por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 10 de junho de 2011

A POESIA E A FILOSOFIA DE ÂNGELO MONTEIRO- colaboração de Stela Siebra


PARA QUE FOMOS FEITOS


NEM PARA A TERRA NEM PARA O CÉU
FOMOS FEITOS. NEM MESMO PARA SER LEMBRADOS.
NO ENCONTRO ENTRE A LUZ DOS NOSSOS OLHOS
E A IMAGEM DAS COISAS PROVISÓRIAS
CONSISTEM NOSSA NOITE E NOSSO DIA.


NÃO TEM PREÇO E É INÚTIL
AQUILO PELO QUE SUSPIRAMOS.
MAS TAMBÉM É INÚTIL O QUE É PERFEITO
E NÃO TEM PREÇO A SUA PERFEIÇÃO.
POR FIM NÃO TEM PREÇO E É INÚTIL
TUDO QUE NOS PERDE OU QUE NOS SALVA.


FOMOS FEITOS PARA ALÉM DA VIDA
PEQUENA E - PORQUE PEQUENA - ANUNCIADA.
FOMOS FEITOS PARA O CLAMOR DO QUE NÃO SABEMOS.
PARA OUVIR O SOM DAS FLORES - GRAÇAS ÀS ABELHAS-
NO MURMÚRIO E NO ANÚNCIO DO SEU MEL


ÂNGELO MONTEIRO in “OS OLHOS DA VIGÍLIA”

Fotógrafo Ambulante - por Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes




No início dos anos 40, um fotógrafo ambulante, chamado Sorriso, utilizando equipamento conhecido como "lambe-lambe", andava pelas ruas do Crato oferecendo seus serviços aos moradores. Minha mãe (Almina Arraes) e Tia Violeta, foram fotografadas por ele. Mamãe guardou a foto. Apesar da pouca sofisticação da "máquina", o registro permanece. Veja a foto.

Queimando versos- por Socorro Moreira


Você embucha meu coração de poesia
nas contrações e expulsões
perdem-se os elásticos que o prendiam
Agora ele é lato
Comporta a vida,
e os terrenos da eternidade !

Silêncio é linguagem
que a tagarelice estuda
Sou verde na impaciência
Longe de ser aquilo que aspiro
Nem sempre tenho o discernimento
Inacabada ...Persisto !




Tem um poste de luz que incomoda
Tem silêncio que não ilumina
Tem ausência que grita na distãncia
Tem vontade férrea
presa na lembrança
Existem voos sem destinos
mas sempre retornam
ao ponto da saudade
que não sai do canto. 

(socorro)



Chove
e a gente não sabe
se é outono ou inverno
ou se é o verão que chora !

Parece que o mundo e a natureza
se esfregam , se lavam, se ensaboam
Tudo tem movimento
barulhos e cheiros .

Depois da chuva ,
menino levado,
corta os rabichos dos vaga-lumes
E eles nem acendem, nem apagam.

Da flor
pinga uma gota de chuva
E a gota contém o mar
E o mar afoga a minha dor .

A chuva passou .
Um cometa passa,
me agarro na sua cauda, e vou ...
Promessas me puxam,mas eu volto ,
quando mais um verso ,
sair do meu forno
esquentado de amor.

(socorro)

Sonhos em branco e negro - por Socorro Moreira





Sonhar-te ...
És o sonho de tantas,
que te sonhar,
nem importa tanto
nem mais , nem menos.

Soprar-te ,
só de vez em quando ...
pra longe da terra
pra longe do mar
pra longe de mim

Querer-te
Não muito,
e de vez em quando.
É minha sina ,
voar como a minha saia
ora branca, ora negra ,
ora cinza!

É isso , e nisso ...
Vivo assim pairando
É isso que falo , canto
Ora voz e alma
Tudo em branco
Ora tudo negro
como um manto.




Helena e o Vento - José do Vale Pinheiro Feitosa


Prece ao Vento - Música de Gilvan Chaves, Alcyr Pires Vermelho e Fernando Luiz Câmara - Cantada pelo Trio Nagô.



Ontem por volta das 18 horas, a considerar a variação do tempo entre um território e outro: romperam-se as barreiras dos céus. Num repente que assusta nossos espíritos afeitos ao esperado.

Um tsunami de ventos. Dizer que foi um vendaval não desvenda a surpresa de quem estava nas ruas do Rio. Não houve anúncios. Abriram-se as vagas de uma ventania que já vai levantando, arrastando, derrubando, quebrando, dobrando, enfim num gerúndio que parece durar até o infinito.

Afinal para nós os portadores da finitude, o infinito é tudo aquilo que vai até a marca do fim. Maria Helena Carvalho abriu os olhos mais do que todas as surpresas anteriores. Mas logo os fechou com o pavor dos argueiros a danificar a visão.

Jarros de flores caiam. Um canto agudíssimo saía de cada fresta de sua residência. As portas interiores da casa batiam quase a ultrapassar os batentes dos portais. Sobre o teto da casa barulhos de coisas em velocidade estorvadas por obstáculos.

Tudo que era flexível estava em espasmos quase epiléticos. O que era sólido ameaçava rachar e quebrar-se. Os líquidos eram maremotos proporcionais ao espelho de suas águas, como aquelas no copo que Helena desejava beber.

Um mundo estava literalmente se desagregando. Se espatifando. Se vidros houvesse se estilhaçariam. As pétalas das flores se esgarçavam. As folhas voavam. Os galhos se quebravam e caíam em rodopio em alvos potenciais. Poderia ser qualquer alvo, era apenas uma questão de grande chance de acertar.

A prova maior da pouca separação entre a intimidade do mundo e a intimidade de Helena: os pensamentos eram ciclones endoidecidos. Helena não conseguia juntar idéias, buscar uma experiência anterior. Não tomava qualquer decisão por falta de uma reflexão para mover a vontade.

Mas acontece. No nevoeiro enlouquecido do medo, quando todas as idéias corriam aos ventos, Helena lembrou uma simpatia da mãe. Lá nos idos dos tempos perdidos, naquele interior de Cachoeira do Itapemirim, as casinhas da roça com as telhas ameaçadas pela ventania. Todas as crianças apavoradas e a mãe de Helena fazia uma “simpatia”.

Helena nem refletiu e partiu para a janela da frente de sua casa a repetir o que a mãe fazia. Abriu a tesoura para a ventania. Ela cortaria as cordas do vento. Enfraqueceria o vento ao dividi-lo em partes. Era uma medida quase militar.

E o vento cessou. O mundo novamente tinha a humanidade de Helena. A “simpatia” funcionou.

Juazeiro do Norte ou Reino da Luminura

Juazeiro do Norte fica no Cariri cearense, no coração do Nordeste. Terra de encontros e caldeirão mítico de povos dos sertões. Terra do centro, terra santa, ainda encantada, embora pareça uma cidade ordinária. Quem assim a vê não sabe da cidadela sagrada que é. A Sedição de Juazeiro, depois do massacre de Canudos pelos exércitos da República, foi a segunda importante guerra do mar contra o sertão.
Considero Juazeiro do Norte o ensaio cultural de um Brasil que teima em se firmar a revelia de sua atrasada classe dominante, constituindo-se em uma civilização diversa e única: pelas principais vertentes culturais herdadas de povos que por lá viveram e pela capacidade em gerar uma cultura original, com seus mitos fundadores, sua religião, seus deuses e demônios, seus artistas
e poetas, seus guerreiros e profetas.

Conectada com temporalidades, simbologias e sociabilidades distintas, feita de ambiguidades sem fim, sendo a um só tempo sagrada e profana, figural e abstrata, tradicional e contemporânea, punk e armorial, líquida e fincada na terra, Juazeiro do Norte é um presente do povo sertanejo ao Nordeste, ao Brasil e ao mundo.

Sua riqueza advém dos romeiros, da religiosidade e da arte popular. Diz-se que lá uma verdade comporta 70 mentiras e cada uma destas contém 70 verdades, ad infinitum, até a glória de Deus. Este caleidoscópio do mundo, o poeta Oswald Barroso chamou de
“reino da luminura”.

Nesse lugar de histórias e visões, cantorias e orações, romeiros e artesãos que cintilam feito estrelas no céu da imaginação de inúmeros cineastas acontecerá o 21º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema de hoje a 16 de junho.

Pela primeira vez, o evento estende suas atividades ao interior do Estado. Realizado em Fortaleza de 8 a 15 do mesmo mês, o Cine Ceará traz o tema “Religião e religiosidade no cinema”, homenageando os 100 anos de emancipação política do município.

Rosemberg Cariry, Cineasta
FONTE:Jornal O POVO ON LINE

Por Domingos Barroso




Não Sejas Poeta
Quando sentares com uma mulher
à mesa de um botequim
não fales sobre estrelas.

Pergunta logo
se a preciosa dama
viu teus tênis
andando sozinhos
até o mictório.

Se houver espanto
por parte da sensível gueixa
diz somente que teus tênis
quando se embriagam
molham os cadarços
e tropeçam.

Sei que é terrível:
nem todas as mulheres
olham para as estrelas
tampouco suportam poesia.

Vai em busca dos teus tênis bêbados.
Dentro de um deles,
a última nota de dez. 

 por Domingos Barroso

Idos e vividos... - por socorro moreira



Se o tempo voltasse
Eu dançaria a valsa dos meus 15 anos
Pediria uma bicicleta no Natal
Nadaria nos rios poluídos
Do Crato até Ingazeiras ...

E naquele trem , naquele dia
Teria te visto primeiro
E naquela festa , naquela dança
Me apertaria em teu peito
E naquela noite , naquela praça
Te entregaria os meus olhos.

Donzelas de saltos finos e meias desfiadas
se avermelhavam
quando a brisa do amor passava

Guardavam cadeiras no cinema
pro moço que não chegava

Choravam em convulsão
por Francisco e Santa Clara.

Tremores nas mãos, em dias de prova
Disparos no coração , quando recebiam nota

A chatice
de provar o vestido novo
que ficara torto

A vergonha
de vestir o traje antigo
com mancha de caju
na altura do colo

A barra da saia desmanchada
O sapato de sola desgastada
as meias de algodão afolozadas ...

E o coração na boca
todo atrapalhado

As cartas de amor nunca postadas
promessas tímidas
desejos contidos
orelhas pegando fogo
retrato em 3 x 4
na bolsa ou no livro

um trevo de 4 folhas
pra garantir o destino

Queríamos correr no tempo
e o tempo nos pegou

Deixou-nos
onde estou !

Senhora vó
Querendo comer maça
Pecar contra o que não fez
Ser feliz sendo o que quis !



entreguei os pontos sem checar os trunfos
meus ases, meus ais ...
num jogo de sueca incomum.

(socorro moreira)



As perseíades de Agosto




Imortalizados em duas constelações , Perseu e Andrômeda, no céu se observam, mas choram a separação. As lágrimas caem como chuva de estrelas - são as perseíades . Ocorre todos os anos em meados de Agosto, vindas da constelação de Perseus .

"Situada a Sul da Cassiopeia, entre o Pégaso e o Perseu, Andrómeda é uma constelação que teve origem na mitologia grega. Neste mito são referidas outras constelações relacionadas com ele, como a Cassiopeia, Cefeu, Perseu e Baleia.
Segundo essa lenda, Cassiopeia era rainha e mulher do rei Cefeu. Juntos, reinavam no então chamado reino da Etiópia (note-se que esta Etiópia é lendária e não coincide com o actual país, do mesmo nome, sendo que este reino incluía territórios que constituem, nos nossos dias, Israel, Jordânia e Palestina).
Juntos tiveram uma filha, de seu nome Andrómeda. Cassiopeia, que era mãe de Andrómeda, era uma mulher muito bela, mas tinha um grande defeito: era muito vaidosa. E, um dia, ao pentear os seus longos cabelos, vangloriou-se de ser ainda mais bela que as cinquenta ninfas do oceano, chamadas Nereides (filhas de Nereu e Dóris).
Ao saberem disto, as Nereides foram queixar-se a Posedion (Deus dos mares, na mitologia grega), pedindo a este que desse uma lição à rainha da Etiópia.
Posedion enviou então um monstro (representado pela constelação da Baleia) com o objectivo de devastar as costas do reino de Cefeu e Cassiopeia.
Preocupados, os súbditos do rei pediram-lhe uma solução, pelo que Cefeu se dirigiu ao oráculo de Ámon, a fim de obter uma resposta. Ao recebê-la, ficou aterrorizado: para que a fúria do monstro fosse amainada, Cefeu teria de oferecer a sua filha Andrómeda, como sacrifício, à Baleia.
Não vendo outra alternativa, Cefeu decidiu amarrar Andrómeda a um rochedo, à espera que esta fosse devorada pela Baleia.
Porém, Perseu, herói conhecido por ter morto a Medusa (monstro cujos cabelos eram serpentes e que tinha o poder de petrificar quem olhasse para ela) viu Andrómeda naquele tormento e perguntou-lhe o que se passava, pelo que esta lhe contou a triste história que a envolvia.
Perseu dirigiu-se então aos pais de Andrómeda e, depois de a ter pedido em casamento, usou a cabeça da Medusa para petrificar a Baleia.
De seguida, Perseu libertou Andrómeda do rochedo a que estava presa e acabaram por se casar, sendo que, desta união nasceram seis filhos, dos quais se salientam Perses (antepassado dos reis persas) e Gorgófone (mãe de Tíndaro, futuro rei de Esparta). "

* Em 1997 entrei pela primeira vez no mundo virtual. Sala de chat da uol , por idade, entre 40 e 50 anos. Turma de iniciantes, buscando papos poéticos, filosóficos, envolvimentos sentimentais, ou simplesmente amizade.
Reunimos pessoas de diversas  localidades e firmamos  uma corrente amiga. Sinto saudades de "Star", "Arcanjo da ternura", "Runa", "Gina", "Xon", "Linda", "Angel","Lia", ... e PERSEU!
Claro que na época deu pano pras mangas. Experimentamos emoções reais , e aprendemos a conhecer a alma, antes da imagem material. Esta turma continua conectada, mas nos perdemos de Perseu.Um poeta em tom maior, apaixonante, como todos os poetas.
O Rio o guarda em alguma das suas moradas,e a sua poesia às vezes nos chega por telepatia. Naqueles tempos fui "Sauska". Até hoje  uso este nick com muita simpatia e respeito. 
"Perseu" nos contou sobre as perseíades de Agosto...

Um abraço virtual para todos os meus amigos reais.

"36 horas" - José Nilton Mariano Saraiva




Fosse hoje, o major Pike, do exército americano, poderia ser rotulado de o “cara”. Agente do serviço secreto “yanque”, sabia só tudo em termos de estratégias e informações confidenciais, oriundas do “alto comando aliado”. E isso, já ali, nos estertores da Segunda Grande Guerra Mundial, quando o “bote final” (invasão via Normandia), estava sendo ultimado. Por conta disso, ali estava, diante de um mapa pendurado na parede à sua frente, mostrando (usando as mãos) e detalhando ao “General-Comandante” responsável pela operação, qual o plano/trajeto que seria posto em prática. Tão entusiasmado estava, que num certo momento, ao deslocar o dedo indicador de um ponto a outro do mapa, como a traçar a rota a ser percorrida, levou um pequeno corte, em razão da textura e aspereza das bordas do papel. Imediatamente colocou o dedo na boca e reclamou da qualidade do papel do mapa (ATENTEM BEM PRA ESTE “PEQUENO DETALHE”).
Na outra ponta, apavorado com a iminente perspectiva de ser derrotado e pagar um duro castigo pela carnificina monstruosa que houvera provocado, Hitler estava “com a macaca no corpo”; uma pilha, possesso, bufando de raiva, distribuindo impropérios a torto e a direito, queria porque queria que se fizesse o impossível pra descobrir a data, hora e lugar em que os aliados atacariam (a Normandia, que a inteligência alemã houvera sugerido, era considerada um local muito “óbvio” pra ser verdade).
Pois bem, mandado a Lisboa para uma última missão secreta, o major Pink comete uma mancada homérica: à noite, pra relaxar, entra num certo ambiente e pede um simplório café; ao levantar-se e dar alguns passos, passa mal e... desmaia.
Na cena seguinte, o major Pink acorda um tanto quanto zonzo, sem entender onde está; levanta-se com dificuldade da cama, vai até uma pequena pia onde lava o rosto, pega uma toalha, se enxágua e aí, quando levanta a cabeça e ver-se no espelho, recua assustado e com ar de espanto ante a imagem refletida: boa parte dos seus cabelos está embranquecida e sua pele ressecada, dando-lhe uma aparência de “velho”.
Apavora-se com aquela visão dantesca e, ao tentar sair pra procurar alguém que o ajude a entender tal “assombração”, esbarra num casal que, “coincidentemente”, adentrava o recinto. Estes o tranqüilizam, pedem-lhe pra que mantenha a calma, informam-lhe que ele se encontra em um Hospital Militar “americano” em plena Alemanha e se apresentam como o médico e a enfermeira que estão cuidando dele. Visivelmente eufóricos, gentilmente lhe oferecem um “jornal do dia”, para que fique a par das notícias; e ai, outro susto grande, de arrepiar e fundir a cuca: a data da impressão do jornal (daquele dia) é anos à frente (1950) da que ele imagina está vivendo (1945).
Ao questionar a data do jornal e os cabelos já grisalhos, é cientificado que sofrera um acidente e ficara com amnésia por vários anos, que estaria “retornando” naquele exato momento (daí a alegria de todos), que a guerra “já era”, que os aliados haviam vencido e ocupado a Alemanha. E as surpresas se sucedem: mostram-lhe algumas (supostas) cartas do pai, narram fatos e reuniões acontecidos no passado (que ele mesmo confirma) e que aquela enfermeira tão prestativa (Anna) era também... a sua esposa.
A partir dessa “intimidade” (com breves minutos de descanso), o médico instrui o major Pike para tentar lembrar com o máximo possível de detalhes, o que estava fazendo antes do acidente que lhe causou a traumática perda de memória, se ainda se lembrava do plano original dos aliados pra invadir a Alemanha (o dia, a hora, o local) e por aí vai. Ele, no princípio desconfiado e relutante, acaba por se convencer da nova realidade e... conta só tudo, tim-tim-por-tim-tim.
Na parada pra um breve lanche, ao manipular o recipiente contendo “sal”, derruba-o, e uma pequena porção escapa pelo orifício e se esparrama sobre a mesa; ele, então, pacientemente, começa a juntar o “sal” com os dedos a fim de devolvê-lo ao saleiro; e aí, a surpresa maior (O “PEQUENO DETALHE”): no contato do “sal” com o corte no dedo (que fora provocado pelo “mapa”, na noite anterior), a dor. Intrigado, ele leva o dedo à boca (como fizera na noite anterior), pede licença pra ir ao banheiro e lá examina e constata o ferimento e... faz-se a luz (lembra de tudo).
Ao ficar a sós com a suposta “esposa”, faz algumas perguntas bobas, se aproxima, agarra-a com força, agride-a com violência, mostra-lhe que havia descoberto tudo e exige que ela lhe conte a verdade. Ela, apavorada, conta-lhe que também é americana, fora prisioneira dos campos de concentração nazista (mostra-lhe a numeração no braço) e que topara fazer aquela encenação em troca da liberdade e, enfim... abre o bocão: na verdade, ele fora sedado na noite anterior (lá em Lisboa), transportado pra a Alemanha, se submetido a um especialista em maquiagem (daí o cabelo grisalho e a pele ressecada) e sido internado num “hospital” (previamente preparado e onde todos se comunicavam em inglês e mantinham hábitos americanizados) com o único objetivo de lhe “arrancarem” aquela informação tão valiosa (qual a hora, dia e onde se daria o desembarque dos aliados) que, literalmente, definiria o destino da guerra. E que o prazo entre o seu seqüestro e a obtenção de tais informações (de acordo com o comando alemão) não poderia de maneira alguma exceder 36 horas.
A solução pra tentar desfazer tudo que ele houvera informado, de bandeja ??? Ela própria (a enfermeira) sairia aos prantos e comunicaria aos “chefes” que ele desde o começo sabia de tudo, que houvera descoberto a farsa, que propositadamente fornecera informações falsas e estava, portanto, enganando a todos, fazendo-os de tolos.
Fato é que os alemães (que, lembremo-nos, entendiam como “óbvio” demais o desembarque através da Normandia) se “convenceram” que as informações fornecidas pelo major Pike (posteriormente preso, encarcerado, torturado, mas que, “duro na queda”, nada mais revelara) realmente eram falsas, não tinham nenhum fundamento ou credibilidade e... desconsideraram-na.
Resultado ??? A invasão foi feita exatamente pela “óbvia” Normandia, no dia e hora que os alemães tinham tomado conhecimento através do major Pike e, caso lhe tivessem dado crédito poderiam ter mudado o rumo da história; (todos sabemos que foi a partir dali – Normandia - que os aliados partiram pra a vitória).
O major Pike conseguiu fugir (com a enfermeira-americana) e após a guerra foi condecorado pelos relevantes serviços prestados.
Um outro filme marcante.

João Gilberto



João Gilberto Prado Pereira de Oliveira (Juazeiro, 10 de junho de 1931) é um músico brasileiro, considerado o criador do ritmo bossa nova.


Nascido na Bahia, na cidade sertaneja de Juazeiro, João ganhou um violão aos 14 anos de idade, e, desde então, jamais o largou. Na década de 1940, adorava escutar de Duke Ellington e Tommy Dorsey até Dorival Caymmi e Dalva de Oliveira. Aos 18 anos decide se mudar para Salvador com intenção de ser cantor de rádio e crooner. Em seguida, foi para o Rio de Janeiro, em 1950, e teve algum sucesso cantando no grupo Garotos da Lua. Entretanto, foi posto para fora da banda por indisciplina, passando alguns anos numa existência marginal, ainda que obcecado com a ideia de criar uma nova forma de expressar-se com o violão. Seu esforço finalmente foi recompensado e, após conhecer Tom Jobim - pianista acostumado à música clássica e também compositor, influenciado pela música norte-americana da época (principalmente o jazz) - e um grupo de estudantes universitários de classe média, também músicos, lançaram o movimento que ficou conhecido por bossa nova.

wikipédia



*Já fui enamorada por João Gilberto.
Já senti o prazer de ouvi-lo tocar só para mim.Presente da vida.

A mesma emoção, hoje desfruto, quando escuto Abidoral, Pachelly, Ulisses, Nicodemos, Zivaldo, Nonato Luis, Cleivan, etc,etc...- os músicos do Ceará e do Cariri.

Mas, como negar que me belisquei ouvindo João Gilberto?

Continuo tiete desse baiano. Para mim um dos seus melhores trabalhos  foi o disco "Amoroso" - um primor!  
Recomendo qualquer música cantada pelo João. É muito bom ouvi-lo, em qualquer lugar ou dentro da nossa realidade doméstica. Ele é mesmo impecável! E, nem tanto "estranho", como dizem por aí.É músico... É humano!

(socorro moreira)
 


Bibi Ferreira

Bibi Ferreira quando criança, junto a seus pais


Bibi Ferreira, pseudônimo de Abigail Izquierdo Ferreira (Salvador, 10 de junho de 1922), é uma atriz, cantora, diretora e compositora brasileira.

É filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina espanhola Aída Izquierdo. Nem Bibi sabe ao certo o dia em que nasceu. A mãe dizia que ela nascera em 1º de junho; o pai falava que a data era 4 de junho mas, sua certidão de nascimento traz a data de 10 de junho.

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Judy Garland



Judy Garland (Grand Rapids, Minnesota, 10 de junho de 1922 - Londres, 22 de junho de 1969), nascida Frances Ethel Gumm, foi uma atriz estadunidense considerada por muitos uma das maiores estrelas cantoras da "Era de Ouro" de Hollywood dos filmes musicais.

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Maria Rosa Canelas



"Maria Rosa Canellas, conhecida por Rosinha de Valença, (Valença, 30 de Julho de 1941 - 10 de Junho de 2004) foi uma violonista, cantora e compositora brasileira.

O apelido, que adotou como nome artístico, lhe teria sido dado por Sérgio Porto que dizia que ela tocava por uma cidade inteira. Um gravíssimo problema de saúde a retirou do mundo artístico. Depois do fato, nunca mais apareceu publicamente."


Ray Charles



Ray Charles (Albany, 23 de Setembro de 1930 — Los Angeles, 10 de Junho de 2004) foi um pianista pioneiro e cantor de música soul que ajudou a definir o seu formato ainda no fim dos anos 50, além de um inovador intérprete de R&B.

Seu nome de nascimento era Ray Charles Robinson, mas ele encurtou-o quando entrou na indústria do entretenimento para evitar confusão com o famoso boxeador Sugar Ray Robinson. Considerado um dos maiores gênios da música negra americana, Ray Charles também foi um dos responsáveis pela introdução de ritmo gospel nas músicas de R&B.

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Pêndulo




            PÊNDULO


Diante de coisa tão sem graça
não paramos de dar risada.

Nunca encontramos a nossa face
perdida no espelho do não.

Quanto mais vivemos
mais nos desconhecemos.

Quanto mais perto chegamos da morte
mais perto estamos da vida.



O Volga da vida - José do Vale Pinheiro Feitosa



O lento arrastar de pés sobre a areia branca da borda dos lagos. Um arrastar de toneladas da condição humana na assimetria entre o peso do fardo e a transição dos meios desde a água ao obstáculo da areia. Não existe alívio para tanto, a gravidade se alonga na história como um destino desidratado.

Todos sabem que se necessita navegar o Volga. Ultrapassar suas margens e libertar as costas que arrastam os barcos. Abrir as portas dos planaltos onde nasce, romper as planícies igualmente navegando e chegar a um Cáspio de liberdade.

Se o mundo não é servidão, igualmente não é maldição de sofrimento. A servidão não é apenas horror, por isso se sustenta, na ponta ela trás a felicidade dos senhores. E no meio a incerteza do servo frente aos milímetros de comportamento diferenciado entre uma escolha e outra do senhor.

Todo conteúdo da maldição é fático ou determinado, portanto limitado no tempo e no espaço. Mesmo quando a maldição pretende atingir a eternidade, como a vida eterna ou o juízo final, ainda depende da autorização da misericórdia ou do guardião da eternidade.

Não sei até quando ao ouvirem na voz de Boris Christoff, este baixo nascido na Bulgária, estarão acompanhando o lento arrastar de pés na vida dos navegantes do Volga. A Rússia, a grande Rússia esteve muito tempo ausente da amigável troca de cultura.

Apenas por algumas orquestras ouvimos uma ou outra canção. Esta mesma desse vídeo apareceu na voz do cantor de opereta Nelson Ed, num dos filmes dos anos 40. Mas quase todos os baixos e barítonos já experimentaram esta canção.

E por falar em baixos e barítonos me veio à memória o Paul Robeson. Dono de uma belíssima voz e que é sozinho um mundo inteiro: ator, atleta, cantor, escritor e ativista dos direitos políticos e civis. O primeiro ator negro a interpretar o Otelo na Broadway. No cinema teve tanta força artística que abriu espaço para Sidney Poitier e Harry Belafonte. Ativista político contra o fascismo e o racismo. Socialista foi perseguido pelo Macartismo, pelo FBI e M15 inglês quando trabalhou na Inglaterra.

Neste vídeo ouvimos Robeson cantando Old Man River para o filme Magnólia Barco das Ilusões (ou Showboat de 1936).