por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 1 de janeiro de 2011

Diálogo poético - "Duplix" - Socorro e Nicodemos




Tão difícil responder (cor-responder) seus versos (João)
Difícil é te achar em (di)versos ... (Socorro)


passarinho piou distante no cafezal...
a menina buscou, procurou,não achou...
quem te viu?
bem te vi!
Bem-te-vejo !


Ai ai ai, de tanto ai acho que vou ao Paraguai...
Aprender Guarani , comprar Ballantines

quem canta bem seus ais
não só os seus, canta...
canta de muitos mais

E ainda toca:
Sax no assobio
Rabeca nos sentidos...
Viola na inspiração...
Violão no coração

Depois de Cecília, com sua licença,...
você é minha Poeta preferida!!!
Depois do Mário...
( um certo ariano )
Sussuana e Quintana...
Nicodemos me encanta !

Nos tempos do verbo






Lua em conjunção com Vênus


brilham na mesma direção
olhos que se cruzam ?
Uma é bela
a outra é lua !
Energia amorosa
que se espalha
envolve caras
invade corações
Até os mais distantes !
Acho que vou morrer me apaixonando
Embora a minha paixão tenha mudado de cor...
É prata , querendo ser ouro !


Repassando...


Um tempo único , sem medidas de felicidade ...

Entre os 13 e 18 anos
Vivíamos
Chorávamos e ríamos

Todas as manhãs
vestíamos a mesma roupa
ouvíamos as mesmas aulas
Assuntos repassados ,
alguns até ficaram ...

Olhar puro ,
mesmo aquele
de cabeça baixa
vírgulas ponteando a amizade

Vivi todas as reticências
Acordei sonolenta
madrugando um problema
que era apenas matemático

Quebrei tantos óculos
usei candieiros
Insistia no ponto
que a vida exigia

A intenção era única
O sentimento comum
Estudar, terminar....

Casar de branco
Como lírios do campo
e lua de mel
copiada do céu

Rostos registrados
Sons e letras
na pureza de um sonho ,
Hoje conquistado !

O Baile-por socorro moreira



A primeira música do baile
Inquietava os nossos passos
Uma vozinha interior nos dizia:
Não posso olhar ,nem estimular ...
Menina direita não se mexe na cadeira
A indocilidade nos levava à toilete
Pra retocar o batom , disciplinar o coração
E o moço tímido , o par nunca desejado
É quem pagava o pato:
Estou cansada , não sei dançar ...
Na melhor das hipóteses
Um bolero lhe concedíamos
De nuca tencionada ...
Face a a face , nem pensar !
O outro - o desejado
Distante era acompanhado
Sempre embevecido
No brilho de outro olhar.

A última canção
Era o sufixo da esperança
Outro dia , outra dança ...

Em casa , leite de rosas na cara
E o sono da própria ilusão.
Canções em tons baixinhos
Serenatas pras vizinhas
Alguém se punha a cantar

Nunca mais vivi tamanha magia
O farfalhar das sedas
A sensualidade , no meu vestido vermelho
Minha morenice , meu jeito intimidado
De negar o que eu sentia

Cadê aquele baile , aquela valsa
Aquele sonho ?

Açucenas- POR SOCORRO MOREIRA





Rezar é redescobrir mistérios
Ele é o meu secreto
Ora voa, ora fica perto

Nunca sabemos o quanto de vida nos espera
Apenas apostamos num imenso sol
Que queima a nossa história
E ainda nos aquece

Ele vagueia no pensamento
Depois adentra meu sonho
E mata a minha serpente

Nosso veneno é suave
Antídoto dessa vida em larva
Ontem terremoto...
Hoje um jardim de açucenas.

Pode vasculhar a minha bolsa



Pode vasculhar a minha bolsa
Ela não guarda segredos, nem dinheiro.
Apenas guarda mistérios
Que se revelam aos olhares intentos

Meu coração?
Não tente encontrar a chave
Ele não tem portas...
Entre se achar caminho
Dance na sua música
Se pinte nas suas tintas


Minha alma é afim da tua
Se te achares
Me tocarás
Se me tocares
Essência de mim serás.

Mulher e homem são anjos
Quando se predestinam!

Dona Almina



Passei a minha vida perto dessa mulher, amiga da minha mãe, mãe dos meus amigos, com profundo respeito e admiração. Nos últimos tempos fui ficando mais próxima. Amiudamrnte trocamos idéias, e pequenas confidências. O respeito e admiração foram reforçados por uma grande estima.
O acontecido foi muito mais indignante dos que os sentimentos despertados com a carta aberta do Joaquim Pinheiro e o texto de José do Vale. Sou impulsiva, não admito mau atendimento, em qualquer esfera , envolvendo qualquer pessoa. Tomo logo as dores.
Trabalhei no BB, durante mais de 20 anos, no atendimento ao público. Éramos treinados, e aproveitados no nosso perfil natural. Nunca tratei mal um cliente. Mas no dia a dia, deparo-me por diversas vezes com situações constrangedoras, e eu não consigo nestas horas manter a calma necessária.
Dona Almina está magoada, e com razão.Ela não precisava passar por isto, por infinitas razões.
Eu só queria que as pessoas acordassem para o respeito ao próximo , e fizessem de conta ,que estão sempre diante de alguém com sentimentos , na hora de qualquer tipo de atendimento.
Não estou preocupada com culpados. Preocupa-me a mágoa de Dona Almina, mulher de expressão maior, pelos seus talentos. Quem dissolverá essa dor? O tempo?
Acho que esse fato mudará em muito o comportamento humano, notadamente o nosso: cratenses !

Vivenda da Alegria

 
Ontem eu passei momentos abençoados, na VIVENDA DA ALEGRIA, casa da Professora Virgínia.
A viagem até lá já é um mantra com algumas tensões.
Pela primeira vez tive que mostrar a carta de motorista e os documentos do carro.
E como Zé Flávio sabe, precisei de orientações. Mas não foi o caso de multas: entrei na contramão!
Sem bebidas (exceto suco de mangaba), e andando devagar nossos anjos de guarda não arredam as suas asas. Eles também ficam do lado de quem precisa, e pede o seu socorro.
Mas eu quero falar dos pássaros da chapada. Virgínia os reconhece pelo canto. E o tempo que lá passei, sem sons urbanos , pude sentir a música ao natural.
Todos chegaram, incluindo um bando de borboletas amarelas, alimentadas pelo laranja dos flamboyands.
O terreiro de Virgínia é varrido como se lambe um prato No centro, a escultura de São Jorge, soberano, naquele reino.
Achei que conseguiria tirar fotos, anotar pensamentos num caderninho... Que nada!
Não dá pra captar e exteriorizar ao mesmo tempo.
Ou falamos ou amamos!
Foi um sábado deveras singular, embora tenha sentido saudades de Fátima, João Marni. & Cia
– Sorrisos insubstituíveis na minha vida.

Amigos


Nico e Normando continuam vivos, no reino dos meus afetos. Poderia dissociá-los, porque um é a ausência do outro, ou o complemento.Foram amores diferentes, aos poucos irmanados, num sentimento único: amizade!
Aí chega um terceiro personagem, numa saudade triangular: Lupeu!
Lupeu está registrado no testamento de Normando, como um legado para os amigos que ficaram.
Pensando nisso, me enterneço!
Apresentei Normando a Nicodemos. Nicodemos me apresentou a Lupeu. As impressões são tantas, que não se alojariam no papel.
Impagável o quatrilho: eu, Nicodemos, Normando e Lupeu!

Petrolina



Petrolina?
Uma luz vermelha
Entre Crato e o Juazeiro
Boites?
Cinema da tarde...
Tempos de laquê no cabelo
Tempos de vento nos cachos
Das carrapetas.
Sussurros ou suspiros?
Um de lá
Outro de cá
Timidamente sorriam

Cruzar o olhar
Era de intensa magia...
Como ainda hoje...
Como em qualquer tempo
O olhar imagina, fura, entra...
Se entranha , como o Aracati

Hora feita é sempre carente da surpresa
Um bolero é canção das paradas sensuais
Um passo lá
Outro cá...
Nada além, no futuro do presente.

E nesse calor de novembro
a dança tem cheiro de gente
Não tem coração que mereça
Derreter eternamente.

“Eu necessito ver-te”.
Mais uma vez...”.
Altemar, vivíssimo.
Em surdina me acontece
Esqueço que abri a janela
E uma luz difusa
Em meu peito entra...
Atenda!

O amor sempre será
Como antes de antigamente
Um mistério
Um sonho ardente.

“Talvez fosse melhor”.
Que não voltasses
Talvez fosse melhor que me esquecesses...”

Sem princípio, e sem final.
O amor vaga, sem um cais.
Rumo a um paraíso nunca achado
Lá o tédio é impossível.

E nesse vazio abissal
Eu escorrego levemente
E misturo-me
Ao éter do sentimento

Sintonia num bolero
Faz valsar um par!


Luz do mistério



Luz do meu mistério
Perdi-te no último dos meus sonhos
Quando o dia me deixou mais longe
Horas não vejo as tuas asas
Sobrevoando o meu telhado
Horas não sinto tuas botas
Pisando o meu terraço
Mas a roda da vida
Não para seu giro
Traz de volta
O que preciso
E leva consigo a paga
do serviço:
Alma, coração, cheiro da pele.
Leva meu orgasmo
Deixa-me louca de saudades.

Insônia Vazia



Insônia vazia
É porre
Uma noite mal dormida
A brisa noturna
Nem sentido faz
Ignora o sonho vizinho.
Ele já desistiu de brincar
Com as senhas do meu inconsciente
E capotou no seu próprio sono
Os sonhos dormem, sabia?

O bandolim de Seu Abidoral


Minha mãe era linda e ainda por cima, tocava bandolim.
Era de praxe, nas moças daquela época, dedilhar um instrumento, e ser uma boa prenda.
Seus pais se enterraram, numa fazenda do Piauí, batendo palhas de carnaúba, pra vender a cera, e sustentar os filhos no Colégio.
Todos vinham parar na casa da avó, que morava no Crato.
Vovô Chiquinho mandou buscar o bandolim da minha mãe, na distante São Paulo.Sabia que a filha estudava música, mas faltava-lhe o instrumento.E naqueles dias de férias, cochichou no ouvido da Valda: detrás daquela moita de malva, deixaram uma surpresa pra você… Era uma caixa com o bandolim, o método e as partituras.A alegria não foi desse mundo!
Valda passou a tocar choros e valsas, alegre e serelepe!
Um dia seu avô cratense, morreu de repente.Sua avó, morta de tristeza, sentenciou a penitência:
Nesta casa, durante doze meses, a música está proibida, em sinal de luto!
A Valda ficou tão desgostosa, que foi procurar Seu Abidoral pra vender o bandolim.
Seu Abidoral era um dos comerciantes antigos da cidade… Comprou, imediatamente. Não sei se pra revenda ou esperar tocando , a chegada dos filhos!
Bendita prole! De todos, conheço todos!
Ana Lúcia, Abidoral, Pachelly, Louro, Roberto, e Luciana (a caçula dos cachos de ouro!)...
Essa meninada, que cedo perdeu a mãe, está toda viva, e fazendo a história do Crato, em canto e versos… Com tudo registrado, em letras e fotografias!

Música e Poesia


Eu gosto de música e poesia
Mas não gosto de todas elas...
Elas são difíceis ou
Incríveis demais.
As muito simples
De poucas palavras,
Agradam-me por demais!
Não sou militante política,
Mas gosto da política clara,
Descartando todos os escândalos...
Tenho alma amorosa e
Coração solitário
Tenho nele muitos cantos,
e encantos !
O amor perfil é utopia.
Perfil de verdade é amigo!
Imaginem uma pessoa iluminada, em todos os sentidos...
Existem nos desempregados?
Existem na imortalidade?
No amor que se basta, sem o estardalhaço das conveniências.
É claro, sutil, e não se esconde.
Imenso e não cabe nos espaços desse mundo.

Existe o amor que será,
Sem um pingo de saudades...
Esse eu tenho!

Retrospectiva



Em 1989 eu morava em Barra do Mendes (BA), uma cidade perto de Irecê, na trilha do feijão.
Sentia-me às vezes fora da civilização, e reunia os amigos, na minha casa. Aí, virava festa!
Foi assim, no carnaval daquele ano. Um chegou de Petrópolis; duas amigas de Porto Alegre, em companhia de um amigo alemão, e três amigos franceses; outro de Brasília e mais três amigas da cidade, alem do meu filho André e da minha irmã Teresa, totalizando um grupo de 14 pessoas.
No primeiro dia de carnaval fomos todos à feira e compramos uma peça de tecido estampado, que lembrava o Havaí. Íamos cortando a fazenda em tiras, amarrando no corpo, estilizando a fantasia do bloco.
Ficamos prontos para o primeiro baile. O entusiasmo foi tanto, que torci o pé, nos primeiros pulos, e tive que engessá-lo. Enquanto a turma continuou curtindo os dias de festa, aluguei um monte de filmes, e vivi estoicamente o meu retiro.
Quase todo mundo saiu daquele encontro, praticamente casado. Eu permaneci no celibato. Entretanto , poucos dias foram mais felizes !
Enquanto Nicodemos fazia sucesso tocando guitarra e cantando Raul Seixas, um casal de franceses entoava uma canção , que aprendi a gostar, e que eles cantavam para mim, repetidamente: “San Francisco”.
Nunca encontrei esta música em cds ou vinis. Não sabia o título. Hoje a encontrei no YouTube e vibrei com o achado.
Ela tem gosto do novo, de risos, enamoramento... Todos estávamos apaixonados uns pelos outros!.
O Cariricaturas com seu poder agregador, quem sabe não alcançará a lembrança de alguns , presentes naqueles tempos?

Lembrar e esquecer


Era um grupo de 21 rapazes e 2 moças, em treinamento para funções gerenciais. Sara sabia das suas possibilidades profissionais, e dos seus encantos femininos. Perpassou o olhar, e logo sentiu a fria indiferença, em um deles.Naquela frieza ela se protegeria de qualquer tipo de envolvimento.
Foram quase dois meses de convivência diária.Rui permanecia distante, sisudo, e nenhuma atenção especial fragilizava o seu coração. Era próximo de todos, menos de Sara. Todos passaram naturalmente a respeitar aquele caso sem correspondência.E nada aconteceu de emocionante, a não ser a divisão do grupo, quando explodiu uma situação de greve sindical, e não houve adesão unânime.
O grupo parecia amigo, e ao mesmo tempo competitivo. A ambição profissional descartava aproximações afetivas.No final todos foram nomeados, e tomaram seu rumo, assumindo novas responsabilidades.
Dois anos depois, o telefone tocou. Era Rui.
-Precisamos nos encontrar. Você virou uma obsessão na minha vida. Naquela época eu estava casado, e com a minha esposa em estado terminal de câncer.Não me senti livre para viver as alegrias da sua companhia.E agora, podemos nos encontrar?
Sara fez uma daquelas viagens loucas de pegar ônibus e vôos, até chegar ao lugar do encontro.
Ele estava em terra.Por um instante, houve um carinhoso reconhecimento do desejo recíproco.Depois o bloqueio estranho, entre dois desconhecidos.Beijos e abraços, no teste das afinidades. Podiam ser apenas bons amigos!
A vida sempre volta para os pontilhados, numa chance de completude das experiências que desejamos, ou que estão no nosso destino.
E não adianta fugir. Pular etapas é encompridar ou complicar o caminho da volta. Volta resolvida, sem pendências abstraídas.
Recebemos a força maior para acatar os nossos desígnios, o que nos faz cumprir a nossa missão de vida.
O amor é um grande aliado, para que tudo tenha um final pacifico, ou até feliz.
A vida tem a solução quando mostra a dificuldade.Precisamos confiar em nós mesmos, e na fonte dos altos.
Tudo está na mais perfeita ordem, quando a lucidez nos presenteia com o entendimento, livrando-nos dos medos, culpas, e substituindo-os pela esperança, amadurecimento, e autoconfiança.
E a vida vai passando...Nunca em brancas nuvens.Mas como um vento ou riacho que cantam baixinho, e movimentam as flores que estão plantadas.

Amor boêmio


Esperas nas madrugadas
O boêmio não chegava
Quando o dia clareava
Enfim, a porta rangia...
Seu corpo tremia
Fechava os olhos
Fingia um sono profundo
Um respirar  magoado
Cheiro etílico impregnando o quarto
Embebedava-lhe o alívio de sabe-lo em casa
Dormia
Acordavam silenciosos
Por diversas culpas
Ai, que ódio,
Ser Amélia das Dores
Se Amália fosse
Cantaria um fado.
Os homens não adoçam bocas
Quando se sentem culpados
Penitenciam-se num silêncio grotesco
Pronto para o bote da explicação
Olhos desencontrados sem expiação
Desgaste contínuo
A vida não cola o que a noite quebrou
A vida descobre o que a noite ocultou.
Amélia perdeu o amor
No batom de uma desconhecida
Deixou a sua marca
Na gola que Amélia lava
Com suas próprias lágrimas.

Imaginação


Escutar um instrumento bem tocado é uma viagem nos confins do Universo.O corpo fica inerte e a alma alça livres vôos, na companhia dos movimentos musicais. Parece que em cada frase, uma nova paisagem se descortina, e somos tomados por sentimentos novos e antigos. A seqüência sugere uma parada de contemplação.A “suíte” internaliza a melodia. O arranjo nos faz brincar em rodopios como borboletas, ao redor das flores.
Aí para... E o mental se agita.Domina a situação, mas não despreza a intuição e o insight que despertam da na nossa letargia.
Penso, mas escrevo sem pensar.Deixo os ares da retórica se espalharem. Respirarem, antes que me sufoquem.
A fé fortalecida cria a felicidade. Será?
Imanigem imaginem...O cuidado no imaginar!Pode ser que venha tudo de uma vez, ou falte o essencial, nas prateleiras dos desejos.
Essa inquietude de alcançar distâncias, e tudo que está fora do nosso alcance, vão ficando serenadas, quando amadurecemos.
Minha mãe repete muito esta frase:
“Se não aprender com o erro, a transformação fica adiada. O que era mínimo, cresce em dimensões impagáveis”.
Ainda há tempo para cantarolar muitas canções, nos banhos de todos os dias.Ainda a tempo de expressar o amor, declarar, sopras vestígios de poeiras que não voltarão a entupir o nosso coração.
Em tudo imperfeito, achamos o defeito. Em Deus, achamos o vazio.Com Ele construímos s o que nos falta, basta receber da sua fonte a luz da criação.
Nos Seus mares a água do amor é doce !

Pernas pro ar



Entre os enrolados dos trecos domésticos, descanso de pernas pra cima. Ouvindo João Gilberto e fazendo minhas cruzadas.Tornei-me bamba pelo vício!
Aconselho o exercício pra quem deseja um banco de palavras imediatas. Àquelas que traduzem evidências.O bom é deixar que o leitor exercite a vidência...Por via das dúvidas, escrevam e apostem na clareza.
Meu quarto ficou chá-verde. Se pingar a cor, eu bebo a poeira!


Ela é movida pela alegria
Parece que já provou toda tristeza do mundo
e o saldo é felicidade !
Mas não...
Ela é uma menina que sabe brincar
e sabe doar emoção !

Quando a encontro
Já vem de braços abertos
Abraço sem muita conversa...
Palavras são insignificantes
Diante do afeto sincero

Ela nos adora
Adoramos-la
Nós
Amigos em todos os elos.


Política, Futebol e Religião.
Compaixão
Não discuta!
Fanático brando
Sem paixão
Concílio manda!

Para Victor



Durante 10 anos ele fez o plantão nas noites de Natal e Ano Novo. Depois da ceia em família, levávamos uma quentinha para ser degustada na sua madrugada de médico. Ano passado, ele esteve em sua solitária reclusão.
Este ano, eu terei a minha mãe, meu filho Victor, em torno da minha árvore imaginária de afetos.
Sem ouro e com mirra, graças a uma plantinha que ganhei de Abidoral. Ela resiste ao sol e às chuvas. Brilha verde e segura, na varanda da minha casa. Enquanto isso, meu filho dorme, e eu abraço em pensamento pessoas queridas.
Meus tesouros são os meus amigos.

Aprendizagem


"É sempre realizar auto-análise de seus” porquês “, rever tudo em que se crê. Se suas ações têm razão de ser, se sua cultura é realmente” correta “, se você não seria diferente criado noutro canto do planeta.
Pensar nas possibilidades das coisas, manter” os pés no chão', só "dar bola" ao possível. E, acima de tudo, mudar-se aos poucos em uma busca constante pela verdade das coisas."

Minha mãe costuma dizer que” Não se pode servir a dois senhores “. Eu lhe respondo: sou livre pensadora. ·Ela não gosta de ciências esotéricas, não se liga em astrologia, tarô, I ching, etc. Eu acho todos esses assuntos interessantes, mas não os valorizo com fanatismo. ·No fundo sou cética, agnóstica, e o escambau. Mas sou atenta aos arquétipos mitológicos. Sou apaixonado pela mítica, sem perder a noção da essência ou realidade das coisas. ·Fico besta quando leio meu perfil astrológico (virginiana), e atesto como me enquadro direitinho. ·Mas no fundo sei que somos uma mistura de todos os defeitos e qualidades humanas, resultantes de heranças genéticas, meio social, cultura original e sequencial. ·Pensando bem sou microssísmica, inserida no macro. ·Não tenho que questionar sentimentos, o quanto eles são espontâneos e gloriosos, em seus próprios mistérios. ·Mistério é o que não se explica .
Desisti de entender o meu potencial de amar, uma vez que estou sempre surpreendida com as. revelações temperamentais e afetivas.
Racionalmente vou conduzindo a vida . Preparo-me para as perdas e luto por outras conquistas.
Se o afeto não fere, merece ser vivido, e expandido.
Tenho aprendido muitíssimo neste espaço virtual, aonde a maioria se conhece de longas ou poucas datas, mas já checaram suas afinidades reais.
Na idade mais adulta precisamos de poucos dados para entender o outro na sua totalidade. Depois do encontro de "almas" a aceitação incondicional vai se tornando possível e inevitável. Aceitar o outro, em sua realidade solitária : eis a questão !
Minha mãe diz sempre: “para um bom entendedor, um pingo é letra” ·Eu procuro ampliar minha visão e consciência no entendimento profundo. Chego lá, inevitavelmente, mesmo que no primeiro momento tudo me pareça inexplicável, e absurdamente fantástico ou estupefante.
O Cariricaturas é um laboratório do pensamento humano. Já adotei muitos como mestres, e sou-lhes grata por uma aprendizagem que já esteve fora do meu alcance.
Vamos ser sinceros?
O amor é possível, em todos os cantos ! Exercitemos-lo, sem comprometer o encanto, e a felicidade do próximo e do distante.
Claro que a gente não investe no impossível, mas amar é sempre lícito!

Comunitário



Desde há muito tempo tinha um sonho inconfessável, muito louco, o de terminar a vida numa comunidade, convivendo com todos os meus afetos, e transferir esta morada para a eternidade.
Hoje me deparo com tantos encontros , e chego á conclusão de que em parte é a materialização de um forte desejo da minha alma.
Não precisamos do contato físico com as pessoas que amamos para gozar a felicidade da sua proximidade. Claro que precisamos reencontra-las de vez em quando, abraça-las, enquanto matéria viva.
Eu não posso calar que sou muito feliz pelos amigos conquistados nesta longa caminhada vida. Muitos deles posso ver da minha tela...

reflexão



Devia trocar o silêncio, mais vezes ,por tudo que a gente sabe , mas precisa recordar ou reacender.
Martelo nos egos. Nossos!

Hoje disse para uma amiga: curei-me dos ciúmes. Meu lugar é meu, enquanto humano. Depois não serei matéria. Matéria não ocupa lugar no espaço. Ficaremos todos num só vão...Misturados numa luz comum. Melhor pensar sobre isso, e resolver os desafetos, amando os que nos tornam amáveis.

Desnorteio



Desnorteio
Uma rodada no carrossel da vida
A vida passando em tela
Com nuances nunca vistas
Esse giro que me traz de volta
Fundo musical inesquecível
Presenças novas e antigas
Tenham paciência comigo
Passei da idade
Não vivo desatinos

Chegaram com as chuvas de dezembro
Corrente frio na barriga
Fiquei sem prumo pra colher os versos
que a emoção oferecia

A vida é milagre
Sem mágicas
Sons soltos no éter
Unem-se em falas
Escrevo complexos de vida
Nova canção
Olhar maduro sobre o já vivido
Olhar infantil
No presente, arrisco...
Umas esperanças sem esperas,
No porvir, admitem.

Éramos loucos
Salgados de mar
Bocas molhadas de desejo
Mesmo assim
deixávamos passar
o carro, o comboio,
e o mês de dezembro.

Segurei convites descentes
a indecência estava na recusa de vida
A decência estava na vitalidade
de abraçar o mundo com sonhos impossíveis

Imantados
Sinto a flecha que atingiu o destino
Enfim, Eros voltou...
De asas curadas
Sem Psique, sem Afrodite.

Célio Silva



Uma figura alta, magra, cabelos lisos e pretos, bigodes... Talvez!
A impressão que tenho é que o vi muitas vezes, sempre cantando, nos programas de auditório da Rádio Educadora, nas quermesses de São Vicente, com o repertório de Francisco Alves, Orlando Silva, Augusto Calheiros, Nelson Gonçalves (notadamente as de Adelino Moreira).Tinha uma voz impressionante, mas bebia bastante, e isso ocasionou sua morte prematura. Era apaixonadíssimo pela esposa. Não lembro o seu nome, apenas que era uma mulher piedosa, filha de Maria.
O Crato dos anos 50 deve lembra-lo bem, muito mais do que as minhas nebulosas lembranças de criança.

Natal do passado



Aprendi a cantar, nos primeiros anos de vida :

“O Natal já vem”.
Vem, vem, vem...
Todo mundo canta, maninho...
E você também ““.

Minha mãe entoava o “Noite Feliz” e o meu pai cantarolava “Natal Branco”.

Dezembro era mesmo um mês de encantos.
Começava tecendo com rezas um enxoval para o Menino Jesus. Cada jaculatória era um bordado; cada Ave Maria, uma camisinha. Eu via, na imaginação peças belíssimas que eu construía com a repetição de todas as orações que eu sabia.
Papai Noel não existe. Foi essa informação que recebi dos meus pais.
Minha mãe e seus traumas. Meu pai completava, em cumplicidade:
“Não vou botar força pros outros fazerem fita”.
Ah, mas eu queria acreditar!
Queria fazer cartinhas, e postar nos Correios, como todas as minhas amigas. Queria fazer de conta que dormia, e flagrar o bom velhinho, colocando presente, nos meus sapatinhos.
Bom, pra compensar, minha vida se enchia de coisas boas e bonitas.
Saiámos para fazer compras, no trecho da Bárbara de Alencar, onde Seu Abidoral era o provedor dos papéis de seda e bolas; Seu Zé Villar vendia os brinquedos, Seu Sá as fitas coloridas, e Seu Moacir outros enfeites, e outras surpresas.
As ruas cantavam em uníssono. Nem pensávamos que o comércio lucrava com as nossas alegrias. Como o plástico ainda era coisa rara, todas as casas armavam as suas lapinhas, com o Menino Jesus, na manjedoura.
Comprávamos algodão na farmácia para lembrar a neve que não tínhamos, luzes piscantes, e pronto!
A festa começava, no dia primeiro de Dezembro.
Vestido, sapato, meias, camisola, tudo novo!
Eu ainda sinto o cheiro do peru caipira, da farofa dos miúdos, das caixinhas de passas, biscoitos champagne, castanhas, nozes, chocolates, bolos e salgadinhos especiais, e a efervescência do guaraná ao natural.
O ano inteiro esperava por esta festa.
O povo não ganhava décimo terceiro salário... Como fazia pra arcar com tantos extras?
Acho que juntavam as moedas, em latas de querosene, por muitos meses.
Depois o consumo foi tirando a magia...Será?
Minha avó materna, nas brenhas do Piauí, confeccionava buquês de florinhas do campo, enfeitava os pés das redes dos filhos, e eles ficavam felizes!
Bom, o importante não é a ceia, nem os presentes trocados.
O importante é internalizar o verdadeiro espírito do Natal, quantas vezes perdidas.
Agora eu já sei o que nos faria feliz: a paz e o amor universal !

Natal 2010


Tenho uma família irreverente. Sem protocolos vivemos num clima de lágrimas e sorrisos comuns. Quando um se emociona, puxa o carro de todos; quando um sorri, os outros riem por extensão.
Faltaram presenças, mas não sofremos por elas.Sintonizados na energia universal, vivemos o espírito do Natal, em toda sua plenitude. Celebramos com oração, garfos e taças. Um dos melhores natais dos meus novos tempos, sem dúvidas!
Sem árvore, sem luzes piscantes, papeis de chocolates espalhados nos cantos, e no canto das bocas, chocolate escorrendo.

Detalhe...


As canções seguem a trajetória da minha vida a partir da adolescência. O tempo dos amores inocentes e calientes.
Roberto consegue impregnar de doçura, saudade e ternura a vida em retrospectiva, e em andanças presente/futuras.
Um filme sentimental, romântico, em que a fita vai passando e rostos, sofás, cadeiras na calçada, trem, vestidos, perfumes, praças vão sumindo...
Fica a sensação amorosa de que o coração repete desejos antigos: amar intensamente, e pra sempre!


Fidelidade



O coração comporta muitos amores. A felicidade faz a opção de fidelidade. Num encontro amoroso de qualidade, ela é inerente. Não deixa entrar outros requerentes.
Pra que o desassossego, se o amor só deseja um tempo pro amor?
O malabarismo afetivo é tarefa circense. Por que deixar o circo pegar fogo?
Às vezes acontece...
Não por mal, nem por bem.Por acaso, talvez... Aí, se o sentimento de posse não existir, se a liberdade de amar foi conquistada, os sentimentos são lícitos e administráveis.
Melhor não deixar que a paixão cegue a razão.Deixar que ela seguisse por aí, sem destino, até se perder de sentir, ou transcender na poesia.

Ocultar emoções pode ser como dissolver um doce de algodão.
Gosto do branco, sem anilinas.Lembram nuvens, onde o rosa é possível.
Gosto do cinturão queimado, brincadeira que esconde aquilo que procuramos.
Gosto da ciranda de roda com passos cadenciados que exorciza o que nos traz comoção.

Enfim...Nem tudo tem explicação.
Chamo de ilusão o que deveras sinto.
Chamo de realidade o que não tem solução.

Noite de pensar, sem pesar; de sorrir à toa.
De dormir pra sonhar
E acordar, preocupada com o almoço
Sem o apetite apertar.

Romances morrem no ar.
Soltos, eles voam...
Aterrissam num lugar comum
Chamado lar.
Lá a paz é singular,
E a felicidade se cria, e se fomenta,
Na cumplicidade do abraço.

Abraços... .Cumprimentos humanos!
Alguns apertados
Outros mais chegados
Uns itinerantes...
Abraço é a expressão sagrada
Do corpo animal, se humanizando!

Já passou, já voltou.



1984. Durante quase dez anos trocamos cartinhas, às vezes quilométricas. Quanta falta me fez, no pós tempo. Reencontrar a veia que nos liga é qualquer coisa de cumplicidade divina.

Imagino que trilhamos caminhos paralelos. Nunca acreditei que você fosse afeto infinito... E é!
Essa tua menção com relação aos florais de Bach foi para lembrar-me que tenho que retornar a um caminho. Aliás, foi você que me apresentou ao I Ching, e fez meu primeiro mapa astral, inclusive a nossa sinastria.

Como poderíamos violentar o destino?
Afeto registro estelar!

Um personagem adjetivado



Sou eufrasiana. Já virei a mesa por um mundo mais lúdico e feliz. Bebi todas as gotas que caiam, uma por uma, até retornar a ponto de partida para encher de novo o balde e encomendar novas alianças. Fui ficando menos parecida com meu pai, mais parecida com a minha mãe...E. descobri no espelho da sala, que eu tenho outra imagem refletida no espelho do quarto.
No primeiro tento pentear o cabelo; no do quarto assanho-me pra dormir sem amarras... Assim é a vida da gente, um amarrado e um desamarrado constante. O que nos salva é a certeza da nossa finitude, e que a felicidade precisa existir, com fórum de eternidade.
O jeito é alimentar nossos desejos. Deus é amor, e atende a todos os nossos pedidos. Somos nós que lhe pedimos penitências e sacrifícios.
Muito bem, Eufrásio!
Sua história, muita bem contada é exemplo místico de vida. Sou contigo!
E a propósito dessa postura que engrena os últimos dias do ano, acabei de ter um papo um tanto bissexto com meu filho Victor. Como médico, perguntou-me. De que é que você quer morrer?
Respondi-lhe: de vida!
Ele prognosticou-me uns 20 anos pra frente, se eu continuar fumando.
Mas duas décadas são limites apertados. Prefiro viver o lato
O amor é preguiçoso. Carece de sono, sonhos, e uma vontade misteriosa de persistir no ramo. Ramo de laranjeira, pés de vento, zero compromisso.
Estes dias estão caindo umas fichas. O amor que parecia distante estava dentro de mim.

Aconteceu um dia ...


Uma noite enluarada dos anos 79.
Mara, cabelo cor-de-fogo.
Imagem extasiante.
Olhares cruzados
Uma escola de samba no coração
De um, de dois... Acho!
O destino não conhece o descaso
Descaso é humano, personal.
O tempo passa
A impressão primeira prevalece
Aí tem coisa
Tem amor verde em folha
Tem paisagem pintada e repintada
Tem uma tela em branco
Clamando tinta e pincel
Tem um amor esperando deitado
Alguém chegará
Na corrida do vento
Cabelos se destrançarão
Ou não.
Um amor de palavras
Tem doçura nas letras
Tem vontade de viver
Uma frase inteira!

Primeiro dia de 2011


Abro janelas e porta de uma nova sala.Deixo um primeiro sinal de vida.
Cheiro de pétalas de rosas, música em surdina.Tela movimentada por pensamentos meus, ou trocados com pessoas que admiro, e me nutrem no convívio.