Por acaso ouvi esta cantora belga, cuja família é de origem africana. Ela junta-se a um vocal de mulheres com ritmos africanos e o modo de cantar tribal que dá um efeito saudavelmente distinto de tudo que ouvimos por aí. Estas coisas me fazem acreditar na arte como a linguagem interminável da humanidade, mesmo quando a indústria fonográfica navega na crista da onda de modas e medianas. O nome é Zap Mama. Procurem no Youtube.
por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Tenho buscado as postagens de Socorro Moreira, mas o espaço permanece impreenchido (a palavra não está no dicionário mas existe impreenchível). De vez em quanto ela recorda o valor ontológico do blog: catador de versos.
Mesmo que ela esteja em período sabático em relação ao blog segue uma coisa que chamo verso por falta de um nome melhor. Aceito que se nomeie a forma como quiserem mas estes os acabei de catar.
I
Certo
que busquei a contagem do infinito,
A
tábua numérica dos objetos do universo,
Os
segundos infindos dos sonhos desfeitos.
Se
não todos os grãos, ao menos daquele monte,
Que
juntei com as pequenas mãos da infância,
No
leito seco do Rio Batateira.
Mas
nada que quis eu pude enumerar,
Nem
pelas noites traspassadas em transe,
No
esforço crítico do equilíbrio natural.
Afinal
sempre estive limitado às mãos,
E
toda trajetória dos números naturais,
Pararam
ainda na primeira dezena contada.
A
primeira dezena dos meus limites,
A
minha natureza contornada em pouco,
Apenas
são dez os dedos de minhas mãos.
II
Testemunho
que busquei a eternidade,
De
antes, agora e depois do finito,
As
minhas memórias confirmam a busca.
Como
até hoje vivem em mim tantos fatos,
Tanta
gente, os cantos dos galos da madrugada,
A
corrida invernosa do bezerrinho no curral.
O
tempo imensurável das notas daquela canção,
Como
aquele agasalhar de cobertor das geladas,
Noites
pelo cuidado eterno da minha mãe.
A
ruptura do tempo do irrevogável aprisionamento,
Do
olhar dela a desejar futuro e a demarcar o território,
Que
iguala a promessa após a morte ao pulsar de agora.
E
toda a eternidade não se expandia além do meu corpo,
Mesmo
na meditação transcendental ao máximo da concentração,
Tudo
depende do sopro da existência e da contração do coração.
III
Um
dedo, dois dedos, três dedos,
Um
medo, dois medos, três medos,
Um
credo, uma descrença, três negações.
E
ainda tenho sete dedos para contemplar,
As
plêiades, experimentar os pecados capitais,
Ir
até o último suspiro com as maravilhas do mundo antigo.
Como
tenho todos os dedos para deslizar nas costas dela,
Descer
por dentro do seus cabelos da raiz até a ponta,
Com
a polpa digital formigar de prazer seus lábios úmidos.
Todos
os lábios, cada mucosa a minar vidas e rimas,
Alinhar
letras em frente à outras até pronunciar palavras,
Juntar
sujeito, ação e um depositário em “eu te amo.”
E
poder contar, como um ábaco digital, todos os sorrisos,
O
intervalo de esperas e a floresta de encontros
Atingir
o infinito e a eternidade que cabem nos meus dedos.
Rio
de Janeiro, 08 de junho de 2013
Às
20:56 horas.
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