por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 20 de setembro de 2016

DE: SÉRGIO MORO - PARA: SÉRGIO MORO (José Nilton Mariano Saraiva)

Se alguém por essas bandas (Brasil) duvidava que o deprimente espetáculo patrocinado meses atrás pela Câmara Federal para aprovar a cassação (sem crime de responsabilidade) da Presidenta Dilma Rousseff, algum dia poderia voltar a acontecer, dada à palhaçada de que se revestiu e a consequente repercussão negativa resultante, quebrou a cara.

Nem o banco esfriou e a “República de Curitiba” não só o bisou, como tratou de armar um circo bem mais amplo e repleto de holofotes, que abrigasse a imprensa nacional e internacional, com direito a um sem número de “transparências” (power point), mas com um só mote: acusar Lula da Silva de ser o “maestro”, o “general” e o “comandante” de todas as ações irregulares havidas no decorrer dos tais “mensalão” e “petrolão”.

E aí, empolgado e visivelmente picado pela mosca azul, o pastor evangélico Deltan Dallagnol, com o seu ar messiânico, não economizou nos adjetivos e deitou falação sobre a culpabilidade de Lula da Silva nos dois processos e, alfim, antecipou ali mesmo o veredicto final: deve ser preso e pagar por tudo aquilo. Bastou, entretanto, que um repórter mais perspicaz fizesse uma simplória pergunta para que o circo literalmente desabasse: “Doutor, e as provas ???”. E a resposta foi um misto de bizarrice e hilaridade: “Não temos prova, mas temos convicção”.

Ou seja, sem tirar nem por, aconteceu exatamente o que presenciamos no julgamento do tal “mensalão”, quando a ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, inquirida sobre a existência de provas, disparou: “Não tenho prova cabal contra o Dirceu, mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”. E assim foi feito, vapt-vupt. Sem cuspe.

Fato é que, apesar do vexame propiciado por Dallagnol e sua troupe na apresentação da denúncia contra Lula da Silva, ela tem toda a chance de ser aprovada e, enfim, se anuncie a prisão do ex-presidente, e por uma razão simplória: existe uma gritante anomalia na “República de Curitiba”. Lá, Sérgio Moro manda e desmanda, casa e batiza, bate e assopra e, enfim, determina como e quando as coisas devem acontecer. Dallagnol e demais procuradores do Ministério Público não passam de caixa de ressonância, ouvintes atentos e cordeirinhos amestrados prontos a executar o que o Juiz lhes determinar; Moro e o Ministério Público Federal curitibano são como carne e unha, visceralmente ligados, constituem uma mesma entidade, agem em conjunto, se confundem.

Assim, não há que se duvidar que o próprio Sérgio Moro instrua-os como devem apresentar a denúncia e por onde seguir. Ou seja, o que Dallagnol envia para o Sérgio Moro é o que o Moro lhe enviou para que seja devolvido em forma de denúncia. Ou mais precisamente: seria uma espécie de correspondência de MORO para MORO (com tabelinha do procurador). Não há, pois, como referida denúncia não ser aceita, apesar da comédia pastelão patrocinada pelos procuradores curitibanos. Simplesmente porque em assim acontecendo, Moro estaria a negar o próprio Moro. 
 
Em razão de tais arbitrariedades, a pergunta que então se impõe é: afinal, para que serve mesmo o “livrinho” (Constituição Federal) ??? Para que serve um Supremo Tribunal Federal cuja missão maior é exatamente ser o “guardião” do livrinho, fazendo-o ser respeitado ??? Ou o marginal Sérgio Machado estava coberto de razão quando disparou: “Nunca tivemos um Supremo tão merda como esse”.

A conferir.