por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sábado, 30 de julho de 2011

Amanhã é o aniversário de Liduína Belchior. Antecipamos-lhe nosso abraço de parabéns!



"Em todos os aspectos, flores são sempre flores. Lindas, femininas, sensuais e maravilhosas. E quando a gente as recebe, e são dedicadas a nós, em particular, são as mais bonitas, interessantes e únicas da terra viva. Parece que Deus deu um sopro especial e disse: Crescei, ficai lindas, porque existe alguém esperando para acolhê-las".

Liduína Belchior

Felicidades, poetisa amiga !

Fazenda Santa Rita no Piauí- tela de Alfredo Moreira Filho- Foto de João Nicodemos






Casa de meus avôs maternos. Fazenda situada, no município de Picos - Pi. Do Crato até lá, o percurso era feito de caminhão ,e outro texto, a cavalo. Um jovem apaixonado enfrentaria este cansaço para pedir a mão de Valdenora em casamento. Aquela união foi construída, num alicerce amoroso de oito anos. Com material rústico (tela e tinta), ele pintou a casa da noiva, hoje acervo da minha irmã Verônica.
Batendo palma de carnaúba, extraindo a cera, meu avô sustentava os filhos na cidade do Crato, onde estudavam.
Minha mãe conta, que as suas cartas eram usadas pelas crianças da redondeza, nos exercícios de leitura. Descobriu a proeza, quando em férias, enquanto se refrescava nas águas do açude, um bando de adolescentes, declamavam em voz alta, as suas falas. Depois de escutar com atenção as repetições, identificou seus textos de notícias para os pais: Crato X Fazenda Santa Rita.
Tal história me comove... A vontade de aprender a ler e a escrever está inerente em todo ser humano. É um prazer descobrir que as letras são mágicas, formam palavras, frases, traduzem ideias, e às vezes até contos, poesias, romances. Quando terminou o pedagógico lecionou na cidade do Crato por muitos anos... Uma geração do passado esteve sob a sua tutela educacional, inclusive eu, quando fui sua aluna no curso primário.
Visitando Assis Landim, semana passada, ele recordou esta função da minha mãe. Como outros, foi também seu aluno. Lembrei 'a normalista' do meu avô Chiquinho... Música interpretada por Nelson Gonçalves, que tanto encantava minha mãe, na voz de seresteiro do meu pai, quando se acompanhava de Vicente Padeiro, Audísio Teles, nas serenatas apaixonadas, que aconteciam na janela da casa da minha bisa.
Procuro não ser nostálgica... Mas, como viver sem lembranças?
Elas justificam a  vida!

Socorro Moreira

Por Assis Lima


SONHO BOTÂNICO

Há quem se sonhe árvore
à sombra da qual
o animal repouse.
A avó que conheci
plantava bogaris
e cultivava mamonas.
Uma vez a surpreendi
brincando de voar com os passarinhos.
Assim a vejo e a tenho.
Meu avô plantava tabaco.
Era a sua planta de poder.
Raras vezes cantava,
e, ao fazê-lo,
tal uirapuru,
calava as outras aves,
a escutá-lo.
Meu pai sabe a angico,
ao bom angico,
com sua densa e saborosa resina.
Minha mãe, perfumada caroba,
me rimava com cravo e alecrim.
Só Jesus é tão cravo.
Só José, alecrim.
Pela carne da macaúba,
pela polpa do pequi,
pela massa do jatobá
desasnei
e sobrevivi.
Há quem viva à sombra
das carnaúbas,
da samaúma,
do juazeiro,
da figueira
ou do salgueiro.

Mas, como diz um mestre
das plantas medicinais,
toda planta é sagrada,
mesmo os matinhos mais simples.
Folheando um manual de botânica,
encantei-me com o ramo
rico e polimorfo das solanáceas:
ervas,
arbustos,
árvores,
trepadeiras,
tão brasileiras.
O tomateiro,
o pimentão,
várias pimentas,
a beladona
e as ornamentais.
A vida ornou-me,
e o sonho valeu-me.

Do livro "No Azul Sonhado"

Mário Quintana



Mário de Miranda Quintana (Alegrete, 30 de julho de 1906 — Porto Alegre, 5 de maio de 1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.



EU ESCREVI UM POEMA TRISTE


Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!


Mario Quintana - A Cor do Invisível


SINÔNIMOS


Esses que pensam que existem sinônimos, desconfio que não sabem distinguir as diferentes nuanças de uma cor.


Mario Quintana (Caderno H)


CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO


Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.


Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...


E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita...


A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.


Mario Quintana


POEMA


Mas por que datar um poema? Os poetas que põem datas nos seus poemas me lembram essas galinhas que carimbam os ovos...


Mario Quintana (Caderno H)


RECORDO AINDA


Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...


Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...


Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:


Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente!...


Mario Quintana

Michelangelo Antonioni


Michelangelo Antonioni (Ferrara, 29 de setembro de 1912 — Roma, 30 de julho de 2007) foi um cineasta italiano.

Graduou-se em economia na Universidade de Bolonha. Chegando a Roma em 1940 estudou no Centro Sperimentale di Cinematografia na Cinecittà, onde conheceu alguns dos artistas com quem acabou cooperando nos anos futuros; entre eles Roberto Rossellini.


wikipédia

Ingmar Bergman



Ernst Ingmar Bergman (Uppsala, 14 de julho de 1918 — Fårö, 30 de julho de 2007) foi um dramaturgo e cineasta sueco.

Estudou na Universidade de Estocolmo, onde se interessou por teatro e, mais tarde, por cinema. Iniciou a carreira em 1941, escrevendo a peça teatral "Morte de Kasper". Em 1944, desenvolveu o primeiro argumento para o filme "Hets". Realizou o primeiro filme em 1945, "Kris".

Seus trabalhos lidam geralmente com questões existenciais, como a mortalidade, a solidão e a fé. Suas influências literárias provêm do teatro: Henrik Ibsen e August Strindberg.

Teve um romance com Liv Ullmann, com quem teve uma filha. Dirigiu a atriz em dez filmes, começando por Persona.

Talvez o melhor comentário sobre Ingmar Bergman tenha partido de Jean-Luc Godard: "O cinema não é um ofício. É uma arte. Cinema não é um trabalho de equipe. O diretor está só diante de uma página em branco. Para Bergman estar só é se fazer perguntas; filmar é encontrar as respostas. Nada poderia ser mais classicamente romântico". (Jean-Luc Godard, "Bergmanorama", Cahiers du cinéma, Julho – 1958). [1]

O diretor e roteirista morreu em sua casa em Fårö aos 89 anos, de forma tranqüila – segundo sua filha, Eva Bergman – e, coincidentemente, no mesmo dia em que faleceu Michelangelo Antonioni.[1]

wikipédia

Isaurinha Garcia


Isaura Garcia, mais conhecida como Isaurinha Garcia, (São Paulo, 26 de fevereiro de 1923 — São Paulo, 30 de agosto de 1993) foi uma das maiores cantoras da MPB, e, com mais de cinquenta anos de carreira, foi considerada a Edith Piaf brasileira. Gravou mais de trezentas canções.Entre seus maiores sucesos está a música "Mensagem".

Foi casada com Walter Wanderley, organista de muito sucesso, que renovou a bossa nova com seu talento e até hoje está presente em trinta países.

Sobrinha do célebre pintor paulista Giuseppe Pancetti, começou sua carreira em 1938, depois de um concurso promovido pela Rádio Record, tendo sido contratada no mesmo ano pela emissora paulista. Neste começo de carreira, inspirava-se em Carmen Miranda e Aracy de Almeida.

wikipédia

Jesus foi ao paraíso José do Vale Pinheiro Feitosa


Felicidade otimizada – versão 2050.

Nas encostas de Santa Teresa escorre mais história que águas de enxurrada.

Jesus, décima geração carioca de família mineira para assentar, no Escondidinho, vida na cidade. Rio Comprido, o bairro; Morro dos Prazeres, a vizinhança.

Jesus identificava no prazer, a doutrina da elite. Levou o Rio à partição, entre arcaicos e pós-humanos. Ele, um ser arcaico. Ser pós-humano, só adivinhando. Não havia contato entre eles.

Prazeres, conquista dos pós-humanos. Da vida, pelo desenvolvimento da tecnologia. Corpos pós-humanos, distintos da classe de Jesus. Realizado upgrade dos sistemas biológicos, quando Jesus, permanecia igual ao seres antigos. Os pós-humanos já não eram seus corpos, enquanto Jesus, sujeito à escassez, fazia história para superá-la. Seres turbinados, usavam o corpo igual um carro de luxo. Jesus e sua classe, conquistavam equilíbrio entre assimetrias da vida e a paz interior. Seres pós-humanos, mundo conquistado, intimidade difusa, prazeres da vida.

Não bem por acaso. Uma chance em milhões. Era comum os pós-humanos excursionarem pelo centro do Rio. Curiosos, em gôndolas móveis, refrigeradas, isolamento acústico; nos olhos, a alegria de zoológico. Eventualmente, saíam do isolamento, mantendo contato com os arcaicos. Experiências supremas. Sensações, decantadas nos recolhos dos pós-humanos, da Barra, Recreio e parte de Jacarepaguá.

Turismo por quê? Contradição da conquista. Mundo virtual, não se sabia por que, embora de infinita variação, tinha ranço de repetição. Travo, reduzindo imprevisibilidade. Terapeutas recomendavam passeios turísticos. Novas práticas incorporadas ao acervo virtual. Descobrira-se que o contato físico, mesmo breve, apenas toque, ampliava a experiência.

Jesus, pela histórica Barão de Petrópolis, chegava à Rua da Estrela. Ia ao Largo do Estácio, cantar sambas, longos fraseados, misturando rap, funks, variado improviso. Na praça Condessa Paulo de Frontin, o Metrô. Quando punha os pés na praça, veículos de pós-humanos estacionavam. Guardas armados, ocuparam pontos estratégicos. Crianças arcaicas careteavam, provocando olhares admirados nos pós-humanos. Jesus, acostumado àquilo, seguia, indiferente, ao metrô. Na escadaria, sentiu uma mão no ombro. Virou-se. O olhar de felicidade de uma linda moça. Invés de se indignar com o utilitarismo do gesto, abriu largo sorriso. Os olhos, estreitando-se, penetravam intimamente a mulher. Ela jamais experimentara algo igual. Porquanto, deixou, com Jesus, um cartão nano-eletrônico.

Se Jesus pusesse o dígito sobre o ícone dela virtualmente se conectariam. Jesus precisaria de Cyber Café. Ela tinha conexão cerebral. Imediato no ambiente captado pelo cartão nano-eletrônico. Jesus sentia-a de modo difuso, imagem virtualizada por óculos especiais. Ela, sem intermediações.

A sessão de música terminou, foi a um Cyber ali mesmo no Largo do Estácio. Conectou-se com a moça.

Ponto neutro. Zona Sul, Maria Angélica, quase esquina da Alexandre Ferreira. Jesus encontrou-se com Madalena αβ. Alfa, versão amigável com arcaicos. Beta, possibilidades secundárias. Versão especial de engenharia reversa dos sistemas biológicos. Design, poucas unidades no mercado. Tinha contradições. Tendia para a arcaica unidade entre ser e corpo. Unificando-se, propendia para a historicidade da vida. A engenharia molecular projetara-a para ter mobilidade, flexibilidade e longevidade. Substituídos arcaicos sistemas biológicos por outros otimizados, mais agradáveis, duradouros, sem panes, moléstias e envelhecimento, a história não mais existia. A vida, aproveitar, gozar, ter prazer. No erro nato, o encontro entre Jesus e Madalena αβ.

“Sei tudo sobre vocês”. Madalena αβ, procurando o mesmo olhar de Jesus na entrada do Metrô. “Eu, quase nada, sobre você”. Jesus, ignorante, confessava. “Como não sabe? Meus professores diziam que a opção de permanecer como são era de vocês mesmos.” Madalena, precisa, questionou. “Nossa, sim. Mas opção, não. Não temos grana para upgrade. Mudança cara. Manutenção impraticável para a maioria.” Jesus, com razões econômicas. “Mas novas versões são criadas todos os anos, pessoas se modificando.” Madalena, otimista. “Ilusório. Os que puderam fazer upgrade mudaram de nível, inatingível para quem não o fez até então. A barreira entre nós e vocês elevou-se muito. Desde essa separação, mais ninguém pôde ultrapassar o muro que nos separa.” Madalena αβ pegou na mão de Jesus e o levou para o carro.

Entre a Rua dos Mineiros e a Ladeira dos Africanos, janela para a Baia da Guanabara, Jesus e Madalena αβ tocavam-se continuamente. O carro, deixado no estacionamento do metrô em Botafogo. Movimento de corpos, fenomenais. Jesus completava-se nela. Madalena viajava em delírios de prazer. Orgasmos múltiplos, jamais a exaustão. Jesus, nada assemelhado vira. A pele da moça se transformava no curso do prazer. Ora ampliava escalas térmicas; noutras o brilho acentuava-se; a textura se multiplicava, de aveludado ao úmido, áspero ao liso; trocas energéticas como pulsos de choques; aderências qual ventosas. Madalena αβ lhe dissera. “Minha pele é proteção da integridade e canal de comunicação íntima e prazer.” Jesus esgotou-se, suado, deitando-se de bruços com os braços arriados abaixo da cama, respirando agitado, o coração acelerado.

Madalena αβ circulava pelo quarto auto-acariciando o corpo nu. “Meu sangue tem a versão mais avançada de respiróticos. Minhas reservas de oxigênio chegam para 24 horas. Assustei-me ao sentir o funcionamento do teu coração. Um pulsar sedutor, mas se manifesta qual sensação de abismo. Como se a qualquer momento, se abrisse enorme poder desagregador.” Jesus, com a boca ressecada pela respiração apressada, balbuciou com esforço: “Sem coração..respiração...cansaço.. exaustão...deusa...desigual...” “Sou vida otimizada, jamais sangrarei, pois minhas plaquetas são milhares de vezes superiores às tuas, meu sistema de defesa é o que tem de melhor no mercado, os softwares dos meus glóbulos brancos têm capacidade para deletar qualquer vírus, outros micróbios ou venenos existentes. Minha pele, pulmões e aparelho digestivo estão bloqueados para qualquer substância potencialmente tóxica. Meu sangue circula por células energéticas, não preciso da bomba cardíaca...”

Jesus, após descanso, levantou-se. Madalena αβ, aproximou-se de modo sedutor. Continuaram se amando.

O dia amanhecia, quando Jesus, esgotado, adormeceu profundamente. Por volta de 18 horas acordou. Não mais a encontrou. Tomou banho e foi para um Cyber na Gomes Lopes. Conectou-se com ela, propondo contato presencial. Ela, excitada, desejou relação sensual, em meio virtual. Jesus, contrariado, desejava-a feito paz interior, aceitou a proposta. Constrangido, numa área reservada do Cyber, relacionou-se com ela. Finda a sessão, passava da meia noite, desceu o morro, sensação plena, mente em desassossego. Madalena αβ, amor em Jesus. Mais do que sensações, precisava dela, olhar, viajar pupila a dentro, ao encontro da intimidade. Aí, o aleph que os fazia unos, apagava todas as diferenças. Jesus queria fundir-se, refundação deles mesmos.

E Madalena αβ? Em banquete, aos milhares, os prazeres da degustação. Retorno primitivo ao gosto. Não precisava comer para alimentar-se. Nada do que mastigava seria digerido no seu organismo. Tudo seria bloqueado e retirado do corpo por nano-robôs sobre roupas especiais que se prestavam para tal. Por tais vestimentas é que se alimentava pelos mesmos métodos moleculares. Vale dizer que também por eles recebia vitaminas, hormônios, enzimas e outras substâncias que facilitavam a relação sensual com o mundo.

Quebra da segurança? Simulação competente de Jesus? Um quantum de imprevisibilidade.

Madalena αβ, na praia sob o sol. A sombra de Jesus projetou-se sobre ela. Muito curiosa levantou-se. Não compreendia porque o rapaz a procurava. “Porque temos propósitos fundamentais na vida...” Madalena abriu os braços para a vastidão da paisagem, negando. “Que propósitos? O fundamento é o upgrade. A evolução cada vez mais avantajada dos requisitos da felicidade. Estou update” Jesus de mãos postas. “Não é diferente da minha felicidade. Toda essa complicação dominadora é muito simples. É você. O dia de hoje foi vazio. A razão do sol não estava somente em mim, eu precisava de você.” A face interrogativa de Madalena. “Como precisava de mim? Você não se basta? Precisa de outro para viver?” Jesus, inocente. “Você não?” Madalena, terminativa. “Não, tudo que necessito está sobre minha pele. Na minha mente. O que não compreendo basta comunicar meu cérebro com as bibliotecas de inteligência artificial, imediatamente tenho respostas. Quando quero me apresentar diferente posso ser qualquer personagem do passado e do presente, pois existem milhares de arquivos de emoções das pessoas. Já tenho teu arquivo completo. Posso usá-lo quando quiser.”

Jesus parou a conversa, afastou-se um pouco de Madalena αβ e deitou o olhar na imensidão do mar. Inspirou profundamente o cheiro de maresia. Mergulhou seu olhar no vasto verde esmeralda e suas franjas de espuma branca. Voltou-se para Madalena, aproximou-se e deu-lhe forte abraço. Beijou-a com grande paz e, lentamente, afastou-se enquanto dizia: “O upgrade sou eu...Upgrade de cada momento, sem intervalo, até a próxima versão. O update contínuo....”

Madalena αβ olhando-o se afastar na areia branca da Barra da Tijuca, sentiu-se uma versão defasada. E gritou: “Jesus...vou....”

José do Vale Feitosa

Por Tiago Araripe



Que o Jumbo suba ligeiro.
Acima das nuvens de chumbo
O céu é de brigadeiro.

Do livro "No Azul Sonhado"


HOJE EU SEI - Rosa Guerrera




Que existe uma beleza muito mais marcante
no outono da vida!

Hoje eu sei que toda alegria precisa ser prolongada
quando o espaço é curto...
Hoje eu sei que em todo coração existe um canteiro vazio
à espera que sejam plantadas sementes de carinho...

Hoje eu sei que a eternidade pode caber perfeitamente
num terno beijo dado com amor...

Hoje eu sei que só devemos guardar do passado
aquilo que realmente foi vivido e apetecido com verdades brilhantes...

E mais que qualquer outra coisa...

Hoje eu sei... que não importa o tempo nas estações da vida, desde que o
nosso coração pulse sempre numa eterna primavera...

E me permita o grande Oswaldo Montenegro que eu conclua essa mensagem com a frase mais linda que até hoje definiu totalmente a minha vida:

"Que os meus erros sejam perdoados... pois metade de mim... É amor!!!! ... E a outra metade também."

Do livro "No Azul Sonhado"

AMAR É... - Rosa Guerrera




Amar é aquele "ouvir estrelas" de Bilac,
é enxergar o Sol numa noite escura,
é conhecer os segredos do ruído dos mares,
é deitar sonhos nas brancas espumas!

Mas... amar é também a revelação do avesso...
É mistura de suor, de saliva, de tremor,
de ânsias e cansaços!
É a entrega de sonhos transformados em realidade,
é se sentir enlaçada pelo mundo no calor de dois braços,
e acariciada pelo infinito num pequeno sussurro de amor!

Amar é essa coisa sublime e louca,
calma e tempestuosa.
É a eternidade transformada em horas,
é coração ofegante,
mãos entrelaçadas e fusão de corpos desnudos!

Amar é acordar para o dia pensando que a noite não findou...
E num sorriso maroto ver
ainda acesa a luz do abajur...

Amar enfim é se sentir sempre virgem cada vez que a alma vive com toda intensidade um momento de paixão.
AMAR É...

Do livro "No Azul Sonhado"

BANHO E AMOR- por Pachelly Jamacaru

BANHO E AMOR
Marquei encontro com ela,
Nas águas correntes do velho Jaguaribe,
Pra falar das coisas simples do mundo,
Do mundo da gente.
Estava por lá, ocidental, onipresente,
Vermelho-laranja, monossilábica,
A silenciosa majestade poente.
O rio cantava triste,
Parecia canto de gente
Melodiando o crepúsculo
Mundial dos homens,
Desobedientes homens e nós...
Línguas d’água, linguagens das línguas,
Banho e amor.
Sertão, ser tão, mundo aquatroz.
Uma anã no firmamento sentenciava a tarde,
Serpenteando alpondras, buscadora do mar,
Desliza o velho Jaguar na idade do quase-lobo.
Desnudos, serpenteei-lhe
Palavras vãs na hora do desaguar.
Marquei encontro com ela,
Nos encontramos no gozo!

Do livro "No Azul Sonhado"



O Coração de Jesus da casa dos meus pais-- por socorro moreira

julho/1949

julho/1950


Nos anos 50, e até às vezes, nos dias de hoje, quando um casal começava a preparar o enxoval da casa, logo pensava na entronização do Coração de Jesus. Minha mãe, como filha de Maria não fugiu à regra. Meu pai, como pintor, começou a pintar o quadro que ornamentaria a parede da sala .
Ainda menina, eu  lhe falei: pai, você é um artista! Esse quadro é o máximo. Ele olhou-me com humildade e respondeu-me:esse quadro não tem arte. Foi copiado de outra imagem. Artista é o que cria. Mas ele era um artista, isso não me desconvenceu.
As pessoas do seu tempo, aos poucos vão mudando de morada... Os que ainda vivem falam do meu pai com admiração e respeito.
Sim! Eu tive um pai sensível e habilidoso, que sabia fazer arte com o coração e as mãos.



fotos de Nicodemos

Pérolas dos Bastidores - Socorro Moreira / Liduina Belchior

Socorro Moreira disse...


sorriso-simpatia
querer-boa vontade
se nos falta
a tristeza nos mata
.


Liduina Belchior disse...

Para viver
é preciso
querer sorrir.