Casa de meus avôs maternos. Fazenda situada, no município de Picos - Pi. Do Crato até lá, o percurso era feito de caminhão ,e outro texto, a cavalo. Um jovem apaixonado enfrentaria este cansaço para pedir a mão de Valdenora em casamento. Aquela união foi construída, num alicerce amoroso de oito anos. Com material rústico (tela e tinta), ele pintou a casa da noiva, hoje acervo da minha irmã Verônica.
Batendo palma de carnaúba, extraindo a cera, meu avô sustentava os filhos na cidade do Crato, onde estudavam.
Minha mãe conta, que as suas cartas eram usadas pelas crianças da redondeza, nos exercícios de leitura. Descobriu a proeza, quando em férias, enquanto se refrescava nas águas do açude, um bando de adolescentes, declamavam em voz alta, as suas falas. Depois de escutar com atenção as repetições, identificou seus textos de notícias para os pais: Crato X Fazenda Santa Rita.
Tal história me comove... A vontade de aprender a ler e a escrever está inerente em todo ser humano. É um prazer descobrir que as letras são mágicas, formam palavras, frases, traduzem ideias, e às vezes até contos, poesias, romances. Quando terminou o pedagógico lecionou na cidade do Crato por muitos anos... Uma geração do passado esteve sob a sua tutela educacional, inclusive eu, quando fui sua aluna no curso primário.
Visitando Assis Landim, semana passada, ele recordou esta função da minha mãe. Como outros, foi também seu aluno. Lembrei 'a normalista' do meu avô Chiquinho... Música interpretada por Nelson Gonçalves, que tanto encantava minha mãe, na voz de seresteiro do meu pai, quando se acompanhava de Vicente Padeiro, Audísio Teles, nas serenatas apaixonadas, que aconteciam na janela da casa da minha bisa.
Procuro não ser nostálgica... Mas, como viver sem lembranças?
Elas justificam a vida!
Socorro Moreira
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