por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 5 de julho de 2012

Fótons


A notícia da semana , amigos, diz respeito à caça de um bicho esquisito , vasqueiro , mais escondido que laranja de bicheiro e falcatrua de político. A mídia pipocou nos ares que tinham capturado o elemento escorregadio, nas Europas, onde foi armado  um alçapão que apelidaram de Acelerador de Partículas. Há já alguns anos,  perseguem o bicho que ninguém nunca viu, não se sabe o jeitão dele. Existem só fofocas e disse-me-disse em torno da estrovenga que carrega um nome estranho e pomposo: Bóson de Higgs. O Higgs foi o primeiro caçador que espalhou, mundo afora, a história sobre a existência desse bicho quase mitológico, parente da Caipora e  do Pai-da-Mata. O certo é que até o presente momento, a coisa parece mais potoca de caçador: ninguém trouxe o rabo do bicho, uma pena do gogó, uma foto, nada: só lero-lero.
                        Como, sempre, em toda Mitologia,a importância do  ser mitológico é vultosíssima. O Bóson, amigos, seria uma pequena partícula que deve existir dentro do núcleo do átomo. Ela serviria como uma espécie de cola para outras 12 partículas aí existentes e um tipo de mensageiro entre elas. Acredita-se que tenha provindo ainda do Big-Bang e seria responsável, na sua primariedade, por dar massa a todos os componentes do Universo. É , na realidade, uma possibilidade teórica, criada dentro de um modelo de Física Atômica que procura, desesperadamente, avançar na compreensão da intimidade da Matéria.De tamanho ínfimo e de uma instabilidades extrema -- rapidamente se transforma em energia-- sua captura é um desafio tremendo.  Há quarenta anos se busca confirmar a sua existência, nestes dias divulgaram-se evidências, embora ainda preliminares,  de que de fato existe. Seria como se tivéssemos capturado a Baleia acorrentada abaixo do altar de Nossa Senhora da Penha, aqui no Crato.  Dizem ter matado a cobra, mas ainda não mostraram o pau, nem o couro do ofídio.
                        Impressionante os avanços da Ciência nos últimos séculos. Conseguiu sobreviver em meio às trevas, à perseguição religiosa, à fé cega e à faca amolada. Degrau após degrau foi fundamentando a escada do conhecimento, tantas e tantas vezes usando como argamassa a cinza de cientistas queimados nas fogueiras da inquisição. A curiosidade, a desconfiança venceram as trevas da fé cega, das pseudoverdades inquestionáveis. A Metodologia Científica pouco a pouco foi substituindo crenças arcaicas, lendas, superstições  empurradas goela abaixo por  gerações e mais gerações de sacerdotes das mais variadas  Mitologias. Darwin reescreveu o Gênesis, a Medicina desmistificou as pragas como castigo divino, a Genética, a cada dia, substitui o sopro primal. Até do Apocalipse a Energia Atômica já se apoderou.
                                   Mais dia, menos dia, capturaremos, por fim, o Bóson de Higgs e teremos em mãos a semente primária donde tudo começou. O leitor pode até replicar que a Ciência não explica tudo, que ficam buracos imensos em toda teoria. Tudo bem, mas a Religião, amigos, explica bem menos. Sempre precisamos de alguns mistérios , como os da Santíssima Trindade ou similares e mais: acreditar, cegamente, em potocas bem mais cabeludas que as dos Bósons . Não vale perguntar, não vale questionar se não as espadas flamejantes nos aguardam para a expulsão do Paraíso.
                                   Percebo, no  entanto, que, se o Bóson , uma vez capturado, nos possa explicar muito da nossa presença física no Universo, falta-nos ainda descobrir uma partícula ( inexistente nos Livros Sagrados e nos Compêndios da Física) que nos desvende essa viagem fugaz,  etérea, profundamente emocional  e que ante a imensidão do Universo, tem a durabilidade de fóton do Bóson de Higgs: a Vida. 

J. Flávio Vieira
Recife

Você é um envelhescente? (Mário Prata)

Se você tem entre 45 e 65 anos, preste bastante atenção no que se segue. Se você for mais novo, preste também, porque um dia vai chegar lá. E, se já passou, confira.
Sempre me disseram que a vida do homem se dividia em quatro partes: infância, adolescência, maturidade e velhice. Quase correto. Esqueceram de nos dizer que entre a maturidade e a velhice (entre os 45 e os 65), existe a ENVELHESCÊNCIA.
A envelhescência nada mais é que uma preparação para entrar na velhice, assim com a adolescência é uma preparação para a maturidade. Engana-se quem acha que o homem maduro fica velho de repente, assim da noite para o dia. Não. Antes, a envelhescência. E, se você está em plena envelhecescência, já notou como ela é parecida com a adolescência? Coloque os óculos e veja como este nosso estágio é maravilhoso:
- Já notou que andam nascendo algumas espinhas em você? Notadamente na bunda?
- Assim como os adolescentes, os envelhescentes também gostam de meninas de vinte anos.
- Os adolescentes mudam a voz. Nós, envelhescentes, também. Mudamos o nosso ritmo de falar, o nosso timbre. Os adolescentes querem falar mais rápido; os envelhescentes querem falar mais lentamente.
- Os adolescentes vivem a sonhar com o futuro; os envelhescentes vivem a falar do passado. Bons tempos...
- Os adolescentes não têm idéia do que vai acontecer com eles daqui a 20 anos. Os envelhescentes até evitam pensar nisso.
- Ninguém entende os adolescentes... Ninguém entende os envelhescentes... Ambos são irritadiços, se enervam com pouco. Acham que já sabem de tudo e não querem palpites nas suas vidas.
- Às vezes, um adolescente tem um filho: é uma coisa precoce. Às vezes, um envelhescente tem um filho: é uma coisa pós-coce.
- Os adolescentes não entendem os adultos e acham que ninguém os entende. Nós, envelhescentes, também não entendemos eles. "Ninguém me entende" é uma frase típica de envelhescente.
- Quase todos os adolescentes acabam sentados na poltrona do dentista e no divã do analista. Os envelhescentes, também a contragosto, idem.
- O adolescente adora usar uns tênis e uns cabelos. O envelhescente também. Sem falar nos brincos.
- Ambos adoram deitar e acordar tarde.
- O adolescente ama assistir a um show de um artista envelhescente (Caetano, Chico, Mick Jagger). O envelhescente ama assistir a um show de um artista adolescente (Rita Lee).
- O adolescente faz de tudo para aprender a fumar. O envelhescente pagaria qualquer preço para deixar o vício.
- Ambos bebem escondido.
- Os adolescentes fumam maconha escondido dos pais. Os envelhescentes fumam maconha escondido dos filhos.
- O adolescente esnoba que dá três por dia. O envelhescente quando dá uma a cada três dia, está mentindo.
- A adolescência vai dos 10 aos 20 anos: a envelhescência vai dos 45 aos 60. Depois sim, virá a velhice, que nada mais é que a maturidade do envelhescente.
- Daqui a alguns anos, quando insistirmos em não sair da envelhescência para entrar na velhice, vão dizer:
- É um eterno envelhescente!
Que bom.



Corinthians conquista a Libertadores pela primeira vez

Para Ismênia Maia - por socorro moreira



amiga,
aquele poema que o vento levou,
que de tão leve deixastes escapar
era tua alma clamando o amor
lembrando-te que a razão
também em vãos, às vezes se distraí!

eu também tenho dessas fases
dá um branco, no papel em branco
as letras se escondem de mim
e os sentimentos confusos,
ficam resfriados,
e enrouquecidos,
não sabem falar.

amiga,
que informava a melodia
que solfejava o canto italiano,
e sem dizer o nome da matéria,
anotava no caderno
máximas de filosofia

não entendia tudo,
na tua letra minúscula,
que ocupava blocos e aerogramas...
eram cartas de amor
que seguaim pelos ares,
esperando a respostas

também peguei a mania de escrever...
um dia era um bilhete
outro dia uma encíclica...
noutros tempos viraram memorandos
depois silenciaram,
e exigiram vida !

(socorro moreira)


A poesia de Rabindranath Tagore - José do Vale Pinheiro Feitosa


Rabindranath Tagore recebeu a denominação de Gurudev que associa a palavra Guru (professor, o maior, o mestre, o orientador, etc.) a Dev(a) que significa mente grande. Em 1969 a palavra composta Gurudeva (que é a mesma coisa de Gurudev) ficou conhecida mundialmente pela canção Across the Universe de John Lennon e lançada no álbum dos Beatles em dezembro daquele ano com o título No One´s Gonna Change Our World. A frase que carrega a palavra: Jai Guru deva om.

Tagore foi o maior poeta moderno da Índia e o gênio mais criativo da renascença indiana. Ele reformulou a literatura e a música “bengole”, no final do século XIX e início do século XX.

“Se não falas”

Se não falas, vou encher o meu coração
Com o teu silêncio, e agüentá-lo.
Ficarei quieto, esperando, como a noite
Em sua vigília estrelada,
Com a cabeça pacientemente inclinada.

A manhã certamente virá,
A escuridão se dissipará, e a tua voz
Se derramará em torrentes douradas por todo o céu.

Então as tuas palavras voarão
Em canções de cada ninho dos meus pássaros,
E as tuas melodias brotarão
Em flores por todos os recantos da minha floresta.


“Verdades”

Roubo do hoje a força
Fazendo nascer o amanhã.
Da janela acompanho com olhar
As nuvens do céu.
De novo a sombra sinistra
Tolda tristemente meus sonhos.

Tua imagem me acompanha
Por todos os lugares por onde ando.
E em todos os momentos
É a tua presença que espanta
As brumas do desconhecido.

Não faço perguntas.
Tenho medo das respostas que já sei.
Liberta do invólucro físico
Devolverei a matéria ao pó do que fora feito.

Vivi meus três caminhos na terra.
Purgatório. Inferno. Céu.
Tudo de acordo com meus projetos,
Minhas atitudes,
Procurando não cair nos mesmos erros.

Agora – vago e espero
Entre tropeços e flagelos
O ressurgir da verdade.

“Se me é negado o amor”

Se me negado o amor, por que, então, amanhece;
Por que sussurra o vento do sul entre as folhas recém nascidas
Se me é negado o amor, por que, então,
A noite entristece com nostálgico silêncio as estrelas?

E por que este desatinado coração continua,
Esperançado e louco, olhando o mar infinito?

“Flor de Lótus

No dia em que a flor de lótus desabrochou
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu em mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de Saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente do verão, procurando completar-me
Eu não sabia então que a flor estava tão perto de mim
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura
Tinha desabrochado no fundo do meu coração.


“Meditação”

O amanhã pertence a nós!
Ó Sol, levanta-te sobre os corações que sangram
E desabrocharam como flores na manhã,
E também sobre o banquete do orgulho,
Ontem iluminado por tochas, e hoje reduzido a cinzas...