por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 31 de março de 2016

Dolores


J. Flávio Vieira

                                                              
Em meio ao curso de um golpe aos direitos democráticos, empreendido  pela Casa Grande e seus Capitães-do-Mato: A mídia  e a pseudo-justiça brasileiras , quando os vampiros afinam os dentes para tomar conta do Banco de Sangue; um fato, nesta semana, nos remeteu aos tempos da Inquisição. No Rio Grande do Sul, a pediatra Maria Dolores Bressan enviou uma mensagem, a uma cliente, informando que não mais atenderia o filho desta, seu paciente desde tenra idade, pela gravíssima razão de o menino ser filho de uma militante do PT e de um filiado do PSOL. Ariane Leitão, a mãe do pimpolho, é vereadora em Porto Alegre e foi Secretária Estadual de Políticas para as Mulheres. Injuriada com a atitude preconceituosa  da profissional, procurou a justiça e divulgou seu desapontamento nas Redes Sociais. Em tempos de acirramento dos conflitos de classes , quando o retorno  à era pré-1888 volta a ser o grande sonho da elite brasileira, estabeleceu-se uma polêmica digna do velho faroeste.  O presidente do Sindicato dos Médicos gaúcho deu entrevista justificando plenamente a atitude da Dra. Dolores e mais afirmando que ela precisa se orgulhar da decisão tomada. Embasou seu parecer no Código de Ética Médico  ( inciso VII, dos Princípios Fundamentais) , que reza : salvo casos de emergência, o médico pode se negar a atender pacientes que não lhe interesse o atendimento. O Conselho Regional do Rio Grande do Sul, o fórum específico para julgamento de ilícitos éticos, aparentemente não comunga desta mesma ideia.  
                                   A atitude da Dra. Dolores me pareceu estapafúrdia, típica desses tempos sombrios em que vivemos. Se o Sindicato saca o Código de Ética em defesa, o que me parece mais preocupante do que o destempero da profissional, bastaria olhar o inciso I , que abre os mesmos Princípios Fundamentais do Código  : “A Medicina  é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza” ou  a proibição expressa, claramente,  do Art. 23 :  “Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, desrespeitar sua dignidade ou discriminá-lo de qualquer forma ou sob qualquer pretexto.” E nem precisa lembrar, aqui, o famoso Juramento de Hipócrates que a Dra. Dolores, com os olhos marejados de lágrimas, deve ter, mão estendida, rezado na sua formatura: “Não permitirei que questões de religião, nacionalidade, raça, política partidária ou situação social se interponham entre o meu dever e meu paciente”. Num tempo em que os códigos éticos foram substituídos pelo Código de Barras de que valem essas palavras ritualísticas e milenares?  A rigor , na visão estreita do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul, qualquer médico poderá se recusar a atender um paciente invocando razões como : “Eu não atendo pacientes pretos!”; “Eu me nego a medicar homossexuais!”; “Aleijado? mongol ? Atendo nada! Xô ! Procurem a APAE”.
                                   Mesmo se nos detivermos apenas nos possíveis ou inexistentes ilícitos éticos na conduta da Dra. Dolores é sempre bom lembrar que  há preceitos acima dos simples códigos regulatórios. A Constituição e leis federais criminalizam discriminações de quaisquer espécies. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, já no seu segundo artigo preceitua :  “Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.” E é sempre bom lembrar que D. Ariane Leitão, a mãe do menino rejeitado, não se enquadra naquele perfil típico dos que, dia-a-dia, são levados ao pelourinho pela Casa Grande : é branca, olhos claros, deve ter plano de saúde, vem de classe média alta e transita nas hostes políticas. Imaginem o que sofrem, no dia a dia, os negros, pobres, nordestinos , homossexuais nos Centros de Saúde, Brasil afora!
                                   Ao médico não deve interessar a que partido seus pacientes são filiados, se são honestos ou marginais, casados ou amasiados, se são budistas ou islâmicos, se são ricos ou pobres, a não ser, claro, que esta informação tenha alguma relevância na história clínica. Quando opero na urgência um bandido perigoso tenho que ter com ele o mesmo desvelo que teria com um santo; o julgamento devo remeter aos tribunais e a Deus.  Somos sacerdotes e não técnicos, somos médicos e não juízes. Todos devem ser tratados, com o mesmo cuidado e deferência, mesmo que esta meta esteja distante , ela tem que ser perseguida compulsivamente. No caso específico da Dra. Dolores e do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul que me parecem cúmplices, existe ainda um agravante, o paciente que foi rejeitado é uma criança que não tem filiação partidária e que está sendo punida simplesmente por conta do exercício democrático dos seus pais. Hitler e Torquemada possivelmente teriam sido mais piedosos.
                                   Em tempos em que a Democracia parece  um estorvo; em que a abolição dos escravos é tida como um excrescência; em que as larvas são convocadas para curar a  ferida; a atitude da Dra. Dolores pareceu normal e até elogiável.  Podem me chamar de velho e obsoleto, demente e louco, mas é preciso sonhar neste crepúsculo com uma aurora que já raiou e que, quem sabe, volte a encher o horizonte com seus raios,espargindo para longe tanta e tanta escuridão.

Crato, 31/08/16   
                                     
                                  
                                  
                                  
                                    

                                   

segunda-feira, 28 de março de 2016

O "DECANO" DO STF É UM "JUIZ DE MERDA" ???


Celso de Mello ouviu quieto o chamarem de “juiz de merda”


Chegamos ao ponto em que um jornalista, Josias de Souza, reproduz um diálogo estarrecedor – também descrito em livro – entre o falecido Saulo Ramos, ex-consultor jurídico e ex-Ministro da Justiça de José Sarney e o “decano” do STF, Celso de Mello, que vai literalmente transcrito: 

— Doutor Saulo, o senhor deve ter estranhado o meu voto no caso do presidente.

— Claro! O que deu em você?

— É que a Folha de S.Paulo, na véspera da votação, noticiou a afirmação de que o presidente Sarney tinha os votos certos dos ministros que enumerou e citou meu nome como um deles. Quando chegou minha vez de votar, o presidente já estava vitorioso pelo número de votos a seu favor. Não precisava mais do meu. Votei contra para desmentir a Folha de S.Paulo. Mas fique tranquilo. Se meu voto fosse decisivo, eu teria votado a favor do presidente.

— Espere um pouco. Deixe-me ver se compreendi bem. Você votou contra o Sarney porque a Folha de S.Paulo noticiou que você votaria a favor?

— Sim.

— E se o Sarney já não houvesse ganhado, quando chegou sua vez de votar, você, nesse caso, votaria a favor dele?

— Exatamente. O senhor entendeu?

— Entendi. Entendi que você é um juiz de merda.

São eles que se ofendem com uma gravação grampeada de Lula, onde se diz que o Supremo está acovardado doante da mídia? O “setorista” e o “juiz de merda”, que nunca contestaram o que foi publicado em livros?

Dêem isso para algum magistrado estrangeiro ler e ele não acreditará, achará que os livros foram impressos apenas para fins de contrapropaganda.

Não lhes passa pela cabeça que um juiz se preste a esse papel e, muito menos, que não reaja a tal desqualificação.




domingo, 20 de março de 2016

O “CAOS” - José Nílton Mariano Saraiva 

Com a castração definitiva do princípio constitucional da “presunção de inocência”, a adoção criminosa de prisões sem qualquer prova, o uso sistemático de ilegais interceptações telefônicas (“grampos”, na cela do preso Alberto Youssef e mais recentemente tendo como “alvo” a Presidência Dilma Rousseff e Lula da Silva), a negativa de acesso aos processos por parte dos advogados e, principalmente, com a tentativa de exterminação definitiva do Estado Democrático de Direito, a “República do Paraná” – juiz Moro e seus auxiliares – nos levam a pressupor que, por aquelas bandas, se aboliu de vez o uso do papel higiênico; em seu lugar, páginas da Constituição Federal (embora que bem mais ásperas) agora se prestam à mesma “nobre” finalidade. Escárnio puro, total e absoluto pela nossa Carta Maior.

Mas, afinal, por que estranhar, se foi o próprio Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, (comprovadamente o “tutor” do juiz Moro) que nos assegurou, dias atrás, terem os membros do Ministério Público Federal, “couro grosso” e, portanto, blindados por ele ???

Pobre Brasil, na iminência de perder algo tão duramente conquistado – a DEMOCRACIA – e ingressar em mais uma época de incertezas e trevas – desta vez a DITADURA DO JUDICIÁRIO - por conta da irresponsabilidade e insensatez de alguns irresponsáveis “iluminados”, partidários ferrenhos do quanto pior melhor.

Definitivamente, aproxima-se perigosamente a chegada do caos.

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Post Scriptum: Conclamamos os simpatizantes do ex-Presidente Lula da Silva e da Presidenta Dilma Rousseff e se posicionarem neste espaço.

sábado, 19 de março de 2016

ARREPENDIMENTO TARDIO ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Quem diria... 
Até o conservador jornal Folha de São Paulo, um dos artífices do golpe, de público vem agora reconhecer as arbitrariedades e excessos do juiz Moro. Mas, e o Supremo Tribunal Federal, quando se pronunciará ??? Ou vai continuar acovardado ??? 

A propósito, muito antes dessa reportagem e dos grampos criminosos que têm o único objetivo de exterminar com Lula e o seu partido, já havíamos denunciado isso e muito mais, através da postagem "Excrescência Jurídica", aqui publicada.

Confiram abaixo o Editorial do jornal paulista: 

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PROTAGONISMO PERIGOSO


Em momentos de crispação nas ruas como estes que o Brasil conhece, nada mais importante que dispor de instituições sólidas e equilibradas, capazes de moderar o natural ímpeto das manifestações e oferecer respostas seguras dentro de um quadro de legalidade.

Preocupam, por isso, os sinais de excesso que nos últimos dias partem do Judiciário, precisamente o Poder do qual se esperam as atitudes mais serenas e ponderadas.

Não se trata de relativizar o peso das notícias acerca da Operação Lava Jato, ou de minimizar o efeito político e jurídico das gravações telefônicas divulgadas nesta semana.

O imperioso combate à corrupção, entretanto, não pode avançar à revelia das garantias individuais e das leis em vigor no país. Tal lembrança deveria ser desnecessária num Estado democrático de Direito, mas ela se torna relevante diante de recentes atitudes do juiz federal Sergio Moro, em geral cioso de seus deveres e limites.

Talvez contaminado pela popularidade adquirida entre os que protestam contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), Moro despiu-se da toga e fez o povo brasileiro saber que se sentia "tocado pelo apoio às investigações".

Ocorre que as investigações não são conduzidas pelo magistrado. A este compete julgar os fatos que lhe forem apresentados, manifestando-se nos autos com a imparcialidade que o cargo exige.

Demonstrando temerária incursão pelo cálculo político, resolveu assumir de vez o protagonismo na crise ao levantar o sigilo de conversas telefônicas de Lula (PT) bem no momento em que o ex-presidente se preparava para assumir a Casa Civil.

Por repulsiva que seja a estratégia petista de esconder o ex-presidente na Esplanada, não cabe a um magistrado ignorar ritos legais a fim de interromper o que sem dúvida representa um mal maior. Pois foi o que fez Moro ao franquear a todos o acesso às interceptações e transcrições que, como regra, devem ser preservadas sob sigilo.

Ao justificar a decisão, Moro argumenta de maneira contraditória. Sustenta que o caso, por envolver autoridades com foro privilegiado, deve ser remetido ao Supremo Tribunal Federal, mas tira da corte a possibilidade de deliberar sobre o sigilo das interceptações.

Pior, a lei que regula o tema é clara: "A gravação que não interessar à prova será inutilizada". Quem ouviu as conversas de Lula pôde perceber que muitas delas eram absolutamente irrelevantes para qualquer acusação criminal. Por que, então, foram divulgadas?

Ademais, a conversa entre Lula e Dilma ocorreu depois que o próprio Moro havia mandado ser interrompida a escuta. Acerca disso o juiz a princípio não se pronuncia.

É sem dúvida importante que a população saiba o que se passa nas sombras do poder. Daí não decorre, obviamente, que os juízes possam dar de ombros para as leis. Mais do que nunca, o exemplo deve partir do Poder Judiciário –sua eventual desmoralização é o pior que pode acontecer.

domingo, 13 de março de 2016

QUEM ATIRA A PRIMEIRA PEDRA? - Por Padre. Nilo Luza ssp


Neste domingo, os sábios em leis e fariseus-legalistas, arrogantes e representantes do sistema opressor - apresentam uma mulher surpreendida em adultério. Segundo a lei ela deveria ser apedrejada. Perguntaram a Jesus o que ele pensa disso. O Mestre não responde e propõe uma alternativa: quem não tiver pecado pode apedrejá-la. Ninguém atirou pedra nenhuma. Moral da história: a mulher não era a única pecadora!.

Ultimamente as pedras estão voando de todos os lados contra mulheres (ainda), contra pessoas, contra grupos diversos. Os moralistas de plantão - os empedernidos e arrogantes de hoje - continuam com as pedras nas mãos, prontos para massacrar os outros diante de qualquer deslize. Muitos atiram pedras na tentativa de encobrir as próprias falhas e interesses. Enquanto continuarmos condenando esta ou aquela pessoa, este ou aquele grupo, e não olharmos dentro de nós com sinceridade, a violência, o sofrimento e a intolerância não vão ter fim. Há muitos que carregam pedras nas mãos  por serem claramente contra a ascensão dos pobres e não conseguirem viver com eles.

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É o momento de fazer um exame de consciência sério e resgatar a proposta de São Francisco: aonde há ódio, que eu leve o amor;  aonde há ofensa, que eu leve o perdão; aonde há discórdia, que eu leve a união; aonde há dúvidas, que eu leve a fé.


Jesus não veio para julgar e condenar, mas para resgatar os desorientados. Ele provoca as pessoas a tomar partido: a favor dele (escolha da vida) ou contra ele (auto-destruição). Ele toma o partido da mulher discriminada pelos legalistas: "Eu não te condeno", diz à mulher, mais vítima que culpada. Os sábios e fariseus não condenam o homem adúltero, mas somente a mulher. O Mestre não contemporiza com a hipocrisia da sociedade.

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Jesus desmascara aqueles que se julgam fiéis à lei e revela que são cheios de pecado e não tão puros como pensavam. A mulher considerada culpada e cuja morte a lei autorizava , é absolvida, tendo assim sua dignidade resgatada. De que lado estamos: dos pobres e discriminados ou dos bem-instalados e arrogantes?



Por Padre Nilo Luza, ssp



     
NOTA:
Esta reflexão acima extraída da edição deste domingo, 13/03/2016 do jornalzinho "O Domingo" tem toda semelhança com o momento político que estamos vivendo no país. Em tempo: o jornalzinho é preparado com muita antecedência, mas a mensagem bíblica está bastante atualizada. (CEE)

EXCRESCÊNCIA JURÍDICA - José Nilton Mariano Saraiva

De acordo com as normas jurídicas sobre, a “condução coercitiva” só se justifica quando, ao ser notificado com antecedência pela Justiça, alguém se recuse a comparecer para prestar os esclarecimentos devidos, em local e hora pre-determinados (já passamos por tal constrangimento, quando denunciamos as falcatruas do tucano Byron Queiroz, no BNB, e tivemos que comparecer à Polícia Federal para - olho no olho, ao vivo - confirmar tudo o que havíamos escrito; o que foi feito).

Assim, a justificativa do juiz Moro de que, antes de determinar a condução coercitiva do ex-presidente Lula da Silva, já haviam sido expedidas e cumpridas 117 ordens da espécie, sem que tenha havido qualquer reclamação, só serve para atestar que de há muito a Operação Lava Jato trafega na ilegalidade, sem que as instâncias competentes se lhe anteponham. Verdadeira excrescência jurídica. 

E aí, mesmo na desventura, devemos agradecer ao ex-presidente Lula da Silva tal descoberta, porquanto, só a partir da sua detenção (dado o peso do seu nome e a repercussão mundo afora, daí advinda) é que o clamor popular e de autoridades da área se fez ouvir em profusão, levando o juiz Moro a se autoincriminar, literalmente.

Aliás, falta ao juiz Moro se explicar em que se baseou para implantar escutas telefônicas ilegais na cela de presos sob sua responsabilidade (Alberto Youssef), negar aos advogados a palavra quando dos depoimentos dos acusados, bem como o “porquê” de ignorar preceitos constitucionais consagrados, tais quais a presunção de inocência e/ou a necessidade da exigência de provas a fim de prender alguém (agora, na era Moro, o que vale mesmo é só o “achismo”, a “ilação”, a “presunção”, o “desconfiômetro”, e por aí vai).

Estranho, nisso tudo, e fundamental pata que tenhamos chegado a tal ponto, a omissão (injustificável e criminosa) do Supremo Tribunal Federal (a quem se deve atribuir a responsabilidade por toda a baderna que vige), que permitiu a um juiz de primeira instância, Moro, trafegar livremente em suas exorbitâncias, atropelar diuturnamente nossa Carta Maior, humilhar advogados e por aí vai.

A pergunta é: Quem está por trás do Moro ??? Quem lhe dá tamanha sustentação política ??? Quem o permite paralisar um país (literalmente), obcecado por uma operação parecida, acontecida décadas atrás (Mãos Limpas), na Itália, e que restou fracassada ??? Lembremo-nos que o juiz Moro andou participando de cursos nos Estados Unidos, recentemente, e que talvez tenha sido “orientado” a fazer o que tem feito.



sábado, 12 de março de 2016

cegueira-socorro moreira

da noite pro dia
o céu fica nublado
uma rosa desabrocha
o coração fica confuso

lembranças embaralhadas
Puxo a primeira carta
e desisto de entender...
O amor inexplicável
começou a me esquecer

um dia quase acreditei...
as surpresas eram cotidianas
Hoje elas se escondem no tempo
Tenho que viajar pra ver

Lá estão pedaços de mim
esqueci quando parti
e sem caminho de volta
me resgato sem enxergar
o quanto deixei ficar.

socorro moreira

fumaça no olhar-socorro moreira

Chamei a saudade
invoquei o passado
Quis lembrar
e nada captei de um tempo
a não ser um vazio imenso
quis lembrar o dom de amar
a emoção de uma paixão
mas meu coração cansado
adormeceu pra sonhar
e assim a vida finda
sem acender um cigarro...
a fumaça do olhar
impede que eu te veja
na miragem que há no ar.
socorro moreira