dia amanheceu em paz" - por Socorro Moreira




comecei no escuro
e vi chegar a primeira luz
a calçada vazia
meu coração sereno
nas esperas indefinidas

Foi-se o tempo...
eu te esperava sem dormir
eu contava as badaladas
do sino da Matriz
eu ouvia o rádio na madrugada
e te mandava recados telepáticos...
"Volta" pra casa, menino !