por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 29 de dezembro de 2015

SOBRE FAMÍLIA, AMIGOS E AVIÕES - Jornalismo WANDO (*)

“A culpa não é minha. Eu votei no Aécio”.
A frase estampava a camiseta de Ronaldo Fenômeno em um desse carnaprotestos que animaram o terceiro turno instalado no país. A ideia refere-se aos escândalos do governo Dilma e à crença de que tudo seria diferente com a eleição do netinho de Tancredo – o político diferenciado, detentor de honestidade franciscana, o idealista que encarna a ética como poucos, enfim, quase um Mujica mineiro.
A culpa pela corrupção, portanto, é dos que ousaram não votar nesse bibelô de retidão moral. Eleitores do PT seriam corresponsáveis pela corrupção no país, enquanto os iluminados aecistas estariam automaticamente absolvidos. Um conceito maravilhoso de democracia.
No ano eleitoral, a antes inabalável ética do senador passou a ser questionada. Detratores andaram dizendo que ela invariavelmente escorrega quando se trata de amigos, família e tráfego (eu disse tráfego) aéreo. Tremenda injustiça. O aeroporto público de Cláudio (MG), por exemplo, foi construído pelo governador mineiro dentro da fazenda do seu tio, o seu Múcio, que, por sua vez, deixava as chaves com seus sobrinhos. É a meriTIOcracia. É a tradicional família brasileira tomando conta do patrimônio do Estado, demonstrando seu apreço pela coisa pública. Um case de sucesso de Parceria Público-Privada.
Recentemente, novas turbulências surgiram no céu de brigadeiro da ética aecista. E são inúmeros problemas com as vias aéreas. Enquanto governador, Aécio usou aeronaves oficiais 1.430 vezes, muitas para fins particulares. Só no aeroporto do Tio Múcio foram mais de cem pousos e decolagens. Em pelo menos 198 viagens, Aécio nem estava presente. Quietim, com discrição mineira, ofereceu caronas para parentes, empresários e parças de balada. Êta avião bão, sô !!!
Conheça alguns brothers que viajaram nas aeronaves semiprivatizadas: Ricardo Teixeira (CBF), Ray Whelan (FIFA), Roberto Civita (VEJA), Luciano Huch (Globo), Alexandre Accioly (padrinho de casamento de Aécio e parceiro das nights), Boni (ex-Globo). Além dessa gente boa, o povo mineiro também pagou viagens de Sandy e Júnior, Milton Gonçalves, Ze Wilker, FHC, Roberto Irineu Marinho e a ex-mulher de Aécio. Mas eles não têm culpa. Eles só voaram com Aécio.
Num vídeo em que convoca os brasileiros pra uma micareta antipetista, Aécio adaptou uma frase de Castro Alves e bradou emocionado: “A rua é do povo, como o céu é do avião”. Mas a adaptação poderia ter sido mais completa e fidedigna à realidade: “O céu é do avião, o avião é meu, o aeroporto é do meu tio, assim como o dinheiro é do povo”.
Como se vê, a ética do tucano pode ser contada a partir desse recorte que abrilhanta sua biografia de bom moço: família, amigos e aviões. Não falemos de helicópteros.


(*) É um perfil de humor criado na web pelo cientista social e jornalista João Filho (artigo publicado na Revista Carta Capital).  

A PALAVRA DO NOBEL DE ECONOMIA


Na Folha de hoje, em entrevista em que diz que a situação da ECONOMIA GLOBAL patina num ” crescimento baixo, pressões deflacionárias e desempenho decepcionante”, o economista Paul Krugman, Prêmio Nobel de 2008, diz que o Brasil, apesar da “bagunça política”, tem fundamentos econômicos que não estão “nem perto” das condições em que estiveram em outras crises vividas pelo país.