por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Como o Projeto Político Empresarial irá disputar as próximas eleições? - José do Vale Pinheiro Feitosa

Existe uma base teórica, uma formulação ideológica e a ação política para o projeto centrado do interesse empresarial e do plano de negócio aconteça como uma prática institucional numa sociedade. A base teórica deste projeto brasileiro é o mesmo liberalismo econômico cuja inovação teórica é a escola monetarista ou a chamada Escola de Chicago.

A formulação ideológica foi sustentada por “economistas”, colunistas da grande mídia e repercutida na sociedade por políticos afinados com as grandes multinacionais, com as bases do empresariado industrial, o agrobusiness e o sistema bancário. A figura política que se tornou o núcleo político deste projeto, até agora, tem sido o ex-presidente FHC em face das práticas de seu governo.

Algumas matrizes das “memes” ideológicas na cultura política nacional reproduzidas por este projeto. As privatizações como bandeira central, o famoso choque de gestão, os pregoeiros do fim da era Vargas (ou seja direitos sociais e trabalhistas), as finanças desreguladas, o superávit primário como supremacia aos direitos do povo; o horror a políticas industriais e, especialmente, aos bancos de fomento do tipo BNDES e até em certa medida o Banco do Nordeste; os ventríloquos do “custo Brasil”; a personalização do mercado como se fosse um ser humorado ou mal humorado; o impostômetro, a sonegação fiscal e burla aos orçamentos sociais.  

A ação política deste projeto é internacional, passando pelo sistema financeiro, tendo por núcleo de força as instituições do Estado Americano (1), por plano estratégico as grandes empresas multinacionais e até mesmo a rede mundial de computadores através do controle da informação gerada pela massa enorme de transmissões feitas na rede. Internamente ele se fortalece com as forças corporativas de instituições do tipo FIESP, FEBRABAN e assim por diante. As organizações políticas que lideraram este projeto até agora foram o PSDB, o DEM e os agregados que se constroem no processo de formar o governo.

Este projeto como força política hegemônica tem sofrido desgastes em razão dos governos Lula e Dilma e mais objetivamente em face da crise internacional do capitalismo e por consequência o desgaste da sua “meme” cultural principal que é o Mercado. Nas últimas eleições de 2010 em razão do desgaste do discurso mais liberal social até então desenvolvido por liderança do próprio FHC, surgiu uma onda mais radical e agressiva que mimetizou o modelo das grandes ditaduras latino-americanas qual seja um projeto de controle popular autoritário com cunho fascista para impor o liberalismo econômico. É o velho poder regressivo: pau na população descontente e liberdade ampla de negócio.

Espera-se no campo do projeto empresarial que a ala de pensamento radical de direita, do tipo Olavo de Carvalho, tente impor o seu discurso regressivo mobilizando temas religiosos, morais, renascendo os velhos medos da Guerra Fria e expondo a prática histórica mais clássica da direita brasileira: o “udenismo” moralista agarrado à arca da aliança da corrupção dos adversários, enquanto fazem acordos por baixo do pano com toda a classe de onde nascem os corruptores.

Em razão dos fatos recentes sobre o cartel formado no metrô de São Paulo dos governos do PSDB e além do partido não ter se mostrado com força eleitoral capaz de vencer os adversários, é possível que este projeto tente alternativas. A depender do resultado das eleições é muito provável que, em caso de outra derrota, este projeto tente novas forças políticas e que o PSDB seja substituídos por alternativas. Por isso a extrema direita se tornou tão ativa na internet.

(1) O Presidente da Bolívia acaba de escrever um artigo no Le Monde Diplomatique falando do seu sequestro enquanto voava de retorno de Moscou para La Paz. Eis aqui o que ele fala a respeito dos EUA:

Até 2 de julho (data do nosso sequestro), todos compreendiam que os Estados pudessem dotar-se de agências de segurança, a fim de proteger seu território e população. Mas Washington ultrapassou os limites concebíveis. Violando todos os princípios da boa fé e as convenções internacionais, transformaram parte do continente europeu em território colonizado. Um insulto aos direitos do homem, uma das conquistas da Revolução Francesa.

O espírito colonial que conduziu a submissão de tantos países demonstra, mais uma vez, que o império não tolera nenhum limite – nem legal, nem moral, nem territorial. A partir de agora, está claro para o mundo inteiro que, por esta potência, todas as leis podem ser transgredidas, toda a soberania violada, todo o direito humano ignorado.


O poder dos Estados Unidos está claramente nas suas forças armadas, envolvidas em várias guerras de invasão apoiadas por um complexo militar-industrial fora do comum. As etapas das suas intervenções são bem conhecidas: após as conquistas militares, a imposição do livre comércio, de uma concepção singular de democracia, e, enfim, a submissão das populações à voracidade das multinacionais.