por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 30 de outubro de 2011

Na Rádio Azul


Cinderela e a carroceria cheia José do Vale Pinheiro Feitosa


Cinderela, com uma sacola de plástico, corria desesperada para pegar carona na carroceria do caminhão. Precisava aproveitar os momentos finais da feira para comprar alguns mantimentos que faltavam em casa. O problema da moça é que o cachorro de estimação corria atrás dela latindo e a carroceria estava cheia de gente com as mesmas pretensões que ela.
Moça recatada e artística gostava de versejar ao som da viola, Cinderela teria que se acomodar no espaço inexistente de tantos outros corpos. Alguns corpos que jamais Cinderela gostaria de intimidade. Como o corpo de um sujeito esperto conforme herdou do pai, sujeito chamado de Brasília, mas que dizem teria nome bíblico. Pobre da Daniela ficou logo no aperto da área de influência do venha a nós e a vosso reino nada.
Não é que fosse incomodada fisicamente pelo Brasília, ela foi sendo seduzida com promessas amarelas da solução das dificuldades da vida e a pobre da Cinderela foi se afastando de si mesma. E isso não durou muito no aperto da carroceria cheia. O cachorro da família ainda corria atrás da carroça e Cinderela já estava no jogo do sujeito que dizem tem nome bíblico.
Este ainda perguntou para a moça a razão daquele cachorro tanto ser persistente. Ela explicou-lhe que era o tipo teimoso e tinhoso de animal que sempre teria de dar a última latida. Só quando não houvesse mais cachorro noutros terreiros é que ele se calaria e voltaria para casa. Para o sossego do canto da casa. Dizem que o cachorro nunca parou de ladrar, que a razão estava no cão maior que seguia na carroceria. Dizem que o cão ladrou léguas de viagens, até esmorecer de língua para fora sobre o pó da estrada.
Desta viagem em carroça cheia, restou em Cinderela um vazio existencial. Ela não mais encontrava a sua imagem no espelho. Mesmo os temores do que aquilo significava, pois nem na água seu reflexo aparecia, Cinderela passou a fazer um canto quase gritado, um alternância de desespero e excesso de amor próprio, um abismo entre o sentimento de total isolamento e o exacerbado de que possuía as últimas das verdades. Aquelas verdades que são a antevéspera do juízo final.
Cinderela não é uma pobre coitada, tem o dom de ferir-se e de ferir aos outros com lâminas tão afiadas que as dores não surgem de logo, só depois é que se toma conta de que a ferida é grande. Mas Cinderela guardou em si a beleza que possuía antes de subir naquela carroceria cheia de gente e tomar assento na vizinhança daquele senhorzinho.
Cinderela não era o depósito das penas de ninguém. Ela era e continua sendo o extremado do amor pelo outro. Cinderela é alvo do amor por sua alma artística que traduz sua integridade e que todos desejam de volta ao regato de sua criatividade. Que o regato flua sereno como Cinderela procura ser. Assim como “um fio d´água na serra que encanta mais que o mar”.


BRASIL E O OURO NO VÔLEI FEMININO- por Rosa Guerrera




Não sentí as horas passar ontem a noite . Vibrei até o ultimo instante com a nossa seleção feminina de vôlei num jogo dramático contra a grande rival Cuba .

A raça , a garra e a determinação das nossas meninas do vôlei me deixaram emocionada.

Finalmente conquistamos a ambicionada MEDALHA DE OURO

Hoje , minha homenagem e os meus parabéns .

Vocês honraram e mereceram a vitória .

NEM A MORTE OS SEPAROU- por Rosa Guerrera


O caso que relato abaixo me deixou deveras impressionada , constatando cada vez mais , na minha concepção que o amor quando verdadeiro , além de superar todos os obstáculos , caminha para a Eternidade acrescentando mais um elo na longa corrente de verdade existida aqui na terra.

"Um casal do Estado de Iowa, nos Estados Unidos, que viveu junto durante 72 anos, morreu de mãos dadas em um hospital na semana passada, com um intervalo de apenas uma hora. Norma Stock, 90 anos, e Gordon Yeager, 94, casaram-se em 1939 e tiveram quatro filhos.
Na última quarta-feira, quando iam ao centro da cidade de Des Moines, eles sofreram um acidente de carro. No hospital, foram levados para a unidade de terapia intensiva e os enfermeiros entenderam que não podiam separá-los. "Eles foram colocados no mesmo quarto e ficaram de mãos dadas", disse Dennis Yeager, filho do casal.

Gordon morreu segurando a mão de sua mulher e rodeado por seus familiares. "Foi estranho, eles estavam de mãos dadas e meu pai parou de respirar, mas eu não consegui perceber o que estava acontecendo porque o monitor do coração continuava funcionando", disse Dennis. Uma hora depois, Norma também se foi. "Nenhum deles sobreviveria sem o outro", disse Donna Sheets, outra filha do casal.

No funeral, Norma e Gordon continuaram de mãos dadas. Segundo a família, o casal seria cremado e suas cinzas seriam misturadas. “Eles eram um casal à moda antiga. Acreditavam na frase ‘até que a morte os separe’”, resumiu o filho Dennis."

(As informações são do MSNBC.)

De um alguém para um alguém que se chama Bastinha

Amiga, se for o Wlisses Germano, eu digo:

E o que Wlisses gostava
Não Grécia nem Minotauro
Mas Sapoti que enfeitava
O beco do Padre Lauro.

Ele fez uma música falando do beco da michada.


Borboletas, John Keats e Manoel de Barros


Voltei do cinema absolutamente encantada pela poesia. Não só a poesia romântica de John Keats, tema do filme, mas por toda ela. Pela experiência que um poema oferece. “Bright Star” é o nome de um poema de Keats e também dá nome ao filme – lamentávelmente traduzido para “O Brilho de Uma Paixão”. É uma pena. Se lembrarmos que os tradutores de Keats no Brasil são nada menos que Augusto de Campos e Manuel Bandeira, dá até uma tristeza.
Ouvi críticas severas ao filme de Jane Campion num almoço entre amigos mas também li um lindo artigo na Folha de São Paulo que me levou ao cinema. João Pereira Coutinho lembrou da proximidade de Keats com a poesia grega clássica que muito me atrai desde os tempos de faculdade. Tenho perdidos por aqui os livros traduzidos por José Paulo Paes, riquísimas antologias do período clássico grego e latino. De lá eu tiro Píndaro e seu poema sobre a efemeridade da vida e da beleza como um exemplo: “..o homem é o sonho de uma sombra, mas quando os deuses lançam sobre ele a sua luz, claro esplendor o envolve, e doce então é a vida.” A frase mais conhecida de Keats é “A think of beauty is a joy, forever”, onde quer que a vida breve nos leve – traduz Augusto de Campos. E Bandeira ainda faz graça completando: “Mas ele próprio sentiu, quanto essa alegria dói.“
O filme de Jane Campion trata disso. Da beleza, da efemeridade, do amor romântico, do tempo que não existe mais. O amor é o cotidiano daquela familia que vive nos campos da Inglaterra. A jovem Fanny, musa de Keats, cria suas próprias roupas, ama dançar e acaba fazendo um viveiro de borboletas em seu quarto enquanto o poeta viaja até o mar. Keats cita as borboletas e o milagre da transformação da lagarta numa de suas cartas. É o suficiente para que a casa vire uma extensão do jardim.
Os poemas de Keats são fortemente ritmados e causam vertigem numa leitura apropriada. Ele fala dessa sensação da leitura de um poema para a sua apaixonada aluna e é um dos momentos mais bonitos do filme. Outro é quando ele fala da memória do toque, às vésperas da viagem que terminaria com sua morte.
O filme é lindo, colorido, doce, amoroso. Talvez eu tenha gostado só porque sou romântica, ou porque gosto de poesia no cinema, na literatura, na música e nas coisas banais desprovidas de poesia. Por isso, lembro aqui Manoel de Barros e seu “Retrato do Artista Quando Coisa” que foi lindamente gravado por Luiz Melodia num arranjo só de voz e cordas. Ficou divino. São poetas próximos. “Borboletas já trocam as árvores por mim, Insetos me desempenham…” Exceto pela forma, acredito que Keats gostaria disso.

Bright Star, o trailer do filme – pra dar mais vontade de assistir…


http://patriciapalumbo.com/2010/07/19/borboletas-john-keats-e-manoel-de-barros/

Federico Fellini


Federico Fellini (Rimini, 20 de janeiro de 1920 — Roma, 31 de outubro de 1993) foi um dos mais importantes cineastas italianos.

Fellini ficou eternizado pela poesia de seus filmes, que, mesmo quando faziam sérias críticas à sociedade, não deixavam a magia do cinema desaparecer.

Trabalhou suas trilhas sonoras, na grande maioria das vezes, com o grande compositor Nino Rota.

"Crônica da morte anunciada" - José Nilton Mariano Saraiva

Quando uma figura da grandeza, estirpe e respeitabilidade de um José do Vale Pinheiro Feitosa resolve expor-se publicamente (citando nominalmente pessoas), a fim de mostrar toda a sua indignação e revolta contra (queiramos ou não) uma autoridade constituída (“A política de Samuel Araripe mais uma vez investe contra Almina Arraes”) é porque a coisa é séria e ultrapassou os limites da tolerância e razoabilidade.
No entanto, o triste e deplorável episodio envolvendo uma das mais respeitáveis e queridas figuras da cidade do Crato – D. Almina Arraes – mais uma vez vilipendiada por pessoas ligadas ao atual prefeito do Crato (dessa vez em pleno recinto da Câmara Municipal), parece ser a tal da “crônica da morte anunciada”.
Ou vocês não lembram que meses atrás, quando D. Almina Arraes foi impiedosa e humilhantemente enxovalhada em plena recinto da SAAEC (por parte do seu alienígena presidente, um tal de “doutor” Procópio Benevides, segundo consta afilhado do Tasso Jereissati), os áulicos do prefeito da cidade trataram foi de desqualificá-la, numa tentativa canhestra e inglória de tentar abafar aquela grave ocorrência, enquanto que o “preposto” do chefe da municipalidade (que custa uma verdadeira montanha de dinheiro aos cofres públicos) sequer foi advertido ???
Fato é que eles não têm como esconder que nesses sete anos da (des)administração Samuel Araripe o Crato se desminlinguiu, foi ao fundo do poço (se é que esse poço tem fundo), e hoje é uma cidade entregue à própria sorte (ou às baratas e ratos), porquanto esvaziada e sem quaisquer perspectivas, por conta da falta de vocação administrativa, de habilidade pessoal e de prestígio político do atual gestor municipal (quantos órgãos e/ou instituições – públicos ou privados - foram fechados ou tiveram suas atividades encerradas ou simplesmente transferidas pra Juazeiro do Norte, nesse curto – que parece uma eternidade - período ???).
É o que dá colocar em tão importantes cargos pessoas sem a menor vocação para o exercício da função pública, unicamente com o fito de manter uma “tradição familiar” (os pais do prefeito e do vereador-suplente dirigiram a cidade, décadas atrás).
Registramos, pois, de público, nossa solidariedade ao Joaquim Pinheiro, a D. Almina Arraes (que não conhecemos pessoalmente) e demais membros da família ultrajada.
E aos cidadãos da cidade, um apelo: ACORDEM, POR AMOR AO CRATO !!!

Fernando César e Nazareno de Brito

 Velho Pescador


Introdução: C7M C5+/Ab Am7 G7/9- C7M C5+/Ab Am7 G7/9-

C7M C5+/Ab Am7 G7/9-
Joga a rede no mar
C7M C5+/Ab Am7 G7/9-
Deixa o barco correr
C7M Em7 A7/13- Dm7 A7/13- A7
O que ela recolher, não pode reclamar, a sorte e quem mandou
Dm7 Dm7/C Dm7/B A7
Esta vida é um mar
Dm7 Dm7/C Dm7/B A7
Deixa a onda bater
Dm7 F/G Em7 A7/9+ Dm7/9 G7/9-
Se algum dia querer, sua rede pescar, não o deixe fugir
C7M C5+/Ab Am7 G7/9-
Quando a onda quebrar
C7M
E o vento bater
Gm7/9 C7/13 F7M C7/9-
Alguém vai lhe dizer, é cedo para amar, a praia é seu lugar
F#m7/5- B7/9
Conta-lhe então, que nunca a sua rede
Em7 A7/13
Sentiu a sede da falta de um amor
Dm7/9 Fm7
Que não tem medo, o mar não faz segredo
G7/9- C7M
Ao velho pescador.

As bruxas existem - Mônica Buonfiglio



Na Idade Média, as mulheres que conseguiram o poder, passavam gradativamente a ser consideradas bruxas. A palavra inglesa witch (bruxa, feiticeira) é derivada da palavra anglo-saxônica wicce e da alemã wissen (saber, conhecer) e wikken (adivinhar). Antigamente as bruxas eram chamadas de sábias, até a Igreja atribuir-lhes uma conotação de degradação, de mulheres dominadas pelos instintos inferiores.

As bruxas nada mais eram do que mulheres que conheciam e entendiam do emprego das ervas medicinais para a cura das enfermidades nos vilarejos onde viviam. Também estavam aptas a realizar partos e a preparar ungüentos medicinais. Com o advento do Cristianismo, a era patriarcal acabou por imperar, até porque o Salvador era um homem. As mulheres foram colocadas em segundo plano e identificadas como objetos de pecado utilizados pelo diabo.

É claro que algumas mulheres rebelaram-se. Estas mulheres, dotadas de um poder espiritual - inclusive passado de mãe para filha -, começaram a angariar de novo o prestígio de outros tempos, e isto passou a incomodar o poder religioso. Como admitir que algumas mulheres podiam ser livres e que algumas pessoas respeitavam o que elas ensinavam? Para acusar uma mulher de bruxaria era muito fácil: bastava uma mulher casada perder a hora de despertar, que o marido a acusava de estar sonhando com o demônio.

Para as bruxas do mundo inteiro, o dia 31 de outubro tem um significado muito especial: o deus que representava a natureza (e que possuía chifres, em sinal de poder) saía da infância para ingressar na adolescência, tornando-se jovem e aventureiro (símbolo do alce nas pinturas alquimistas).

Neste dia, essas mulheres homenageavam a deusa Gaia (terra) em sintonia com esse deus (fecundo) para obter cada vez mais conhecimento, gerar filhos saudáveis e criar entendimento entre os familiares. É claro que algumas mulheres em tempos remotos aproveitavam-se desse poder para seus próprios interesses - como aquisição de bens -, praticando a magia negra. Como o próprio nome diz, a feiticeira tinha o poder de enfeitiçar as pessoas, atraindo pensamentos negativos em suas associações a seres infernais, em oposição ao amor de Deus. Essas bruxas, através de pactos com o diabo, também obtinham vinganças sociais.

Infelizmente, as bruxas e as sacerdotisas nórdicas foram quase que completamente esquecidas, sendo associadas ao seu aspecto negativo. Presume-se que a caça às bruxas do passado tenha ocorrido a partir de tensões sociais profundas, e esperamos que as torturas do passado, não voltem a ocorrer em tempos futuros.

Monica Buonfiglio

Um poema de Drummond




AMOR, POIS QUE É A PALAVRA ESSENCIAL


Amor – pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.

Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?

O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.

Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?

Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.

Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue

E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.

Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.

Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.

Rocambole de Chocolate Especial !


Ingredientes

Massa:

8 ovos
1 xícara de açúcar
1 xícara de farinha de rosca
1 colher de pó royal
1 lata de nescau ( pequena)

Recheio

1 lata de creme de leite sem soro


Cobertura :

1 lata de leite condensado
A mesma medida de leite de gado
1 colher de maizena
3 gemas

Finalização :

Chocolate granulado e cerejas.

Acompanhamento : Marshmallow

Modo de Preparo Massa:

Bater as claras em neve junte as gemas peneiradas, continue batendo para que fique em ponto bem firme
Junte aos poucos o açúcar e continue batendo, coloque aos poucos a farinha , o fermento e o chocolate.
Forre uma forma com papel manteiga previamente untada, com margarina e trigo
Asse em forno quente por 15 minutos em assadeira retangular
Após assar deixe esfriar
Espalhe o recheio sobre a massa assada, enrole o lado maior da massa
Use a cobertura.
Polvilhe com chocolate granulado, e decore com cerejas.

* Cobertura : fazer um creme com os ingredientes acima citados.


Marshmallow


Ingredientes


3 claras

1 xícara de açúcar

1 xícara de mel karo

1 xícara de água

1 colher de sopa de suco de limão

Modo de Preparo


Faça uma calda em fio com o açúcar, a glucose de milho, a água e o limão
Bata as claras em neve bem firme
Quando a calda estiver pronta, despeje-a ainda quente e em fio na batedeira ligada
Bata até ficar morno
Você verá que conforme vai esfriando ela vai ficando branca

Use em bolos, sorvetes ou em outra sobremesa
* Essa receita aprendi com Zélia Moreira , que aprendeu não sei com quem... É o carro chefe das nossas festas há 30 anos. Sem erros !

" Joga a rede no mar... deixa o barco correr " - Por Socorro Moreira



1979 a 2009 - 30 anos, num minuto.

Deixei Recife com uma dor sem avaliação. Decolei numa noite comprida, e aterrissei numa cidade estranha. Escolha aleatória, como ponto de recomeço : Fortaleza.

Luzes esparsas, lugar de exílio. Eu estava assaltada pelos letreiros luminosos do Recife; cortada por suas pontes ferrenhas; apaixonada pelos seus cais , e chorando os meus ais.

Quem me fez pensar em despedidas?

" Muda-se a cidade, mas não se muda o poço."

E o poço era profundo, escuro, viscoso. Quase não me devolveu ao mundo.

Fortaleza parecia uma noiva com suas roupas e lençóis de rendas. As noites eram provincianas :: violões, canções, e uma sucessão de dias amanhecendo.

Da minha janela eu viajava nas velas do Mucuripe, escutava os boémios do "Bar Santiago", e esticava o pensamento até alcançar o "Nick Bar”, "Tia Rosa”... A música era sempre um convite a entrar na roda, a contar histórias. Embriagada das noites, eu molhava as emoções nas águas do mar; suspirava valsas, choros e antigos sambas . De Kalu para trás, aceitava o desafio... Domínio de letra e melodia, além da frase principal, que condensava a canção : “... Joga a rede no mar, deixa o barco correr...". Um desespero de vida ;uma responsabilidade mais pesada do que a minha própria alma. Um dia despedi-me do vivido. A vida tinha sugado parte da minha alegria. Perdera mais uma vez, um pseudo amor (às vezes a gente jura que encontrou!).
Mudei de estação. Estava outra vez, na estrada:
Cariri / Uberlândia
Uberlândia/Cariri
Cariri/Macaé
Macaé/Mauriti
Uma pressa desmedida; uma vontade incontida, que o futuro chegasse, e aposentasse as minhas asas cansadas. Mas não parei por ali...:
Mauriti/Bela Vista
Bela Vista/Bahia
Bahia/Friburgo
Friburgo/Paraíba
Paraíba/ Ceará... “Eu penei, mas aqui cheguei!
Cheguei aquietada . Desprendida de tudo , sem bagagens.
E aqui estou ... Nuvem de quase novembro.



Não saberia envelhecer na beira da estrada


esperando um trem que não chega.


Não saberia envelhecer , sem meus chinelos, sem buscar um café.


Não saberia envelhecer , sem um rosário nos dedos , cantando versos.


Invejo os tênis , que ainda sentados, esperam !

( socorro moreira)


essa mulher me estranha
quando penso que sou outra
nos espelhos invertidos ,
imagens reveladoras

na projeção de si mesma
descobre o quanto foi tola
foi amante ,foi covarde ,
e foi procrastinadora.

o espelhou ofuscou
o seu jeiinho de moura
escondeu  língua ferina ,
sua caixa de Pandora

escondeu  ventre de Hera-
- sua espera
nas esquinas imaginárias
de uma esfera

mistérios diluídos em quimeras
verdades escondidas
 que os astros lhe disseram !

véus guardados
depois da procissão de passos
véus rasgados
depois de um último bolero

naquele salão dos espelhos
sua imagem fundiu-se,
na fumaça das velas
a luz foi ficando parca...
-  sem estrelas.

socorro moreira

AMIGO(A) por Rosa Guerrera


Deixa que eu fique aqui
Sempre a teu lado
A escutar tua voz,
Ouvir sonhos partidos...
E na mudez aprender tua linguagem
E gargalhar ao som do teu sorriso.

Deixa que eu tire a dor
Que tens na alma,
E dê a tua angústia,a harmonia...
Que eu transforme em versos
Tuas dores
Cantando em compassos
De folia.

Deixa que hoje
Com a alma em festa
Eu agradeça aos céus a alegria,
De sermos tão amigos (as)
Companheiras(os)
Sempre na Fé , na dor, sem fantasias

E se amanhã a morte ou o acaso
Traçar em nossas vidas um “adeus”...
Na tua lembrança fique o meu abraço,
E que eu leve em meu peito o rosto teu!

Antenógenes Silva - por Norma Hauer



Ele nasceu em 30 de outubro de 1906, em Uberaba- Minas Gerais. E daí? Daí que estudou música, virou acordeonista e compositor.
Seu nome : ANTENÓGENES SILVA. Para onde ia levava aquele pesado acordeon e gostava de contar histórias de sua vida.
Conheci-o em 1976 no programa "Sala de Visita", que Raul Maramaldo apresentava na Rádio Rio de Janeiro.
Foi quando contou uma história referente à melodia de "Saudades do Matão", gravada por Carlos Galhardo e em cuja etiqueta do disco de 78 rotações constam os nomes de Jorge Galatti e Raul Torres, como autores. O mesmo ocorrendo no LP "Carrossel de Melodias", de 1958, também com Carlos Galhardo
.
ATENÓGENES contou que compusera essa música em 1920, quando vivia em São Paulo. Afirmou que costumava executá-la nas festinhas infantis, por não ser, ainda, músico profissional.
Anos mais tarde, soube que ela havia sido gravada como sendo de Raul Torres (autor da letra) e Jorge Galatti, como compositor da música.
Entrou na luta pelos direitos autorais, provando ser o verdadeiro autor da música e que Jorge Galatti nunca compôs nada. Em gravações posteriores de “Saudades do Matão” aparece seu nome como autor.

Dentre as músicas de Antenógenes que receberam letra, a que considero mais bonita é "Uma Grande Dor Não se Esquece", gravada por Gilberto Alves.

Antenógenes Silva foi casado com Léa Silva, uma das pioneiras do rádio, onde apresentava um programa para mulheres, tal como outra pioneira, Sagramour de Scuvero o fazia.

No final dos anos 30 eram as únicas mulheres locutoras de rádio , mas Léa Silva, que também era química, lançou um produto "de beleza" de nome "Creme Marsília", por sinal,muito bom.
Era um creme bastante agradável que deixava a pele fresca, limpa e hidratada...mas se deixava "bela" é outra história.
Mesmo após a morte prematura de Léa Silva nos anos 50, Antenógenes formou-se em química e continuou produzindo o produto

Em homenagem à Léa, ele gostava de distribuí-lo em suas apresentações em "shows", sempre acompanhado por seu acordeon
A última vez em que o vi, ele estava com mais de 80 anos, firme com seu instrumento.

Faleceu em 9 de março de 2001 , em seu estado natal, no ano em que completaria 95 anos.

Norma